quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Falta decoro ao Congresso

     Entre as muitas coisas que me irritam profundamente no Congresso (tanto na Câmara, quanto no Senado) é a falta de compostura, que mistura vários ingredientes. Não estou me atendo, nesse texto, ao comportamento não-republicano de muitas de suas excelências, envolvidas em escândalos financeitros, troca de favores e outros delitos menores (ou maiores).
     Há um comportamento mais trivial, no dia a dia do Congresso, que me tira do sério, mesmo sem levar em conta o que está sendo dito ou debatido: aquele burburinho no corredor entre as cadeiras; aquelas pessoas apertadas, em pé, em frente à Mesa, como se estivessem num vagão de metrô na hora do rush; aqueles grupinhos de autointitulados líderes que se reúnem para aparecer diante das câmeras, para se exibir, dar pulos ridículos, gritos idiotas.
     Não estou falando dos que usam a prerrogativa dos apartes. Não. São aqueles - os mesmos de sempre - que saem de suas vistosas e confortáveis poltronas para desfilar na fila do gargarejo, posando para as galerias e repórteres, brigando pela presença, pelo protagonismo. Essa cena sempre me remete ao início das aulas, quando a garotada fica fora das carteiras até que o professor dê a ordem: "Todos sentados!"
     Em uma escola secundária, é fácil entender essa agitação adolescente, esse 'frenesi' hormonal. No Congresso, essas 'variações comportamentais' transpiram mediocridade, infantilismo. Prestem atenção: são sempre os mesmos, fazendo visagens, distribuindo olhares e bocas. Querendo mostrar para o mundo que eles são 'os caras'.
     Isso, quando não somos obrigados a ver cenas ainda mais deprimentes, como as protagonizadas, ontem, pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), um ex-presidente da República, ao sair da sua cadeira para tentar trocar sopapos com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
     Haverá sempre quem aponte os exemplos indonésio e russso, para ficarmos apenas em dois dos mais 'ativos' em pancadarias e falta de decoro. Mas esse tipo de comportamento 'internacional' não deve servir de atenuante. O decoro deve ser universal.

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