domingo, 4 de dezembro de 2011

A hora de governar

     A presidente Dilma Rousseff terá uma oportunidade inigualável, na chegada de 2012, ao realizar a anunciada reforma ministerial. Que não seja, no entanto, uma simples mudança provocada pelo calendário eleitoral, que vai atrair ministros para as corridas às prefeituras. É preciso que seja mais profunda, conceitual, capaz de dar ao seu governo feições próprias, sejam elas quais forem.
     A presidente precisa, até mesmo em função da profunda dignidade do cargo que ocupa, assumir de fato a condução das políticas nacionais, sem que se veja atrelada ao antecessor, a quem deve muito, sim, mas que não pode manter a influência que exibe nos destinos do país. O momento é outro, e exige determinação.
     É até compreensível (embora não totalmente justificável) que, nesse primeiro ano de governo, a presidente tenha se submetido ao controle do esquema do qual ela fez parte, como ministra. Para governar, ela precisaria do apoio do seu partido, o PT, e dos demais que compõem a tal base, com destaque para o desvertebrado PMDB, presente em todos os segmentos da vida pública.
     A dimensão do cargo que ocupa, entretanto, deve falar mais alto, se impor sobre interesses menores, grupos e grupelhos. O Brasil vem pagando um preço enorme pelo sucateamento moral do primeiro escalão, resultado de um processo que visa à consolidação de um projeto de poder, a qualquer custo. Dilma Rousseff, com o apoio popular que conquistou, com esse respaldo político, precisa assumir o comando. Precisa afastar do Palácio esses meros representantes de esquemas.
     Adepta de um perfil administrativo técnico - e O Globo de hoje aborda esse tema -, a presidente poderia, sim, enfrentar o desafio de levar o Brasil e um degrau mais alto, livrando-se da herança lulista que mergulhou seu governo em uma série inédita de escândalos.
     A hora chegou. Dilma tem a chance de usar a reforma ministerial para constituir seu governo, de fato. E apontar, ao país, as manobras que a 'classe' política tente usar contra o país, e não apenas contra ela.

2 comentários:

  1. COncordo..acho que o primeiro ano que já praticamente acabou,a presidente conseguiu avaliar o que poderia ser melhorado,trabalho e que,de hoje em diante,se ´´desgrude``do modelo do ex presidente. Que ela se dedique com afinco e faça uma ´´limpa`` nos governantes..é muita corrupção,é muita poeira em cima do tapete,fora aqueles que nem sabemos..

    ResponderExcluir
  2. Ela não pode (não deve?) deixar passar esse momento, Patrícia, aproveitando o prestígio junto à população. Eu torço para que ela tente mudar.

    ResponderExcluir