sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Um mundo bizarro

     Um exemplo de uma espécie de mundo bizarro, que tem sua própria lógica, seus próprios fundamentos, padrões e valores. O primeiro-ministro russo Vladimir Putin foi o vencedor de um tal Prêmio Confucius da Paz, oferecido pelo governo da China desde o ano passado, em contraposição ao Nobel, que distinguiu o dissidente chinês Liu Xiabo.
     A notícia está na Folha e destaca ainda um dos motivos da premiação: Putin, durante sua presidência de fato, de 2000 a 2008, teria melhorado a posição russa no mundo e derrotado "as forças antigovernamentais da Chechênia", uma república da antiga União Soviética rica em petróleo que não conseguiu se livrar do jugo da Rússia, com a qual vem mantendo um a relação conflituosa desde 1991.
     A China, quando referenda a violência desenfreada exercida contra o povo checheno - que reagiu com atos terroristas -, está, na verdade, exercendo seu papel de protagonista do outro lado do mundo e, ao mesmo tempo, mandando um recado ao lado ocidental: não se meta com o que ela, China, consideras seus problemas internos, como a luta pela independência do Tibete.
     A 'premiação' acontece justamente num momento em que o Governo Russo se vê acusado de fraude no processo eleitoral que vai desaguar na inexorável eleição de Putin para a presidência formal do país, substituindo Dimitri Medvedev, um mero fantoche que cumpriu seu papel de canastrão, ao fingiu que mandava no país nos últimos quatro anos.
     Essa premiação explica, ainda, a posição de China e Rússia nos recentes conflitos do Oriente Médio, onde dissidentes são tratados a bala ou, quando dão sorte, trancafiados na cadeia. As duas potências estão sempre ao lado dos ditadores, assassinos e genocidas. A resposta para esse comportamento está na sua própria história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário