sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sob o domínio de bandidos

     Talvez - e só talvez - o ministro Dias Toffoli também estivesse legislando em causa própria, com premonitória antecedência, ao fazer a defesa de penas pecuniárias para os condenados de seu partido, o PT, no caso do Mensalão do Governo Lula (foi o que ele fez, não resta dúvida). É cedo para quaisquer julgamentos ou ilações, mas são deploráveis os indícios de seu envolvimento com participantes do escândalo da chamada máfia dos pareceres, desbaratada pela Polícia Federal.
     Como nos revela O Globo de hoje, um personagem destacado de toda a pilantragem, o petista - sim, ele era filiado ao partido e ativista - Evandro da Costa Gama, procurador da Fazenda Nacional no Amapá, surge como intimamente ligado ao atual ministro do STF, que o levou para trabalhar na ... Casa Civil. E sob a chefia de quem? Ganhou uma estrelinha vermelha quem respondeu José Dirceu, o todo-poderoso do Governo Lula. E não podemos esquecer que Toffoli exerceu o cargo de ministro da Advocacia Geral da União (AGU), para onde também levou o mesmo Gama, agora acusado. Mas é claro que ele também não sabia de nada. Era apenas amizade.
     Vejam bem como tudo se encaixa nessa lamentável Era. Todos os atores principais de todos os escândalos e safadezas passaram ou estão no mais alto escalão do poder inaugurado em 2003, quando da posse do ex-presidente Lula. E todos, de alguma maneira, têm ligação com o ex-ministro José Dirceu, incluindo Dias Toffoli, que foi seu assessor, e a recentemente demitida chefe do gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Nóvoa, que foi 'repassada' a Lula pelo seu ex- chefe da Casa Civil, que já a conhecia há 12 anos.
     São fatos, não apenas suposições. A sujeira se espalha em todos os setores, chegando a enlamear até mesmo postos que, em tese, deveriam estar acima de qualquer suspeita, como os da AGU. No caso específico da maracutaia envolvendo o ex-senador Gilberto Miranda (PMDB-AM) e sua Ilha das Cabras, Dias Toffoli e o amigo Evandro da Costa Gama - de acordo com levantamento comprovado - atuaram juntos.
      Essas constatações servem para reforçar minha convicção de que jamais estivemos - o Brasil - tão mergulhados na indignidade, fruto do saque aos postos-chave do Governo promovido pelo PT, na sua ânsia de aparelhar o Estado. Com a desculpa inicial de que os fins justificariam os meios - ilícitos, não esqueçamos -, montou-se um esquema gigantesco de assalto aos cofres da União, corrupção, troca de favores.
     Em determinado momento, o roubo com fins 'ideológicos' (se é que isso é possível) foi 'socializado'. Instituiu-se, no país, a cultura da apropriação dos bens públicos, tratados como se fossem privados. Vivemos num país administrado por ladrões.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Um conto de terror

     Era uma vez um país qualquer submetido a um governo formado por meliantes, originários de alguns sindicatos, e recheado ideologicamente por desajustados. Graças a um discurso populista e demagógico, o líder máximo desse grupo conseguiu uma façanha digna de estadistas: eleger-se presidente, reeleger-se e emplacar a sucessora, uma neófita em política, sem qualificação alguma para o cargo, mas elevada à posição de ótima gestora e inimiga dos corruptos que saqueavam os cofres da Nação. Mesmo sabendo-se que todos os criminosos pegos com as mãos no dinheiro público faziam parte do seu grupo de apoio.
     Nesse país imaginário - é difícil acreditar que algo tão deplorável assim possa existir, de fato!!! -, o poder, de fato, continua com o tal líder carismático, que continua manipulando o governo, incólume a uma sequência incrível de escândalos. Pois esse chefão - uma espécie de rei do pedaço, ou 'o cara', como prega uma gíria local - foi pego mais uma vez com a calça não apenas retórica arriada.
     Por conta de uma denúncia de tentativa de suborno (apenas uma, entre as centenas ou milhares registradas), uma parte desse tal país - governado por amigos e correligionários de um grupo de quadrilheiros condenado à prisão - ficou sabendo que seu aiatolá, seu 'ai jesus', tinha uma secretária que executava todos os seus desejos, incluindo os mais recônditos. Cuidava de todas as suas necessidades, zelava pela sua paz, há muitos e muitos anos. Cuidava enquanto ele estava no poder real e continuou cuidando depois.
     Cuidava de tudo tão bem que ganhou um belo cargo no palácio (isso é uma metáfora
!) e recebia um belo e suculento salário, pago - é evidente - pelos súditos. A dependência do 'rei' aposentado era tão grande que ele não deixava de falar com sua assistente, todos os dias, várias vezes ao dia, escondido da 'ex-rainha', que - dizem as más línguas palacianas - odiava sua rival do dia-a-dia oficial.
     Como se fosse uma Marquesa de Santos rediviva, a assessora conquistou um prestígio inimaginável, passando a opinar na indicação dos funcionários e a negociar o prestígio que conquistara na intimidade do poder.
     Descoberta mais essa mazela - o velho senhor mal começara a cicatrizar feridas profundas provocadas pela queda de vários antigos e leais companheiros -, cuidava, agora, administrar o caos institucional e - presume-se - caseiro. A presidente-regente e seus cortesãos procuraram um jeito de livrar o antigo líder dos holofotes de uma imprensa que insiste em divulgar notícias desagradáveis.
     Recolhido, ele não fala, não comenta. Aposta no tempo, o mesmo que "transforma todo o amor em quase nada" (ele se acha um romântico). Seus súditos mais simplórios não entenderam bem a história. Sabem que uma dama do 'reino' está envolvida em alguma coisa ruim, mas não conseguem fazer as ligações. Talvez reagissem com mais rigor se fossem informados, claramente, de tudo o que aconteceu. Não nos desvãos dos palácios, que essas intimidades não interessam. Mas com o dinheiro que vem pagando tudo isso. Um dinheiro que sai dos seus bolsos.

As doses da vilania

     Não sei, realmente, o que é mais indecente: se a primeira versão do relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG) sobre o escândalo investigado pela chamada CPI do Cachoeira, ou o texto modificado que ele apresentou ontem. Tendo a acreditar que a vilania maior está embutida na mudança.
     A primeira versão, que incluía o indiciamento de cinco jornalistas (na verdade, o alvo era o diretor da sucursal de Veja em Brasília, Policarpo Júnior) e do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pelo menos, refletia a essência da vigarice político-ideológica do PT e dos seus principais líderes, o ex-presidente Lula em especial.
     Desde o início, a CPI tinha um objetivo principal: atingir os principais desafetos de Lula, destaque para o governador goiano Marconi Perillo, do PSDB de Goiás (que alertara o ex-presidente sobre o Mensalão), o finado ex-senador Demóstenes Torres (aquele 'democrata' que desmoralizou a decência) e a revista Veja, a mais veemente representante da imprensa não-alinhada.
     Não há dúvida que o relatória era ignóbil, direcionado, rancoroso. Tanto que não encontrou respaldo sequer entre os aliados governamentais. A repercussão negativa foi tão grande que Odair Cunha recuou e preparou outra versão, a que foi divulgada ontem, sem referências à revista e ao procurador.
     Mas só o fez em virtude de pressões, contra a vontade do seu partido, que quer vingança pela exposição de suas canalhices. Se mantido, o relatório teria uma função pedagógica, ao mostrar a verdadeira face do PT. Modificado, oculta a alma petista. É menos digno, por isso.
     Manteve, no entanto, a recomendação para o indicamento do governador goiano, com o que concordo integralmente. Perillo, por mais que tenha tentado se explicar, não me convenceu em momento algum da lisura de suas relações com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Relações que esbarravam na promiscuidade. Um governador de estado não tem o direito de se comportar com tamanha desenvoltura em círculos contaminados pela corrupção. Assim como partidos que denunciam a corrupção petista não têm o direito de ocultar seus podres.
     O relator peca ainda mais, no entanto, pela ausência de citações aos governadores petista do Distrito FederaL, Agnelo Queiroz, e peemedebista fluminense, Sérgio Cabral. Ambos, graças às suas relações com a construtora Delta e seus antigos dirigentes, deveriam ser investigados rigorosamente.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Cadeia para o deputado mequetrefe

     Bem que o recorrente ministro Ricardo Lewandowski tentou livrar seu correligionário da cadeia. Mas preveleceu a decência e o deputado federal João Paulo Cunha, do PT de São Paulo - um dos mais mequetrefes de todos os réus (vendeu-se por '50 moedas') - foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal a um total de nove anos e quatro meses de prisão em regime fechado - atrás das grades, mesmo, em um dos presídios medievais que o Partido dos Trabalhadores descobriu que existem no país.
     Acho que a pena é pequena, tal a desfaçatez desse quadrilheiro, que não se acanhou ao mandar a própria esposa receber propina. A falta de escrúpulos foi tão grande que desprezou uma das regras da criminalidade, que é a de não envolver diretamente a família. Bandido 'decente' não submete mulher, filhos e pais ao risco de serem presos por seus crimes.
     Tenho dito ao longo de vários meses que João Paulo Cunha conquistou o topo da minha lista de políticos desprezíveis, ao lado de José Dirceu e do ex-presidente Lula. Eles formam, para mim, o triunvirato que mais bem representa essa era que já dura dez anos. Mentirosos, desprovidos de senso de dignidade política, capazes de de tudo para alcançar seus objetivos.
     João Paulo, não podemos nos esquecer, cometeu seus crimes quando era presidente da Câmara, um cargo que coloca seu ocupante na linha de sucessão da presidência da República. E mesmo assim ele se enlameou por 'trinta dinheiros'.
     Em todo esse processo que escancarou a face mais deléteria do partido predominante no país, só lamento a ausência do ex-presidente Lula, no mínimo por omissão. Não se concebe que o mais alto dignatário do país ignorasse o que se passava na sala ao lado da sua, envolvendo seus auxiliares e companheiros mais diletos. Mas assim decidiu a Justiça, quando não aceitou a denúncia contra ele.
     Imaginava-se, na época, entretanto, que a proximidade com o cadafalso político e moral servisse de alerta para o então presidente, que o fizesse refletir sobre a dimensão do cargo que ocupava, sobre sua responsabilidade em relação à imensa legião de desvalidos que o elegera como referência e norte. Não foi o que aconteceu, infelizmente.
     A desfaçatez com que o esquema de poder avança sobre os cofres e a dignidade do país mostram que Lula e seus acólitos nada aprenderam ou absorveram com o maior escândalo da nossa história recente. Ao contrário. Insistem em desafiar a decência nacional, que agridem seguidamente com novos e lamentáveis atitudes.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

'Conquistas' da Era Lula

     Mais uma vitória brasileira, minha gente! Um dia depois da constatação de que somos um dos piores países do mundo em retorno do imposto pago pelos cidadãos, acabamos de conquistar a penúltima posição em serviços educacionais: o vergonhoso 39º lugar entre 40 nações (39, na verdade, mais Hong Kong) pesquisadas por uma empresa internacional, segundo nos conta a revista Veja. Estamos atrás até mesmo de turcos e búlgaros.
     E o que é pior: não podemos, sequer, dizer que essas deploráveis notícias nos surpreendem. Ao contrário. Basta uma rápida olhada nos nossos hospitais, escolas, estradas e nas estatísticas sobre violência. Quem pode - a minoria -, paga em dobro ou triplo para não morrer nas filas dos ambulatórios públicos; para receber educação com um mínimo de qualidade; e para viver em condomínios fechadíssimos.
     Infelizmente, para esse grupo 'privilegiado', a opção aérea, para fugir das estradas mal-conservadas, esbarra na péssima qualidade do atendimento nos aeroportos. Aí, não tem jeito. O abandono é democrático. Somos todos iguais perante o descaso e a falta de investimentos decentes.
     Nossa esperança de boa colocação - quem sabe o primeiro lugar? - estaria caso houvesse uma pesquisa para apontar o país mais corrupto do mundo. A concorrência é grande - temos chineses, russos e coreanos do norte como competidores encarniçados -, mas eles não contam com a experiência e a desenvoltura da companheirada, que vem se aprimorando, ano a ano.
 

Rose a nova 'Geni' petista

     Já começou, em sites e colunas diárias companheiras, o massacre moral da ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa. Nada tão ostensivo que possa provocar a ira e liberar a língua da diligente e viajada ex-assessora do ex-presidente Lula e candidata a ser a nova 'Geni. Uma notinha aqui, outra acolá. O objetivo é claro, cristalino: minar a sua (dela, Rose) credibilidade desde já, pensando nos desdobramentos futuros de mais esse escândalo dessa infindável e inesgotavelmente escandalosa Era Lula.
     Há, como vem acontecendo regularmente, até, os que começam a defender a tese da perseguição movida pelas 'elites' e pela imprensa neoliberal ao inimputável ex-presidente. A culpa pelas vigarices e contradições da companheirada é atribuída a uma luta de classes e de ideologias, na qual os que ousam apontar o dedo para as canalhices ocorridas nos últimos anos são tachados de inimigos do povo, sacrílegos ou algo similar.
     É a aposta na prevalência da parvolice. O ex-deputado Roberto Jefferson, aliadíssimo do Governo e comensal constante do palácio, denuncia a roubalheira liderada pela cúpula petista, mas a culpa é da imprensa que divulga. Um assessor direto do irmão de José Genoíno, ex-presidente do PT, o atual
vice-líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), é preso no Aeroporto de Congonhas em São Paulo com US$ 100 mil escondidos na cueca, e mais R$ 209 mil numa maleta de mão, mas a ira petista volta-se para quem noticiou o fato.
     E assim foi no caso dos 'companheiros aloprados' que foram flagrados comprando dossiês falsos contra oposicionistas; vem sendo nos episódios em que o publicitário Marcos Valério anuncia a disposição de contar tudo o que sabe sobre o Mensalão do Governo Lula; e é agora, nesse mais recente escândalo envolvendo um bando ligado intimamente ao ex-presidente.
     O Governo, também como de hábito, está fazendo sua parte. Já impediu a convocação, pelo Congresso, dos envolvidos em mais essa pilantragem. Não interessa que Rose, os irmãos Vieira e outros sejam ouvidos. Sabe-se lá o que poderiam contar?
     Para consumo externo, no entanto, o Planalto despeja, mais uma vez, a versão inverossímil que exibe a presidente Dilma Rousseff determinada a combater a corrupção e os corruptos. Não é verdade. Não está. Pelo histórico de tolerância, ouso afirmar que nunca esteve. O Governo apenas e tão-somente joga para as arquibancadas. Finge que ataca, que avança, mas o resultado foi combinado no vestiário.

Enredo pornográfico

     O deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP), pelo menos, tem uma desculpa para os mais de mil telefonemas trocados com um dos presos na Operação Porto Seguro, realizada pela Polícia Federal. Como o telefone usado pertence a um restaurante - fato destacado por um fraterno e ferino amigo -, poderia argumentar que estava pedindo 'quentinhas', para 'matar a fome' que parece insaciável (com todas as segundas intenções possíveis, por favor).
     Já o ex-presidente Lula não tem o que dizer - ou não pode!!! - sobre os 122 telefonemas gravados para a agora ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, entre março e outubro de 2011 (a informação é do jornal Metro).
     Na melhor das hipóteses, o teor, se divulgado, poderia alimentar ainda mais a repulsa que - segundo diversos jornais e revistas, entre os quais O Globo - a ex-primeira dama, Dona Marisa Letícia, nutre pela 'ex-faz-tudo' de Lula.
     De acordo com Veja, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) quer saber os motivos dessa profusão de contatos do ex-presidente com a chefe de gabinete da Presidência (seriam "diários", de acordo com Rosemary).
     Republicanamente, devo ressaltar que não só o deputado tem todo o direito de saber tudo. Nós, simples pagadores de impostos, também. Afinal, o gabinete de São Paulo era e continua sendo sustentado com nosso dinheiro, para atender exclusivamente à Presidência de direito, e não à de fato.
     Como está tudo gravado, pelo menos com relação a esse fato o ex-presidente não poderá garantir que não sabia, ou exibir as costas marcadas pelas punhaladas companheiras, como sempre fez.
     Enfim, trata-se de um grande enredo, daqueles que reúnem todos os elementos para uma trama de sucesso, com incursões no mudo pornográfico: política, corrupção, suborno e ... (deixo com cada um de vocês a tarefa de completar a frase com a palavra que parecer mais indicada).

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O futuro de João Paulo Cunha

     A retomada do julgamento do Mensalão do Governo Lula, hoje, reforçou em mim a convicção de que o destino do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) - regime fechado ou semiaberto - está praticamente definido: ele vai para a cadeia, para uma das tais 'prisões medievais' que seu companheiro de partido, o ministro da Justiça (?) José Eduardo Cardozo descobriu que existem no Brasil.
     E a razão é simples: seus defensores formais, os ministros Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, não participarão da aplicação da pena, pois votaram pela absolvição ... e perderam. A esperança de João Paulo é o desempenho da ministra Rosa Webber, que vem ensaiando bem a função de 'substituta' de Lewandowski nas dosimetrias nas quais o revisor não pode se manifestar.
     Por ter condenado, a ministra não pode absolver, é claro. Mas tem optado, sempre, por punições mais brandas do que as sugeridas pelo relator, antecipando o que certamente fará, quando puder. E conseguiu vencer algumas disputas. Em contrapartida - e para o bem da Justiça -, os votos do ministro Joaquim Barbosa vêm sendo seguidos integralmente, na maioria absoluta das vezes, por Luiz Fux, Gilmar Mendes e Celso de Melo. Marco Aurélio de Mello também é rigoroso, mas suas decisões são muito pessoais, particulares.
     De qual quer modo, será uma surpresa enorme se a soma das condenações de João Paulo Cunha ficar abaixo de oito anos. Afinal, ele foi condenado por quatro crimes: corrupção passiva, lavagem de dinheiro e duas vezes por peculato. Como o fato de ele ser um congressista é um sério agravante, suas penalidades ficarão sempre em torno de dois anos e meio, no mínimo.
     Para quem já esqueceu: João Paulo Cunha é aquele deputado que, na presidência da Câmara, mandou a mulher receber R$ 50 mil, diretamente num caixa de uma agência do Banco Rural, em Brasília. Flagrado, inventou algumas desculpas inacreditáveis para o fato, entre elas a de que sua esposa estaria pagando uma conta da tevê por assinatura.
     Se der sorte, poderá ficar na mesma cadeia de seu mentor, o ex-ministro José Dirceu; de seu aliado, o ex-presidente do PP, Pedro Henry, que foi condenado, hoje, a nove anos e cinco meses de prisão; e do publicitário Marcos Valério. Como já se conhecem bem há tanto tempo, poderão formar duplas para jogar buraco, nas horas de recreação.

A grande quadrilha

     Assim como assembleias de condomínio - que se transformam em permanentes, para atender a desdobramentos das discussões -, o julgamento do assalto aos cofres públicos que ficou conhecido como Mensalão do Governo Lula deveria não ter fim, pelo menos enquanto perdurar no país essa era de devassidão que chega, de forma pujante, a dez anos. Deveria ser possível, para dar agilidade à reprovação dos malfeitos, apenas ir acrescentando nomes e fatos, pois, na essência, a quadrilha é a mesma.
     A importância dos quadrilheiros, é verdade, varia. Há destaques absolutos, luminares de uma época, como o ex-ministro José Dirceu, e mequetrefes, mas todos - de uma maneira geral - acomodados nesse enorme esquema montado a partir do projeto de poder petista. Um esquema que abriu as portas e se aliou a uma legião de assaltantes dos mais diversos calibres.
     Hoje, ficamos sabendo que o bando que agia a partir dos gabinetes da Presidência da República em São Paulo e da Advocacia Geral da União - é inacreditável que algo desse porte aconteça num país que se propõe a ser digno! - tem ligações estreitas com o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP), aliadíssimo do Governo, um dos condenados no ... Mensalão.
    Como vem acontecendo recorrentemente, as lideranças petistas apressaram-se não a denunciar ou condenar os criminosos, mas a vislumbrar uma tentativa de atacar a imagem do ex-presidente Lula, originada - é claro!!! - na imprensa e nas elites. Como se fosse possível falar na chefe de gabinete petista sem dizer que ela foi escolhida pessoalmente pelo ex-presidente, responsável, também, pela indicação dos dirigentes de agências governamentais que foram presos.
     Só falta, agora, que o PT, a exemplo do que vem fazendo com relação aos quadrilheiros condenados, promova uma manifestação de apoio à amiga do ex-presidente e fiel seguidora de José Dirceu, para quem trabalhou por doze anos. Uma reunião na sede de um dos sindicatos controlados pela CUT (essa entidade recheada de pelegos), com direito ao grito de guerra que um velho amigo (Paulo César Martins) postou hoje na rede social e que tomo a liberdade de usar aqui, com uma ligeira adaptação para facilitar a rima: "Rose, guerreira da Nação brasileira".

domingo, 25 de novembro de 2012

Presença nefasta

     "O PT não manda no meu governo; quem manda no meu governo sou eu".
     A frase, atribuída à presidente Dilma Rousseff, foi publicada pelo jornalista Lauro Jardim, de Veja, e teria sido proferida durante reunião com representantes do PRB e PR, partidos que compõem a tal 'base de apoio' do Governo. Para o bem do Brasil, espero que expresse a realidade. Nada pior para um país devastado por oito anos de demagogia e assalto aos cofres públicos - não necessariamente nessa ordem - do que a presença nefasta do PT nas decisões inerentes ao ocupante do mais alto cargo da República.
     Quanto mais distante a presidente conseguir ficar da influência dos integrantes da quadrilha petista e de seus asseclas, melhor para o país, não resta a menor dúvida. O preço que estamos pagando pela prevalência dessa inacreditável Era Lula tem se mostrado acima de qualquer expectativa. Nunca, na história dessa infeliz República, houve tantos casos comprovados de corrupção, ladroagem, suborno, enriquecimento ilícito, uso da máquina pública em benefício próprio. Enfim: vivemos os mais conspurcados dez anos da nossa vida como Nação.
     A sensação de que não éramos confiáveis, transformou-se em uma certeza. O Brasil é considerado, hoje, um dos países mais corruptos do mundo. A recorrência de escândalos envolvendo os primeiríssimos escalões é assustadora. O Governo, loteado e desmoralizado por acordos indignos, transformou-se em uma gigantesca fábrica de assaltantes, alguns com a desculpa de estarem roubando por uma causa, como se isso justificasse seus atos.
     Por trás de tudo, de todos os roubos, desvios, falsificações, a presença marcante do PT, através de representantes dos mais variados níveis. Do ministros - como José Dirceu, Erenice Guerra e Antônio Palocci, entre muitos outros - a funcionários indicados pessoalmente por presidentes, como a chefe da quadrilha que acaba de ser desbaratada pela Polícia Federal. E estou me atendo, apenas, aos crimes 'comuns'. Não considero sequer o gravíssimo estelionato ideológico praticado diariamente, com consequências que podem comprometer nosso futuro com o Nação de primeiro mundo.
     Portanto, se o PT, de fato, não manda no atual Governo, melhor para o país. Temo, no entanto, que o desabafo da presidente não reflita a realidade dos fatos. Infelizmente, continuamos reféns da mais medíocre e ignorante liderança já surgida na nossa história. E enquanto não nos livrarmos dela, seguiremos exibindo para o mundo a podridão que gerou essa coleção inigualável de escândalos.

sábado, 24 de novembro de 2012

Corrupção não tem limites

     O Globo nos conta que o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e o presidente do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, conversaram muito com a chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Nóvia de Noronha, uma das responsáveis pelo esquema de corrupção desvendado ontem pela Polícia Federal. Os dois - certamente atendendo ao pedido de alguém, pois nada fazem sem aprovação dos chefões - tentaram convencê-la a pedir afastamento do cargo, para evitar o desgaste da exoneração, afinal determinada por Dilma Rousseff.
     É isso mesmo. O Governo tentou dar uma ajeitada na situação - como fez em todos os escândalos anteriores -, antes de tomar uma atitude. A desfaçatez dessa gente não tem limites, repito constantemente. Dois dos maiores nomes do esquema de poder, defensores ferrenhos dos quadrilheiros do Mensalão, foram conversar com uma criminosa, claramente preocupados com os desdobramentos do caso.
     Afinal, Rosemary é da cota pessoal do ex-presidente Lula e destaque no esquema. Tanto que indicou pessoalmente dois outros personagens de mais esse escândalo. Não é qualquer um que consegue emplacar afilhados em cargos de relevância, como os ocupados pelos irmãos Paulo Rodrigues Vieira, diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) e Rubens Carlos Vieira, diretor de Infraestrutura Portuária da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
     Além de Rosemary e dos irmãos 'metralha', a Polícia Federal indiciou ninguém menos do que o segundo nome da Advocacia-Geral da União, José Weber Holanda Alves, também afastado do cargo, e outros quadrilheiros de menor importância. Pelo pompa dos cargos, fica claro que o esquema de fraudes em pareceres técnicos, destinados a favorecer empresas envolvidas em obras públicas, vai além de uma simples associação entre ladrões de galinhas.
     Nesse patamar de poder, com tantos envolvimentos, é impossível que o esquema se limite a meia dúzia de pilantras. O valor dos subornos - o procurador que denunciou o esquema recebeu proposta de R$ 300 mil para mudar um parecer - mostra que há interesses muito maiores em jogo. Alguém (uma empresa) que repassa R$ 300 mil a um peão para ganhar uma obra, certamente paga muitíssimo mais aos chefões, direta ou indiretamente. Em dinheiro vivo (em contas bancárias em paraísos ficais), ou 'apoiando' candidaturas companheiras.
     Desde já, Dona Rosemary figura com destaque na lista de pessoas que eu torço para que contem tudo - quem sabe uma delação premiada? - , ao lado do publicitário Marcos Valério e do contraventor Carlinhos Cachoeira. Pelo que aconteceu com seus correligionários do PT, recentemente, o futuro de Rose, como é conhecida, segundo os jornais, tem grades nas portas e na janela. Se falar, talvez escape das nossas 'prisões medievais'.

Minha frase da semana


"Para um estado que se anuncia à beira da falência, chega a ser um acinte programar uma manifestação para um dia de semana, normal, que será transformado em um feriado informal. Vigarice em dose dupla". Extraída do texto 'Vigarice em dose dupla', de quinta-feira, 22 de novembro.

Arrogância de gângsteres

     É evidente que o ex-ministro José Dirceu é o personagem que mais bem sintetiza a devassidão moral que tomou conta do PT e dos últimos governos. Ele foi e continua sendo uma referência do partido, o guia espiritual do ex-presidente Lula, o guru de uma seita que prega o poder pelo poder. Há outros personagens deletérios, sem dúvida. Mas um deles conquistou um lugar especial na minha galeria de políticos e assemelhados desprezíveis. Estou me referindo ao ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), um dos condenados pelo Supremo Tribunal Federal no processo do Mensalão do Governo Lula.
     João Paulo - na verdade, sua mulher, que o representava - foi pego em flagrante recebendo uma propina de R$ 50 mil na boca do caixa de uma agência do Banco Rural em Brasília. É isso mesmo: expôs a própria mulher, que foi filmada. Surpreendido com a divulgação do ato, não teve o menor escrúpulo em atirar várias versões para seu ato indigno. Uma delas: sua esposa teria ido ao banco para pagar uma prosaica conta da tv por assinatura.
     Pois esse pé-de-chinelo da corrupção também não se conforma com a condenação. Participou, ao lado de José Dirceu e José Genoíno, de uma manifestação de solidariedade prestada pelo PT. E, assim como seus futuros companheiros de cadeia, desancou o julgamento, os julgadores e a imprensa, que ousou divulgar as bandalheiras protagonizadas pelo quadrilha mensaleira.
     É assim que essa gente deturpada reage. No lugar de um até saudável arrependimento pela indignidade cometida, surgem com a arrogância dos criminosos que se achavam inimputáveis. Flagrados assaltando os cofres públicos, não escondem o rosto, como o fazem bandidos comuns. Desafiam o país com declarações e ameaças, no estilo dos piores gângsteres.
     Merecem cada segundo do tempo que ficarão atrás das grades.

PT, uma fábrica de assaltantes

     A capacidade de produzir assaltantes de todo os calibres é, sem dúvida, a maior marca dessa infindável e inacreditável Era Lula. Eles estão em todos os setores, em todos os lugares, especialmente nos gabinetes mais importantes dessa infeliz República, que foi loteada inescrupulosamente. A mais recente vigarice de integrantes do primeiríssimo escalão está nas primeiras páginas de todos os jornais, envergonhando o país.
     É claro que o ex-presidente Lula e sua sucessora Dilma Rousseff não sabiam de nada do que estava acontecendo. Eles nunca sabem. Tem sido assim desde os primeiros dias do PT no poder nacional. A quadrilha presa ontem pela Polícia Federal, liderada pela chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, é apenas mais um exemplo - o mais recente - da dissolução moral que tomou conta das várias camadas do Executivo.
     Não é preciso qualquer esforço para lembrar alguns dos incontáveis casos indignos protagonizados por uma penca de ministros dos governos petistas. O Mensalão foi tão-somente o de maior repercussão, por ter fisgado o ex-ministro José Dirceu, líder inconteste desse partido que, hoje, é a maior referência nacional em podridão.
     Tivemos os dólares na cueca; o episódio dos 'aloprados' (aqueles vagabundos que tentaram comprar e fabricar um dossiê falso contra o então candidato do PSDB à prsidência, José Serra); o enriquecimento astronômico do ex-ministro Antônio Palocci; as 'palestras' milionárias do atual ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel; o caso da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra (venda de favores, entre outras coisas); os sete ministros que 'pediram demissão' no primeiro ano do governo Dilma, todos por envolvimento em pilantragens.
     Não por acaso, o mais recente episódio da série Person of Interest (Warner, quartas-feiras, às 22 horas) tinha como um dos personagens um diplomata brasileiro que seria candidato à presidência pelo PT, apontado como um partido corrupto. A corrupção, nos últimos anos, tornou-se endêmica, a partir do momento em que o assalto aos cofres públicos passou a ser usado como instrumento de fortalecimento do projeto de poder petista.
     O roubo em nome da causa escancarou todas as portas.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

De Cachoeira e José Dirceu

     Carlinhos Cachoeira, o contraventor goiano acusado de liderar um grande esquema de corrupção que envolve empresas públicas e privadas e políticos dos mais diversos partidos, exibiu, hoje, por palavras e atos, num rápido desabafo, sua enorme semelhança com os quadrilheiros José Dirceu e Marcos Valério (lembro que os dois foram condenados por formação de quadrilha, ou bando, e, portanto, são formalmente considerados quadrilheiros).
     A exemplo do ex-ministro de Lula, Cachoeira também culpa a imprensa por seu infortúnio. Disse que está cansado de ser perseguido. Em outro ponto comum com o chefe da quadrilha do Mensalão, acusou o Ministério Público de "estrelismo". E, assim como o publicitário mineiro que administrou a roubalheira da companheirada do PT, deixou no ar a possibilidade de contar tudo o que sabe sobre as pilantragens que o levaram à cadeia.
     - Vou colocar os pingos nos 'is'. Vou falar a história toda. O povo goiano vai ter orgulho de mim", desabafou e o Estadão registrou.
     Assim como torço para Marcos Valério, afinal, contar tudo - mas tudo mesmo! - que sabe sobre as vigarices ocorridas no Governo Lula, como antecipou, espero que Cachoeira cumpra a promessa que fez agora. Que fale das suas relações com os governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF); com deputados e vereadores; com a construtora Delta, aquela que já foi a mais importante do tal PAC e que financiou viagens do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e de alguns secretários.
     No caso do Mensalão do Governo Lula, por obra e destemor do ministro Joaquim Barbosa, quase todos os criminosos foram condenados. Marcos Valério poderia, se quisesse, de fato, acrescentar nomes e fatos a essa que foi a maior agressão institucional à recente democracia brasileira.
     No escândalo provocado pelo contraventor goiano, teme-se que a maior parte da pilantragem fique oculta, graças à manipulação feita pelo relator da CPI, o deputado mineiro Odair Cunha (do PT, é lógico), preocupado em investir contra jornalistas tidos como inimigos do Poder e livrar a cara da companheirada. Cachoeira, se contar tudo, pode reduzir o grau de desprezo que a evocação de seu nome provoca na Nação.

Manifestação de demagogia

     Contra quem está investindo o governador Sérgio Cabral, no caso da distribuição republicana dos royalties provenientes da exploração do petróleo? Contra os deputados do seu partido, o PMDB, que aprovaram o texto da lei que está à espera do aval da presidente Dilma Rousseff? Contra a bancada do PT, majoritária? Contra as lideranças partidárias que compõem a base de apoio do Governo Federal? Contra os demais estados e municípios que vão receber? Em extremo: a manifestação que ele preparou para segunda-feira será uma advertência à própria presidente, uma espécie de "não seja besta de aprovar isso, se quiser continuar com meu apoio para sua reeleição!".
     É claro que não. É apenas e tão-somente mais uma vigarice destinada a recompor a imagem que ele viu ser soterrada com a revelação de suas ligações com o empresário Fernando Cavendish, ex-dono da empreiteira Delta, a ex-queridinha do PAC e que foi apontada como fonte de corrupção.
     O enredo é absolutamente surrado. Para evitar a catástrofe, como diria o 'filósofo' Neném Prancha, personagem do jornalista João Saldanha, o negócio é 'arrecuar os arfes'. No caso, desaparecer do cenário público por algum tempo e esperar por um fato que possa ser explorado e que conte com o apoio quase generalizado da mídia. Foi o que aconteceu.
     O Congresso - dominado pela base governista e que só decide o que o Palácio do Planalto deixa , é bom não esquecer - deu a Cabral o argumento que precisava, um inimigo comum para apresentar ao povo fluminense, uma bandeira para ele desfraldar em um palanque, sem medo de receber uma saraivada de ovos podres. A distribuição dos royalties - na imaginação de Cabral - seria o que a Inglaterra foi para a ditadura argentina e continua sendo para essa lamentável presidente Cristina Kirchner: um fator aglutinador de ódio; algo que desvia as atenções, angaria simpatias.
     Não a minha, pois continuo irredutível em um ponto que venho defendendo há muito tempo: as riquezas provenientes da exploração de um bem natural, como o petróleo, devem ser democratizadas, pois pertencem a todo o povo brasileiro, e não a fluminenses ou capixabas. É claro que os estados produtores devem receber uma compensação extra, pelos problemas decorrentes da exploração. Mas apenas isso: uma compensação.
     Para mim, continua sendo inconcebível discriminar os brasileiros que não foram beneficiados por essa 'roleta geológica'.
     E, antes que eu esqueça: para um estado que se anuncia à beira da falência, chega a ser um acinte programar uma manifestação para um dia de semana, normal, que será transformado em um feriado informal. Vigarice em dose dupla.

Corrupção desenfreada

     A Folha nos traz uma notícia que é emblemática, absolutamente representativa dessa Era Lula que está prestes a completar dez anos. A Polícia Federal acaba de explodir uma organização criminosa - quadrilha, ou bando, para nos atermos a expressões bem atuais - infiltrada em órgãos públicos federais e que se especializou em fraudar pareceres técnicos, beneficiando empresas companheiras.
     Mais ou menos o que aconteceu no Ministério do Interior, no episódio de modificação do projeto viário destinado à Copa de 2014 em Cuiabá e que, apesar de denunciado, caiu no esquecimento. Dessa vez, os crimes estavam sendo realizados na ANA (Agência Nacional de Águas), na Agência Central dos Correios (como sempre) e na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
     Segundo a reportagem, o esquema só foi descoberto porque um funcionário do Tribunal de Contas da União denunciou a oferta de R$ 300 mil para que beneficiasse empresas do setor portuário.
     A corrupção é apenas mais um dos males provocados pelo loteamento dos órgãos públicos entre apaniguados do Governo, um prática que ultrapassou o limite da decência nos últimos anos.

Bandoleiros continuam desafiando a Nação

     O chefe da quadrilha do Mensalão do Governo Lula, o ex-ministro José Dirceu, continua lançando bravatas e frases de efeito ao vento. Hoje, o Estadão publica suas mais recentes agressões não apenas ao atual presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, mas à decência que ainda resta nesse país, fora dos círculos do poder, é evidente.
     Homenageado pelo misto de defensores e asseclas dos bandoleiros, com um jantar na casa de um deputado do PT em Brasília, Dirceu voltou a dizer que Joaquim Barbosa agiu com ódio em relação a ele, motivado pela pressão da imprensa, a segunda maior inimiga do petismo em geral, logo depois da dignidade nacional, que vem sendo pisoteada há dez anos por dezenas de vagabundos que assaltam os cofres públicos.
     Não satisfeito em desafiar o novo presidente do Supremo, ameaçou a inteligência da Nação com mais uma daquelas frases vazias de conteúdo muito usadas nos palanques dessa Era Lula: "Vou para a prisão, mas o direito à palavra ninguém me tira", bradou, de acordo com o jornal.
     Tem razão, Dirceu. Condenado a quase onze anos de prisão, vai para a cadeia, mesmo. E lá, poderá falar livremente para as quatro paredes da cela. E valer-se dos direitos consagrados na Constituição de 1988, que seu partido recusou-se a assinar. E não adianta continuar ameaçando o país com manifestações de 'correligionários', como as anunciadas pela UNE e outras que metem a mão no mesmo saco de dinheiro público que financia e alimenta os crimes nos últimos dez anos.
     Como destacou ontem o mais completo - na minha opinião - magistrado do STF, Luiz Fux, no discurso em homenagem a Joaquim Barbosa, a Justiça não tem medo de nada. Por minha conta, acrescento uma frase que ficou subentendida: principalmente de fanfarrões.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Vingança petista é adiada

     O recuo estratégico do relator da CPI do Cachoeira, deputado mineiro Odair Cunha (do PT, é claro), é mais uma evidência do cabotinismo ideológico da companheirada. A leitura oficial do seu relatório, que seria feita hoje, foi transferida para a semana que vem, a seu pedido, em virtude da péssima repercussão do seu conteúdo. Além de livrar os amigos do verdadeiro rei (os governadores Sérgio Cabral, do PMDB fluminense, e o petista Agnelo Queiroz, de Brasília), o deputado de recados petista teve a ousadia de recomendar investigação sobre o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
     A atitude seria tão insensata que provocou revolta até mesmo entre os aliados do governo, como o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), um 'insuspeito' ex-ministro do governo passado. No plenário da CPI, Miro afirmou - e Veja reproduziu - que o texto do relator não poderia contemplar qualquer citação relativa ao procurador: "
Em nenhum momento desses debates essa comissão votou qualquer coisa, insignificante que fosse, que se aproximasse da suspeita contra o procurador-geral", destacou.
     O mesmo raciocínio vale para tentativa de incriminação do diretor de redação de Veja em Brasília, o jornalista Policarpo Júnior. Como até mesmo a francamente petista Federação Nacional dos Jornalistas destacou, pode-se criticar os meios usados pelo jornalista para conseguir informações, mas jamais seu direito de levá-las ao público.
     Quanto ao governador goiano Marconi Perillo (PSDB), o relatório ora sustado poderia ser defendido. As evidentes ligações entre ele e o contraventor Carlinhos Cachoeira devem ser apuradas ao extremo. Há, no mínimo, situações comprometedoras, que exigem uma resposta à altura. Semelhantes, em quase tudo, às que envolvem os também governadores Sérgio Cabral e Agnelo Queiroz.
     Como se apresentou, o relatório em suspenso não passa de uma peça de retaliação, uma resposta à condenação dos métodos e personagens petistas envolvidos no assalto aos cofres públicos realizado no governo Lula.

A afirmação da integridade

     A importância da posse do ministro Joaquim Barbosa na presidência do Supremo Tribunal Federal não pode ser reduzida ao fato de ele ser o primeiro negro a assumir essa posição no Brasil. É muito mais do que a afirmação de um negro. É a consagração de um homem íntegro, que não se submeteu às pressões e bombardeios originados desse lamentável mundo petista, sempre disposto a apoiar desajustados - não apenas os quadrilheiros que assaltaram os cofres públicos no episódio que ficou conhecido como Mensalão do Governo Lula.
     O próprio ministro já manifestou opinião semelhante, há alguns dias, quando questionado sobre o simbolismo da sua presidência. Joaquim Barbosa destacou que não seria o caso de vincular expressamente sua posse ao fato de ser negro. Sua presença no STF, muito mais do um gesto de afago às minorias, representa a afirmação da sua qualificação para o cargo, fato que independe da cor da sua pele.
     É verdade que sua indicação para o STF teve muito a ver com o fato de ser negro, pelo que se sabe. Mas não apenas e somente por ser negro. Barbosa já era brilhante à época, o que justificaria a escolha de seu nome.
     Assim, essa insistência em colocá-lo como referência de movimentos negros me parece - por estranho que soe - algo racista. Assim como as diatribes lançadas 'genericamente' contra o STF e que, de fato, dirigem-se a ele, Barbosa, em função do rigor com que tratou os envolvidos no Mensalão.
     Esperava-se - de fato, os petistas em geral esperavam - que ele fosse subserviente e mostrasse eterna gratidão pela escolha que partiu do 'senhorzinho' do PT. Contava-se que ele pagasse sua 'carta de alforria' com votos favoráveis aos interesses do Governo.

O apoio dos insensatos

     Há uma nefasta coincidência de sentimentos e atos unindo os dois julgamentos mais rumorosos dos últimos tempos: o do Mensalão do Governo Lula e o do ex-goleiro Bruno, acusado da morte da jovem Eliza Samúdio, com quem tinha um filho. Em ambos, há uma deletéria afinidade entre criminosos e partes da sociedade. Difícil determinar qual a mais danosa.
     De um lado, nota-se claramente em algumas cartas e comportamentos, que uma parcela de torcedores do clube do ex-goleiro tende a ser solidária com o assassino. É uma minoria, não tenho dúvida, mas mesmo assim inconcebível, pois o crime reveste-se de características hediondas. Ainda bem que há uma avassaladora parcela que consegue distinguir entre paixão clubística e dignidade.
     Já entre os petistas, o fanatismo é bem maior. As manifestações de apoio aos quadrilheiros José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares e ao corrupto João Paulo Cunha (todos já foram condenados) continuam surgindo e tomando forma. Mesmo sendo confrontados pelas provas e pela gravidade dos crimes cometidos contra a Nação, grupos ligados ao PT mantêm a disposição de confrontar o Supremo Tribunal Federal, ao qual acusam de julgar politicamente.
      O Globo de hoje nos conta que o chefe dos bandoleiros, o ex-ministro José Dirceu, procurou diversas entidades - entre elas a União Nacional do Estudantes - pedindo apoio. Algo semelhante ao ex-goleiro Bruno convocar os chefes de torcida organizada de seu ex-clube para defendê-lo. Com um agravante: os pedidos do ex-atleta com certeza não encontrariam o apoio integral que Dirceu vem obtendo.
     A desfaçatez dos apoiadores dos quadrilheiros petistas parece não ter limites e agride os parâmetros mínimos da dignidade. Ao alinharem-se com os responsáveis por uma das mais deletérias agressões aos princípios democráticos, esses insensatos conspurcam a sociedade e desprezam o país.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A nova face da defesa dos quadrilheiros

     Como estava previsto no roteiro encenado pelos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, os demais advogados dos quadrilheiros petistas condenados pelo assalto aos cofres públicos durante o Governo Lula já estão preparando o pedido de suavização da pena dos seus clientes, tendo em vista a situação falimentar das nossas instituições carcerárias.
     Era um claro jogo de cartas marcadas, ou de jogadas ensaiadas. Nessa chanchada, coube ao ministro da Justiça levantar a bola para seus parceiros cortarem. Ao dizer que preferiria morrer a ficar preso nas cadeias brasileiras, Cardozo (o eterno defensor dos bandoleiros petistas, seus colegas de partido) estava apenas abrindo uma discussão destinada a beneficiar a companheirada.
     Em nenhum momento os três defensores dos criminosos pensaram, por exemplo, em reduzir a pena de criminosos comuns, que há anos sobrevivem ao inferno dos nossos presídios. Partiram, de imediato, para os mais recentes condenados. A eles, jamais interessou o drama de milhares de presos. A única preocupação é com o futuro dos companheiros.
     Por atos e palavras, endossados claramente pela presidente da República, objetivam apenas e tão-somente evitar que José Dirceu, José Genoíno, João Paulo Cunha e Delúbio Soares passem um bom par de anos na cadeia. Como fazem recorrentemente, usam todos os subterfúgios disponíveis para defender seus criminosos.
     A retomada do julgamento, hoje, já com o Supremo sob a presidência do ministro Joaquim Barbosa, servirá para novas manobras, novas intervenções desastradas e demagógicas dos ministros Lewandowski e Toffoli. A estratégia da defesa dos delinquentes já está traçada, dentro da realidade sugerida pela condenação.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Minha frase da semana

"O PT, antes de protagonizar mais um atentado à dignidade nacional, com a nota oficial que divulgou ontem, em defesa dos bandoleiros condenados merecidamente à cadeia, deveria se mirar no exemplo de Ayres Brito". Extraída do texto 'PT agride a dignidade da Justiça', do dia 15 de novembro.

Estado não negocia com bandidos

     Entre as muitas bobagens escritas e ditas recentemente pela turma ligada ao PSDB, desponta uma que extraí do noticiário de hoje da Folha. Segundo matéria sobre a violência em São Paulo, o sociólogo Cláudio Beato defende a negociação com o crime organizado, em situações emergenciais, como a que vivem diversos estados.
     Seria - exagerando um pouco, reconheço - algo semelhante a realizar uma mesa-redonda com presentantes dos diversos setores do Estado e alguns chefões da bandidagem - com direito a água mineral e cafezinho -, para discutir uma pauta de reivindicações, chegar a pontos comuns e terminar com a mortandade.
     Admito que talvez fosse uma solução imediatista e atendesse aos temores da população, acuada e oprimida por criminosos. Mas não tenho dúvidas que seria um tiro no pé, uma admissão de incapacidade. Ao negociar com assassinos, o Estado ficaria, para sempre, refém de atentados.
     Crime, organizado ou não, tem que ser combatido em várias frentes, incluindo a quase sempre ausente 'inteligência'. Ao contrário do que diz o entrevistado, acredito que só o enfrentamento ininterrupto das facções criminosas seria capaz de reduzir as consequências maléficas dessas quadrilhas que se formaram justamente no vácuo que surgiu com a ausência dos poderes constituídos.
     Polícia não conversa com bandidos. Polícia coloca essa gente na cadeia.

Vítimas do fanatismo

     Será que as pessoas que, sinceramente, se emocionam e horrorizam com a morte de civis palestinos - crianças em especial - já se perguntaram por que isso acontece? É óbvio que a primeira resposta é simples: porque Israel despeja foguetes nas suas cabeças. Por rigor, acredito que devemos ir um pouco além, sabendo - como todos nós sabemos - que os israelenses são capazes de bombardeios a alvos determinados melimetricamente.
     Se Israel tem essa capacidade (assim como os Estados Unidos), seria lógico supor que lança foguetes para aniquilar famílias inocentes e virar alvo da reprovação mundial? A resposta me parece clara: não. Os alvos - e todas as pessoas razoavelmente decentes e informadas sabem - são prédios usados como base para lançamento de foguetes. Não há, em Gaza, especialmente, uma base militar ou algo semelhante.
     Os inimigos de Israel e de todos os que não professam o islamismo (outra verdade confortavelmente esquecida) usam residências, escolas, creches e hospitais para esconder e lançar seus foguetes. E fazem isso apostando que Israel teria escrúpulos em bombardear alvos recheados, propositalmente, de civis. Quando a estratégia não dá certo, exibem para o mundo as vítimas que eles mesmos causaram, ao usar inocentes como escudos humanos.
     Escamotear essa verdade é uma agressão à inteligência.

Diversionismo à moda do Planalto

     Quase todas as frases ditas pela presidente Dilma Rousseff na entrevista publicada pelo jornal espanhol El País e reproduzida, entre outros, pelo O Globo, são absolutamente vazias e/ou tangenciam a demagogia retórica que faz parte do discurso oficial do Governo nos últimos dez anos. Normalmente, não se consegue extrair alguma coisa útil dos seus discursos ou falas, por desconexos e construídos de maneira - digamos - heterodoxa, no que se refere especialmente à gramática.
     Quando se refere ao julgamento do Mensalão do Governo Lula - o maior assalto institucional aos cofres públicos, não custa lembrar -, suas palavras esbarram no cabotinismo. "Há muitos procedimentos legais nesse terreno e, como presidente, não posso me manifestar sobre decisões do STF", disse Dilma. É evidente que há 'procedimentos legais', pois trata-se de um julgamento. Se fosse uma exposição de equinos, com certeza teríamos muitos relinchos.
     Em seguida, a presidente admite que "acata" as decisões, como se pudesse não acatá-las, ou manipulá-las, como acontece nos nossos vizinhos bananeiros, destaque para Venezuela e Argentina, países governados por campeões do desrespeito às leis. Mas, contrariando o que acabara de garantir, lança a seguinte combinação de palavras, com aquele estilo que caracteriza as administrações petistas: "O que não quer dizer que nenhuma pessoa neste mundo de Deus esteja acima dos erros e das paixões humanas".
     Traduzindo o que a presidente disse nessa língua que parece com o português: os ministros do Supremo condenaram pobres inocentes, influenciados pela mídia e pela elite. Não poderia ser mais lamentável. E não me detenho, sequer, no tal "mundo de Deus", uma enorme e recorrente bobagem. A grande questão está, justamente, no fato de ela estar claramente criticando uma decisão da Justiça, num país em que os poderes são independentes.
     O diversionismo, porém, vai além. Com a placidez dos que imaginam que o mundo dos homens é incapaz de raciocinar, a presidente afirma que é "radicalmente a favor do combate à corrupção, não só por uma questão ética, mas por um critério político". Por isso seu partido e seu guru se aliaram de corpo e alma ao deputado Paulo Maluf (procurado pela Interpol) e ela foi obrigada - é isso mesmo, obrigada!!! - a dispensar sete ministros corruptos, todos "a pedido" e com louvações na despedida.
     Por ter um "critério político", mantém no primeiríssimo escalão seu amigo de longa data, o ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel, aquele mago das palestras e consultorias que recebeu quase R$ 2 milhões para ficar de boca fechada, logo depois de ter saído da prefeitura de Belo Horizonte e pouco antes de assumir a coordenação da campanha pesidencial de 2010.
     Não faltou sequer a afirmação grotesca de que "poucos governos fizeram tanto pelo controle do gasto público como o do presidente Lula". Para uma plateia idiotizada e desinformada, essas bobagens até que fazem efeito. Para quem se dá ao trabalho de verificar o ritmo alucinante da gastança pública nos últimos anos, frases assim soam como um ofensa.

domingo, 18 de novembro de 2012

Obama apoia Israel

     O presidente reeleito dos Estados Unidos, Barack Obama, confirmou - e todos os jornais repercutiram - o que já se esperava dele. Pelo menos as pessoas que acompanham com razoável interesse as linhas gerais da política externa americana. Não poderia ter sido mais claro, certamente para desespero dos parceiros idológicos dos terroristas muçulmanos: Israel tem o direito de se defender dos foguetes disparados por palestinos da Faixa de Gaza.
     Nessa defesa, está incluída a morte do ex-chefe militar do Hamas, Ahmed Jabari, cujo carro foi destruído por um míssel. Jabari era um dos principais responsáveis pelo foguetes que vinham sendo disparados contra Israel, diariamente, em número cada vez maior.
     Ao contrário do que pode sugerir um noticiário eventual, a atual onda de violência - que resvala em uma nova guerra - não foi provoada pelo assassinato do líder terrorista. Na verdade, o recrudescimento das atividades israelenses é uma resposta às agressões constantes que são realizadas contra seu território.
     Dezenas de foguetes são lançados diariamente de Gaza, de vários pontos. Os terroristas usam residências, escolas e hospitais como base para os ataques, tentando evitar a retalização, pois apostam na repercussão mundial causadada pelas eventuais mortes de civis, usados como escudos humanos. A norte de crianças é fortemente explorada, mas poucos têm a coragem de lembrar que essas tragédias são provocadas pelos próprios combatentes palestinos, que usam seu povo como escudo.
     Obama, ao afirmar que "nenhum país do mundo iria tolerar mísseis caindo sobre civil" e que a paz passa necessariamente pela interrupçãp de disparos contra Israel, reafirma as bases da doutrina americana, que é muito semelhante à de nações democráticas do mundo.
     E não poderia ser diferente. Sem o patrulhamento ideológico comum especialmente no nosso deplorável mundo, Obama exibe referências muito semelhantes às do seu adversário republicano, Mitt Romney. Os Estados Unidos, com ou sem Obana, não compactuariam jamais com terroristas.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Companheiros desunidos

     Essa companheirada é, mesmo, desunida. Embora o fato já seja público e notório (a condenação de duas empresas ligadas ao deputado federal Paulo Maluf pela Corte de Jersey, um paraíso fiscal britânico, a devolverem cerca de R$ 22 milhões aos cofres da prefeitura de São Paulo), não li qualquer manifestação de apreço ao aliado. Uma nota oficial, pequena que fosse, assinada por Rui Falcão, presidente do PT, acusando os magistrados de Jersey de perseguição ideológica e desancando a imprensa (que eles chamam de mídia) e as elites.
     Imaginei, ainda, que, a exemplo do que já se cogitou em relação à multa aplicada pelo STF a José Genoíno (pela roubalheira no Mensalão), surgisse uma campanha para arrecadar fundos para o parceiro do ex-presidente Lula e um dos principais responsáveis pela vitória de Fernando Haddad em São Paulo.
     Lamentei não encontrar um movimento nas 'redes sociais' destinado a angariar fundos para o amigo de toda as horas. Ou - quem sabe? - um show promovido pela CUT, com direito a gritos de redenção: "Maluf, guerreiro, do povo brasleiro!". A receita dos ingressos serviria para dar uma ajuda a Genoíno e a Maluf. Afinal, ambos - 'Dr. Paulo' e Genoíno - têm um longo histórico de serviços prestados ao PT e a Lula, em particular.
     Na notícia, publicada em todos os jornais e revistas, entre eles O Globo, também não há uma referência sequer a um desagravo partido dos ministros Ricardo Lewandowski ou Dias Toffoli, contra o exagero da dosimetria britânica. Ninguém cogitou, também, de consultar um especialista alemão em direito tributário. Nada. Maluf foi abandonado à própria sorte pelos amigos.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

PT agride a dignidade da Justiça

     Ayres Brito, o agora quase ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (completa 70 anos domingo e cai na compulsória), foi mais uma vez brilhante ao responder a uma questão levantada em uma entrevista para a GloboNews, ontem, sobre o que achava da expectativa da cúpula petista de ter votos favoráveis no julgamento do Mensalão, pois a maioria absoluta da Corte - ele, inclusive - foi indicada pelo ex-presidente Lula e pela presidente Dilma Rousseff.
     Com palavras bem semelhantes, lembrou que tinha gratidão pessoal ao ex-presidente, que o indicou, mas que a toga está acima de qualquer sentimento, exceto o de respeito à Constituição. E, notem bem, ele mesmo foi um militante da linha de frente do Partido dos Trabalhadores, pelo qual candidatou-se a uma vaga na Câmara. Não conseguiu. O País perdeu um congressista certamente digno, mas ganhou um magistrado exemplar.
     O PT, antes de protagonizar mais um atentado à dignidade nacional, com a nota oficial que divulgou ontem, em defesa dos bandoleiros condenados merecidamente à cadeia, deveria se mirar no exemplo de Ayres Brito. Seria pedir muito, eu sei. Dignidade política e ideológica é algo que passa à distância do PT e de seus asseclas, sempre dispostos a agredir os princípios democráticos, na busca fanática pelo poder absoluto.
     É essa falta de dignidade que leva personagens como os ministros da Justiça, José Roberto Cardozo, e do STF, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski (Lula é recorrente), a encenar atos indecorosos, como os mais recentes, ao serem confrontados com a inexoralibidade das penas impostas aos quadrilheiros que assaltaram os cofres públicos, petistas em especial.
     Petistas e demais bandoleiros terão, sim, que cumprir as penas impostas por nossa mais alta Corte. E da maneira mais rigorosa possível. Adaptando um velho adágio à atualidade, digo que, produzidos aqui, é aqui que os crimes devem ser pagos. O Brasil tem que manter a moralidade, para impedir que criminosos em geral se locupletem.
     Em extremo, sugiro que os responsáveis pelas nossas prisões "medievais" sigam a sugestão de um leitor de O Globo, expressa na página de cartas de hoje: se não há vagas nas cadeias ou institutos para alojar os novos condenados, o sistema deveria ir libertando os mais antigos, os que lá já estão há muito tempo e que, por isso, pagaram parte das suas penas. Quem ainda não pagou, deve ir para o fim da fila.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O suicídio moral de um ministro

     O ministro Dias Toffoli ultrapassou, hoje, todos os limites da dignidade que são exigíveis de um membro da mais alta Corte do país. Sua intervenção, lastimável sob todos os aspectos, exibiu a face mais subserviente e abjeta do papel a que ele se prestou ao decidir participar do julgamento do Mensalão do Governo Lula, governo ao qual ele serviu diretamente, como assessor do ex-ministro José Dirceu e como empregado do Partido dos Trabalhadores.
     Deveria, em respeito à Nação, ter se dado por impedido. Não o fez. Assumiu, formalmente, o risco de ser ele, também, julgado. E, não resta dúvida, tem sido condenado pela maioria absoluta da sociedade. Ao longo dos últimos meses, seguiu a cartilha evidentemente elaborada em dueto com o ministro Ricardo Lewandowski, com quem vem trocando olhares, papeluchos e disfarçados cutucões.
     O despropositado discurso que fez hoje no plenário do STF, no qual não se inibiu, sequer, de invocar o nome do ex-presidente Lula - o chefe do chefe da quadrilha que assaltou os cofres públicos -, beirou o estelionato ideológio, prática comum - data venia - ao seu partido, que é, sim, o PT. Dias Toffoli, no desespero de criar uma escapatória da cadeia para seus antigos chefes e patrões, decretou o fim da privação da liberdade como penalidade, acompanhando o 'raciocínio' deturpado do vergonhoso ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, um dos que deveriam zelar pelos princípios legais, e não o fazem.
     No paroxismo dos argumentos, comparou o julgamento dos bandoleiros do PT e de seus asseclas com a Inquisição. Joaquim Barbosa e a maioria absoluta de seus pares seriam, então, reencarnações de Torquemada. Seria apenas patético, se não fosse um argumento desprovido de caráter, desrespeitoso e ignóbil.
     Claramente desprezado pela maioria dos demais ministros, por sua desqualificação profissional - foi reprovado nos dois concursos que fez para o magistratura -, Dias Toffoli se apequenou ainda mais. Condenou-se a ser, eternamente, o ex-empregado do PT que ocupa um lugar para o qual não fez jamais por merecer. Foi um suicídio moral

Razão de viver e vigarice explícita

     O lamentável ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deveria gravar o discurso de despedida do presidente do Supremo Tribunal Federal, Ayres Brito. Alegando falta de tempo, deveria ater-se a uma frase em especial: "Aplicar a Constituição é uma razão de viver". Não se pode admitir, notadamente de servidores do primeiríssimo escalão da República, algo menos.
     Infortunadamente, não é que se observa no comportamento do ministro. Suas considerações sobre as condições das nossas prisões, feitas ontem, foram apenas as mais recentes, certamente não serão as últimas. Ele é reincidente específico em manipulações de evidências, em tergiversações.
     Suas declarações devem ser, sempre, depuradas. Há intenções, mensagens, recados. Quando diz que prefere morrer a ficar preso - como fez ontem -, está apenas estimulando reações favoráveis a seus companheiros petistas já condenados à cadeia, tentando atrair sentimentos.
     As afirmações de ontem nada mais foram do que a continuidade do esquema de emergência adotado a partir da condenação. Outras manobras virão, ao longo do tempo. Todas brotadas do mesmo saco. Os teclados de aluguel, por exemplo, estão sendo acionados de maneira alucinada.
     E não podemos esquecer que o ministro Ricardo Lewandowski continua atuante. Sua luta, agora, é reduzir a pena dos demais bandidos, de olho em José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares. A luta da companheirada continua, não tenham dúvida.

     Prestaram atenção na intervenção do ministro Dias Toffoli? Não pôde falar oficialmente na dosimetria do seu ex-patrão, pois o absolveu. Mas aproveitou a deixa. Seu discurso foi dos mais lamentáveis, vigaristas. Cumpriu sua tarefa partidária, de ex-empregado do PT. Uma vergonha para a Corte. 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Cadeia não é spa

     José Eduardo Cardozo, o lamentável ministro da Justiça desse lamentável Governo Dilma, obrou mais uma lamentável declaração (vocês puderam e vão poder notar a recorrência ao adjetivo). Questionado sobre a pena de morte, saiu-se com essa pérola da desfaçatez, da vigarice retórica, do pensamento arrevezado que domina essa lamentável Era Lula, que O Globo, entre outros, reproduziu:
     - Infelizmente, os presídios no Brasil ainda são medievais. E as condições dentro dos presídios brasileiros ainda precisam ser muito melhoradas. Entre passar anos num presídio do Brasil e perder a vida, talvez eu preferisse perder a vida, porque não há nada mais degradante para um ser humano do que ser violado em seus direitos humanos (sic)".
     Segundo o ministro, a vida nas cadeias é "desrespeitosa", "degradante" e "não dignificante". Em tese, ele estava abordando o tema de forma geral, em entrevista realizada em São Paulo, onde o Governo Federal tenta demonstrar que a violência é um fenômeno do governo local, desvinculado de Brasília. No fundo, nós sabemos que ele estava legislando em 'causa própria', defendendo clemência para a companheirada, condenada pelo STF, no julgamento do Mensalão.
     Não teve, sequer, a dignidade de lembrar que grande parte da culpa pelas condições degradantes dos presídios cabe justamente aos governos do PT que dominam o País há dez anos. Ninguém aguenta mais o discurso vagabundo da 'herança maldita'. O PT é governo há uma década. Se os presídios continuam medievais, a culpa recente é dele, PT, que nada fez para reverter a situação.
     Mas eu até 'entendo' o pensamento embaralhado do ministro. Não posso esquecer da sua atuação quando das investigações na época do escândalo (ele era deputado federal pelo PT de São Paulo). Com o jeito dissimulado que sempre ostentou, fazia cara de bom moço, de indignado, mas estava sempre defendendo a companheirada, livrando a cara do chefão, o ex-presidente Lula.
     Hoje, confrontado com a possibilidade real de seus companheiros de partido serem enfurnados em cadeias medievais, o ministro diz - em declaração patética - que preferiria morrer a ficar em uma cadeia brasileira. Infelizmente, ministro, é nas nossas cadeias que 'nossos' criminosos devem pagar por seus atos. José Dirceu e companhia deveriam ter pensado nisso antes de assaltarem os cofres e a dignidade da nação.

Justiça iluminada

     "O melhor desinfetante é a luz do sol."
     A frase, transcrita hoje em alguns jornais, entre eles O Globo, é do presidente do Supremo Tribunal Federal, Ayres Brito, que está prestes a se aposentar compulsoriamente (completa 70 anos domingo). O ministro gosta de poesia e, durante o julgamento do Mensalão do Governo Lula, usou e abusou, com perícia, das boas imagens e dos votos inflexíveis.
     O ministro tem toda a razão. A clareza da democracia, exercida plenamento no Brasil - apesar do PT e de seus satélites, sempre dispostos a atropelar a liberdade -, é o melhor remédio contra a cupidez de governantes; contra a indignidade de políticos; contra a falta de escrúpulos de um grupo que vende ou aluga não apenas o teclado, mas a consciência.
     Exercido estritamente às claras, sob o olhar da nação, o julgamento da quadrilha que assaltou os cofres públicos e tentou abalar a honra do país reveste-se de luz. Houve um ou outro momento indefinido, algo pontual. Prevaleceram, no entanto, de maneira irretorquível, os princípios básicos da democracia, o amplo direito à defesa, o contraditório, mesmo sendo desprovidos de estofo, de qualificação.
     A Justiça esteve - talvez como nunca - ao lado da sociedade, percorrendo com ela as dezenas de milhares de páginas do mais importante processo criminal já julgado pela nossa mais alta Corte. A condenação exemplar dos criminosos - por uma inquestionável e avassaladora maioria - é uma conquista no país, que exigia uma resposta à altura dos crimes perpetrados por um bando de desqualificados, personagens nefastos de uma agressão aos princípios que devem ser mais caros em uma democracia.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O Brasil está de parabéns!

     Como era de se esperar, o ex-ministro José Dirceu (10 anos e 11 meses) e o ex-presidente do PT, José Genoíno (quase nove anos), estão contestando as condenações determinadas pelo Supremo Tribunal Federal. O ex-tesoureiro petista, Delúbio Soares, ainda não se manifestou formalmente. E não teria muitos atgumentos. Afinal, desde o início ele assumiu toda a culpa, imaginando que todos iriam acabar dando boas gargalhadas.
     É absolutamente natural que condenados , especialmente os dois em questão, continuem alegando inocência (a cadeia está repleta de 'alegados inocentes'). Assim como é dever de seus advogados tentarem reduzir o impacto das condenações. Dirceu vai tentar escapar da privação da liberdade, em presídios comuns. Genoíno vai lutar para garantir, no mínimo, a prisão semiaberta.
     Felizmente para a Nação, os dois não devem ser bem-sucedidos. A maioria dos magistrados tem se mostrado inflexível quanto à necessidade de rigor na punição aos crimes cometidos pelos réus do Mensalão, em geral. Ficou patente a constatação de que houve uma ameaça às instituições, à democracia. Foram crimes gravíssimos, cometidos, em boa parte, por personagens próximos ao Governo, que faziam parte dele.
     O rigor se estende aos réus dos chamados núcleos financeiro e publicitário. Houve uma conjugação de interesses nefastos, a união de delinquentes. A condenação da presidente do Banco Rural, Kátia Rabelo, exibe a determinação dos magistrados. Não está havendo transigência com o ilícito.
     O País estava ávido por uma mensagem tão clara quanto a que foi formalizada hoje pela nossa mais alta Corte de Justiça. É preciso que a sociedade tenha certeza de que não há conivência com crimes e criminosos, sejam eles quais forem.
     O Brasil está de parabéns!
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Golpe de mestre garante cadeia para Dirceu e Genoíno

     Por um desses inconvenientes que surgem eventualmente, não acompanhei o início da sessão do Supremo Tribunal Federal, em tempo real. Pude, no entanto, rever o momento mais saboroso do dia: o golpe de mestre aplicado pelo ministro Joaquim Barbosa no revisor Ricardo Lewandowski, ao inverter a ordem da apresentação do seu voto sobre a pena dos quadrilheiros e corruptos.
     Sua Excelência ('excelência' deles, bandoleiros, em especial) Lewandowski quase teve um infarto ao ver que a companheirada seria o tema do dia, e não aqueles outros réus que finge proteger dos rigores da lei. Foi, simplesmente, patético. Ao retirar-se do plenário, com uma rabanada que fez sua capa preta flutuar, exibiu toda a sua insatisfação por ter sido nocauteado. Tentou argumentar, mas não encontrou eco no presidente da Corte, Ayres Brito, nem nos demais ministros, que decidiram por continuar normalmente a sessão, como não poderia deixar de ser.
     Chegou a invocar, de modo ridículo, o fato de "a imprensa" ter noticiado que a a segunda-feira seria dedicada ao grupo financeiro do assalto aos cofres públicos, como se houvesse a obrigação de seguir a pauta dos jornais e revistas, e não os trâmites do Tribunal. É evidente que a companheirada não esperava a mudança decidida por Joaquim Barbosa. Para a turma, seria ótimo que o julgamento continuasse no mesmo tom, deixando a turma do Partido dos Trabalhadores para o fim, lá para dezembro ou janeiro do ano que vem.
     Ayres Brito, por exemplo, que tem sido rigoroso, está prestes a se aposentar. Seria menos um voto contra a quadrilha petista - deveriam estar imaginando o revisor, os bandoleiros e a cúpula do Partido. E sempre haveria tempo de ele, Lewandowski, ler uma dúzia de artigos de jornal defendendo os condenados, como muito bem lembrou Joaquim Barbosa. Pois foi o que o melhor advogado dos criminosos fez semana passada, em uma tática claramente protelatória: passou um tempo enorme lendo reportagem publicada no Correio Brasiliense.
     Estava preparando o terreno para o recital de depoimenrtos favoráveis à camarilha petista que - eu me permito especular, em função dos antecedentes - estava preparando. Não para ele mesmo ler, pois não poderia participar da aplicação de penas e José Dirceu e José Genoíno, pois os absolveu. Mas para repassá-las a alguém. Ou aproveitar a defesa que faria - ainda vai fazer, mas já sem serventia alguma - de Delúbio Soares para introduzir os elementos de defesa dos demais condenados.
     Desmoralizado pela atuação deplorável registrada nos últimos meses (não pode sequer ir a um restaurante sem ser hostilizado), Ricardo Lewandowski não esperava o direto no fígado, implacável, demolidor para seus propósitos. Tentou levantar, apelou para alguns golpes baixos - sua única tática - mas acabou na lona. E, com ele, seus 'clientes' informais. José Dirceu, o ex-ministro de Lula, já está condenao a quase 11 anos de cadeia. Cadeia mesmo, atrás das grades.
     Genoíno, que pegou quase sete anos, poderá ser beneficiado pela prisão em regime semiaberto. Poderá. Se conquistar esse benefício, poderá - insisto no tempo verbal - passar os próximos anos em uma colônia penal, que poderá ser industrial ou agrícola. Talvez seus advogados optem por pedir o confinamento em uma instituição agrícola. Quem sabe com plantação de cana. Ele vai se sentir em casa.

PS: Delúbio também já está condenado à cadeia. Vamos ver se ele acha, agora, que tudo é uma piada.

domingo, 11 de novembro de 2012

O desespero dos condenados

     Frase do deputado federal Luiz Sérgio, ex-ministro da Pesca, registrada por O Globo, durante lançamento da pré-candidatura do senador Lindbergh Farias (os dois são do PT, é claro) ao governo do estado do Rio de Janeiro, em 2014, hoje, criticando o resultado do julgamento do Mensalão do Governo Lula, o maior assalto aos cofres públicos já registrado na nossa história: "O STF se submeteu à pauta da elite".
     É isso mesmo. Essa gente tem a coragem de falar em elite, quando se alia a José Sarney, Paulo Salin Maluf, Fernando Color de Mello e outros - dezenas de outros - da mesma estirpe. Vejam bem a que ponto chegam a vigarice, a vagabundagem retórica e o desrespeito à Nação.
     Para essa gente, condenar, quadrilheiros, corruptos, corruptores, lavadores de dinheiro e assaltantes dos cofres públicos - como fez o Supremo Tribunal Federal - é inadmissível. A companheirada não aceita o fato de o país exigir cadeia para os bandoleiros que agiam no Governo Lula, sob as asas do Palácio do Planalto. E um grupo incorrigível, fascista, demagogo.
     Flagrados com as mãos no dinheiro do País, petistas e seus asseclas continuam estrebuchando, inconformados. Afinal, estavam fazendo tudo por uma causa maior, no caso, a perpetuação de um esquema de poder montado com base na mais sórdida confraria.
     E o desespero aumenta a cada dia, a cada nova denúncia que aproxima o ex-presidente Lula do esgoto político. De nada adiantou a imolação do ex-contador petista Delúbio Soares. Seus chefes imediatos caíram na mesma rede dos demais assaltantes. Até agora, as circunstâncias - e muitos subornos e ameaças, pelo que podemos entrever das constantes aparições do publicitário Marcos Valério no noticiário - conspiraram a favor do ex-presidente.
     Com os fatos mudando e o cerco apertando, o desesperto petista cresceu exponencialmente. A exumação pública do assassinato do ex-prefeito de Santo André, o petista Celso Daniel, acendeu todos os alertas. Fica mais evidente, a cada manchete ou capa de revista sobre o envolvimento do Governo Lula com o esquema do publicitário mineiro, que as barreiras montadas para proteger o maior líder petista podem desabar.
    

O desastre da TransOeste

     Já disse algumas vezes que não morro de amores pelo prefeito reeleito Eduardo Paes. Pelo contrário. Mas não pude deixar de reconhecer a dimensão da abertura da TransOeste e da criação da pista exclusiva para ônibus, os 'Ligeirões', ou BRTs, como alguns insistem em chamar. É um conceito evidentemente moderno, que - em tese!!! - reduz o tempo de duração das viagens, amplia o conforto dos pasageiros e melhora a qualidade do trânsito em geral, por reduzir as linhas de ônibus tradicionais.
     Só que precisa funcionar decentemente. O prazo de adaptação já está mais do que esgotado. Portanto, não se justificam fatos como o registrado hoje, na estação Mato Alto, no entroncamento da Estrada da Matriz, por volta de meio-dia. Uma legião de passageiros desceu de um Ligeirão e se dirigiu ao ponto dos ônibus de alimentação, que fazem a ligação com os bairros, no caso, a Pedra de Guaratiba.
     Depois de uma espera de quinze minutos, vendo uma pequena frota parada nas proximidades, os passageiros ficaram sabendo o motivo da demora absurda: os ônibus estavam ali, mas não havia motoristas para trabalhar, segundo justificativa de um fiscal. Portanto, sugeriu o tal funcionário, seria mais indicado que todos pegassem uma van para seguir caminho. Inacreditável.
     Pois não foi o único disparate recente. No meio da semana, uma passageira que mora no Recreio, dirigiu-se à bilheteria de uma estação e foi surpreendida com um cartaz que dizia, litetralmente, o seguinte: "Fechado por uma hora, para almoço". É isso mesmo. O vendedor da passagem saíra para almoçar, às 11 horas, e, como não havia quem o substituísse, fechou o guichê. E os passageiros? Que esperassem pela sua volta, ou - o que eu faria, com toda a certeza - pulassem a catraca e viajassem sem pagar.
     Fatos assim - inadmissíveis!!! - comprometem em poucos minutos a essência de um projeto que, insisto desde sempre, tem cara de modernidade. Sem falar na ainda limitadíssima frota em atividade, incompatível com a demanda.

sábado, 10 de novembro de 2012

Minha frase da semana

"Há, em todo o país, uma irresistível corrente que reprova os escândalos já comprovados. Ouso dizer que nem mesmo Lula, hoje, escaparia da cadeia. Essa é uma batalha que José Dirceu já perdeu". Extraída do texto 'Perdeu, Dirceu, perdeu', de quinta-feira, dia 8.

Maluf, a novidade petista

     Não há dúvida - e os fatos evidenciam isso - que o novo governo paulista, liderado pelo ex-ministro Fernando Haddad (aquele que quase destruiu o Enem e a língua portuguesa), será algo bem 'novo'. O PP de Paulo Maluf, vibrante parceiro petista, já conquistou sua secretaria, como noticiam todos os jornais, entre eles O Globo. Não pode haver algo mais 'moderno' do que o dedo de Maluf nos destinos da maior cidade brasileira.
     E o futuro de Gilberto Kassab, o prefeito que encerra seu mandado e preside o 'novo' PSD? Voos mais altos: deve ser ministro de Dilma Rousseff, ou indicar alguém, já no início de 2013. Mas sua administração e ele mesmo não eram apresentados como desastrosos pela companheirada, que os associava ao já sepulto José Serra?
     "É a política, idiota", certamente me responderão, mais uma vez. É, eu sempre esqueço.

Os ladrões estão bem perto

     A Oi não tem jeito. Mais uma vez fiquei privado do telefone e do Velox, que voltaram há poucos minutos. Além dos inconvenientes previsíveis, atrasou em algumas horas a postagem do texto que emergiu ainda bem cedo, ao ler a manchete de hoje de O Globo: 'Governo irá atrás de verba desviada no mensalão". Seria essa, de acordo com o texto, a intenção do ínclito ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, aquele ex-deputado federal do PT de São Paulo que se esmerou na defesa dos quadrilheiros, à época da CPI que apresentou o país a essa 'obra' inigualável do Governo Lula.
     Tomo a liberdade de lembrar que o Governo não terá muito trabalho para cobrar dos bandoleiros. Uma boa parte - os grande chefes - faz parte do círculo íntimo do Poder. Basta aproveitar a primeira reunião do partido e sair cobrando. Alguns ilustres deputados petistas receberam uma grana de respeito através do onipresente publicitário mineiro Marcos Valério, o mesmo que está ameaçando contar tudo que sabe sobre bandidos já condenados e outros que incompreensivelmente cotinuam soltos, desafiando a decência nacional.
     Na verdade, o dublê de ministro da Justiça e ex-'advogado' dos quadrilheiros jogou para uma plateia que ele considera idiota. Basta avaliar, com um pouco mais de cuidado, sua ressalva quanto à origem do assalto aos cofres públicos perpetrado no Governo Lula. Ele - Cardozo - tem a coragem de dizer que não tem certeza de que parte do dinheiro era da Nação, contrariando frontalmente o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a mais alta Corte do país.
     Com aquele jeito melífluo que sempre o caracterizou, o atual ministro da Justiça (a mediocridade desse Governo é impressionante!!!) arranjou uma maneira de, também, desafiar os ministros, aos quais deveria - no mínimo - respeitar. Essa desfaçatez faz parte do caráter do seu partido. Ele apenas faz eco ao que seus chefes dizem, tentando transtornar a realidade.
     São, na essência politico-ideológica, uma síntese da vigarice.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Pela liberdade de expressão

     Eu até entendo que a turma do PT e seus asseclas odeiem a Veja, em especial. Fico imaginando os sentimentos da turma ao abrir a revista, sábado bem cedo, e deparar com as suas vigarices estampadas a quatro cores. As roubalheiras, os acordos inescrupulosos, as reuniões indecorosas, as mentiras e embustes, o abissal estelionato ideológico praticado desde sempre.
     Se petista fosse - não sou e nunca fui (há os 'arrependidos', que vagueiam no limbo do pensamento crítico) -, reconheço que teria esgares. Sonharia com o 'controle social da mídia', com a instituição do órgão único, a exemplo do que acontece em Cuba, por exemplo, com o Granma, que vale quando pesa, mas no mercado de produtos higiênicos, como substituto do 'papel' que não existe na ilha. E essa imagem não é uma brincadeira, embora possa parecer.
     Mas jamais vou entender a reação que a divulgação dos escândalos do Governo e de seus satélites provoca entre jornalistas, justamente aqueles que, por definição, deveriam defender inexoravelmente o direito à informação. E que ninguém venha com a conversa de que não há informação nas páginas de Veja, do Estadão, da Folha e, até, de O Globo. Há, sim, e ela é aterradora para os atuais detentores do Poder.
     Todas as denúncias e/ou matérias - eu disse todas! - foram comprovadas, de uma maneira ou outra. O resultado do julgamento do Mensalão do Governo Lula, esse que foi o maior assalto aos cofres públicos da nossa história, é uma prova incontestável. Personagens constantes das páginas de Veja, em especial, foram condenados por diversos crimes, pela mais alta Corte do País. Não fosse a determinação da revista, e eles estariam por aí, livres, leves e soltos, debochando da decência.
     Uma dezena de ministros foi defestrada do Governo graças a reportagens incontestáveis, apesar dos esforços oficiais para acobertar seus crimes. Outros ainda serão, não tenho dúvida. Esse é um dos papéis da imprensa livre: denunciar os desmandos dos que detêm o Poder. Há,é verdade, desvios pontuais. Mas não suficientes para reduzir a dimensão do papel dos nossos jornais e revistas na defesa da nossa democracia, construída, também, graças à determinação e à coragem de gerações de jornalistas.
     Foi assim durante os governos militares - e os exemplos estão aí, ao alcance de todos. Foi assim no processo de redemocratização; na condenação de Fernando Collor; e está sendo na exposição das vísceras de um esquema de poder que atentou contra a República e a dignidade de seus cidadãos.
     PS: Tenho muito orgulho de ter construído minha vida no jornalismo, ao longo de 40 anos de trabalho em redações. Houve momentos em que me exasperei, não nego. Como na terrível 'malufada' do nosso velho JB. Mas o resultado geral é amplamente favorável. O Brasil deve muito à sua imprensa, apesar dos seus defeitos, indiossincrasia.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Perdeu, Dirceu, perdeu ...

     A arrogância do quadrilheiro José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil no primeiro governo Lula, não tem limites. Já condenado e repudiado pela maioria decente desse país, insiste em adotar uma postura desafiadora frente ao Supremo Tribunal Federal, ao qual critica reiteradamente. Hoje, todos os jornais divulgam sua mais recente diatribe. Acusa o STF de fazer "populismo jurídico", ao decretar o confisco dos passaportes dos réus já condenados pelo maior assalto aos cofres públicos já registrado na nossa história.
     Esquece, convenientemente, que essa é uma prática comum, corriqueira. A Justiça, mais do que pode, deve usar todos os meios possíveis para garantir que suas decisões sejam cumpridas. Evitar a fuga de bandoleiros, através do recolhimento de seus passaportes, é um desses meios e vem sendo usado habitualmente.
     Há o risco, sim, de evasão. E, como os exemplos mundiais nos mostram, há países que estariam de aeroportos abertos a criminosos, principalmente aqueles que alegam perseguição política, como vêm fazendo os bandoleiros petistas. Alguém duvida que os irmãos Castro ficariam felizes em receber seu antigo hóspede? Ou que o aprendiz de ditador Hugo Chávez estenderia tapetes vermelhos para a companheirada?
     A reação do ministro Joaquim Barbosa, que acolheu o pedido de recolhimento dos passaportes feito pelo Ministério Público, foi exemplar. Segundo O Globo, ao determinar o recolhimento dos docomentos, Barbosa destaca o comportamento "incompatível com a condição de réus condenados e com o respeito que deveriam demonstrar com o Supremo". E vai além, classificando a postura de José Dirceu como uma afronta ao STF, embora sem citá-lo pessoalmente.
     Posso estar enganado, pois o chefe da quadrilha do Mensalão vem se mostrando, através dos anos, capaz de engendrar soluções impensáveis. Mas acredito que José Dirceu está aprofundando o buraco que se abriu aos seus pés. Desrespeitar a mais alta Corte do país não me parece um atitude razoável de quem está prestes a receber penas por formação de quadrilha e corrupção.
     Talvez aposte na mobilização da militância petista, sempre disposta a cometer desatinos. Não me parece provável, nesse momento. Há, em todo o país, uma irresistível corrente que reprova os escândalos já comprovados. Ouso dizer que nem mesmo Lula, hoje, escaparia da cadeia.
     Essa é uma batalha que José Dirceu já perdeu.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Ministro volta a atacar, defendendo criminosos ...

     Você sabia que o sr. Ramon Rolerbach, sócio do publicitário Marcos Valério e condenado por uma penca de crimes, incluindo corrupção ativa e formação de quadrilha, é um ótimo profissional; bom vizinho; bom pai de família; amigo dos amigos; e mentor de uma jovem também publicitária, filha de um amigo "médico", assim, com esse destaque ridículo para a profissão? Pois é. Confesso que eu não sabia de nada disso. Aliás, só fiquei sabendo da existência desse personagem acompanhando o julgamento do escândalo que ficou conhecido como Mensalão do Governo Lula, no STF.
     E só fui informado de todas essas qualidades desse réu de tantos crimes hoje à tarde, ao acompanhar mais um vergonhoso voto do ministro Ricardo Lewandowski. Sua Excelência, com a desfaçatez que vem marcando sua atuação ao longo de todo o processo, recitou para a Corte longos trechos de 'depoimentos' de amigos do já condenado publicitário, justificando sua decisão de conferir pena mínima e um criminoso maior. Algo lamentável, que explica o fato de o ministro já não poder ir a um restaurante, sob pena de ser vaiado.
     Mas que ninguém imagine, por um segundo sequer, que o ministro 'revisor' estava preocupado com o réu em questão. Jamais esteve. Sua defesa - ele age como um advogado de defesa dos bandoleiros - mirava mais longe. Ao destacar a vida pregressa de Rolembarch, já estava plantando os argumentos que usará mais à frente, direta ou indiretamente (através do ex-empregado do PT, Dias Toffoli), a favor da turma que realmente interessa a ele: os dirigentes petistas José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares.
     Quase posso antecipar, hoje, o que Lewandowski levará ao Tribunal quando seus 'clientes indiretos' estiverem recebendo as penas pelos crimes que cometeram contra a democracia. Se um publicitário qualquer merece tanto apreço do preclaro ministro, imagino sua louvação ao histórico de lutas da companheirada. É verdade que ele não poderá atuar pessoalmente na dosimetris da pena de José Dirceu e José Genoíno, por tê-los absolvido. Mas sempre poderá contar com seu parceiro de votação, Dias Toffoli, que passou parte da vida subordinado ao ex-ministro da Casa Civil e que, pelo menos, condenou José Genoíno.
     Uma condenação que, tomo a liberdade de inferir, me parece que foi estratégica. Se acompanhasse a absolvição proposta pelo parceiro, Dias Toffoli também ficaria impedido de defender seu antigo chefe no PT, como ficou decidido posteriormente. E aí me reservo o direito de fazer nova ilação: ao absolver a companheirada, Lewandowski não lembrou que estaria abrindo mão de defendê-la. Ao ser confrontado com decisões anteriores - das quais ele mesmo tinha participado - foi obrigado a aceitar o afastamento dessa fase do processo, pois quem absolve não apena.
     Malandro demais se atrapalha ...

Com o foco no Brasil

     Embora consciente da importância das eleições americanas para o mundo, confesso que fiquei e continuo muito mais preocupado com o que acontece por aqui. Com a retomada do julgamento do Mensalão do Governo Lula, hoje; com a disseminação da violência; com o crescimento da legião de drogados; com as ameaças à democracia protagonizadas pelo PT e seus maiores representantes, como o ex-ministro José Dirceu, que, já condenado, insiste em demonizar a liberdade de expressão.
     A vitória de Barack Obama - pelo que pudemos acompanhar nos últimos quatro anos - não representa uma mudança para o mundo, que continuará instável. É verdade que o contrário, a vitória de Mitt Romney, poderia incendiar um pouco mais o já conturbado Oriente Médio. Mas Obama jamais negou seu alinhamento com Israel, por exemplo.
     As mudanças mais vigorosas devem acontecer no plano interno, na relação dos Estados Unidos com suas minoriais. Se fôssemos - nós, o Brasil - bem pragmáticos, torceríamos pelos republicanos, historicamente menos intervenientes, mais favoráveis ao livre mercado, menos protecionistas.
     Pelo simbolismo, é claro que a reafirmação de Obama é um sinal de que a sociedade americana está se abrindo, ficando mais permeável, saudável, o que - a longo prazo - poderá gerar ganhos para o mundo. E nisso talvez resida o maior destaque dessa eleição.

Em nome da Nação

     Vou reiterar minha posição quanto à distribuição dos royalties provenientes da exploração do petróleo: sou plenamente favorável a que todos os estados brasileiros tenham direito a esses recursos, ou não seríamos uma Nação. É evidente que estados produtores devem ter alguma compensação pelos problemas causados pela atividade, especialmente os ambientais. Mas apenas e tão-somente isso. As riquezas naturais do país devem beneficiar a todos os brasileiros, sem discriminação. Elas são nacionais na sua essência. Para mim, uma loteria geológica - que beneficiou Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, por exemplo, e condenou o sertão nordestino à seca - não pode premiar alguns e condenar outros.
      O Congresso, que espelha o País, não poderia olhar a questão de outra maneira. Cabe à presidente sancionar a decisão do Poder Legislativo, tomada - e é bom que não ninguém esqueça - com o apoio decisivo da base governista. É, portanto, uma decisão de Governo. Por tudo isso, fico bem à vontade para expressar minha interpretação. Não é segredo - basta uma passada nos textos que compõem o Blog - que sou um crítico inclemente do esquema de poder que se instalou no país há praticamente dez anos.
     Além de fácil, seria cômodo criticar a provável decisão da presidente, especialmente tendo nascido na cidade do Rio de Janeiro, no bairro da Saúde, quase Gamboa, a região mais que mais bem sintetiza nossa história. Brigar pelos royalties é uma postura palatável, daquelas que têm bom trânsito, fluem com facilidade. Mas iria de encontro a tudo o que aprendi e vivenciei ao longo das últimas décadas.
     O Brasil - e eu tive a oportunidade de, mais do que conhecer, percorrer praticamente todos os nossos estados, com exceção do Amapá e Acre (são 'falhas' que ainda pretendo corrigir) - é único na sua incrível diversidade. Nós todos - independentemente do lugar onde nascemos e nos formamos para vida - somos o resultado dessa realidade.
      Para mim, é absolutamente imoral lutar contra a distribuição de riquezas, de todas as riquezas, sejam elas quais forem. O Congresso, tão justamente criticado, nada mais fez do que cumprir seu papel constitucional. O petróleo - ou os ganhos dele provenientes - é, mais do que nunca, nosso, do país como um todo. A presidente Dilma Rousseff tem o dever de sancionar a decisão.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

UNE não vai às ruas por Dirceu

     O presidente da União Nacional dos Estudantes, Daniel Iliescu, deu uma entrevista  surpreendentemente ponderada (pelo menos para mim) ao Estadão, abordando, em especial, a posição da entidade face ao pedido de apoio feito pelo ex-ministro José Dirceu, prestes a ser condenado pelo STF. Iliescu, que integra a União da Juventude Socialista, ligada ao PCdoB, garantiu que não há qualquer proposta de manifestação.
     Disse ainda que a entidade respeita integralmente as decisões emanadas do Superior Tribunal Federal, mas cometeu um deslize que é muito comum quando são avaliados personagens que enfrentaram os governos militares: "Nem mesmo o mais fragoroso opositor de Dirceu pode negar o papel que ele teve na luta democrática", ressaltou, na entrevista.
     O jovem apenas repete uma incorreção que tomou contornos de verdade. José Dirceu e outros militantes não eram arautos da democracia. Lutavam não apenas contra a ditadura, mas - e disso não há a menor dúvida - pela implantação do regime comunista, a exemplo de Cuba. Em síntese, queriam trocar uma ditadura violenta e arbitrária, como todas, por outra, que o tempo se incumbiu de mostrar que era ainda mais criminosa e aterradora. A democracia - que a maioria da população passou a exigir, a partir de determinado momento - não estava em jogo.
     Insistir na teoria de que havia o confronto entre discricionários e democratas é agredir não apenas a história, mas a inteligência coletiva. Seria mais coerente e digno reconhecer que o momento era outro - de absoluta polarização ideológica -, o que pode explicar a adoção de medidas mais extremadas e já superadas pelo tempo.

Mais um exemplo da vigarice oficial

     O Governo - cumprindo um ritual executado recorrentemente -, mal encerradas as eleições, começa a abrir seu pacote de maldades, escondido covardemente da população. Segundo nos informam os jornais, O Globo em especial, A Agência Nacional de Energia Elétrica autorizou o reajuste das tarifas de energia para os clientes da Light, essa que ilumina precariamente nossa cidade.
     De amanhã em diante, vamos pagar um aumento médio de 12,27% (11,85% para consumidores residenciais e 13,20% para grandes consumidores, como shoppings e indústrias), mais do que o dobro da inflação oficial. Isso, quando todos esperavam a prometida redução de 16% nas tarifas, anunciada pela presidente Dilma Rousseff, coincidentemente pouco antes do primeiro turno das últimas eleições. Redução - é bom frisar - que foi determinada pela Justiça e que deveria ser acompanhada da devolução do valor pago em excesso nos últimos anos.
     Fica claro, então, que a redução não foi uma decisão magnânima do governo. Ao contrário. Foi compulsória e escamoteada, pois ignorou o direito à restituição do que nos foi cobrado a mais, por erro na formatação do preço. Como só passará a vigorar em 2013, essa redução terá um impacto ridículo nas contas, pois incidirá sobre uma tarifa já corrigida.
     Um exemplo simples. Um consumidor que gasta R$ 100 por mês, com a prometida redução de 16%, passaria a pagar R$ 84. Com a nova regra, esse mesmo consumidor passará a pagar, a partir de agora, R$ 111,85, pela mesma energia. Com a redução em janeiro, pagará, em números redondos, R$ 94, R$ 10 a mais do que pagaria, se prevalecesse o que foi prometido.
     Na verdade, esse impacto será ainda maior, pois os grandes consumidores repassarão o aumento de custos das energia, que será embutido no preço dos seus produtos. Essa é a verdadeira equação da vigarice enfiada goela abaixo da população por um governo que desrespeita o cidadão, ao explorar suas desinformação e ignorância.