quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

As mortes anunciadas

     Entre as formas absolutamente estúpidas de morrer não tenho dúvidas em incluir os acidentes de trânsito. A cada feriadão, como o que estamos vivendo agora, nesse misto de Natal e Ano Novo, os números assustam e nos chocam, especialmente quando envolvem jovens e crianças.
     O mais grave de tudo é que em quase todos os acidentes, a causa é a mesma: imprudência do motorista. São ultrapassagens em locais proibidos, velocidade acima da permitida, desrespeito ao bom senso, que exige mais cuidado em pistas molhadas, e a arrogância infantil que caracteriza a maioria dos que sentam ao volante.
     Períodos de confraternização, de alegria, de elogio à vida são transformados em momentos de dor e tristeza para milhares de pessoas, num enredo que se repete inexoravelmente. Há, evidentemente, uma enorme falha na formação não apenas do motorista, mas do nosso cidadão, que se transforma quando na direção de um veículo.
     Normas simples, como respeitar as faixas de rolamento, são ignoradas. Um número cada vez maior de motoristas invade acostamentos, usa farois proibidos pela legislação (cegando os que vão à frente e os que vêm na direção contrária), força ultrapassagens, bebe.
     É bem verdade que as condições de muitas das nossas rodovias contribuem para essa catástrofe anunciada a cada festa. A sinalização é deficiente, sim, e a fiscalização insuficiente. Milhares de veículos vão para as ruas, quando deveriam estar recolhidos às garagens ou ferro-velho, em definitivo. Aposta-se na impunidade.
     Os bons resustados da Lei Seca, em especial no Rio de Janeiro, poderiam servir de estímulo à realização de campanhas nacionais de conscientização sobre a necessidade de adotarmos - como população - atitudes menos agressivas e mais responsáveis no trânsito.
     Não é possível que saibamos - e aceitemos passivamente, hoje, de antemão - que algumas centenas de pessoas irão morrer ou ficar gravemente feridas exatamente no primeiro dia de um novo ano.

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