sábado, 3 de dezembro de 2011

Aliados cobram a conta

     Nossos jornais, em geral, destacam hoje a insatisfação do governo com algumas decisões do Senado e de senadores da tal 'base de apoio', em especial em referência ao aumento de gastos com a Saúde e à votação da DRU, que libera o uso de 20% das receitas federais, sem necessidade de destinação específica.
     O Governo - segundo os jornais - não gostou da manobra executada pelo presidente do Senado, José Sarney, que colocou em votação o aumento de repasse de verbas para a saúde, sem que haja uma correspondência direta na arrecadação. Terria sido uma espécie de aviso, uma demonstração de que o PMDB quer mais espaço na agenda oficial.
     Há outros focos de insatisfação em agremiações de menor porte, mas importantes para manter a folgada maioria governista. Quase todos querem impor nomes no primeiro escalão e preservar feudos conquistados ao longo dos últimos anos. E usam artifícios políticos para mostrar que estão vivos e atentos.
     Esse é o preço que o país vem pagando pelo sucesso do projeto de poder alimentado desde a primeira eleição do ex-presidente Lula. Para garantir o domínio 'democrático' de todas as áreas, o governo 'paga' bem, mas corre o risco de ficar na dependência dos humores de seus parceiros de empreitada. Como se já não bastassem as lutas intestinas do próprio PT, dividido em facções e grupelhos.
     O Mensalão foi a primeira tentativa organizada de estabelecer as cotas que fariam a engrenagem de poder funcionar. A inconfidência do então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), um amigo do peito do ex-presidente Lula, desmontou o esquema e quase derrubou o governo. Aos poucos, houve novos ajustes nessa fábrica de roubar dinheiro público, com a cobrança de comissões estratosféricas em todas as obras e a utilização de ONGs amigas para repassar verbas distribuídas ilegalmente.
     Com isso, os ministérios e diretorias ganharam uma dimensão extra, um atrativo irresistível: transformaram-se em captadores do dinheiro que movimenta essa máquina, envergonhando a Nação.

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