quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Não há motivos para festejar

     Não há o que comemorar hoje, exceto o fim de um dos piores anos da nossa história recente. Um ano marcado pela mentira, pela devassidão e pelo assalto aos cofres públicos perpetrados por um governo que tem tudo para ser ainda mais deplorável, a partir de amanhã, quando Dilma Rousseff tomará posse, para mais um mandato à frente do País.
     Não foi proposital, pensado, mas omiti, sem sentir, de imediato, algumas palavras que completariam naturalmente a frase anterior: ‘quatro anos’. Afinal, os mandatos presidenciais têm essa duração aqui entre nós. No caso de Dilma Rousseff, seria prematuro e até certo ponto irresponsável aceitar que cumpra integralmente a atribuição para a qual foi eleita democraticamente, embora sob o peso de infâmias.
     O escândalo apenas vislumbrado na Petrobras tem um potencial tão grande que ameaça, sim, o segundo mandato da nossa atual presidente. O grau de devastação das delações premiadas que envolvem a quadrilha política é incomensurável e pode atingir de frente o atual esquema de poder.
     Dessa vez, não haverá espaço para as vigarices retóricas usadas quando do episódio do Mensalão do Governo Lula e que acabaram por salvar o então presidente da cassação que se desenhava. O “eu não sabia” perdeu o prazo de validade, pois todos sabiam de tudo. Não se trata de um ‘simples’ roubo de galinheiro, mas de uma complexa estrutura de assalto aos cofres públicos destinado a financiar o PT e seus asseclas.
     O dinheiro roubado da Petrobras era despejado nas contas de políticos e partidos, sob a forma de ‘doações legais’. Uma obra custava 100, o país pagava 150 e o ‘excedente’ era repassado pelas empresas à organização canalha que vem dilapidando nossos patrimônio e dignidade há doze anos.
     E isso ainda não é tudo. Pelo conteúdo de alguns ‘vazamentos’, a maior parte da bandalheira ainda está submersa e refere-se a financiamentos do BNDES, que seguiriam o mesmo ‘padrão’ petista de fazer negócios, de governar: uma empresa precisava de 100, o governo liberava 200 e a diferença migrava para bolsas e contas companheiras.

     Um ano termina marcado pelo estelionato. Começaremos um novo ano sob o peso da indignidade e administrados por um grupo que, em sua imensa maioria, não tem a menor credibilidade para as funções que vai exercer. 

domingo, 21 de dezembro de 2014

Minha frase da semana

  "Caros, os bandidos estão no poder, de alguma forma, direta ou indiretamente". No  texto 'A retórica da empulhação', sexta-feira, 19 de dezembro.

Um projeto bandido

     Não há um analista sério, sequer, que encontre justificativas ou desculpas para a grilagem petista dos cofres públicos. A sucessão de escândalos eliminou qualquer chance de condescendência até mesmo entre os que, de algum modo, ainda nutriam relativo respeito por uma história que se mostrou, muito rapidamente, fantasiosa e inconsistente e que o tempo se incumbiu de desmoralizar.
     É evidente que não estou me referindo aos teclados comprados com verbas públicas, sustentados pelo dinheiro sujo que, em muitos casos, tem a mesma origem da propina paga aos políticos e partidos da base governista. Esses sabujos sempre irão repercutir declarações desclassificadas, como a da presidente Dilma Rousseff, ao afirmar que vai aprofundar a luta contra a corrupção.
     Mas há casos, reconheço, em que o desvario não é movido a propina: é pura e simplesmente desvio de personalidade, uma doença que impede a interpretação dos fatos, enubla a visão, transforma realidades. Só assim poderíamos explicar que pessoas relativamente dignas e conscientes, informadas, ignorem e/ou justifiquem esse degradante processo de espoliação que vem sendo articulado pelos governos petistas, na sua ânsia de se manter no poder a qualquer custo. Um custo que vem sendo pago pela Nação, ao longo dos últimos anos.
     O mais recente e vergonhoso assalto às nossas riquezas é, apenas, a sequência natural de ataques à aos cofres e dignidade públicos. O projeto corrupto e corruptor começou – ficamos sabendo após a morte do prefeito petista Celso Daniel – no início dos anos 2000, quando o PT paulista, de acordo com a Justiça e parentes do político assassinado, começou a achacar empresas de ônibus de municípios governados pelo partido.
     Enquanto o dinheiro enchia apenas os cofres partidários, segundo irmãos de Celso Daniel, o prefeito não ponderava. A partir do momento em que também irrigava bolsos particulares, ele teria reagido, acabando por ser morto. No centro da questão, ainda de acordo com o processo, já surgiam nomes emblemáticos do PT: o ex-ministro e atual presidiário José Dirceu e o quase ex-ministro Gilberto Carvalho, acusado de ser o transportador do dinheiro.
     A esse escândalo, ainda mal-solucionado, seguiram-se outros, proporcionalmente mais ou menos ‘sofisticados’, embora tão ou mais canalhas, como o Mensalão do Governo Lula; o caso do ‘aloprados’ (compra de dossiês falsos contra adversários); dólares na cueca; os episódios de compra e venda de cargos e prestígio no governo, chefiados pela secretária da Presidência em São Paulo, Rosemary Nóvoa, e pela ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra; e finalmente, mas não afinal (ainda seremos ‘brindados’ com outros fatos desabonadores, não tenho dúvida), o assalto à Petrobras, que vem perpassando as últimas administrações petistas.

     Basta um olhar minimamente distanciado para provocar a repulsa das parcelas decentes da população, independentemente de vieses político-partidários. Um olhar ausente entre os vendidos e os cegos pela irracionalidade, pelo ranço ideológico, pelas deformações provocadas por uma análise que a realidade soterrou.

Maluf e Lula, tudo a ver

     Não vejo, sinceramente, motivos para surpresas com a aprovação do mandato do deputado federal Paulo Maluf, do PP paulista. Aqueles que, demagogicamente, expõe sua revolta com a pusilanimidade da Justiça, quase sempre são os mesmos que defendem, ardorosamente, os assaltantes que infestam o governo há doze anos. Para essa gente, eu me permito perguntar: qual a diferença entre Maluf e Lula, por exemplo?
     Ambos são acusados de crimes hediondos, formal ou informalmente (no caso do ex-presidente, as ‘acusações’ ficam por conta do desprezo que provoca entre pessoas que, como eu, deploram seu comportamento político vagabundo). Os dois são amigos fraternos, como provam as fotos que marcam as últimas eleições. São parceiros políticos, unidos umbilicalmente desde sempre.
     Lula teve a sorte de escapar da cassação, quando da eclosão do escândalo do Mensalão. Ao contrário de Maluf, passou incólume por acusações variadas, entre as quais algumas que seriam suficientes para decretar a morte política em qualquer país menos desinformado. Há, até, afinidades do ‘campo financeiro’: os dois são apontados como donos de contas milionárias (em dólares) no exterior.
     Maluf conseguiu se reeleger, mas baixou enormemente o nível de voo: hoje, contenta-se com a deputança federal, algo inimaginável para quem postulou e esteve muito perto da presidência do país, nos tempos de eleição indireta. Lula, ao contrário, ao que indicam notícias de várias fontes, já começou a caminhada para disputar a eleição em 2018, com amplas condições de ser bem sucedido.

     Surpresa eu teria se, afinal, fosse rompida a blindagem que vem protegendo Lula ao longo de toda a sua - digamos ... – vida política. Rompimento que possibilitasse a exposição das suas mazelas, mentiras, contradições, manipulações. E que não o diferenciam do parceiro de todas as ocasiões.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A retórica da empulhação

     Eu tentei dar um descanso ao meu fígado, deixando de lado, por algum tempo, as pilantragens formais e retóricas dessa turma que está no poder há doze anos. Mas não consegui ignorar a frase da presidente Dilma Rousseff, na sua diplomação para mais um mandato, manchete da edição do Globo.
     Segundo o jornal, nossa principal mandatária promete “apurar com rigor” as bandalheiras na Petrobras.  Essa ‘promessa’ nada mais é do que um processo de vigarice retórica que já deveria ter sido banido da vida pública. Em primeiro lugar presidentes não mandam na Polícia Federal nem na determinação de um juiz digno, com o paranaense Sérgio Moro.
     Se, por infelicidade geral da Nação, a Justiça estivesse sob o domínio direto do atual governo, nenhum crime protagonizado por essa turma teria sido sequer alvo de uma leve curiosidade. É mentira – exatamente isso: mentira! – que haja qualquer intenção da presidente em aprofundar investigações, pelo simples fato de a bandalheira ter sido realizada por seus pares, companheiros de partido, de governo, de almoços fraternos, de festas de casamento.
     Caros, os bandidos estão no poder, de alguma forma, direta ou indiretamente. Quando um diretor da Petrobras confessa que os preços pagos a empreiteiras eram superlativados, quer dizer – como disse, textualmente – que a diferença, roubada do país, era transferida para o PT e seus parceiros de crime. Não há como escapar dessa realidade.
    A desfaçatez foi tão grande que gerou uma inesperada e duríssima reação do procurador-geral da República, que vinha se mantendo relativamente neutro até ser impactado pelo teor das delações premiadas. Que ninguém tenha dúvida: a abrangência do assalto à Petrobras e o destino do dinheiro sujo podem, sim, provocar uma devastação geral na cúpula política brasileira, comprometendo, inclusive, o mandato da reeleita Dilma Rousseff.
     Os nomes de políticos envolvidos na gatunagem são a maior evidência de que não interessa ao governo, sob qualquer perspectiva, estimular as investigações. O mais provável que esteja acontecendo, pelos rumores que são ouvidos há algum tempo, é exatamente o contrário: uma forte pressão para esvaziar as investigações, na qual – assim como nas eleições – ‘vale tudo’, incluindo tentativas de difamar o juiz Sérgio Moro.
     Essa mesma prática foi desenvolvida ao longo do julgamento do Mensalão do Governo Lula, até então o maior roubo institucional já registrado no país. O então ministro Joaquim Barbosa foi vítima de quadrilhas especializadas em difamar, além de sofrer ataques racistas. O ainda ministro Gilmar Mendes sofreu uma ameaça de chantagem, partida do ex-presidente Lula, segundo ele mesmo relatou, na época.
     A sujeira de agora, ao contrário do que houve no Mensalão, está muito bem documentada, pelos autores das denúncias, subordinados à quadrilha política liderada por nomes de ‘prestígio’ no PT, de acordo com os depoimentos que começam a ser esmiuçados. A permanência de Graça Foster à frente da Petrobras é outro indicativo da leniência oficial. Uma leniência que, ao que indicam as notícias, é provocada pela impossibilidade de dissociar o Governo das pilantragens.

     Não, a presidente Dilma Rousseff não pretende auxiliar na investigação. Afinal, essa investigação é a grande ameaça que paira sobre o futuro imediato do projeto de poder do qual ela faz parte.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A 'ameaça da Graça'

    A permanência de Graça Foster à frente da Petrobras por mais um, dois, dez ou duzentos dias não é uma questão de “confiança” da presidente Dilma Rousseff, como disse hoje a dirigente da nossa ainda maior estatal. Tudo depende – e não tenho a menor dúvida quanto a isso – da garantia de que ela, Graça, não trocará a cadeira de maior mandatária da empresa pelo banco dos réus em um processo irreversível e, em seguida, pelo catre de uma cadeia.
     Se for atirada às feras, desamparada pelo esquema que treme de pavor com a possibilidade de uma crise que termine no impeachment da presidente Dilma, é bem provável que Graça Foster não resista às pressões. Por isso, o enorme cuidado do Governo, a presteza com que o ministro da Justiça e de recados da presidência, José Eduardo Cardozo, defende, sempre que pode, a retidão da presidente da Petrobras.
     É evidente que está em curso um jogo que mexe com interesses gigantescos. Se Graça Foster fosse um ministro borra-botas, como aqueles sete que foram defenestrados logo no começo do mandato, por 'malfeitos', tenho absoluta convicção de que a presidente Dilma já teria se livrado dela. Ou se fosse alguém desprovido de coluna dorsal, como o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, aquele que assumiu toda a culpa pela roubalheira do Mensalão do Governo Lula.

     Não é o que parece. Graça Foster, embora claramente engolfada na e pela bandalheira petista que vitimou a Petrobras, não demonstra ter o perfil de quem aceitaria passar um par de anos na Papuda, em nome do projeto de poder petista. Sem falar na possibilidade real de ser obrigada a indenizar a empresa pelos prejuízos causados pela sua administração. 

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A tragédia mal começou

    É evidente que a presidente Dilma Rousseff não pode simplesmente demitir a sua amiga Graça Foster do comando da Petrobras, em virtude da roubalheira abjeta que vem sendo exposta ao mundo. Só um completo idiota ou um vigarista ideológico poderiam (o plural, nesse caso, está correto) supor que a bandalheira surpreendeu os integrantes do poder central dessa devastada República.
     Não foram atos isolados de dirigentes vigaristas, decididos a encher os bolsos com dinheiro roubado do país. Houve – e isso está cada vez mais claro – um complexo esquema de desvio de recursos para contas bancárias do PT e de seus asseclas, incluindo, nesse rol, outros partidos da tal base que dá sustentação à pilantragem institucionalizada; políticos amigos e outros vagabundos em geral.
     Não é, ‘apenas’, uma questão de má-gestão. O escândalo que devasta a Petrobras apenas retrata o projeto criminoso desenvolvido nas principais esferas do poder, uma versão ‘sofisticada’ do que houve no Mensalão do Governo Lula, roubo desmascarado com relativa facilidade.
     Na bandalheira atual, o desafio era transformar dinheiro roubado em doações legais, através de um esquema relativamente simples: uma obra qualquer custa X; o governo paga X mais 30%; e a empresa repassa o ‘excedente’ na forma das tais ‘doações’ permitidas. Temos que admitir que a ideia era boa: um assalto dentro da lei. Nada do desacreditado caixa 2, versão que não ‘colou’ no Mensalão.
    Essa gente canalha não imaginava, entretanto, que um juiz inflexível e decente – o paranaense Sérgio Moro - resolvesse encarar o desafio que surgiu quase por acaso, durante uma investigação da Polícia Federal, a já famosa ‘Operação Lava-Jato’. Muito menos, que dois dos seus asseclas, o diretor petroleiro e o doleiro petistas, decidissem contar tudo o que sabiam, para escapar da cadeia, escaldados pelo exemplo do publicitário mineiro Marcos Valério, condenado a 40 anos de prisão.
     No Mensalão, Marcos Valério acreditou nas promessas oficiais de proteção e acabou ficando com a grande culpa. De todos os envolvidos, foi o mais castigado. Seus superiores na hierarquia do assalto à dignidade da Nação já estão por aí, livres, leves e soltos. Um deles sequer foi processado. Os ‘marcos valérios’ do escândalo da Petrobras, no entanto, preferiram contar tudo. E, aí, tudo desmoronou, ou está desmoronando.
     Os roubos começaram ainda em 2004 e se estenderam ao longo dos últimos dez anos. Durante todo esse tempo, a atual presidente esteve, de maneira direta ou diretíssima, ligada à Petrobras, aos projetos, investimentos, decisões políticas, opções, tudo. E, no mínimo, coonestou toda a pilantragem. Não teria, como não tem, condições morais de demitir sumariamente a presidente que colocou à frente da empresa.
     É um processo que exige muitas conversas, ajustes, garantias. Graça Foster não é um ‘joão-ninguém’, como o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que assumiu toda a culpa pelas pilantragens do Mensalão, para salvar a pele dos chefões (conseguiu livrar um deles, pelo menos). Isso ficou muito claro.

    E ainda não foram divulgados, oficialmente, os nomes dos políticos que recebiam sua parte da roubalheira em dinheiro vivo, na comodidade das suas casas. A tragédia está apenas no primeiro ato.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Carta aberta a uma jovem amiga

     Carta aberta a uma jovem amiga que ponderou, delicadamente, como sempre, se eu não deveria ter analisado os antecedentes, antes de ter condenado vigorosamente a conduta do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) em recente e deplorável incidente. Como o questionamento foi apenas parcialmente público, vou me reservar o direito de chamá-la apenas de B.
     “Cara B. Eu conhecia o episódio protagonizado pela ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, há alguns anos. Já assistira à agressão verbal que endereçou ao deputado Bolsonaro, chamando-o de “estuprador”, quando ele exercia o direito constitucional de defender os governos militares, em uma entrevista. Uma agressão que merece todo repúdio.
     É evidente que ela extrapolou. Não me espantei na época. Não me espantaria agora. Maria do Rosário é uma espécie de ‘Sininho com imunidade parlamentar’, uma desajustada política, radical e estúpida como a maioria absoluta dos seus (dela, é claro!) parceiros de partido, o PT. Se tivesse vivido nos terríveis anos 1960 e 1970, certamente estaria entre os assaltantes de banco que causaram a morte de dezenas de pessoas inocentes, argumentando que estaria defendendo a democracia, algo que jamais esteve em consideração, nos dois lados em conflito.
     Ao longo de sua presença no Governo, essa militante petista criou sérios embaraços à institucionalidade, ao estimular revanchismos que o tempo e a concertação nacional já deveriam ter sepultado. Infelizmente, como vimos recentemente, na divulgação do relatório da Comissão Nacional da Verdade, ela não é a exceção nesse projeto de retaliação fora do tempo e em desacordo com a vontade majoritária da nação.
     No entanto – quase sempre há uma ressalva, quando o assunto é tão polêmico -, mantenho minhas críticas, minha repulsa. Ao dizer que Maria do Rosário não “merecia” ser estuprada, Bolsonaro admitiu, implicitamente, que poderia merecer, caso fosse mais ... digamos ... ‘agradável ao olhar’. Ao exacerbar a falta de encantos da oponente, Bolsonaro não foi apenas grosseiro e vil. Ninguém, sob qualquer circunstância, merece ser vítima de uma agressão dessa magnitude. O estupro é uma das mais graves violências que podem ser cometidas contra um ser humano. É inconcebível, mesmo retoricamente.
     Ao usar esse argumento, para provocar sua antiga desafeta, Bolsonaro cruzou uma fronteira inadmissível. Necessariamente teria que pedir perdão pela excrescência cometida. Se não diretamente a Maria do Rosário, a todas as pessoas de bem desse país. Mesmo que não tenha tido a intenção de dizer exatamente o que disse. Apenas argumentar com impropérios passados, ou com explicações para o que de fato queria dizer, não é suficiente.  
     A atitude de Bolsonaro, nesse e em episódios passados, para mim, é tão imprópria quanto os atos de devassidão protagonizados pela quadrilha que vem assaltando os cofres e a dignidade do país há doze anos.
     Espero que tenha explicado minha posição. Com o carinho que você merece.” 

domingo, 14 de dezembro de 2014

Minha frase da semana

Retomo hoje uma publicação que sustara há alguns meses. Acredito que a frase que escolhi para essa retomada sintetiza a encruzilhada surgida após a divulgação do relatório da Comissão Nacional da Verdade:  "A meia verdade – não tenho a menor dúvida - é uma grande mentira". 

Entrega em domicílio

     A grande prova de que os tempos ‘mudam o comportamento das pessoas’ foi oferecida pelo entregador de dinheiro roubado da Nação, o homem da mala, responsável pela circulação da propina paga a políticos, em casa, em dinheiro vivo, notas que ele carregava coladas ao corpo. No Mensalão do Governo Lula, até então a maior bandalheira já vista no País, o então presidente da Câmara, o atual presidiário João Paulo Cunha, ex-deputado petista, apesar de sua projeção e importância na roubalheira institucionalizada, não contava com esse serviço personalizado.
     Tanto que precisou mandar a mulher – é isso mesmo, a ‘mãe de seus filhos’! – apanhar sua parte no roubo, diretamente no caixa de uma agência bancária que funcionava em Brasília. Ao saber que a mulher fora flagrada com a mão no cofre, João Paulo tentou o impossível: inventou que a esposa fora ao banco pagar a conta da televisão por assinatura. Teria sido a conta mais ‘barata’ do mundo, pois ela, além de não gastar um centavo, saiu com a bolsa recheada com R$ 50 mil.
     De sua cela no presídio da Papuda (ele ainda não conseguiu sair da cadeia, como seus comparsas petistas), imagino que João Paulo esteja excomungando os antigos operadores das vigarices governamentais. Se fosse nos tempos atuais, de petrocorrupção, poderia ter se livrado, ao menos, da vergonha de ter enviado a mulher para receber seu quinhão. O dinheiro chegaria em domicílio, como teria chegado – de acordo com as revelações do tal entregador – nas residências de altíssimos cardeais da nossa lastimável República, petistas e aliados de primeira hora, como o ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Melo e a ex-governadora Roseana Sarney.
     Esse episódio do entregador de propina – revelado por Veja – evidencia o nível de canalhice que envergonha o país. E ainda não sabemos, oficialmente, os nomes dos políticos corruptos, beneficiários do assalto aos cofres da Petrobras. A partir da divulgação do conteúdo das delações premiadas que envolvem a quadrilha política, teremos a exata noção do tamanho da desfaçatez.
     E, pelo que vem surgindo, não haverá hipótese de cabeças coroadíssimas argumentarem com o desacreditado “eu não sabia”.


sábado, 13 de dezembro de 2014

Uma lista desprezível

     Vou antecipar, hoje, minha lista anual dos políticos mais desprezíveis do país. Uma lista que chega à sua quarta edição, cada vez mais asquerosa, repleta do que há de pior por essas bandas. Confesso que chegar a apenas dez nomes, se já era uma tarefa um muito difícil, tornou-se um desafio quase inalcançável, especialmente em um ano eleitoral e alimentado pelo até hoje maior escândalo de toda a nossa história: o assalto à Petrobras, em nome de um projeto de poder vagabundo.
     Quando o assunto é roubalheira, desvio de conduta e assalto aos cofres públicos nos últimos doze anos de devassidão, faço sempre essa ressalva: o maior ‘até agora’.  A descoberta do atual esquema de gatunagem é um exemplo formal da necessidade do meu cuidado quando trato de bandalheiras petistas e assemelhadas. Há um ano, poucos acreditariam que os atuais detentores do poder seriam flagrados em uma roubalheira infinitamente superior à registrada no Mensalão do Governo Lula. Os fatos, no entanto, mostram que tudo é possível, quando o assunto é roubar em nome da causa petista.
     Feito esse preâmbulo, vou tentar ir indiretamente à minha relação de desprezíveis políticos, destacando, entretanto, que a ausência do ex-presidente Lula é um agravante: ele conquistou um posto tão elevado nesse tema, está tão acima dos demais, que passou para uma esfera especial, semelhante à dos antigos concorrentes dos desfiles de fantasia de carnaval: é ‘hors concours’ absoluto. Ninguém, na minha modesta interpretação, é tão nefasto ao país quanto ele.
     Em virtude da recorrência da canalhice política, alguns personagens de listas anteriores aparecerão também na de hoje. É inevitável. Como deixar de fora José Eduardo Cardozo, o mais medíocre ministro da Justiça de todos os tempos?
     Terminadas as ressalvas e observações, aí vai minha relação dos dez mais desprezíveis de 2015;
1 – José Eduardo Cardozo: por sua atuação subserviente; pelo papel degradante que assume sempre que recebe uma chicotada presidencial; pela dimensão do cargo que ele conspurca diariamente, conquistou meu desprezo absoluto e a liderança na lista;
2 – Gilberto Carvalho: prestes a sair do ministério, o fiel seguidor da ‘seita lulista dos piores tempos’, esmerou-se em atos e declarações abjetos, esquecido, convenientemente, das acusações que pesam sobre ele, com relação ao assassinato do prefeito petista Celso Daniel, em 2002;
3 – Maria do Rosário: uma fonte constante de ódio à frente de um ministério que deveria zelar pelos direitos humanos. É a responsável direta pelos maiores problemas políticos desse lastimável governo;
4 – Jair Bolsonaro: é a contrapartida de dona Maria. Desequilibrado, representou um enorme desgaste para a oposição séria, que argumenta e discorda, mas dentro de parâmetros aceitáveis de conduta;
5 – Edinho Silva: o deputado petista praticamente desconhecido do grande público foi o que apresentou desempenho mais fulgurante, por ser o responsável pela arrecadação de dinheiro para a campanha da presidente Dilma Rousseff. Está sendo apontado como o gênio que possibilitou transformar dinheiro roubado em doação legalizada;
6 – Marco Maia: o medíocre deputado petista gaúcho conquistou, já na prorrogação, o direito de estrelar minha lista de desprezíveis, ao assinar um relatório desmoralizante sobre a roubalheira na Petrobras, contra todas as evidências.  Ele é um exemplo de que sempre há tempo para agir de modo degradante, basta querer;
7 – André Vargas: o petista que afrontou a dignidade nacional, ao ofender o então ministro Joaquim Barbosa, do STF, não poderia ficar de fora de uma lista que trata de personagens políticos desprezíveis.  Sua cassação foi um prêmio à sua convivência com o ilícito;
8 – Rui Falcão: como presidente do PT, jamais poderia ser excluído de uma lista de desprezíveis. Tem credenciais imbatíveis;
9 – Renan Calheiros: o alagoano que preside o Senado chegou ao ápice de sua carreira, ao expulsar da Casa cidadãos que protestavam contra a aprovação da vigarice fiscal que permitiu à presidente Dilma burlar a lei de Responsabilidade Fiscal; e
10 – Aloísio Mercadante: não é necessário justificar essa indicação. Impõe-se pelo currículo.
     Eu sei que alguns vão cobrar a presença da presidente Dilma, autora do célebre “vale tudo em eleições”; do ex-governador Sérgio Cabral; dos irmãos Viana e Gomes; da ex-governadora Roseane Sarney e de seu pai; do senador Fernando Collor; do deputado Paulo Maluf; do ainda deputado Devanir Ribeiro e de tantos outros que mereceriam a nomeação. Mas a lista representa meus sentimentos pessoais de ojeriza, em um determinado momento. A presidente da Petrobras, Graça Foster, por exemplo, não atende ao perfil político fundamental.

     Isso não quer dizer que eles não merecessem a indicação. É evidente que sim. Assim como dezenas de outros. Mas eleição é assim mesmo: agrada a alguns e desagrada a outros. De qualquer maneira, o espaço fica aberto às indicações de cada um. Não faltam desprezíveis nesse mundo político.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Sobre verdades

     Tenho uma natural repulsa por assassinos e torturadores, sentimento que se amplia exponencialmente quando são agentes de um estado. Um estado, por definição, não pode agir como um vulgar bandoleiro. Seria desonroso, imoral, indecente, repugnante. Quanto a esse ponto, em particular, não tenho reparos a fazer ao trabalho desenvolvido pela Comissão Nacional da Verdade. Colocar baratas na vagina de uma prisioneira é algo incompatível com qualquer padrão de humanidade, de respeito à dignidade do outro.
     Acredito que o Brasil precisava saber, sim, que fatos como esse aconteceram ao longo de vinte anos, protagonizados por agentes que se escudavam no poder vigente para praticar atos de extremo sadismo e ódio. A História de uma Nação, como a entendo, não pode ser construída sobre mentiras, jogos de palavras, malabarismos retóricos, negaças que não se sustentam quando confrontadas com a realidade.
     Não resta dúvida que, sob esse aspecto, a Comissão prestou um enorme serviço ao País, deu um passo que poderia significar, afinal, a superação de um dilema mal resolvido para muitos. Infelizmente, por uma inaceitável opção político-ideológica, essa mesma Comissão incorreu em erros que, na minha ótica, comprometem os resultados alcançados após tanto tempo e sob tantas expectativas.
     O maior deles, certamente, foi a opção por ignorar que os desatinos não foram cometidos apenas e tão-somente pelos agentes oficiais. Como é possível passar ao largo de atos ignominiosos como os assassinatos de simples motoristas de táxi, bancários e camponeses, para ficarmos apenas nas vítimas civis de atos tão terroristas quanto a colocação de bombas no Riocentro e na OAB?
     Como é possível repudiar – como repudio, veementemente!!! – a execução de prisioneiros em dependências policiais e silenciar quanto à morte, a coronhadas, de um jovem oficial da PM paulista que se oferecera como refém, para possibilitar o atendimento de feridos, de ambos os lados, em um choque entre policiais e um grupo comandado pelo ex-capitão Lamarca? Ou esquecer que um jovem soldado, cumprindo o serviço militar obrigatório, foi destroçado pela explosão de um carro recheado de dinamite?
     Errou, também, a Comissão, e de maneira até certo ponto irresponsável, ao jogar na mesma vala comum e podre alguns personagens da nossa história recente que, por seus atos e currículo, mereciam um olhar mais detalhado, reflexivo. A inclusão do ex-presidente Humberto de Alencar Castelo Branco e do brigadeiro Eduardo Gomes, por exemplo, em uma na lista de criminosos beirou a “leviandade”, como justamente ponderam alguns oficiais.
     Ao escolher apenas um caminho, a Comissão pecou, por escalavrar ainda mais a ferida que a geração responsável pela redemocratização do país e que forjou a Anistia tentou fechar. A meia verdade – escrevi há uns dois dias – acaba se transformando em uma grande mentira.  


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Um inimigo da decência

     A estupidez do deputado federal Jair Bolsonaro não tem limites. É o inimigo que todos no mundo adorariam ter, pela mais absoluta falta de discernimento, de controle, de decência. Nada melhor do que uma boçalidade canalha para desviar a atenção da canalhice boçal que vem acuando o governo e seus asseclas.
     De um momento para o outro, o foco deixou de ser a roubalheira acintosa promovida pelo PT e assemelhados. Uma – mais uma!!! – declaração asquerosa de um político destemperado se transforma na boia à qual os ladrões e vagabundos se agarram para escapar do vagalhão de lama que atinge a quadrilha que vem assaltando o país há doze anos.
     Bolsonaro representa a antítese da maioria absoluta dos críticos desse desgoverno. É vulgar, desrespeitoso. Não há desculpas, circunstâncias ou coisa que o valha que atenuem suas palavras e argumentos chulos. Pode-se, até, ‘entender’ que ele defenda o regime militar responsável por duas dezenas de anos lastimáveis para a liberdade. Afinal, em uma democracia, todos devem ter o direito de expor suas ideias, defender convicções.
     É inconcebível, no entanto, que extrapole e resvale para a baixaria, para imagens torpes. Ao agir assim, desmerece as críticas pragmáticas e objetivas que são feitas ao evidentemente tendencioso tom assumido pela Comissão da Verdade, que ignorou inteiramente as barbaridades cometidas, também, pelos que combatiam a ditadura.
     Se é inaceitável que o estado atue como torturador e assassino – e nosso estado torturou e matou, covardemente, pessoas sob sua custódia -, também não há a menor dúvida de que houve crimes – assassinatos e tortura, inclusive de simples camponeses, que ajudaram as forças da repressão - do outro lado.
     A admissão dos desvios de conduta de ambos os lados seria mais produtiva para nossa democracia, que jamais esteve em disputa nos anos de chumbo. Ao contrário. Solapada por uns, seria destroçada por outros.

     A meia verdade – não tenho a menor dúvida - é uma grande mentira. 

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Gilberto, o medroso

         O ministro Gilberto Carvalho, o ex-seminarista que trocou Deus por Lula, por quem "daria a vida", fez uma das coisas que mais sabe fazer na vida: usar seu cargo para verbalizar o pensamento indigno que vem marcando o poder há doze anos. Em entrevista coletiva, disse que "estava com medo da vitória do playboyzinho", numa alusão ao senador Aécio Neves, seguida por risinhos canalhas da plateia amestrada.
         Eu também teria medo, se fosse ele. Talvez o "playboyzinho' estimulasse a investigação sobre o assassinato do ex-prefeito petista Celso Daniel, que decidiu interromper o achaque que seu partido fazia nas empresas de ônibus do interior paulista. Talvez fosse além, e procurasse confirmar as acusações dos irmãos do prefeito assassinado, de que ele, Gilberto Carvalho, era a 'mula' que transportava o dinheiro achacado para a sede do PT, em São Paulo, chefiada pelo atualmente condenado José Dirceu, seu parceiro de fé, empresário de sucesso absoluto. 
         Os irmãos do prefeito petista assassinado por discordar da roubalheira (segundo processo em curso) chegam a detalhes, lembrando que o atual ministro usava seu Fusca amarelo nesse serviço sujo. Isso, sem falar em outras acusações que continuam pendentes, entre elas a de que Gilberto Carvalho participou de um esquema de pagamento de propina para que um dos envolvidos no assassinato não relacionasse o ex-presidente Lula com o crime. O silêncio teria custado a bagatela de R$ 5 milhões.
         Eu, se fosse ele, também teria muito medo ...

domingo, 7 de dezembro de 2014

O desespero dos canalhas

     A defesa mais vagabunda possível começa a ser remodelada e atualizada pela quadrilha que vem assaltando os cofres públicos e a dignidade da Nação há doze anos. A mesma cantilena usada no julgamento do Mensalão do Governo Lula, até então o maior escândalo da nossa história: o tal do caixa 2, crimezinho menor, se comparado ao roubo descarado executado pelos ‘guerreiros’ petistas.
Isso, na pior das hipóteses. A bandidagem oficial, respaldada na essência do plano que imaginava perfeito, está investindo, mesmo, é na tese de que todos os depósitos nas contas petistas e assemelhadas foram feitos dentro da lei.
     Essa teoria até poderia ser aceita se – e sempre existe um ‘se’ quando o assunto é a bandalheira oficial – um dos empresários presos não tivesse explicitado o que todos nós sabemos: o dinheiro até pode ter sido doado ‘dentro da lei’, mas foi obtido através de um esquema criminoso, pois provinha da propina exigida de todas as empreiteiras envolvidas – até agora!!! – com a Petrobras
     A quadrilha principal e seus asseclas não previram, quando definiram o novo ‘modus operandi’ da ladroagem, que a sujeira viesse à tona em algum momento, justamente através de dois de seus comparsas, fogo ‘amicíssimo’, que se transformou em uma saraivada de tiros nos pés de barro de gente inescrupulosa, desprovida de caráter e dignidade.
     Não houve uma acusação, sequer, que tivesse partido da oposição. Todas surgiram do grupo que vem se locupletando em nome de um asqueroso projeto de poder, capaz de tudo. Encurralados, os artífices da gatunagem oficial, com o apoio de parcelas de desprezíveis formadores de opinião, tentam encontrar uma saída, de qualquer maneira.
     No Mensalão, o alvo maior foi o ex-ministro Joaquim Barbosa, atacado da forma mais covarde e canalha por setores petistas. Agora, nesse nauseabundo processo do Petrolão, alguns desqualificados tentam encontrar meios de atacar o juiz federal responsável pelo inquérito, o paranaense Sérgio Moro. E, nisso, em caluniar, mentir, desvirtuar, essa gente também é especialista.
     Em outra frente, meninos de recado do Planalto, incluindo nesse grupelho ministros e jornalistas corrompidos, procuram desviar o foco da Nação, acusando a Oposição de estar tentando um golpe. Eles roubam, compram consciências e teclados e os outros – os que repercutem necessariamente a canalhice - é que são os culpados.

     E ainda há quem defenda essa corja. 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A omissão dos asseclas

     Vários amigos, decentes, têm questionado o eloquente silêncio dos chamados ‘movimentos sociais’ e das entidades ‘representativas da sociedade’, como OAB, ABI e assemelhadas, em relação aos desatinos protagonizados pela quadrilha que vem assaltando os cofres e a dignidade nacionais há doze anos. Infelizmente, é semelhante à covardia dos defensores desses meliantes, que guardaram sua ‘indignação’ e brados retumbantes no fundo das gavetas, muitas delas entulhadas com parte do dinheiro sujo roubado do país.
    A desfaçatez dessa gente que se omite ou procura derivativos para sua canalhice interior é assustadora. Não têm, sequer, coragem de atacar o que classificam de ‘imprensa golpista’, pelo ridículo. Estão, quase todos, acuados, quietos, envolvidos no esquema que aposta no tempo, na desinformação da maior parte da população e na devassidão da classe política como determinantes para aplacarem a ira da parcela digna da Nação.
     É assustador que protagonistas de parte razoável da sociedade, com responsabilidade em relação ao país, assumam um comportamento tão deletério. Alguns assistem ao maior espetáculo de pilantragem de toda a nossa história e fingem que tudo não passa de ‘coisas da oposição’, ecos das eleições, choro de perdedores. São tão nefastos quanto os que militam na linha de frente da roubalheira.

     Cínicos, há os que acenam com supostos passados de luta, esquerdismos de botequim, para justificar a conivência com um esquema de poder comprovadamente corrupto e corruptor. Outros não se envergonham de acenar com graçolas destinadas ao riso fácil dos canalhas, como se tudo não passasse de uma marola, de alguma coisa que sempre houve nesse país. 
     É inaceitável que alguém, com mediana decência, se omita face aos descalabros do esquema palaciano destinado à manutenção do poder. 

Para 'Robertão'

         O jornalista Roberto Porto, o Robertão, morreu. Soube há poucos minutos, através de outro amigo comum, Luiz Carlos Mello, botafoguense histórico, como ele. Tive o prazer de trabalhar ao seu lado, na velha editoria de Esportes do JB, nos anos 1980. Foi lá que aprendi a respeitar e a gostar desse apaixonado pelo esporte, pela história do futebol, em especial. 
         Ainda guardo algumas colunas que ele escrevia, mais tarde, no Jornal dos Sports, e nas quais me citava e/ou desafiava, quando o assunto (quase sempre uma foto antiga) era o Vasco, minha paixão. Uma grande perda, mesmo. Quem teve a oportunidade de conviver com ele sabe o quanto era gentil e amigo.
         Robertão era uma pessoa especial. Doçura em dois metros de altura e vastos bigodes

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A fórmula da roubalheira

         A 'obra' custava dez. O governo do PT entregava 15 e a empresa repassava o 'excedente' para o partido. Simples assim. Nós, o Brasil, pagávamos a canalhice companheira. "Mas era em nome de uma boa causa", argumentam alguns defensores da bandalheira. Ou insistem no tal do "sempre houve corrupção, desde os tempos de Cabral". 
         Não, não houve nada semelhante. Nada se equipara ao banditismo institucionalizado no país pelo partido que está no poder há doze anos. Não estamos lidando com casos isolados, agentes corruptos, um ou outro bandido. Há um processo formal e organizado de assalto aos cofres públicos, destinado a garantir o poder, a qualquer custo. Desde, é claro, que nós, a Nação, paguemos por ele.
         E não adianta a bandidagem amiga insistir na tese de que há corruptores, apenas, Há dois lados nessa moeda podre. E  a face mais degradante, na minha concepção, é a formada por representantes das instituições nacionais, destaque, é evidente, para a quadrilha política. 
         Outra vigarice que esta sendo defendida por gente do naipe dos dirigentes petistas, remete para a alegação de que as doações feitas pelas empresas envolvidas na roubalheira petroleira era legais, pois declaradas. Nada mais cafajeste. O dinheiro legal, na verdade, é o mesmo roubado do país, no tal esquema de sobrepreço, como afirmou, formalmente, um dos empresários presos. Essa foi a fórmula mágica encontrada pelos partidos da base do governo, segundo as delações premiadas do doleiro e do ex-diretor petroleiro petistas.
         Para essa gente, deve prevalecer aquele antigo ditado popular: vergonha é roubar e não poder carregar.
         E ainda há quem defenda essa corja.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Uma noite 'nojenta'

     Senti muita vergonha, hoje à noite, assistindo às cenas lamentáveis reproduzidas pelo Jornal Nacional. Cenas repugnantes, que só atestaram o quanto nosso país está envolvido em um lamaçal infindável. Depondo na CPI mista que apura as bandalheiras ocorridas na Petrobras, o ex-diretor da nossa maior empresa, Paulo Roberto Costa, o ‘Paulinho’, como era chamado por sua amiga, a presidente Dilma, afirmou que alertara o Governo sobre o que estava acontecendo, por estar “enojado”.
     Vejam bem. O amigo da presidente, que o convidou para o casamento da filha, estava com nojo da roubalheira da qual participava e tentou, segundo alegou, dar um fim ao assalto aos cofres da empresa. Pelo que estamos começando a saber, não obteve muito sucesso. Só ele, um criminoso confesso de nível médio, amealhou inacreditáveis R$ 250 milhões. Uma parcela ínfima do que o PT e seus asseclas arrecadaram para financiar campanhas – entre elas a da presidente Dilma Rousseff - e bolsos companheiros, de acordo com as denúncias aceitas pela Justiça Federal.
     Em dado momento, instado por um deputado da oposição, ‘Paulinho’ confirmou um número que anda apavorando os círculos governamentais: em torno de três dezenas de deputados federais receberam dinheiro roubado. Todos da tal ‘base aliada’, destaque para PT, PP e PMDB. Isso, sem falar nos senadores e governadores da mesma quadrilha.
     Ainda não refeito desse espetáculo devastador, assisti à luta de PT e PMDB, em especial, para espoliar a dignidade nacional, impondo alterações na Lei para possibilitar ao Governo mascarar a pilantragem praticada com o dinheiro público ao longo do ano, não por acaso um ano eleitoral. Unidos, petista e assemelhados exibiram outra coesão, ao expulsarem manifestantes das galerias do Senado, sob a batuta de Renan Calheiros, o homem de Dilma no Senado.

     Assalto, corrupção, desvio de dinheiro, compra de consciências e teclados. É inacreditável que ainda existam pessoas razoavelmente dignas que defendem essa corja.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Só dá PT ...

     A cunhada do tesoureiro do PT, que já trabalhou no PT e hoje em dia dá plantão em uma central sindical ligada ao ... PT, garante que não recebeu o dinheiro que o doleiro do PT mandou entregar na casa dela, para ajudar a turma do PT a manter o PT no poder. Já o PT afirma que a cunhada do tesoureiro do PT e ex-empregada do PT não trabalha mais no PT.  Além do depoimento formal do doleiro do PT, várias gravações realizadas pela Polícia Federal confirmam que dinheiro foi entregue, sim. Na época em que trabalhava no PT (durante o Mensalão do Governo Lula), a cunhada do tesoureiro do PT foi apontada como a intermediária de uma propina de R$ 1 milhão que o PT pagou ao então vice-presidente da República, para que seu partido apoiasse o PT. E aí, em quem você acredita?
     É evidente que as pessoas decentes desse país sabem que o PT está envolvido até a medula no esquema de assalto institucional aos cofres da Petrobras. Mais do que envolvido, o PT estabeleceu uma rotina de assaltos aos cofres e à dignidade da Nação, como parte do processo destinado à perpetuação do partido no poder. E isso está ficando cada vez mais evidente, a cada dia de investigação, de delações premiadas. Não há mais fuga possível: o PT e seus asseclas serão dizimados, pelo que indicam as informações extraídas da investigação coordenada pelo juiz federal Sérgio Moro, do Paraná.
     De nada vai adiantar a investida deletéria que vem sendo realizada para tentar desclassificar as acusações. Dessa vez está tudo devidamente documentado. Talvez escaldados pelos resultados do julgamento do Mensalão do Governo Lula, os operadores da atual bandalheira petista armaram-se de provas incontestáveis, para usarem em caso de necessidade. Provas que incluem uma relação substancial das contas bancárias no exterior, alimentadas pelo dinheiro roubado da Petrobras, principalmente.
     Se no Mensalão o assalto aos cofres públicos rondava pouco mais de uma centena de milhões de reais, no Petrolão esses números chegaram a cifras estratosféricas. Só um mero diretor vai devolver ao país mais de R$ 250 milhões. Imaginemos – e esses números nos autorizam a isso – quanto chegou aos escalões mais altos do cenário petista; quantos petistas e aliados estão mergulhados nesse lodo.




terça-feira, 25 de novembro de 2014

Vergonha mundial

     O Globo nos diz, em manchete, que um juiz do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) classificou a roubalheira que vitimou a Petrobras, em especial, e a dignidade das Nação em geral, como “uma das maiores vergonhas da humanidade”. Ele certamente sabe do que está falando, por ter acesso a entranhas da Operação Lava-Jato ainda restritas a determinado grupo de pessoas.
     Não satisfeito, o ministro Newton Trisotto, relator do processo que pedia a soltura do doleiro petista Alberto Yussef – e que foi negada!!! -, conclamou o juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná, a não vacilar a ter coragem de continuar na luta que vem travando. Segundo o jornal, Trisotto se remeteu a Ruy Barbosa, ao ressaltar que um juiz não pode ser covarde: “Não há salvação para o juiz covarde”, recitou.
     Pelo que vem demonstrando até agora, não há esse risco. O juiz Sérgio Moro tem se mostrado inflexível na busca dos responsáveis por mais esse escândalo dessa lastimável e perdulária Era Lula, que chega aos doze anos e ameaça a todos nós com mais quatro.
     Espero que a Justiça puna exemplarmente todos os envolvidos, de qualquer partido; os de hoje e os de ontem. Os desdobramentos do julgamento do Mensalão - um momento emblemático relatado e presidido pelo ex-ministro Joaquim Barbosa, um magistrado que sobreviveu a chantagens e pressões inimagináveis - vêm se mostrando frustrantes.
     Os grandes canalhas, os artífices e executores da maior vigarice institucional até então, estão circulando fora da cadeia, que ficou reservada apenas a um enorme bobo da corte, um malandro de segunda classe que apostou na solidariedade dos asseclas e está pagando pela, digamos, ‘inocência’.
     Dessa vez, escaldados pelos mais de 40 anos de cadeia impostos a um simples intermediário das pilantragens que beneficiaram o governo petista, a turma do andar de baixo da ladroagem oficial optou por salvar o que ainda restava da pele e decidiu contar o que sabia do esquema de assalto ao país, patrocinado pela turma do poder, ávida por assegurar a sobrevivência do seu esquema de eternização no comando do país.
     Como em todas as ocasiões anteriores – em todas, é preciso frisar! – a sujeirada está sendo exposta por gente de dentro, do convívio de políticos e assemelhados. Não há uma acusação, sequer, que tenha vindo de fora do círculo oficial de gatunagem. Para nossa sorte, ainda temos uma imprensa livre, desvinculada do poder, corajosa a ponto de denunciar semanalmente as bandalheiras palacianas.
    Sorte, sim. Mas uma sorte construída pela geração que enfrentou e venceu as limitações de uma época de arbítrio. Pois se dependesse dessa gente que gravita em torno do lastimável ex-presidente Lula (o mais medíocre e ignorante da nossa história, insisto), viveríamos, no Brasil, não a fantasia, mas a dura realidade de ditaduras desclassificadas como a cubana e afins.


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Sobre vigarices e pilantragens

     Já comentei esse assunto recentemente. Mas a repetição desse misto de vigarice retórica e pilantragem ideológica me obriga a repisar: o Governo de petistas e assemelhados não tem a menor participação na apuração das bandalheiras companheiras que estão acontecendo na Petrobras, em especial, e no país em geral, há doze anos. Ao contrário do que dizem a presidente Dilma Rousseff e seus acólitos, a investigação da Polícia Federal, atrelada à determinação de um juiz íntegro, o paranaense Sérgio Moro, vem sendo realizada contra a vontade geral dos poderosos de plantão.
     Por essa gente, nada seria apurado, não haveria uma notícia sequer sobre seus crimes, canalhices institucionais, desrespeito à Nação e atropelo da dignidade do país. Dilma Rousseff, se pudesse, enterraria com uma só penada tudo o que vem sendo feito com isenção e coragem. Mais do que uma mentira, a versão que os vigaristas de plantão insistem em espalhar sobre o escândalo da vez é um acinte à inteligência.
     A Polícia Federal investiga justamente porque é independente do poder, infensa às influências deletérias, como a desse lastimável ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que decidiu perseguir os delegados da PF que investigam a roubalheira na Petrobras, sob a alegação de que votaram e elogiaram, em páginas pessoais, o candidato da Oposição, Aécio Neves.
     Vejam a desfaçatez desse grupo (eu quase escrevi “dessa quadrilha”): espalha, cinicamente, que apoia a investigação e, nos bastidores, age de maneira acintosa e covarde contra os agentes da lei. Flagrados com mãos, pés e mentes arrombando os cofres públicos, os representantes desse projeto de poder tentam, com táticas de marketing que beiram a indecência, faturar os resultados de uma investigação criminal que fazem tudo para soterrar.
     E ainda não chegamos na fase de indiciamento da turma que tem mandatos. As versões que surgem aqui e ali remetem para uma lista com algo em torno de 100 políticos, entre governadores, senadores e deputados do PT, em sua maioria, e aliados em geral. Não apenas fofocas de bastidores, mas acusação – já aceitas!!! – com nome, sobrenome e número de conta bancária.
     E o que mais grave, ainda: a indicação da presença, direta ou indireta, do ex-presidente Lula e da atual mandatária, Dilma Rousseff. O doleiro e um dos diretores petroleiros petistas já disseram – e os áudios de seus depoimentos comprovam – que os dois (Lula e Dilma) sabiam de tudo o que estava acontecendo.
     A luta para evitar a quebra dos sigilos bancário e telefônico do tesoureiro petista João Vaccari é outra evidência do pavor que ronda a companheirada. Assim como a corrida para retirar do ministro Gilmar Mendes a atribuição de avaliar as contas governamentais, tarefa que lhe coube por sorteio.

     Infelizmente para o Brasil, o atual governo termina como começou: imerso em bandalheiras. E o que pode ser ainda mais grave: vai começar  a segunda etapa manietado, espremido em um canto do ringue onde se debaterá com o que a parcela digna da população quer para nosso país.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

A canalhice documentada

     Não adianta a turma dos 3% formais (há o' caixa 2' da pilantragem, também) insistir na velha toada de que sempre houve corrupção no Brasil; que fomos povoados, no início dos tempos, por degredados; e, no limite do estelionato retórico, acenar com malfeitos nos governos de Fernando Henrique Cardoso, que passou por 12 anos de escrutínio petista, sem que os atuais donos do poder ousassem acenar com um processo sequer, uma mísera ação de improbidade, uma leve falcatrua.
     A única tentativa de manchar a reputação de FHC e de Dona Ruth, tentada pelo Planalto lulista, terminou como vimos: Dona Dilma mandando um pedido formal de desculpas. Nada foi feito por essa turma que conta, entre luminares dos bastidores, com elementos do porte moral de Marco Aurélio Garcia (aquele que festejava com gestos obscenos – lembram os top-tops festivos? - enquanto milhares de pessoas lamentavam a morte de duas centenas de passageiros no último grande acidente aéreo no Brasil) e Gilberto Carvalho (acusado pela família do assassinado prefeito Celso Daniel, de ser o carregador de propina que o PT arrecadava em empresas de ônibus do interior paulista), sem falar no sempre presente Franklin Martins e em outros menos famosos, mas nem por isso menos danosos.
     Para efeito de discussão, vamos admitir que houve desmandos – sempre é possível, e eu acredito que eles tenham existido, em algum escalão. Mas nada – repito -, nada foi feito em doze anos (insisto nesse número) de administração petista. O trabalho sujo, baseado em acusações jamais provadas, vem sendo executado por canalhas a soldo da quadrilha que vem assaltando nossos cofres e dignidade, como ficou provado – é isso mesmo, provado! – desde o nefasto episódio do Mensalão do Governo Lula, até então o maior escândalo da nossa história.
     E é nesse ponto – roubalheira institucional provada, julgada, condenada e prestes a ser condenada em escala industrial – que reside toda a diferença. Como gostava de dizer o mais medíocre, ignorante e limitado presidente de toda a nossa história, nunca houve no país algo tão estarrecedor, vagabundo, deletério. O que esse grupo vem fazendo ao longo dos últimos anos é absolutamente inédito, ainda imensurável.
     O roubo alcança cifras difíceis de imaginar. Um mero sub do sub de uma diretoria da Petrobras, por exemplo, vai devolver R$ 350 milhões aos cofres públicos, para evitar a cadeia. Os primeiros levantamentos apontam para dezenas de bilhões de reais desviados para petistas, asseclas e intermediários. Esse dinheiro, subtraído da população, sustentou campanhas milionários – entre elas a da presidente Dilma Rousseff, em 2010, segundo acusações formais e premiadas -, comprou votos e consciências; barcos e carros de luxo. Irrigou contas no exterior, subornou, corrompeu as instituições republicanas.

     Não, não adianta repetir velhas ladainhas, argumentos vagabundos produzidos pela fábrica de dossiês falsos, que ficam apenas no campo da intriga, das maledicências, das teorias conspiratórias. O grande assalto produzido pelos atuais detentores do poder está todo lá, documentado, gravado, relatado por gente de dentro. Gente que viveu e se locupletou. São fatos, que foram e vêm sendo comprovados pela Justiça, apesar das pressões governamentais, das tentativas de desconstrução de magistrados, das campanhas sórdidas, das chantagens, das ameaças.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O turno da Justiça

         A propósito de mais uma noticia envolvendo delação premiada ajustada por um representante do PT na roubalheira realizada na Petrobras, publicada pela Folha de São Paulo: essa gente 'insiste' em manter o clima da eleição. É impossível evitar julgamentos (votos?) a cada notícia como essa, que a Folha publica. O terceiro turno vai continuar, sim, nos debates sobre o momento do país e - não há como evitar - nos corredores dos tribunais.    
         Particularmente, por formação e ideologia, sou absolutamente contra qualquer iniciativa golpista. No entanto, e também por formação e ideologia, não posso me calar quando agredido por fatos como os que invadem nossas casas diariamente. 
         Esse país precisa ser arejado, passar por uma profunda desinfecção. E cabe à Justiça, nesse momento, a responsabilidade de recuperar a dignidade nacional, agredida de maneira vil pelos que saquearam os cofres públicos em nome de um projeto de poder. 
         Não, a presidente e seus 'auxiliares' diretos não estão interessados em apurar os delitos. Ao contrário. Temem que esse maremoto afogue seus projetos.

domingo, 16 de novembro de 2014

A paladina do discurso vazio

     Como se fosse uma paladina da decência, nossa presidente obrou algumas frases de efeito na Austrália, onde participa da reunião do G 20 (grupo das economias mais fortes do mundo), sobre o assalto à Petrobras e seus desdobramentos, o maior escândalo da história brasileira. Dilma Rousseff admitiu, segundo nos reporta o Estadão, que “isso” - a canalhice oficial que vem devastando nossa maior empresa – “pode, de fato, mudar o país para sempre”.
     Não tenha dúvida, presidente. Países têm marcos, momentos, pontos de inflexão. E, pode ter certeza, esse que estamos vivendo já é um deles, pelo ineditismo, pela desfaçatez dos protagonistas, pela vagabundagem institucional, pela ousadia de afrontar uma Nação em nome de um projeto de poder. Não podemos esquecer que a ‘justificativa’ para essa indecência é a necessidade de patrocinar o esquema vigente, além de encher os bolsos companheiros, é claro.
     Todo e qualquer raciocínio que venha a ser feito sobre esse escândalo de proporções abissais deve, necessariamente, passar por esse ponto: a roubalheira elevada a níveis artísticos pelo PT e/ou seus asseclas teve como objetivo financiar o projeto de poder que já dura doze anos. E isso ficou absolutamente claro nas delações do doleiro e do diretor petroleiro petistas. Os dois afirmaram que 70 por centos do total da roubalheira eram destinados ao PT e que o restante ia para seu parceiro principal, o PMDB.
     Além de repetir a frase que provavelmente lhe foi sussurrada por um dos seus acólitos, nossa presidente teve a ousadia de acenar com um “não haverá impunidade” e com uma menção palanqueira a ‘engavetamentos’. Em primeiro lugar, não depende dela se haverá, ou não, impunidade. Essa decisão passa pela Justiça. Se dependesse dos interesses palacianos – e as últimas investidas contra a apurações de safadezas oficiais me permitem afirmar -, jamais haveria investigação alguma, muito menos punições.
     O PT e seus assemelhados se especializaram, nos últimos anos, em encobrir ‘malfeitos’, para relembrar uma expressão usada pela própria presidente. Não houve uma punição séria sequer. Ministros e diretores de primeiro escalão flagrados com as mãos nos cofres públicos estão por aí, livres. Alguns foram reintegrados ao círculo de poder, sorrateiramente.
     Os quadrilheiros do Mensalão – devemos relembrar, sempre - só foram punidos graças à determinação do ex-ministro Joaquim Barbosa, perseguido pelas hostes petistas, atacado em sua honra e vítima de demonstrações asquerosas de racismo. Condenados, foram tratados como heróis, e não como o que são: meros criminosos.
     Para não perder a chance de mais um misto de petismo e dilmice, nossa presidente falou em ‘engavetamentos’, numa alusão indireta – e covarde! – a eventuais deslizes cometidos nos governos do PSDB e que não teriam sido investigados. Se ela sabe que houve algum acobertamento, basta assumir o papel de dirigente máxima do País e exigir a apuração. É simples. Eu estaria entre os que aplaudiriam essa atitude. Mas se sabe e nada faz, é, no mínimo conivente.
     Essa vigarice retórica mostra bem com quem estamos lidando.





sábado, 15 de novembro de 2014

Sobre jornais e jornalistas

     Inspirado por uma foto publicada pelo ex-companheiro José Sérgio, do Jornal Brasil, na sua página no Facebook, e pela matéria sobre o lançamento póstumo de dois livros do acadêmico, jornalista e escritor Ivan Junqueira, publicada no Prosa e Verso de hoje (ainda é sábado?), decidi dar mais um testemunho sobre a grande oportunidade que tive, ao longo de minha vida profissional, de ter trabalhado ao lado de personalidades – sim, personalidades! - com tanto estofo intelectual e relevância para o país.
     Logo no início da minha carreira, no à época relativamente importante O Jornal, o ‘órgão líder dos Diários Associados’, ainda a mais importante cadeia de jornais, rádios e televisão do país, esbarrava nos corredores com o escritor, presidente da Academia Brasileira de Letras e dublê de comunheiro Austregésilo de Athayde (os Diários já eram um condomínio acionário e Dr. Athayde era um dos 21 condôminos, ou comunheiros).
     Tive o prazer de conviver, ainda, com Dona Elza Marzullo, de menor importância literária, é verdade, mas com a bagagem de ter criado o espaço para as mulheres no jornalismo nacional. E com o intelectual e nosso crítico de arte (e ele mesmo um artista) Quirino Campofiorito, que exalava simpatia.
     Nos primeiros tempos de O Globo, praticamente ansiava pelos encontros diários e matinais com o escritor Nélson Rodrigues, que ocupava uma das mesas da editoria de Esportes, que abrilhantava com suas crônicas (‘À sombra das chuteiras imortais’). Ao responder aos meus cumprimentos e ao trocar algumas palavras comigo, ele sabia que estava falando com um fã.
     Repórter, dividia pautas e conversas com jornalistas que marcaram definitivamente a geração que surgiu naqueles conturbados anos 1970, entre eles o atual acadêmico Merval Pereira Filho. No Jornal do Brasil, onde cheguei na passagem de 1981 para 1982, comecei onde muitos sonhavam chegar: o velho copy, ainda uma instituição, formado por um time de redatores que – confesso! – chegou a me assustar: o escritor Ivan Junqueira, citado acima; o dicionarista Joaquim Campelo, braços direito e esquerdo de Aurélio Buarque de Holanda; a vibrante Ruth de Aquino e o botafoguense José Sérgio, sob o comando de Edil Valle (vascaíno, como eu), uma legenda que nos deixou prematuramente.
     São lembranças.
     PS: E o Zuenir Ventura, Marco, o mais recente dessa lista de imortais com os quais você conviveu? Esquecer de citar logo o 'mestre Zu', que percorria a redação do JB com tanta candura? E com um 'agravante': 'consultado' por ele sobre a conveniência de comprar um Chevrolet Monza (eu era o editor de Carro e Moto do JB nessa época), não tive dúvidas em aprovar. Confiável, confortável, o modelo era o sonho de consumo de muitos. Um ano depois saiu de linha, reduzindo dramaticamente eu valor de revenda. Não sei se Zuenir me perdoou.

O porta-voz da indignidade

     A aparição do ministro da Justiça(?) José Eduardo Cardozo, hoje pela manhã, para falar sobre esse que já é o maior escândalo da nossa história – a roubalheira desenfreada dos cofres da Petrobras patrocinada por agentes a serviço do atual esquema de poder -, foi tão lastimável quanto o assalto em si.  O mais medíocre dos ocupantes dessa pasta, em todos os tempos, cumpriu com evidente denodo a tarefa de tentar retirar dos ombros petistas o peso de mais essa desfaçatez.
     Sem ficar ruborizado, Cardozo afirmou, com todas as letras, que o Governo está determinado a apurar tudo e condenou a oposição pelo que ele classificou de uso eleitoral do crime. Com aquela expressão de severidade que cola no rosto sempre que precisa falar sobre canalhices oficiais, chegou perto de dizer que tudo o que vem acontecendo na nossa maior empresa é culpa dos partidos oposicionistas e da imprensa, que insiste em publicar essas notícias.
     De passagem, com o mesmo tom severo, fez alusões à possível identificação de delegados da Polícia Federal com a candidatura do senador Aécio Neves, em mais uma tentativa de desacreditar o processo, culpando os agentes, e não os bandidos.  E ainda tentou convencer - como se fosse um porta-voz da indignidade - que as investigações e punições são o resultado de iniciativas do governo ao qual serve com fidelidade canina. 

     Deve ter acrescido alguns pontos na sua contabilidade para ser indicado para a vaga de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal, onde se juntaria a Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli na tarefa de livrar a companheirada de um retiro no presídio da Papuda. 

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Sobre canalhas e afins

     Nunca houve, na história do Brasil, algo sequer parecido com o que estamos vivendo agora. Algo tão lamentável, tão lastimável, tão asqueroso. Uma quadrilha de vagabundos assaltando os cofres públicos com uma desfaçatez impensada. Canalhas travestidos de políticos e/ou de seus representantes usando de todos os meios para perpetuar um tenebroso projeto de poder. Para essa gente não há limites. Ou não havia ...
     As prisões - dezenas!!! - de hoje são apenas o início de uma devastação nas hordas petistas e assemelhadas. Se temos, nesse momento, quatro ou cinco bandidos implorando para fazer parte do esquema de delação premiada, podemos imaginar o que virá pela frente. Quantos criminosos seguirão o mesmo caminho do doleiro e do petroleiro petistas?
     Se alguma lição ficou do Mensalão do governo Lula, foi, certamente, a de que não vale a pena apodrecer na cadeia para preservar os verdadeiros chefões da criminalidade institucional, como fez o publicitário mineiro Marcos Valério, que já acena com a possibilidade - agora real - de afinal apresentar as evidências das digitais do primeiríssimo escalão na roubalheira mensaleira.
     Afinal, se o doleiro Alberto Yussef está com um pé na porta de saída da prisão, por que ele ficaria atrás das grades por, pelo menos, mais cinco anos? E não podemos esquecer que José Dirceu e outros quadrilheiros já estão por aí, flanando, 'heróis' da iniquidade.
     E ainda há quem defenda ou justifique esse lixo, com argumentos que beiram o ridículo, sem o menor conteúdo, primários, simplórios.
   
   

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Cansaço, bocejos

         É evidente que não tenho qualquer sentimento de solidariedade ao ex-presidente Arthur da Costa e Silva. Ao contrário. Foi a partir de seu governo que ficou evidente o rompimento com qualquer possibilidade de debate democrático nesse país, com a adoção do Ato Institucional nº 5, cuja edição completa hoje exatos 45 anos e 11 meses. 
         Minha geração, com minha modestíssima colaboração, enfrentou e venceu esse momento lamentável da nossa história. Mudar o nome 'oficial' da ponte que liga o Ri...o a Niterói, no entanto, soa como mais uma bobajada destinada ao aplauso fácil. Seguindo o mesmo raciocínio - rever homenagem a tiranos -, seríamos obrigados a eliminar das nossas cidades (quase todas, literalmente) as ruas, avenidas, travessas, pontes e tudo o mais que levam o nome de Getúlio Vargas. Ou ele foi um ditador 'do bem', entre 37 e 45, ao fechar o Congresso, prender intelectuais, exilar outros e, no limite, enviar inocentes para a morte? 
         Essas coisas me cansam ... Essa gente que comete essas bobajadas me faz bocejar.

A herança da verdadeira herança maldita

     Entre os muitos males e infortúnios que essa lastimável era petista vem causando ao país, um deles vem me chamando a atenção em especial: o sentimento de orfandade de grande parte da população em relação ao período discricionário que vivemos ao longo dos governos militares. O desalento e a revolta de milhões de cidadãos contra o caos nas instituições, o descalabro nas finanças, o assalto aos cofres públicos, a impunidade de verdadeiros criminosos e a crescente sensação de insegurança gerada pela omissão do Estado são, sim, latentemente perigosos para a democracia que desejamos e ajudamos a construir.
     Pessoas comuns, simples, sem vínculos ideológicos com partidos políticos – muitos que sequer viveram os ‘anos de chumbo’ – expressam diariamente o culto a um passado que deixou marcas profundas na nossa sociedade, estimulados pela descrença no país que vem sendo devastado progressivamente por governos corruptos, demagógicos, populistas e acintosamente imorais.
     E aí, nessa responsabilidade direta, insisto, talvez esteja o pior produto dessa fase de obscurantismo ideológico, a herança da verdadeira herança maldita. Mais grave, ainda, do que a roubalheira vagabunda e canalha instituída como método de governança; pior do que a reducionismo imposto ao debate político; mais salafrária do que a chantagem exercida sobre a camada mais carente da população, aquela que depende de programas de governo – não de partidos ou políticos desprezíveis! – para simplesmente sobreviver.
     Esse abissal estelionato ideológico perpetrado por um grupo formado pelo que há de pior no mundo político - sob a liderança espúria do mais medíocre, ignorante e despreparado presidente que esse país já teve -, somado a essa degradação moral, tem sido determinante para empurrar a parte das pessoas ingenuamente de bem para um caminho que nós, que ajudamos a reconstruir o país, através da resistência democrática e inclemente, não podemos sequer imaginar.

     Venho escrevendo e repetindo, ao longo dos últimos anos, que o país anda vai pagar um preço exorbitante pela aventura lulopetista. Montados em bandeiras ridiculamente simplórias e num discurso deletério, similar à dos exploradores eletrônicos da fé humana, que explora a singeleza de uma massa naturalmente sujeita à manipulação por autointitulados messias, os atuais detentores do poder estão destruindo, gradualmente, as chances de nos tornarmos uma Nação respeitável, digna, compromissada com um futuro pautado na dignidade.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O pavor das sextas-feiras

         O grande projeto - talvez o maior deles, pela capilaridade embutida - dessa era lastimável em que vivemos é manipular a produção de notícias, a velha e asquerosa censura que essa gente chama de 'controle social da mídia'. O sonho companheiro é, desde sempre, uma imprensa nos moldes cubano, iraniano, chinês e assemelhados. Essa gente tem pavor das sextas-feiras, vésperas da publicação das revistas semanais, Veja em especial. 
         A cada fim de semana, um escândalo, uma roubalheira, uma cafajestada. A liberdade, para os fascistas travestidos de 'esquerdistas', rima com o Granma, o jornal do Partido Comunista Cubano, usado, pela população miserável, para fins menos louváveis do que a leitura (no caso específico, entretanto, não há muita diferença: o 'conteúdo' da utilização é semelhante).
         Já imaginaram (eles fazem isso todos os dias...) se a imprensa brasileira, apesar dos seus enormes problemas, fosse controlada? Não saberíamos do Mensalão, o segundo maior assalto aos cofres e à dignidade nacionais, perpetrado pela quadrilha do governo Lula. Não saberíamos dos dólares na cueca do assessor direto do principal candidato petista à Presidência da Câmara, José Guimarães (acho que o nome é esse, mas não vou me dar ao trabalho de checar, pois seria perder tempo com uma 'questão' menor), irmão do presidiário José Genoíno..
         Também não saberíamos que os companheiros da presidente reeleita encomendavam dossiês falsos para atacar adversários. Não saberíamos das dezenas de pequenos assaltos nos ministérios e diretorias. Não saberíamos das estripulias do ex-presidente Lula, às custas do erário. E, afinal, mas não finalmente, não teríamos descoberto, estarrecidos, do que essa gente foi capaz de fazer com a Petrobras.
         Estão vendo por que essa turma odeia o jornalismo independente?

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Velhacos e vagabundos

     A velha, velhaca, surrada e vagabunda tática de mentir e repetir as mentiras indefinidamente continua dando bons resultados para a turma que está no poder. De um momento para outro, a partir de manifestações legítimas e pacíficas de contrariedade, normais em democracias, criou-se um factoide bem ao estilo das ignomínias companheiras: a de que há um movimento da oposição destinado a derrubar a presidente reeleita, pela força.
     Para chegar a esse raciocínio absurdo e deletério, os velhacos petistas e assemelhados, desesperados com a possibilidade de serem expurgados da vida pública com o andamento das investigações sobre o escandaloso assalto à Petrobras, apelaram para a exploração de manifestações isoladas de radicais, apresentando-as como representativas da política oposicionista.
     Esmagados pelo pavor de serem dizimados pelo processo que vem sendo formatado pelo juiz federal paranaense Sérgio Moro, grupos de petistas e afins, com a cumplicidade criminosa de determinados ‘formadores de opinião’, anunciam aos quatro ventos que a democracia está ameaçada pelo golpismo. Não poderiam ser mais canalhas.
     Essa gente sabe que em momento algum as lideranças políticas da oposição levantaram bandeiras golpistas. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), por exemplo, tomou a iniciativa de telefonar para a presidente reeleita assim que a decisão das urnas foi divulgada. Esse gesto de grandeza foi convenientemente ignorado. Os detratores, responsáveis pela campanha mais asquerosa de todos os tempos, trataram de abrir nova frente, aproveitando-se da idiotice de alguns estúpidos, saudosos do regime ditatorial que o país superou.
     Não passa de uma manobra de ‘dispersão’, claramente destinada a desviar a atenção da população dos escândalos gestados nos governos petistas e da adoção de todas as medidas que a então candidata afirmou que não seriam tomadas, como os reajustes dos combustíveis, da tarifa de energia elétrica, da taxa de juros.
     Ao contrário do que fez o PT, formalmente!!!, quando da reeleição de Fenando Henrique Cardoso, os partidos e políticos oposicionistas sérios jamais aventaram a hipótese de uma ‘virada de mesa’. Exigem, sim, como se espera deles – e de todos os cidadãos decentes desse país -, a investigação completa de toda a roubalheira anunciada por dois criminosos confessos e que vicejavam no interior do Governo, e não em hostes oposicionistas.

     Se, eventualmente, essa investigação arrebentar as portas de gabinetes parlamentares e executivos, melhor para o país, que se veria, assim, livre de representantes coniventes com bandalheiras. Sejam eles de qualquer matiz.

sábado, 1 de novembro de 2014

Sempre é possível piorar, acreditem!

     Colunas e colunistas em geral reverberam uma ameaça (mais uma!!!) que paira sobre a dignidade desse país, já tão aviltado por governos envolvidos com corrupção: os atuais ministros Ideli Salvatti, dos direitos Humanos (?), e Aldo Rebelo (Esportes) estariam disputando cabeça a cabeça uma vaguinha no Tribunal de Contas da União.
     Imaginem: a ex-senadora Ideli, acusada, entre outras coisas, de, quando chefiava o Ministério da Pesca, comprar lanchas que jamais saíram dos estaleiros, mas foram pagas para uma empresa que, por ‘coincidência’, apoiara sua candidatura. Com um agravante: as lanchas seriam usadas em fiscalização, o que é vetado pela legislação.
     Aldo Rebelo é o sucessor de Orlando Silva e Agnelo Queiroz na área de esportes (feudo do PCdoB), ambos acusados de falcatruas envolvendo ONGs amigas. Acusações cujas investigações jamais foram levadas à frente.Essas ‘informações complementares’, que não aparecem no Globo, por exemplo, são, a meu critério, fundamentais para entender a mecânica cafajeste que movimenta o esquema implantado por aqui há doze anos.
     O vencedor dessa luta iria fiscalizar as contas do Governo, com esse histórico. Não posso pensar em algo mais maquiavélico. Na verdade, para ser justo, Nicolau Maquiavel jamais imaginaria algo tão sórdido. Paga pela interpretação distorcida do seu ‘espelho de príncipe’.
     Mas se vocês acham que esses fatos, por si só, já seriam motivo de indisposições estomacais em qualquer parte decente do mundo, sinto desapontá-los. O nome de José Eduardo Cardozo, o ministro mais simplório, despreparado e medíocre de toda a história nacional, um ex-deputado que defendeu entusiasticamente os companheiros petistas que faziam parte da quadrilha mensaleira, está cotado para a vaga de ... Joaquim Barbosa, no Supremo Tribunal Federal.

     Essa notícia não é literalmente nova. Eu mesmo já havia tocado nesse assunto, há algum tempo: esboça-se no Planalto o projeto de ampliar, aí sim, de modo deletério, o aparelhamento da nossa mais alta corte de justiça. Imaginem o que essa trinca – Lewandowsky, Toffoli e Cardozo – pode fazer, com a aquiescência de colegas ... digamos ... ‘menos combativos juridicamente’.
     Estão vendo como sempre é possível ficar pior?

Eu só penso nisso ...

    Ao me deparar com a pergunta retórica que surge quando 'abrimos' um dos links de rede social, decidi responder.
    "Caro Facebook. Estou pensando, nesse exato momento, ao ler as últimas notícias político-policiais, na dimensão do escândalo que envolve a Petrobras, nossa maior empresa, sob a administração petista. O descaramento dessa gente é inacreditável. A última matéria (mais recente, Marco Antonio, mais recente ...) sobre o assalto cita algo como R$ 200 milhões de propina repassados à companheirada.
     Mas essa é apenas uma das dezenas de 'movimentações contábeis' realizadas ao longo dos últimos anos dessa premiada administração. Premiada, sim. Afinal, o Brasil - com o apoio entusiasmado de uma boa parcela de 'formadores de opinião', todos 'de esquerda', seja lá o que sabemos que isso é hoje, decidiu manter a turma atual no poder, com direito a continuar carregando a chave do cofre. Algo como um 'habeas corpus' para continuar roubando.
     Os argumentos dos apoiadores do PT são um tanto ou quanto insondáveis, para mim. Alguns falam em "preservar conquistas"; outros acenam com o risco de privatização da... Petrobras. Acho que são ideias que se mesclam. Imagino que a turma quer dizer, de fato, que pretende preservar o direito de roubar a Petrobras e, com isso, bancar suas campanhas e garantir a boa vida, com contas secretas no exterior.
    Como o senhor, Seu Face, abre espaços para comentários de várias fontes, tomo a liberdade de reproduzir uma notícia que aparece recorrentemente na minha 'time life': Dona Rosemary Nóvoa, aquela que secretariava o ex-presidente Lula em vários 'campos', foi a responsável pela abertura de uma conta para seu ex-patrão no Banco Espírito Santo, em Portugal. O depósito inicial, pelo que dizem, foi de R$ 25 milhões.
     Vou parar por aqui, pedindo desculpas por ter tomado seu tempo com essas divagações. Mas é nisso que eu estou pensando: na absoluta falta de decência dessa turma que compõe a base do nosso governo.
Atenciosamente."

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

É a hora da Justiça

     Ninguém jamais vai me ouvir ou ler defendendo golpes contra governos eleitos democraticamente, como o atual e, infelizmente, próximo. A grande arma para derrubar, em especial, presidentes incompetentes e medíocres é o voto, a cada quatro anos. Estendo essa posição até mesmo em relação a governantes que usam os meios mais deploráveis e canalhas para manipular a população, principalmente os menos assistidos, como ocorreu na última eleição. Cabe aos que se opõem a essas táticas lastimáveis conscientizar o eleitor, mostrar que está sendo manipulado por pessoas sem escrúpulos, capazes dos atos mais indignos.
     Não resta dúvida que a população menos esclarecida e mais necessitada vem sendo manipulada de maneira torpe. Instrumentos de redução da miséria, que não pertencem a qualquer partido político, mas a governos, foram e continuam sendo usados por chantagistas, por pessoas desclassificadas. O discurso vagabundo do “eles vão acabar com isso e aquilo” é o único ‘argumento’ de campanhas sórdidas.
    Há algum tempo, estabeleci um paralelo entre o uso ‘político’ de programas assistenciais e a distribuição de dentaduras no sertão dos velhos coronéis apontados como referências do populismo mais vergonhoso, da manipulação de almas, da exploração dos necessitados. Pragmaticamente, entretanto, reconheço que essas armas fazem parte do arsenal ‘ideológico’ de grupos como o que está no poder. Cabe a nós, sociedade decente, exibir o reducionismo dessa prática nebulosa. E temos mais quatro anos pela frente.
     Tudo isso não invalida, entretanto, minha esperança de que os que vêm empolgando o poder há doze anos e que foram reeleitos para mais quatro devem, sim, ser expostos, cobrados, denunciados sem tréguas. O esquema de assalto à Petrobras e outras empresas públicas deve ser investigado profundamente, até que não restem entranhas escondidas.
     No Mensalão do Governo Lula, até então o mais volumoso achaque já realizado no país, alguns nomes foram poupados, em benefício da estabilidade nacional. Essa postura mostrou-se perdulária. A impunidade do principal responsável por todo o esquema ilícito gerou a confiança empregada nessa nova empreitada de malfeitos. Uma empreitada teoricamente mais sofisticada, com profissionais do ramo da canalhice.
     Ninguém contava, entretanto, com a coragem e independência de um juiz do Paraná. Dessa vez, não haverá desculpas ou subterfúgios. Pelo que ficamos sabendo, graças à independência de nossos jornais e revistas, toda a desfaçatez pública está documentada e registrada. Valores pagos, números de contas bancárias no exterior, extratos, recibos. 
     Escaldados pelo exemplo do publicitário mineiro Marcos Valério, o único a ser condenado, de fato, à cadeia (mais de 40 anos de prisão), dois dos operadores da roubalheira companheira decidiram contar tudo, em troca de benefícios legais. Outros ainda podem seguir o mesmo caminho.

     Não é hora de golpes, jamais foi. Em uma democracia como que a que almejamos ser, a grande arma para expulsar criminosos do poder, excetuando o voto, é a Justiça. 

terça-feira, 28 de outubro de 2014

A primeira vítima do doleiro

     Uma boa notícia para o País e assustadora para o Governo, publicada, entre vários jornais, pela Folha de São Paulo: o Conselho de Ética da Câmara decidiu pela cassação do ainda deputado Luiz Argôlo (SDD-BA), pelo seu envolvimento com o doleiro Alberto Yussef, esse mesmo que afirmou, em depoimento oficial, que o ex-presidente Lula e a atual e reeleita presidente Dilma Rousseff sabiam de todas as tenebrosas transações envolvendo o assalto aos cofres da Petrobras e o repasse de propina para o PT e partidos ‘aliados’.
     Além de Lula e Dilma, há uma penca de governadores, senadores, deputados e outros menos votados (ou sem voto algum) relacionados por Yussef e pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, como beneficiários do maior esquema de assalto aos cofres e dignidade públicos já registrado em todos os tempos. E não há como imputar as denúncias a um ‘golpe eleitoral’, a uma postura antidemocrática, a um apelo ao arbítrio. Todas as acusações partiram e estão partindo, como em todas as ocasiões passadas, de gente de dentro do Governo.
     O público em geral – como diriam os mais antigos – ‘não sabe da missa a metade’. Por força legal, as acusações formais contra pessoas que têm foro privilegiado estão sendo mantidas em sigilo. Há dezenas de personagens do primeiro escalão da nossa vida pública prestes a mergulhar na ‘privada’ retórica. Os fatos necessariamente serão divulgados, como o foram no Mensalão do Governo Lula, até então o maior roubo institucional já registrado em terras brasileiras.
     Por mais que o Supremo Tribunal Federal esteja formado por uma maioria de ministros escolhidos a dedo pelos dois últimos governantes petistas, há um limite ético que dificilmente será ultrapassado pelo colegiado, mesmo sob a presidência do notório Ricardo Lewandowski, o, à época, relator do processo do Mensalão que se transformou no mais vibrante defensor dos quadrilheiros petistas e assemelhados.
     O Supremo e a sociedade, pelos termos do acordo de delação premiada já aceito no caso de Paulo Roberto Costa, serão confrontados por provas das barbaridades cometidas ao longo dos últimos anos. O doleiro Alberto Yussef por exemplo, afirma que tem comprovantes de depósitos, recibos de transferências e documentos variados.
     Por muito menos – menos, mesmo! -, cassamos o primeiro presidente eleito após a redemocratização, o atual senador alagoano Fernando Collor de Melo. As maiores acusações – pelo menos as que mais repercutiam na sociedade - davam conta da compra de um sedã da Fiat (um Prêmio, se a memória não me trai) e da manutenção da Casa da Dinda, residência particular da família Collor em Brasília. 
     Comparados ao estratosférico esquema de corrupção montado na Petrobras e outras empresas governamentais, esses ‘malfeitos’ não passam de meros roubos de galinha, realizados por trombadinhas.
     

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Há um escândalo no caminho

     Em 1960, eu ainda era um moleque que corria atrás de pipas e jogava 'peladas' e bola de gude na rua de terra batida e sem rede de esgotos onde morava, em Marechal Hermes. É claro que ainda não votava. Se votasse, teria perdido: o 'nosso' candidato era o marechal Henrique Teixeira Lott, derrotado pelo desequilibrado Jânio Quadros, o homem da 'vassoura', que renunciaria pouco depois de ter superado a 'espada', símbolo da campanha de Lott.
     A partir da redemocratização, foram sete eleições, das quais perdi cinco, incluindo essa última. Só venci com Fernando Henrique Cardoso, em quem votei duas vezes e votaria quantas vezes fosse necessário. Em todas, mesmo 'derrotado', consegui abrir coração e mente, pensando no país, como um todo. Pelo menos no início das administrações. 
     Não vou mudar, agora. Não consigo torcer contra, embora tenha a absoluta certeza de que as perspectivas são as piores possíveis, especialmente em função do tsunami que vem por aí, com a ampliação das investigações sobre os escândalos na Petrobras, Correios etc.
     O volume de denúncias contra os principais nomes do governo que acaba de se reeleger tende, segundo a maioria dos observadores, a paralisar o país nos próximos meses. Se o Mensalão do governo Lula provocou a crise institucional que quase derrubou o ex-presidente e jogou na cadeia seu primeiríssimo escalão, as denúncias do ex-diretor da Petrobras e do doleiro oficial do PT devem devastar a base da atual e próxima dirigente.
     Com um agravante: se o cliente do Bolsa Família, segundo Lula, pensa que dossiê é um "doce de batata doce" (vejam como ele é preconceituoso e reducionista), os cinquenta milhões de eleitores que optaram pelo candidato da oposição sabem exatamente o que significa o esquema de corrupção sobre o qual se assenta o projeto de poder que vige há doze anos.
     PS: Para ser exato. Eu já estava por aqui nas duas eleições anteriores à que consagrou Jânio, um sujeito que espalhava caspas  falsas no paletó e puxava sanduíches de mortadela do bolso, para se parecer com o 'povo' (qualquer semelhança com o maior demagogo da nossa história não é, como estamos vendo, coincidência). E, embora não soubesse, 'venci' ambas: em 1950, com a volta de Getúlio Vargas; em 1955, com Juscelino. Mas a primeira eleição que me marcou foi a de 1960. Lembro, até, que ganhei uma espadinha para pendurar na camisa.
     PS2: Para quem não lembra, ou não tem paciência para ir ao Google, Lott, 'embora' marechal (o posto foi suprimido da carreira militar, que acaba em general de exército), foi o candidato de uma coligação liderada pelo PTB de Jango, Brizola etc. Jânio era da UDN de Lacerda, Magalhães Pinto e outros. Ex-ministro do Exército, era um legalista e assegurou a continuidade do governo de Juscelino, ameaçado por duas insurreições (a mais grave foi a de Aragarças, envolvendo alguns oficiais da Aeronáutica). Naquela época, votava-se separadamente para presidente e para vice. Jânio ganhou, mas foi obrigado a carregar o vice do PTB, João Belchior Marques Goulart, que acabou assumindo o poder com renúncia do presidente, mas não resistiu ao golpe de 1964. Histórias ...