domingo, 11 de dezembro de 2011

De Durban a Marechal Hermes

     Após muitas polêmicas e quase confissões de incapacidade para enfrentar os problemas causados pelas agressões ao meio ambiente, os três maiores poluidores do mundo - Estados Unidos, China e Índia - aceitaram, na Conferência realizada em Durban, na África do Sul, formalizar o compromisso (bem vago, nos contam os jornais e agências internaionais) de reduzir as emissões de CO², em uma escala - alertam os especialistas ouvidos - insuficiente para, ao menos, brecar o ritmo de aquecimento global.
     É uma má notícia para o mundo, que chega a 'comemorar', como fez o Brasil recentemente, uma simples redução nos índices proporcionais de devastação. Os três maiores agressores do ambiente acenam, de maneira indireta, com seus compromissos com o crescimento. Crescer, em especial em países como China e Índia, é sinônimo de devastar sem o menor constrangimento, nem protestos.
     Ao me deter nesse tema - preservação ambiental, um dado que faz parte do dia a dia de quase todos nós -, uma imagem aparentemente divorcidada dessa realidade se formou na minha frente: as parelhas de burricos atrelados às carroças usadas pelos funcionários do antigo Departamente de Limpeza Urbana para recolher o lixo das casas de Marechal Hermes, subúrbio da Central do Brasil, naqueles anos 1950/1960.
     É verdade. No subúrbio ainda mais distante do que é atualmente (engarrafamentos inimagináveis), o velho DLU (a Comlurb de hoje) mantinha uma cocheira, um enorme espaço para abrigar os burros usados para recolher o lixo que produzíamos e - máximo de consciência ambiental! - não jogávamos no terreno baldio que havia nos fundos do Hospital Carlos Chagas, usado como 'vazadouro' por grande parte daquela vizinhança simples, como acontece hoje nas nossas favelas.
     Os tais burricos eram uma atração à parte, esperados com ansiedade pela garotada. Eu e meu irmão, por exemplo, torcíamos para que houvesse pão adormecido, que ofereceríamos aos animais, mansos e pacientes, nas duas vezes em que passavam pela nossa rua, ainda de terra e sem saneamento apropriado.
     Hoje, quando quer que Júlia e Pedro apressem a farra na hora do banho, Flávia, minha filha mais velha, usa uma técnica infalível: "Vocês querem que a água do mundo acabe?", questiona. Os dois imediatamente interrompem as brincaderias e aceitam fechar o registro do chuveiro. Assim como jamais atiram papel no chão e procuram sempre os recipientes de lixo reciclável. Eles aprenderam, desde cedo, na escola e com exemplos, que todos precisam fazer sua parte no mundo.
     Acho que as três grande potências precisam urgentemente voltar aos bancos escolares.

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