quarta-feira, 15 de julho de 2015

Os indignos

     "Sobre o encontro da presidente Dilma Rousseff com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, em Portugal, no início do mês, Cardozo disse que o episódio foi algo "absolutamente normal". Segundo ele, a reunião foi marcada na cidade do Porto porque esse era o melhor local, dada a agenda cheia tanto de Dilma quanto de Lewandowski e do próprio ministro da Justiça. O ministro negou que a operação Lava Jato tenha sido tema do encontro".

     Esse trecho, extraído da matéria de Veja sobre o 'depoimento' do mais lastimável e medíocre ministro da Justiça de todos os tempos, José Eduardo Cardozo, exibe definitivamente o que essa gente pensa de nós. É o retrato do desprezo que essa 'turma' sente pela verdade, pela dignidade, pela lógica, pela decência.
     Vivemos, nos últimos 13 anos, o mais deplorável momento da nossa história democrática. Algo impensável em um país que se pretende digno. Só mesmo em uma situação excepcional como a atual seria possível imaginar essa conjunção de desastres, de personagens amorais, entre os quais desponta o ministro da Justiça, um serviçal do partido que nos desgoverna.
     Esse ser desprezível, que se destacou especialmente na defesa da quadrilha do Mensalão do Governo Lula, especializou-se em desonrar os cargos nos quais é investido. Com a desfaçatez própria dos desprovidos de retidão, tem a ousadia de afirmar coisas como a que reproduzi acima, em um depoimento oficial, formal, no Congreso, perante a Nação.
     A cada dia, a cada declaração vagabunda, a cada ação deletéria, mais fica evidente o estratosférico desrespeito que os atuais detentores do poder sentem pela população, tratada como estúpida, incapaz de discernir. Essa, aliás, sempre foi a grande aposta desses bandoleiros que vêm assaltando os cofres e a dignidade públicos.
     Flagrados em um encontro marcado pela canalhice - pois secreto, às escondidas, fora do país -, três dos mais significativos representantes do Poder (a presidente Dilma Rousseff, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, e o ministro da Justiça) asseguram que tudo foi muito inocente, que não tocaram uma vez sequer nos desdobramentos da Operação lava-Jato, o assunto mais importante do País nesse momento e que pode, sim!, redundar no impedimento da atual governante.
     Em qualquer país do mundo decente - classificação que exclui, de imediato Venezuela, Cuba, Coreia do Norte e assemelhados -, os três protagonistas dessa pilantragem já teriam sido escorraçados da vida pública. Na China, talvez fossem fuzilados, pela mais absoluta falta de dignidade, crime tão hediondo, para representantes públicos, quanto os mais indignos cometidos pelos mais sórdidos seres humanos.
     O Brasil não merecia sofrer nas mãos dessa corja.