quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Um acinte à dignidade


     Há uma evidente distorção de caráter na população brasileira, em especial naquela parte que insiste, por palavras e atos, em reverenciar os principais responsáveis por um dos atos mais indignos já perpetrados contra o País. Não há justificativa plausível para o apoio incondicional que vem sendo dado à liderança do PT que foi condenada pelo assalto aos cofres públicos realizado no primeiro governo Lula e que ficou conhecido como Mensalão.
     Os números da campanha de arrecadação de fundos para pagar as multas impostas pelo Supremo Tribunal Federal aos bandoleiros petistas são indecorosos, além de afrontosos à própria Justiça. É uma espécie de aviso, um salvo-conduto para a pilantragem, para as roubalheiras. Todo e qualquer petista ficou sabendo, sem sombra de dúvida,  que pode roubar à vontade, desviar dinheiro de toda as fontes para alimentar o projeto hegemônico que ameaça, sim, as instituições. Preferencialmente, sem que seja descoberto.
     As doações são legais, e isso é indiscutível. Em uma democracia, o livre arbítrio é uma das conquistas irrefutáveis. O anonimato também é garantido, mas tudo deve ficar muito bem explicado nas declarações de renda. Particularmente, não tenho interesse algum em saber quem participou da 'vaquinha'. Mas faço questão absoluta de saber que a Receita Federal fiscalizou tudo e a todos.
     A lamentar profundamente, tomo a liberdade de insistir, a desfaçatez com que o único poder nacional ainda relativamente sério e independente - a Justiça, representada basicamente pelo STF - vem sendo achincalhado e desmoralizado pelos que orbitam o Executivo.
     Essas doações calamitosas são apensas uma parte de um processo ainda mais malévolo, que inclui a indicação de ministros comprometidos com ideologias, e não com a salvaguarda da Constituição.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Lewandowski ameaça a democracia


     O lamentável ministro Ricardo Lewandowski, o mais destacado defensor dos quadrilheiros que assaltaram os cofres públicos no primeiro governo Lula, no episódio que ficou conhecido como Mensalão, voltou a atacar. Aproveitando-se do fato de estar interinamente à frente do Supremo Tribunal Federal, exigiu que o juiz da 29ª Vara de Execuções Penais de Brasília dê prioridade absoluta ao pedido do ex-ministro José Dirceu, apontado como o chefe dos bandoleiros, que quer sair da cadeia para 'trabalhar'.
     Não perdeu tempo. Como fez durante todo o julgamento - no qual foi o mais virulento defensor dos bandoleiros petistas -, seu objetivo, com essa decisão, é livrar um dos líderes do seu partido dos inconvenientes da cela. Com os demais  ele não se importava, exceto quando interessava à 'causa', quando serviam aos seus interesses.
     Já com relação à situação de outro condenado, o ainda deputado federal João Paulo Cunha, o nobilíssimo interino do STF não teve o mesmo açodamento. Na verdade, ignorou a possibilidade de assinar a ordem de prisão do ex-presidente ds Câmara, aquele mesmo que mandou a mulher sacar R$ 50 mil no caixa de uma agência do Banco Rural.
     Lewandowski, que passou um bom tempo impedido de frequentar lugares públicos, para fugir de manifestações, como se vê, continua prestando um enorme desserviço às instituições, colaborando para desmoralizar a Justiça, em nome do projeto de poder que abraçou e que o levou à mais alta Corte de Justiça do País, pelas mãos do ex-presidente Lula,  com as bênçãos da ex-primeira-dama, Dona Marisa Letícia, como divulgado e não contestado na época do julgamento.
     Há ministros que enobrecem a Justiça. Outros, a conspurcam. Lewandowski está, decididamente, no segundo grupo, segundo meus princípios. Sua elevação definitiva à presidência do Supremo, a partir do ano que vem, seguindo tradição da Casa, tem tudo para se transformar numa agressão à cidadania e à dignidade nacional.
     O único poder ainda  não dominado pelo esquema atual estará sob a tutela de um militante partidário, que não teve a decência de sublimar seus impulsos ideológicos. Estamos muito próximos de assistir à derrubada da última trincheira da democracia brasileira.  Joaquim Barbosa, com sua independência, adiou o projeto de dominação completa das instituições.
     Com Lewandowski, o sonho hegemônico terá virado uma dura realidade.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Mais um episódio rastaquera


     Mais lastimável, ainda, do que o episódio rastaquera de uma presidente da República voltar de um jantar com cara de quem bebeu além da conta (mesmo que a conta tenha sido paga com dinheiro do próprio bolso), foi a arrogância demonstrada ao ser flagrada na mentira mais deslavada. A tal 'parada estratégica' em Portugal, a caminho de Cuba, já estava programada, como demonstrou o Estadão, e não uma imposição de eventuais limitações do avião presidencial.
     E a tal conversalhada de que paga os jantares, divide as contas com os  ministros, fazem cálculos para quem tomou um refrigerante a mais do que o outro? Seria cômico, se não demonstrasse a mediocridade que impera por aqui há 11 anos. Bastaria lembrar a última meia dúzia de escândalos produzidos no primeiríssimo escalão dessa malfadada República.
     A dignidade, não tenho dúvidas, deve prevalecer sempre, em qualquer circunstância. Se há erros, é tão mais devente assumir e tirar lições. Exatamente tudo o que os atuais detentores do poder não fazem.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Eterno peladeiro

     Eu já havia decidido que minha brilhante e profícua carreira de jogador de peladas estava encerrada. Quando optei por esse 'exílio dourado' em Pedra de Guaratiba, longe das quadras do condomínio onde passara 23 anos da minha vida, em Jacarepaguá, guardei os pares de tênis de futebol de salão bem no fundo do armário.
     Uma aposentadoria digna, capaz de deixar boas lembranças entre os que puderam acompanhar meus gols de calcanhar (uma especialidade), com os quais brindava minha filha mais nova, torcedora assídua dos meus jogos; e os dribles rápidos, tocando a bola entre as pernas de atônitos jovens que jamais esperariam tamanha ousadia de um veteraníssimo das quadras. Até hoje, passados 13 anos do meu último pontapé em uma bola.
     Não resisti - e ainda não sei se vou me arrepender dessa temeridade por muito tempo! - à insistência de um grupo de jovens amigos do curso de História da UFRRJ, a nossa Rural. Inscrito a 'forceps' no torneio de futebol de salão dos futuros historiadores, sucumbi, também, à convocação para um treino preparatório da equipe.
     O argumento, tenho que admitir, tinha alguma procedência: precisávamos dar um mínimo de estrutura à equipe. Ponderei, no entanto, que necessitávamos, sim, de muitos 'atletas', especialmente para ocupar a posição que, em tese, me caberia. E jamais tentar enfrentar o escaldante verão carioca. Como se poderia prever, alguns reservas faltaram e o treinamento começou sob o sol das 17 horas.
     Tenho que admitir, a bem da verdade, que o resultado não foi tão desastroso quanto previa, apesar de um esborracho na quadra, provocado pela mais absoluta falta de noção de espaço, perdida ao longo dos últimos anos. Um gol, um toque de calcanhar que bateu na trave, alguns passes inteligentes (confesso que a modéstia não é um dos meus atributos quando o tema é futebol) e preocupantes sinais emitidos pelos músculos adutores das duas coxas, responsáveis diretos pelo pedido de substituição e pelo sinal amarelo: minha escalação, amanhã, na estreia, está ameaçadíssima.
     Melhor assim. Se os sintomas se confirmarem e o bom-senso me tirar das quadras, certamente ficará a dúvida do que poderia ser. Se o time perder, então, restará uma questão ainda mais digna: "E se o Marco jogasse?".

sábado, 25 de janeiro de 2014

"Esse é dos nossos"


     Continuam pipocando, aqui e ali, exemplares explícitos de demagogia, meros bestialógicos, puras abstrações, estelionatos retóricos. O tema, é claro, os tais dos 'rolezinhos', vigaristicamente associados a expressões culturais, aspirações inclusivas, exposição das contradições do capitalismo e outras imbecilidades do mesmo teor.
     Um dos exemplos dessa maré de abjurações intelectuais conquistou seu espaço hoje nas páginas de O Globo, pela pena de um dos cineastas mais famosos - e ricos!!! - dessas terras tupiniquins. O cabra, seguindo um raciocínio torto de uma das alas das ditas esquerdas nacionais - aquela turma de gente abastada que alimenta suas teorias terceiro-mundistas nos bares e restaurantes da moda, regando-as (as 'teorias') com malte escocês dos mais puro - enveredou por explicações sociológicas para terminar culpando os mais bem-aquinhoados por todos os males modernas.
     Em síntese: um discurso  naftalínico, nada mais do que empulhação e lugares comuns, um enorme exercício de estelionato ideológico monstado a partir de conceitos antropológicos e sociológicos preservados em formol. Algo como as deploráveis opiniões do cantor e compositor Caetano Veloso sobre os 'black blocs'. O rigor intelectual é absolutamente semelhante.
     Na verdade, eu até 'entendo' semelhamentes asnices. Há uma turma bem grande que precisa, a todo custo (e a palavra não foi escolhida por acaso), mostrar identidade com os atuais detentores do poder e, por óbvio, das canetas que assinam a liberação de verbas para seus projetos culturais.
     Nunca, jamais, em tempo algum - como costumava repetir à exaustão o mais ignorante presidente que esse país já teve em toda a sua história -, tantos companheiros, irmãos de fé e camaradas encheram os bolsos com dinheiro público, financiados pelos nossos impostos. E essa gente sabe que, na hora de bater na porta das estatais para pedir uma verbinha, artigos como esse, publicado hoje em O Globo, são fundamentais para marcar uma posição e garantir a reação esperada: "Esse é dos nossos".

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Mais uma 'boutade' oficial

    A senhora que nos governa, embora mais recatada do que seu antecessor, não se furta a uma boutade, na segunda acepção que surge quando consultamos um desses dicionários on line: em síntese, um "pensamento ou dito sutil, original e imprevisto que frequentemente contraria propositadamente a verdade".
     Pois ela e seu staff recorrem a boutades sistematicamente, assim como nós, simples mortais pagadores de impostos escorchantes, respiramos. A mais recente - jamais diga última, quando estiver se referindo à turma que está no poder há 11 anos - aconteceu hoje, na Suíça, durante encontro com o presidente da Fifa, aquela entidade envolvida em negociatas que vai organizar a Copa aqui no Brasil.
     Pressionada por notícias de atraso nas obras que já deveriam estar prontas, garantiu à distinta plateia que fazer estádio "é relativamente simples", como nos informam todos os jornais e revistas, entre os quais O Globo. É claro que é 'simples', e nós também sabemos disso. E quando digo nós, não estou nos incluindo no seleto clube de engenheiros e arquitetos, que seriam os donos da palavra final nesse assunto.
     Eu me reporto, apenas, à prática absolutamente recorrente de abrir os cofres públicos para dar conta de urgências que estavam previstas desde sempre. Sou obrigado a concordar com Romário, de quem não fui muito fã nem mesmo quando vestia a camisa do meu Vasco.
     Há algum tempo, com a sagacidade que usava nos dribles rápidos e toquinhos de bico de chuteira, o ex-craque e atual deputado federal pelo Rio de Janeiro anunciava, solenemente, que viveríamos a maior roubalheira da história recente. Os números, que não param de crescer, e os problemas, que surgem como previstos, apontam para mais uma goleada do 'Baixinho'.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Um ranking degradante

     Posso quase assegurar que já escrevi sobre esse tema algumas vezes. A princípio, poderia, até, ser considerado redundante, repetitivo. Ou refletir, apenas, uma eventual falta de assunto. Não é, decididamente, o caso, garanto. Um país governado pelo PT, em especial, é um manancial de temas. Há sempre um desvio de verbas, um ministro acusado de beneficiar algum grupo, mentiras, manobras, manipulação de dados. Enfim: assunto não falta.
     Se volto ao tema - o inacreditável ranking de temas mais comentados na imprensa, e na revista Veja, em particular - é porque ele é uma síntese do país que eu não quero para mim nem para meus descendentes, um país medíocre, viciado, ignorante, sem escrúpulos. Pois é esse o Brasil que transparece nas dez mais da Veja, um veículo com um público claramente diferenciado, o que aumenta minha decepção.
     Pois bem: das dez matérias mais procuradas pelos leitores, quatro referem-se a esse tal de lastimável e degradante BBB, da Rede Globo, sendo que duas estão entre as mais comentadas e lidas. O que se pode esperar de um país que elege esse lixo como uma de suas maiores preocupações?
     A resposta, para mim, é óbvia: um futuro condenado à mediocridade, à devassidão moral, repleto de personagens degradantes, dirigido por políticos sofríveis, vigaristas, trapaceiros ideológicos. Um futuro de malandragens nos campos e nas galerias; nas praias e nas montanhas. Um pouco mais do que já somos.

sábado, 18 de janeiro de 2014

As faces do atraso e do rancor

     Ressalvo que é muito difícil optar por dois ou três nomes no rosário de nulidades, demagogos, proselitistas e estelionatários ideológicos nesse lastimável ministério da sofrível (para usar uma expressão amena, em respeito ao cargo) presidente Dilma Rouseff.
     Em poucos lugares do mundo, em todos os tempos, terá sido possível reunir, num grupo de primeiríssimo escalão, personagens como Fernando Pimentel (aquele que recebeu uma fortuna para não fazer palestras), Aloísio Mercadante (apontado como um dos chefes dos 'aloprados', turma que comprava e divulgava dossiês falsos sobre adversários), Ideli Salvati (a que comprou embarcações que jamais saíram do papel e/ou dos estaleiros), José Eduardo Cardozo (o defensor perpétuo dos mensaleiros e repassador de informações reservadas para jornalistas amigos) e Marco Aurélio Garcia (aquele que comemorou com gestos pornográficos um detalhe técnico, em meio ao luto das famílias de duas centenas de mortos no desastre com um avião da TAM, em Congonhas).
     Mas esses - embora tudo possa indicar - não são exatamente os piores. Não podemos, jamais, esquecer que Gilbeto Carvalho e Maria do Rosário são a cara 'ideológica' mais evidente desse governo. A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, em especial, é a face do ódio, do rancor, do stalinismo mais radical, da inconsistência. Com a desfaçatez ideológica que só os mais radicais possuem, é certamente a mais demagógica representação do atraso político.
     O mundo, para ela, estacionou nos anos 1960, quando ainda era possível acreditar em algo que viesse das bandas soviéticas. Olho para ela e vejo uma personagem estereotipada, com aquela expressão de comissária do povo ou uma agente da 'revolução cultural' maoísta, sempre disposta a queimar livros e apagar ideias que não se ajustem ao pensamento 'revolucionário' - se é que podemos chamar de pensamento.
     Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, pouco mudou desde os tempos em que - segundo os irmãos do prefeito petista assassinado Celso Daniel - era o encarregado de recolher a propina cobrada de empresas de ônibus paulistas que ajudou a movimentar a campanha vitoriosa do ex-presidente Lula, em 2002. É o estafeta do partido, a 'mula' usada para carregar e distribuir uma ideologia estúpida, movida pelo endeusamente do grande timoneiro de Garanhuns.
     Entre os piores, esses dois são, não há como negar, os mais lastimáveis retratos de um dos piores momentos da nossa história. Um momento de retrocesso intelectual, de atraso político, de rancores mal-disfarçados.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O naufrágio de um símbolo

     Não foi apenas por isso, é claro! Eu não usaria argumento tão simplório. É evidente que o ex-presidente Lula e a atual presidente, Dilma Rousseff, venceram com relativa folga os confrontos com a turma do PSDB e do DEM, em especial, pela identificação com a massa que compõe o colégio eleitoral brasileiro, alimentada pelas bolsas. Mas não tenho dúvida que a divulgação, mentirosa, de uma eventual disposição para vender a Petrobras, por parte de José Serra e Geraldo Alckmin, ajudou a consolidar a vitória petista.
     A Petrobras, 60 anos depois de criada, pelo presidente Getúlio Vargas, continua exercendo um fascínio irresistível na população, que se orgulha dela, às vezes até sem se dar conta. Vender a Petrobras, como Lula e Dilma afirmavam que seus adversários iriam fazer, soou aos ouvidos do brasileiro como uma atitude de lesa-pátria. Tão forte quanto a outra possibilidade, também mentirosa, do fim do Bolsa-Família.
     Mas é assim que o PT continua construindo seu caminho para a dominação completa do país, mentindo, adulterando, distribuindo benesses, exercendo a arte do proselitismo, do estelionato ideológico, comprando uns e outros, aqui e ali, como ficou comprovado no episódio do Mensalão, o maior assalto institucional aos cofres públicos, como repito sempre que posso.
     A 'venda' das nossas reservas de petróleo vem sendo feita como nunca nesse país, embora a propaganda oficial insista em fazer parecer que não. Até aí, no entanto, nada a reclamar. Eu sou daqueles que enxergam benefícios da privatização, desde que não interfira na soberania nacional. O problema é outro, muito mais grave e de consequências imprevisíveis: o sucateamento contábil e moral da empresa, exercido sistematicamente, para assegurar a eternização do atual esquema.
     A Petrobras afunda em prejuízos e perde, a cada ato desencontrado, valor de mercado, por conta da má-gestão e uso político-ideológico. A tão decantada autossuficiência mostrou-se uma das maiores vigarices retóricas das últimas décadas. Hoje, e esse é o tema da manchete de Veja, por exemplo, a empresa amarga um astronômico déficit comercial, que atinge inimagináveis R$ 25 bilhões.
     As exportações, nos revela a matéria, caíram 37%, enquanto as importações subiram 23%. Seriam os 'azares da sorte', poderiam argumentar seus gestores. Estamos consumindo mais, o que provaria uma tese de crescimento. Algo semelhante à argumentação da governadora Roseane Sarney para explicar o aumento da violência no Maranhão.
     Essa gente, não duvidem, está devastando o país.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Uma terefa partidária

     Já escrevi algumas vezes que tenho um sistema alternativo para me orientar em relação a determinados assuntos, antes de avaliar melhor o tema. De imediato, procuro ver quem está a favor. Se o PT está apoiando, imagino, no mesmo momento, que serei contra. Essa fórmula tem dado certo em 99,9% dos casos. A presença do governo e de seus acólitos em debates, projetos, resoluções, programas e quetais normalmente não cheira bem. Há sempre (ou quase sempre) algo de pernicioso para a comunidade, algo envolto em armações com não muita dignidade.
     Vimos isso, claramente, ao longo do julgamento dos quadrilheiros do Mensalão do Governo Lula, quando dois militantes petistas, inacreditavelmente togados - Ricardo Levandovski e Dias Toffoli - lideraram todas as manobras imagináveis na tentativa de libertar seus companheiros. De tão indecorosos que foram, quase não podiam frequentar locais públicos, hostilizados que sempre eram pela parcela decente da população.
     Hoje, Veja nos traz mais um episódio dessa inacreditável tarefa da turma togada do PT. No caso, o ex-advogado do partido e secretário particular de ninguém menos do que o ex-ministro José Dirceu, condenado por, entre outras coisas, chefiar o bando que assaltou os cofres públicos da nossa sofrida Nação.
     Pois Toffoli armou - e quase se deu bem - uma maneira de burlar a vontade popular e deu um jeito de retirar do Ministério Público o direito de investigar crimes eleitorais, justamente em um ano de eleições. Ele, certamente, sabe o que está querendo: hegemônico e capaz de tudo para alcançar seus objetivos (o Mensalão está aí para provar essa afirmação), o PT seria o alvo natural dos procuradores e promotores , não tenho a menor dúvida.
      Mais pode transgredir, quem mais poderes tem, é óbvio. E Toffoli, fiel ao partido e agradecido, pelo que transparece, à indicação para a mais alta Corte do País, embora tenha sido reprovado em alguns concursos para juiz, cumpre sua tarefa, como bom estafeta.
     Resta a indignação da ala sensata do país, que promete reagir a mais essa tentativa de dar um jeitinho no processo destinado a abrir mais caminhos ao domínio que o PT pretende impor a todo o país.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

As cores do descaso

     Num dia são marés vermelhas. No outro, verdes. Em outros mais, marrons. E sempre seguidas de explicações destinadas a tranquilizar o distinto público: "São algas, não fazem mal à saúde!"
     Convenientemente, nossas autoridades sanitárias esquecem de destacar que essas tais algas inofensivas crescem de maneira exponencial especialmente quando há uma conjugação de fatores: calor e material orgânico do qual se alimentam.
     Por material orgânico - e isso, então, é escamoteado!!! - entenda-se principalmente esgoto sanitário. Isso mesmo, a popular mistura de cocô e urina que escorre para nossas praias por absoluta omissão dos seguidos governos que por aqui passaram e ainda passam.
     Nossas praias - com as belas e honrosas exceções de boa parte da Barra, do Recreio, Prainha, Grumari e Restinga de Marambaia - são verdadeiros despejos de esgoto sanitário. E não estou, sequer, me referindo às praias da Baía de Guanabara e do fundo da Baía de Sepetiba, que sequer merecem ser chamadas assim.
     A imundície 'mareia', mesmo, é nas badaladíssimas Copacabana, Ipanema e Leblon (São Conrado há muito tempo deixou de ser considerada um destino saudável). É lá, nesse mar de bosta, que mergulham nossos turistas e afunda a credibilidade oficial.
     Só mesmo um país que não se respeita trata dessa forma suas atrações naturais e, por tabela, o povo que nele habita. E estamos falando, apenas, das praias.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Ameaça ao fim de semana

     A polícia fluminense, carioca em particular, terá que se desdobrar no próximo fim de semana, a julgar pelas notícias que começam a ser divulgadas. Além de estar preparada para disciplinar minimamente a frequência nas praias e evitar uma onda de arrastões, brigas comuns, bebedeiras, sujeira e outras características do nosso tão decantado verão, vai enfrentar o que já se anuncia como a nova onda: os tais 'rolézinhos' nos shoppings, prática que já atormenta a capital paulista.
     Na verdade, rolézinho é um eufemismo que nossos vizinhos ao sul inventaram para a desordem provocada por hordas de jovens que invadem as lojas, provocando pânico entre clientes e funcionários. É uma espécie de arrastão do asfalto, combinado pela internet, que conta com o apoio demagógico da turma que passa as noites nos bares da moda bebendo cerveja importada e desfiando teorias socialistas que servem, basicamente, para conquistar a mulher (ou homem) mais próxima/o.
     Acreditem. Eu me dei ao trabalho de ler, com a preocupação de não vomitar, declarações de apoio à ocupação desses 'territórios neo-liberais' (os shoppings) por parte dos excluídos ... A linguagem é essa mesmo, com resquícios de naftalina, mas tão perigosa e fascista quanto a sustentação que foi dada aos desordeiros 'black blocs'.
     Teoricamente, como crítico incondicional dessa quadra da nossa vida pública, eu poderia dar meu apoio a qualquer movimento que resultasse no desgaste do esquema de poder, na base do "o que é ruim para eles é bom para nós". Mas não consigo agir com essa desfaçatez, inerente ao grupo que domina o país há onze anos.
     Continuo acreditando que o caos não favorece, apenas desconstrói. Rolézinhos, arrastões, quebra-quebras e similares não ajudam o país a se reencontrar, a se repensar. Apenas acirram e alimentam lutas que não cabem em uma democracia.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Liderando o atraso

     Promessa de grandes, enormes emoções na corrida para ocupar o Palácio Guanabara, na vaga que será deixada por Sérgio Cabral, um dos mais mal-avaliados governadores brasileiros. O PMDB, nos contam os jornais, entre eles O Globo, estaria decidido a ir até o fim com a candidatura do atual vice, Luiz Eduardo Pezão, que ainda não decolou, até mesmo porque corre na mesma raia de seus competidores, em especial o dublê de ministro da Pesca e cantor gospel, o senador Marcelo Crivella, do PRB, que disputa a preferência do eleitorado om o ex-governador Anthony Garotinho, do PR.
     Apostando tudo no prestígio da presidente Dilma, na força político da do ex-presidente Lula e na memória curtíssima do eleitor, aparece o senador petista Lindbergh Farias, que deixou a prefeitura de Nova Iguaçu debaixo de uma penca de acusações, muitas ainda em tramitação na Justiça. Por fora, vítima do desastrado fim de administração à frente da prefeitura do Rio, o atual vereador do DEM, César Maia. Os demais são apenas figurantes. Tão sem importância que o treinador da seleção brasileira de vôlei, Bernardinho, reluta em aceitar o convite do PSDB, que está em busca de um palanque - qualquer um! - nas terras fluminenses, onde jamais teve prestígio.
     Embora desgastado - mal consegue sair de casa sem que seja hostilizado -, o ainda governador Sérgio Cabral acredita na força da máquina peemedebista fincada no Estado do Rio, no tal voto dirigido, amarrado por caciques locais. Garotinho joga suas esperanças no interior, Campos em especial, e na eventual fixação de seu nome no imaginário/memória da população. Crivella tem um alvo claro: os fiéis da Igreja Universal (é 'bispo') e assemelhados. Lindbergh ... Bem, ele aposta, mesmo, em Lula.
     Seja qual for a opção do eleitor fluminense, será mantida uma - vamos chamar assim - 'tradição': o Rio de Janeiro, definitivamente, estará à frente, liderando o atraso.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Fantasias de verão

     Num desses marços passados, em contraponto à festança por mais um aniversário da cidade, exercitei meu (discutível, eu sei ...) humor e lancei uma campanha pelo 'reconhecimento' de um outro Rio, o Rio que fica ao largo das praias e baía tão decantadas, o Rio de Osvaldo Cruz (um dos subúrbios mais feios dessa cidade), Inhoaíba, Irajá, Quintino e Paciência, para ficarmos apenas nesses exemplos. O 'Rio do B', como tomei a liberdade de batizar essa parte da cidade que não aparece em cartões postais mas que representa 80% de todo o nosso espaço físico.
     Retomo o tema. Não, como daquela vez, para exigir isonomia no tratamento (no fim, acabei aceitando ficar com as sobras do furdúncio patrocinado pela Prefeitura, no dia do aniversário da cidade). Não. Dessa vez, é para registrar minha inegável inveja com mais uma das maravilhas que estão prestes a serem instaladas no Rio Maravilha, o 'Rio do A'. Pois não é que o saltitante alcaide das praias e quetais inventou uma nova forma para disciplinar o estacionamento?
     Fiquei sabendo, pelo Globo, que está tudo quase pronto para o fim de uma das maiores pragas da cidade - de toda a cidade, não apenas da parte que sai nos jornais e tevês: o flanelinha, aquele achacador que pratica extorsão, ao exigir pagamento para que o infeliz motorista possa estacionar sem risco de ter o carro destroçado, ou roubado, por ele mesmo, ou asseclas.
     De um dia para outro, por decreto, esses personagens deletérios desaparecerão das ruas, substituídos por modernos totens eletrônicos, nos quais poderão ser pagas as taxas referentes ao estacionamento. Algo semelhante ao que acontece em Londres, Nova Iorque e outras capitais menos votadas do primeiro mundo. O motorista vai saber, até, onde há uma vaga disponível, bastando acessar seu telefone celular. Bastará baixar um programa, ou coisa parecida.
     Os flanelinhas oficiais já reagiram, com medo de perder mercado. Mas esses são os menos problemáticos. Eu quero ver o prefeito tirar da rua as quadrilhas de assaltantes travestidos de 'guardadores de carro', presentes em toda a parte, a qualquer hora. Na festa da passagem de ano, os jornais publicaram que esses cabras cobravam a módica tarifa de R$ 300 de todos os que se aventuraram a ir de carro para a Zona Sul. 
     Dizem as más línguas que esse dinheiro não vai todo para os bolsos desse bando. "É preciso dar o arrego do guarda", já ouvi, pessoalmente, argumentarem alguns desses posseiros de rua.
     Mas e os tais totens? Posso estar enganado, mas terão a duração de um sonho de uma noite de verão. Lá, no Rio do A, como cá, no lado B dessa cidade, as ruas continuam território livre para assaltantes de todas as tribos.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Da França ao Brasil, sem escalas

     O mundo inteiro parou para discutir o romance do presidente francês, Françoise Hollande, com a atriz Julie Gayet (parte desse mundo morre de inveja do ativo mandatário). Na França, contam os jornais, a divulgação do caso de amor, por uma revista de variedades, serviu para unir até mesmo adversários teoricamente irreconciliáveis, em defesa do direito à privacidade.
     Hollande é casado pela segunda vez, mas, segundo consta, estaria afastado da mulher, uma jornalista famosas no país. No primeiro casamento, teve quatro filhos. E daí?, talvez estejamos nos perguntando. Embora reconhecendo o direito do presidente à privacidade, sou forçado a admitir que também balançaria, caso fosse o editor da tal revista, ao receber as informações sobre os encontros furtivos do presidente com a bela atriz, em um hotel parisiense. Exatamente por serem furtivos, encobertos, disfarçados.
     Se fossem encontros subvencionados pelo caixa oficial, pagos pelos impostos, eu não teria qualquer dúvida em estampá-los na capa, com todas as observações devidas. Afinal, a população não pode pagar pelos prazeres alheios. Exatamente como aconteceu por aqui, no caso que envolveu o ex-presidente Lula com a chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa.
     Ao contrário do affair francês, o brasileiro - de acordo com todas as informações que se tornaram relativamente públicas - foi subvencionado pelos cofres nacionais, já assaltados pela turma de mensaleiros, anteriormente. Dona Rosemary viajou pelo mundo ao lado do presidente, sem que constasse da relação oficial de passageiros (dizem por aí que era para Dona Marisa não ficar sabendo ...).
     Nas viagens, relataram testemunhas, tinha acesso direto aos aposentos presidenciais, inclusive no avião que transportava a comitiva. Esse relacionamento que invadia as alcovas rendeu-lhe prestígio suficiente para nomear dirigentes de agências, conseguir empréstimos e negociar prestígio.
     Ao contrário do eleitor francês, poucos brasileiros tomaram conhecimento da dimensão do caso Lula/Rosemary. A ex-chefe de gabinete, afastada do cargo, merece, do esquemão oficial, todos os cuidados. Até hoje, passado um largo tempo da divulgação do caso de venda de prestígio, nada aconteceu, de fato. O caso foi abafado. O ex-presidente, desde então, não dá entrevista coletiva, com pavor de ser provocado a falar do assunto.
     A tática de silêncio vem dando certo. Poucos perdem tempo em lembrar esse assunto. Assim como há um profundo e vergonhoso silêncio em relação às estripulias contábeis do atual ministro do Desenvolvimento e muitas outras coisas, Fernando Pimentel, virtual candidato ao governo de Minas. O lastimável episódio em que ele se envolveu, logo após ter deixado a prefeitura de Belo Horizonte e pouco antes de assumir a coordenação da campanha da presidente Dilma, foi oportunamente esquecido.
     Vocês ainda lembram que ele recebeu uma fortuna (quase R$ 2 milhões) da Federação das Indústrias de Minas Gerais por 'palestras' que jamais proferiu? Pois é. Confrontado pela divulgação desse escândalo, Pimentel desapareceu do noticiário e manteve-se assim até agora, quando ressurge como o candidato do PT ao governo mineiro.
     Assim como ninguém (ou quase ninguém) fala do caso Lula, apenas alguns insistem em relembrar que Pimentel encheu os bolsos com um dinheiro que não fez por merecer. Se fosse na França ...

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Desfaçatez e arrogância

     Não sei se é desfaçatez ou arrogância. É provável que seja as duas coisas. Não há outra explicação para a visita que o arruaceiro José Rainha Júnior, envolvido em desvio de dinheiro de assentamentos e porte ilegal de armas, fez ao ainda deputado federal João Paulo Cunha, do PT paulista, prestes a ser preso pelos atos indignos cometidos no lastimável episódio do Mensalão do Governo Lula, o maior assalto institucional aos cofres públicos da nossa história.
     Em casos assim, o mínimo que se espera de um criminoso condenado é que mantenha o recato e evite situações que possam provocar maiores celeumas. Não foi o que aconteceu. Repórteres que mantinham plantão na portaria do prédio onde João Paulo Cunha Mora, em Brasília, contam que ouviam as conversas, as risadas.
     Ao sair, Rainha, esse expoente do niilismo político nacional, personagem com diversas passagens por delegacias, teve a ousadia de ofender o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, com acusações repletas de preconceito.
     Quase ao mesmo tempo, dois outros deputados petistas também estiveram com ex-presidente da Câmara, prestando solidariedade. Não há dúvida: essas pessoas se merecem, inteiramente.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Passando a sacolinha

     Leio que o presidiário José Genoíno, ex-presidente do PT, está passando a sacolinha, pedindo ajuda para pagar a parte, em dinheiro vivo, que deve devolver à Nação, em virtude da condenação pelo assalto aos cofres públicos realizado no primeiro Governo Lula e que ficou mundialmente conhecido como Mensalão.
     Li, também, que os companheiros já conseguiram amealhar cerca de R$ 30 mil, pouco mais de 5% do total do prejuízo que ele deu ao país, segundo o Supremo Tribunal Federal. A campanha de donativos continua, mas não deve chegar a um número de primeira grandeza. Pelo histórico recente do PT e de seus assemelhados, a turma gosta, mesmo, de tirar, de se aproveitar. Jamais de abrir o bolso, exceto quando ele - o bolso - está cheio de - digamos,... - 'recursos não-contabilizados', como costuma repetir o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares, também prisioneiro.
     De longe, e tomando por base fatos comprovados, tomo a liberdade de sugerir que o ex-deputado peça uma 'forcinha' para seu irmão, o deputado federal cearense José Guimarães, também do PT, um dos líderes do movimento para restabelecer a censura no país (ele usa um eufemismo, o tal 'controle social da mídia'), que era o chefe direto do sujeito que foi preso, há alguns anos, com a cueca repleta de dólares, cuja procedência nunca foi explicada.
     Ele poderia, também, pedir socorro à turma que foi convenientemente afastada do Governo, quando flagrada roubando, adulterando documentos, fraudando licitações (foram sete ministros no primeiro ano do 'Governo' Dilma, um recorde mundial). Ou, em último caso, aos seus companheiros de infortúnio que fazem parte do grupo econômico do escândalo do Mensalão. Talvez tenha sobrado algum.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O 'último' dos mensaleiros

     Quem acompanha minhas publicações aqui no Blog sabe que sou um crítico ácido do inexplicavelmente ainda deputado federal João Paulo Cunha, do PT paulista. De todos os condenados pelo assalto institucional aos cofres públicos realizado no primeiro Governo Lula, talvez seja o que menos me inspira algum - vá lá .. - 'respeito', assim, entre aspas simples.
     Isso não quer dizer que os demais - José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e outros bandoleiros - mereçam, de minha parte, qualquer consideração. Ao contrário: continuo acreditando que estão pagando pouco pelo enorme mal que fizeram ao país e às suas instituições.
     João Paulo Cunha, que teve hoje sua prisão decretada hoje pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, entretanto, sempre me surgiu como um personagem menor, mais rasteiro, medíocre, mais inescrupuloso que os demais, que jamais negaram o roubo, antes, tentaram justificá-lo ou reduzir sua magnitude, relegando-o a um 'simples' caixa 2, delito menor, na intrincada equação mental da quadrilha.
     As explicações de João Paulo Cunha - que presidia a Câmara dos Deputados quando do Mensalão do Governo Lula - quando flagrado em meio ao delito, foi, de longe, a mais deletéria: argumentou que sua mulher, que fora enviada por ele a uma agência do Banco Rural, em Brasília, para sacar R$ 50 mil, em dinheiro vivo, estava na boca do caixa realizando um prosaico pagamento da fatura da tevê por assinatura.
     O cinismo com que deu essa explicação para a presença da esposa no caixa que pagava propinas para mensaleiros e assemelhados, por si só, merecia provocar sua condenação, no mínimo, por falta de decoro. Vejam bem a que ponto chegou esse digno representante do petismo: para não ser flagrado ao vivo, mandou a mulher receber o dinheiro do suborno oriundo das vilanias presididas pelo ex-ministro José Dirceu e facilitadas pelo publicitário mineiro Marcos Valério.
     João Paulo é, para mim, um reflexo menos brilhante do grande beneficiário das tramoias mensaleiras, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Assim como seu guru, mentiu e insistiu na mentira; desapareceu por algum tempo e ressurgiu recentemente, após já ter sido condenado, com fanfarronices que ele sabe que jamais se tornarão realidade, como a prometida luta para esclarecer tudo o que houve.
     Qualquer semelhança com o comportamento do ex-presidente, nesse e em outros casos escabrosos, não é mera coincidência. No caso dessa gente, jamais é.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Os foguetes por Eusébio

     Eu tinha meus 18 anos e ainda era apaixonado pela Seleção Brasileira. Na época, 1966, e depois de um bicampeonato mundial inquestionável, não havia dúvida de que ganharíamos a Copa da Inglaterra não com um, mas com os dois pés nas costas. Pelé, que sofrera uma contusão no Chile, quatro anos antes, estava no vigor da forma física e técnica. Iríamos atropelar adversários. A taça já era nossa, só faltava recebê-la das mãos da rainha. O confronto com Portugal não me assustava.
     Por essa época, ainda morava em Marechal Hermes, num canto que era conhecido, por bons motivos, como 'Portugal Pequeno'. Afinal, era ali que sobrevivia a carvoaria dos irmãos Zulmiro e Zeca, da Dona Maria e das três filhas, que completavam a receita alugando quartos para outros imigrantes, como eles: os dois Antônios (um, garrafeiro; outro, vassoureiro) e o Cunha (motorista que dividia a cabine de um caminhão com o Zé Pequeno).
     Praticamente ao lado, separada apenas pela loja O Violão de Ouro, a padaria do Seu Aníbal, outro português, como meu pai, que já não estava entre nós (morrera precocemente, dois anos antes). Mais adiante um pouco, na Rua Vítor (eu morava na Capitão Rubens), a quitanda de outro patrício. Alguns passos a mais, a casa do 'nosso' leiteiro.
     Por óbvio - meus ancestrais portugueses -, sempre me dei muito bem com todos eles. Foi na carvoaria que, com dez anos, aprendi as técnicas e manhas do jogo de sueca. Foi na carroceria do caminhão do Cunha que viajei para mergulhar nas delícias da praia de Sepetiba, ainda razoavelmente limpa. Com alguns deles fui várias vezes ao Maracanã, ver o nosso Vasco jogar.
     Demorei a acreditar que perdêramos o jogo e a classificação para a fase seguinte. Só me dei conta, de fato, quando alguns foguetes espocaram lá nas bandas da Rua Vítor, quando Eusébio fez o terceiro gol da vitória portuguesa por 3 a 1, seu segundo no jogo (o outro foi feito por Simões, contra um do lateral-esquerdo Rildo).
     Naquele momento, achei que romperia meus laços com a terra de meu pai e avós. A ousadia de comparar Eusébio a Pelé, que fora 'caçado' em campo, e os foguetes do quitandeiro me marcaram muito. O tempo e a maturidade agiram a nosso - meu e dos meus parceiros de cartas - favor. Acabei perdoando as heresias, quase ao mesmo tempo em que reconheci no Eusébio que morreu hoje não um Pelé, mas um jogador excepcional e que viveu, naquela Copa, um dos momentos mais brilhantes do futebol português, ao lado de outro jogador especial, o meia Coluna.

sábado, 4 de janeiro de 2014

A 'evolução' da pilantragem

     Essa gente que está no poder há 11 anos evolui a cada minuto, na arte de fraudar, é claro. O processo começou lá no início dos anos 2000, quando foi montada uma rede de extorsão de empresas de ônibus no interior paulista, em municípios administrados pelo PT, como consta no processo que ainda investiga o assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André.
     O arrecadador do dinheiro, de acordo com os irmãos do prefeito assassinado ao tentar romper com o esquema de extorsão, era o ministro Gilberto Carvalho. Na acusação, eles destacam que Carvalho - um dos nomes mais destacados do partido, homem de confiança do ex-presidente Lula, por quem disse que morreria, se preciso fosse - usava seu Fusca para transportar a dinheirama até São Paulo, onde a entregava - ainda de acordo com os depoimentos - ao ex-ministro e atual prisioneiro José Dirceu.
     O esquema, de tão vagabundo, terminou com o sequestro e posterior assassinato de Celso Daniel, que - ainda de acordo com os irmãos, frise-se - decidira romper com o esquema, do qual participava, quando o dinheiro começou a irrigar bolsos particulares, além dos cofres do PT.
     De extorsão em pequena escala, o PT passou para o grande assalto institucional que foi o Mensalão do Governo Lula, acreditando na impunidade. Não contava com o destempero verbal de um deputado muito amigo, comensal do Palácio, que, sentindo-se ameaçado por José Dirceu, desencadeou a crise que se arrasta até hoje. Roberto Jefferson, assim como Celso Daniel, também fazia parte do 'esquemão'.
    Do Mensalão, passou-se à ocupação dos ministérios e tudo o mais que pudesse render conchavos com empreiteiras, principalmente. Roubou-se como nunca, de acordo com levantamentos em contratos e investigações da Polícia Federal. Ao contrário do que ocorreu em Santo André e no Mensalão, ninguém, ainda, pagou pelos seus pecados. Todos os principais envolvidos nas pilantragens mais recentes continuam por aí, livres e soltos, influentes no Governo.
     Ontem, como nossos jornais nos informam hoje, tivemos mais um assalto, não aos cofres, diretamente, mas à dignidade do país, à sua seriedade. Os números apresentados pelo Governo para mascarar o descalabro fiscal não resistiram às mais simples avaliações dos nossos economistas e jornalistas econômicos. Descobriu-se, por exemplo, que plataformas de extração de petróleo que jamais saíram das nossas plagas entram na contabilidade fantasiosa do Governo, como vendidas, mas aqui ficavam, alugadas.
     Um golpe contábil primário, mas que já representou, por certo, uma grande evolução para quem extorquia empresas de ônibus e assaltava os cofres públicos para comprar apoios e pagar as contas de seus correligionários, incluindo 'tevês por assinatura'. Não é mesmo, deputado João Paulo Cunha?

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

As bestas coreanas

     A grande questão em torno do 'método' usado pelo assassino coreano Kim-Jong Un para matar seu tio e primeiro fiador político vai além da barbaridade. É claro que a possibilidade de alguém ser atirado vivo para ser devorado por cães famintos, levantada por um jornal chinês, é assustadora. Ninguém minimamente civilizado deixaria de se chocar com tamanha bestialidade, que já está sendo ponderada.
     Mas a questão, insisto, não é essa, e sim o fato de essa versão (seja verdadeira, ou não) ter encontrado tanta receptividade, ter sido aceita por grande parte do mundo. Embora abjeta, a possibilidade de o ditador coreano do norte ter usado cães para assassinar seu tio é plausível. Assusta, mas não espanta.
     Aliás, tudo é possível nesse país miserável, dominado por uma elite militar genocida, como - e a história está aí para nos mostrar isso - todas as nações que foram e ainda são oprimidas em nome de um regime desastroso.
     A Coreia do Norte repete modelos e crimes cometidos ao longo do século passado nas entranhas da extinta União Soviética e da China, ambas 'comunistas', e da Alemanha nazista. Ao promover a morte em massa de seus próprios cidadãos, se aproxima do padrão stalinista, ainda venerado - inacreditavelmente! - em alguns países.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Eles não se emendam ...

     Nunca é tarde para tratar de determinados temas, principalmente se eles vão se tornar recorrentes nos próximos tempos. Na passagem do ano, em mensagem enviada aos amigos e partidários, um alto dirigente do PT do Rio de Janeiro (o nome não interessa, e sim as 'ideias' que ele transmite) desejou, em síntese, que todos se unissem no repúdio aos que ele classificou de campanha mentirosa alimentada pelos inimigos do projeto de poder que se instalou no país há onze longos e lastimáveis anos.
     Pode parecer absurdo, irreal, mas é a mais pura verdade: esse personagem nega peremptoriamente que seus colegas de partido tenham assaltado os cofres públicos no episódio que ficou conhecido como Mensalão do Governo Lula. Parodiando um velho sucesso, esse cabra nega até o que não há para negar. Chega a ser patético.
     Hoje, quando a maioria digna da Nação não imagina, sequer, um tratamento menos rígido para os quadrilheiros petistas e assemelhados, um alto dirigente do partido insiste nessa cantilena vagabunda de que não houve crime e que tudo não passou de uma manobra de 'inimigos da pátria'.
     Confrontados com as provas dos crimes, insistem em argumentos que desrespeitam a população decente, por ignóbeis; tentam desacreditar a Justiça; atacam a liberdade de imprensa. Olho para essa gente e vejo enormes semelhanças com o que há de pior no mundo, como o deplorável ditadorzinho e assassino Kim Jong-Un, da Coreia do Norte, ou o estúpido aprendiz venezuelano Nicolás Maduro.
     O grande traço que une esses personagens - petistas, coreanos do norte e 'bolivarianos' em geral, é o ódio que nutrem à liberdade, à democracia, aos direitos civis, à independência dos poderes, decisiva para um país que se quer livre.
     Um dirigente petista, ao atacar imprensa e juízes, está sendo tão estúpido e deletério quanto o ditador de plantão que elimina seus opositores e/ou rasga a constituição.