sábado, 31 de dezembro de 2011

A geração do AI-5

     A morte de Fred Suter, com quem dividi por algum tempo a cobertura das atividades do antigo Ministério da Educação e Cultura, durante o período Tarso Dutra, me transportou aos últimos anos 60 e começo da década de 1970. Vivíamos um momento conturbado no país . É bom destacar que o Ato Institucional Número 5 havia sido promulgado em dezembro de 1968 e os movimentos estudantis haviam tomado uma força muito grande.
     Por isso, todos os jornais da época mantinham cobertura diária no MEC. Era no Palácio Gustavo Capanema que nos reuníamos para acompanhar os movimentos dos excedentes (vestibulandos que conseguiam aprovação nos exames, mas que ficavam de fora das vagas oferecidas), as medidas políticas e - no meu caso, em especial - saíamos para participar das assembléias estudantis realizadas na antiga Reitoria da UFRJ, na Praia Vermelha.





Sônia Meimberg, da Última Hora, (de óculos, ao fundo), Manoel Barroso, do Correio da Manhã, o ministro Tarso Dutra, eu, de O Jornal, e outros repórteres eventuais, dos quais lamento não lembrar o nome, após tantos anos, e aos quais peço desculpas pela falha na memória

     Era um grupo, na média, bem jovem. Eu, pelo O Jornal, o 'órgão líder dos Diários Associados'; Isa Cambará, pela Folha; Luíza Helena, do Estadão; Sônia Meimberg, da Última Hora; Celeste Cintra, pelo Diário de Notícias; Marcelo Auler, estagiário da Rádio Tupi (os mais novos); Walner Millan, O Globo; Manoel Barroso, pelo Correio da Manhã; e Eduardo Pinto, pelo Jornal do Brasil, mais experientes do que nós. Os jornais O Dia, A Notícia , A Luta e Tribuna da Imprensa só apareciam por lá em casos excepcionalíssimos. Fred entrou nesse grupo ao substituir Eduardo Pinto, do JB, que entrara de férias.

Já no fim de 1969, a primeira entrevista do ministro Jarbas Passarinho (ao centro): Millan, de O Globo, (à esquerda), o embaixador Souza Dantas e o professor João batista (assessores do MEC), Isa Cambará, da Folha, e eu


     Nos dias mais tranquilos (eles existiam, apesar de tudo), saíamos juntos, em grupo, no fim do dia, para nossas redações, caminhando e conversando pela Avenida Rio Branco, na direção da Praça Mauá. Millan (Praça XI), Barroso e Celeste (nas imediações da Praça da República) e Sônia (Praça da Bandeira) iam para mais longe e normalmente pegavam uma condução, no meio do caminho. Eduardo e, mais tarde, Fred, ficavam, na antiga sede do JB, na Rio Branco, mesmo. A sucursal do Estadão ficava por ali, também. A da Folha, na esquina com a Presidente Vargas.

Com Tarso Dutra (ao centro) e excedentes: ao fundo, à direita, eu, Eduardo Pinto (JB) e Luíza (Estadão)


     Eu andava mais um pouco, até a Praça Mauá. Nessa época, O Jornal ainda funcionava na Rua Sacadura Cabral, 103. Só um pouco depois nos mudamos para o moderno prédio do O Cruzeiro, na Rua do Livramento, no bairro da Saúde, onde nasci, na Rua Leôncio de Albuquerque, ali bem perto. Quase uma travessa, ligando as Ruas do Livramento e da Gamboa.
     Todos esses personagens, citados com carinho - acreditem -, marcaram uma época do jornalismo carioca - do dia a dia difícil e exigente, mesmo - e fizeram parte de uma geração formada em um dos momentos mais difíceis da nossa história recente.

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