sábado, 31 de dezembro de 2011

Dignidade, já!

     Se a mim fosse dado o direito a três pedidos para 2012, sendo um deles destinado ao Brasil, não teria dúvida em sintetizar em uma palavra: dignidade, muita dignidade. Pois foi esse comportamento que faltou, em especial, a todos os níveis dos três poderes, envolvidos em manifestações explícitas de desrespeito aos cidadãos.
     No principal deles, o Executivo, apesar da agradavelmente surpreendente postura da presidente Dilma Rousseff - sóbria, mais aberta às realidades mundiais e com um inesperado protagonismo -, purgamos o grande mal brasileiro: a corrupção desenfreada. Jamais em toda a nossa história registramos um espetáculo tão deprimente quando as demissões em série de ministros, envolvidos em claras roubalheiras.
     O Brasil parou e sangrou durante pelo menos seis meses, assistindo ao espetáculo deprimente de servidores do primeiríssimo escalão da Republica sendo desmascarados por seguidas manchetes. A lamentar, ainda, a posição condescendente da presidente, que resistiu até onde pôde a afastar do convívio da Nação representantes deletérios de partidos da tal base que dá sustentação a tudo o que o Governo quer, mas cobra seu preço em dinheiro vivo. Uma resistência que garantiu, até agora, a sobrevida do companheiro Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento e outras coisas, denunciado por ter recebido, sem trabalhar um momento sequer, uma pequena fortuna, sob a rubrica de 'consultorias'.
     No Legislativo, assistimos a, pelo menos, dois momentos de enorme simbolismo: a absolvição da deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF), flagrada recebendo propina; e a posse, há alguns dias, do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), que havia sido cassado em função da Lei da Ficha Limpa. Nesses dois exemplos de indignidade, a participação vergonhosa do 'maior partido brasileiro', o PT, que comemorou intensamente esses exemplos do vazio moral que enche o Congresso.
     Para agravar ainda mais o sentimento de orfandade, o país vem acompanhando o esvaziamento do Poder Judiciário, envolvido em lutas fratricidadas de ministros e magistrados que não cabem dentro do próprio ego. Não me atenho aos eventuais clamores das ruas, que não devem balizar comportamentos jurídicos. Mas à promiscuidade, às denúncias de comportamentos incompatíveis com a toga, ao distanciamento da população, com suas reivindicações por mais descanso e salários cada vez maiores.
     Em síntese, 2011 pecou pela falta de dignidade. Que ela se derrame sobre nós no ano que começa daqui a pouco.

2 comentários:

  1. Assim seja meu nobre colega e amigo Marquito..Amém. Não é com ironia que digito isso,é com tristeza..espero mesmo que haja dignidade. É muito desrespeito ao povo.

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  2. O ano começou mal, como podemos ver, Patrícia. Vamos esperar mais um pouco. E torcer.

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