quarta-feira, 30 de abril de 2014

Extrema estupidez

     Bastou o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, contrariar a companheirada, mais uma vez - ao determinar que o o corrupto mensaleiro José Genoíno vá cumprir sua pena na cadeia, e não em casa, como eles gostariam -, para que começassem a pipocar aqui e ali exemplos de racismo implícito, mal-disfarçados, posto que covardes.
     Essa gente que defende criminosos condenados pela nossa mais alta Corte (formada por 80% de magistrados indicados pela turma que está no poder há onze anos e quatro meses, não podemos esquecer!!!) não perdoa a independência de Barbosa. Sonhava com um negro 'bem-comportado' e agradecido ao senhorzinho e ao partido que o indicaram para o STF.
     É uma reação semelhante à do ex-presidente Lula, que não perdoa o ministro e sempre que pode ataca a Justiça, esquecendo-se da obrigatória postura de dignidade que se exige de pessoas que exerceram a presidência da República.
     A cegueira ideológica de um grupo teoricamente bem-formado e com acesso à informação é inacreditável. Em nada se difere da obtusidade do que se convencionou chamar de extrema direita. De tão afastados do senso comum mínimo, esses opostos se esbarram e se fundem em estupidez, numa promiscuidade que infelicita o País.

Nunca mais!

     Eu também sou daqueles que não conseguem entender como alguém tão despreparada como a presidente Dilma Rousseff conseguiu se eleger com tanta facilidade, e continua sendo a mais forte candidata nas eleições que se aproximam, capaz, ainda, de e eleger em primeiro turno, o que seria uma proeza.
     Não tenho dúvidas quanto ao seu desastroso mandato, marcado definitivamente por demissões de ministros por envolvimento em denúncias de corrupção (recorde absoluto na história republicana) e por esse assombroso caso da roubalheira na Petrobras, empresa que vem sendo devastada pelo aparelhamento político e pela utilização como financiadora ('indiretamente') de campanhas eleitorais.
     Mas estou cada vez mais convicto que nada seria pior para o país do que uma eventual volta de Lula, o grande responsável pelo atual período de trevas, pela dissolução de costumes, pela superficialidade no trato da coisa pública, pela exploração barata e demagógica das limitações culturais da maioria da população, pelos exemplos sistemáticos de desrespeito aos padrões mínimos de dignidade que são esperados de líderes nacionais.
     O ex-presidente, tomo a liberdade de repetir (e inferir...) o que já pontuei aqui, em outras ocasiões, é um caso patológico clássico. Suas - digamos ... - nuances, transformações, ditos e não ditos, mentiras e 'rementiras' apontam para a mais clara ausência de superego, observada com frequência em pessoas sem referenciais claros durante a infância, em especial.
     Lula mente, deturpa, recua e avança; diz e se contradiz em seguida; afirma em um momento o que negara segundos antes, para voltar a negar mais tarde, e assim sucessivamente. Não há limites para ele, aqueles limites que nos são impostos naturalmente pelo superego. As últimas declarações feitas em Portugal são apena e tão-somente o exemplo mais recente dessa ausência de consistência, desse vazio de coerência, dessa infinita capacidade de cruzar todas as barreiras.
     Ao negar, mais uma vez, o Mensalão - a maior agressão à nossa própria institucionalidade -, apenas recauchutou uma conversa fiada antiga. Ao despejar seu ódio contra a Justiça, apenas reforçou seu perfil totalitário. Mas ao negar, entretanto, que os principais condenados fosse pessoas de sua confiança, amigas, com as quais conviveu intimamente, exibiu sem disfarces sua face mais deplorável, seu caráter.
     Lula, por palavras e atos, é um entrave à superação das barreiras que nos limitam ao terreno da ignorância, ao campo da mediocridade comportamental. É o porta-voz da falácia, da redução dos valores, do nivelamento por baixo, da exaltação à falta de compromissos com a evolução não apenas material da Nação.
     Lula, nunca mais!


domingo, 27 de abril de 2014

Lula, 'esculpido em Carrara'

     Vou fugir um pouco ao formato dos textos que venho publicando ao longo desses últimos anos. Normalmente faço referência à origem das notícias que provocam meus comentários, avaliações. Nesse caso, optei por reproduzir o texto integral, do repórter Ricardo Chapola, de O Estado de São Paulo (a matéria também saiu na Veja, mas a revista é acusada de 'perseguir' essa gente que está no poder há 11 anos).
     É algo lastimável, inescrupuloso. Leiam, se tiverem tempo vejam o vídeo da televisão portuguesa e tentem não vomitar.

Lula diz que presos por envolvimento no mensalão não são de sua confiança
Em entrevista a uma rede de TV portuguesa, ex-presidente afirma que julgamento do caso no STF foi 80% político e 20% jurídico; entre os condenados estão Dirceu, Genoino e Delúbio
27 de abril de 2014 | 18h46
Ricardo Chapola - O Estado de S. Paulo
São Paulo - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em entrevista exibida neste domingo, 27, a uma TV portuguesa que o julgamento do processo do mensalão teve viés político e que os petistas presos por envolvimento no caso "não são de sua confiança".
Em novembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) decretou a prisão de três integrantes da cúpula petista por participação no esquema de compra de apoio político no Congresso no início do governo Lula, entre 2003 e 2005. Foram presos o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu; ao ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares; e ao ex-presidente nacional do partido, José Genoino.
"O mensalão teve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica. O que eu acho é que não houve mensalão", afirmou ele, em uma das poucas manifestações públicas que fez sobre o caso após o fim do julgamento.
Em seguida, Lula interrompeu a repórter, que começou uma pergunta sobre o fato de pessoas da confiança do ex-presidente terem sido presas.
"Não se trata de gente da minha confiança", disse Lula. E remendou: "Tem companheiro do PT preso. E eu também não vou ficar discutindo a decisão da Suprema Corte. O que eu acho é que essa história vai ser recontada"
Lula esteve em Portugal para participar da comemoração dos 40 anos da Revolução dos Cravos.

sábado, 26 de abril de 2014

Menoridade penal

     O tema é delicado, mexe com emoções, convicções, ideologias: a necessidade de que sejam revistos os conceitos da legislação penal relativa a menores infratores. Para mim, isso ficou ainda mais evidente ao acompanhar reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, sobre a prisão de um adolescente paulista que chefiava duas quadrilhas especializadas em assaltar bancos. Aos 17 anos, esse jovem já acumula uma penca de crimes, entre eles homicídios e uso de explosivo.
     Mesmo sob custódia, esse jovem criminoso não teve o menor constrangimento em ameaçar de morte os policiais responsáveis por sua prisão. Disse, com toda a tranquilidade, que vai matar um por um. Presumindo que ele vá ser tratado com a benevolência da Lei, podemos imaginar uma tragédia num futuro próximo (dois ou três anos, no máximo, até que seja restituído às ruas).
     Além do choque provocado pela promessa de vingança em si, todos os que acompanharam a reportagem  puderam ver cenas em que esse menor aparece trocando tiros com policiais, que o surpreenderam em meio a um assalto, armado com um fuzil.  A ameaça representada por esse adolescente é tão grande que até mesmo o delegado encarregado da sua 'apreensão' fez um apelo emocionado para que ele seja mantido sob custódia, vigiado de perto.
     Não tenho a menor dúvida em concordar com o policial em questão. Solto, esse jovem criminoso será um risco não apenas para a sociedade, mas para ele mesmo.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Sobre a história e constatações

     Um leitor do Blog alinhou algumas críticas e comentários aos meus últimos textos. Com educação e de modo respeitoso, ponderou sobre minha visão muito dura da realidade brasileira. Acha que tenho sido injusto com a presidente Dilma Rousseff, em especial, e com o PT, em geral. Cobrou o que poderia ser uma espécie de ingratidão, pois, segundo ele, a liberdade que tenho hoje de criticar duramente o Governo deve-se, em grande parte, à luta da atual presidente, ao combater a ditadura militar.
     Não é - infelizmente - o único a acreditar que Dilma Rousseff e seus companheiros de luta armada pugnavam pela democracia que nos havia sido subtraída em 31 de março de 1964. Essa é uma das interpretações equivocadas que conquistaram um espaço imerecido no imaginário de grande parte da população.
     O fato de terem confrontado a ditadura não confere a determinados grupos o direito de se apresentar como defensores da liberdade. Não é verdade. Num mundo dividido e à beira do conflito, houve, sim, a luta entre duas proposições extremadas, ambas claramente antidemocráticas.
     Assim como vivemos um período de trevas, principalmente entre a edição do Ato Institucional nº 5 (13 de dezembro de 1968) e as eleições de 1982, que apontaram para o fim do ciclo militar, não escaparíamos do arbítrio e da violação de direitos caso os vencedores do embate fossem outros. Por um motivo simples, quase sempre escamoteado: Dilma e outros militantes lutavam pela instalação de um governo à semelhança do cubano, de inspiração comunista. A democracia jamais esteve em cogitação, em ambos os lados.
     É evidente - e eu não seria simplório a ponto de ignorar essa realidade - que os desdobramentos do confronto armado foram fundamentais no processo de aceleração do fim do ciclo militar. O País que foi às ruas aplaudir a derrubada de João Goulart (e foi, em massa) disse não à tortura, à censura, ao atropelamento dos direitos humanos. E talvez tenha sido essa a única contribuição efetiva da luta armada ao processo de redemocratização. Uma ajuda indireta.
     Eram outros tempos, outra realidade, que precisam ser olhada com o máximo de distanciamento possível. O que não acontece, por exemplo, com os fatos recentes que envolvem o partido oficial, que detém o poder há onze anos e quatro meses. E é nesses fatos que tenho focado minhas críticas mais recentes. Para mim, é impossível deixar de apontar o dedo para o aparelhamento da máquina estatal; para o esbulho dos cofres públicos; para a dissolução moral que vitima as nossas instituições.
     Jamais, em momento algum da nossa história, vivemos uma sucessão de escândalos como os que vêm desabando sobre a nossa Nação. E em quase todos - as exceções apenas confirmam a regra - encontramos as digitais petistas. Não escrevo isso com prazer. Apenas não me furto a retratar uma realidade assustadora: a da enorme, abissal, corrupção que marca essa Era Lula. Não são teorias, suposições. São fatos, constatações.
     Ou o Mensalão do Governo Lula, o caso dos aloprados, os dólares na cueca, a promiscuidade com criminosos, o uso de ONGs de fachada, os meros desvios de verba e a devastação da Petrobras são factoides? Também não inventei os sete - isso mesmo, sete, não podemos esquecer!!! - ministros enxotados do atual governo. Assim como não posso ignorar que parte da cúpula petista está na cadeia, para onde irão outros militantes, não tenho dúvida. Talvez acompanhados por alguns que se dizem oposicionistas. Por que não? Lugar de bandido é na prisão.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Crime organizado

     Tenho reiterado aqui a convicção que me acompanha, pelo menos, há onze anos: os atuais detentores do poder central constituem uma quadrilha que não se acanha em assaltar os cofres públicos e a ofender a dignidade nacional, não necessariamente nessa ordem, em nome de um projeto de poder. Toda a cúpula petista esteve ou  está relacionada a alguma atividade criminosa, em maior ou menos escala. Seus maiores representantes responderam, respondem ou vão responder - inexoravelmente!!! - a algum processo.
     O único, de fato, a escapar incólume às denúncias foi o chefão de todos, o ex-presidente Lula, inacreditavelmente inimputável. Ministros, assessores, a ex-amante e diversos parceiros em iniquidades acabaram atingidos.  Os exemplos mais recentes estão aí, agora, infernizando a caminhada para a reeleição da presidente Dilma Rousseff, ela também uma 'sobrevivente' do escândalo do Mensalão e da venda de 'prestígio' protagonizada por Erenice Guerra, sua amiga e sucessora na na Casa Civil.
     Os nomes mais recententemente envolvido s em bandalheiras apenas consolidaram a minha desesperança em relação ao partido oficial. Além do notório ainda deputado federal André Vargas, começam a aparecer outros personagens da cúpula petista, como o ex-ministro Alexandre Padilha, candidato ao governo paulista, e alguns assemelhados ao detrator do ministro Joaquim Barbosa.
     Como de hábito,  todos negam tudo, mesmo o que não possível negar, como ligações telefônicas, troca de mensagens e encontros escusos. O comportamento deletério, alicerçado na certeza da impunidade que antecedia o resultado do julgamento do Mensalão do Governo Lula, está cobrando seu preço. A cada fim de semana, a cada edição dominical das revistas que o Governo tenta calar, mais degradante fica o panorama político brasileiro.
     Esse país, definitivamente, não é o País que eu imaginei.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Embuste petista

     O embuste continua. Petistas e afins insistem em denunciar o fato de o ex-ministro José Dirceu estar na cadeia, em tempo integral, como se ter direito ao regime semiaberto possibilitasse, obrigatoriamente, sua saída da prisão durante o dia, para trabalhar. Não é assim que a 'banda toca', e essa turma sabe disso.
     Regime semiaberto significa que o preso pode ocupar parte de seu dia trabalhando, sim, mas não necessariamente. E esse trabalho deveria ser feito em colônias penais, agrícolas ou não. Esse negócio de sair de manhã e passar o dia fingindo que está trabalhando em sedes de sindicatos ou empresas amigos é uma alternativa que surgiu com a falta de estrutura penal. Não há lugar disponível para todos.
     Além do mais, esse regalia precisa ser conquistada, com bom comportamento e respeito absoluto às normas prisionais, exatamente o que não vem sendo feito - de acordo com denúncias - pelo acusado de chefiar a quadrilha que assaltou os cofres públicos, no episódio do Mensalão do Governo Lula.
     Hoje, ficamos sabendo pelo Estadão, que a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, aquela que era apedrejada (com razão!!!) quando presidida pelo deputado Marco Feliciano, decidiu enviar um grupo de parlamentares para verificar as condições carcerárias dos presos da Papuda. Na verdade, a turma que dirige a Comissão atualmente - do PT - queria checar apenas a vida de Dirceu, que estaria deprimido.
     Segundo o autor do requerimento, um dos petistas de plantão na defesa dos mensaleiros, o grupo será abrangente. Para tanto, convidaram a deputada Luíza Erundina (PSB e ex-PT-SP, ex-ministra de Lula etc) para participar. Isso é que é isenção.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Escândalos intestinos

     Todos os escândalos- todos, literalmente!!! - dessa lastimável Era Lula foram criados, gerados, desenvolvidos, alimentados e exacerbados internamente, nos seus próprios intestinos entumescidos. Foi o que aconteceu no caso do assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André. Todas as denúncias envolvendo petistas e assemelhados partiram de dentro da família do morto, que romperam com o PT.
     O Mensalão do Governo Lula, o maior e inigualável assalto institucional aos cofres públicos, é outro exemplo emblemático de 'fogo amigo'. Tudo começou quando um íntimo comensal do Palácio, o ex-deputado Roberto Jéfferson, denunciou a pilantragem liderada - segundo ele - pelo ex-ministro José Dirceu, atual inquilino do presídio da Papuda.
     A divulgação da mais recente roubalheira, a da Petrobras, não saiu diretamente das hostes petistas, mas a repercussão deve ser creditada integralmente a uma parelha petista, que trocou acusações públicas, alimentando a discórdia e municiando essa nossa medíocre oposição.
     Hoje,  a tropa de choque (ou do cheque, dependendo da interpretação) petista criou um novo complicador na corrida eleitoral que continua sendo vencida pela presidente Dilma Rousseff, que vem sangrando diariamente. O grande protagonista desse novo episódio de dissolução moral é o até então incontestável deputado paranaense André Vargas, aquele mesmo que foi aplaudido de pé quando desrespeitou o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, ao repetir o gesto dos líderes do grupo de corruptos na chegada à cadeia.
     Flagrado em mais uma das incontáveis vigarices dessa turma que está no poder há 11 anos, André reagiu e decidiu enfrentar parte da cúpula do seu partido, que exige sua renúncia, para encerrar o caso e reduzir os prejuízos à candidatura de Dilma Rousseff. Expert em estelionato ideológico (foi o responsável pelas campanhas de descrédito dos meios de comunicação), ele sabe o mal que pode causar, e está apostando nisso para tentar reverter o que tudo indica será seu fim: cassação do mandato e possível prisão, mais tarde, por envolvimento nos casos também protagonizados por um doleiro amigo.
     Por trás de tudo, como sempre, a presença inefável do ex-presidente Lula, mentor de todos, que não desiste, jamais, de ser o verdadeiro chefe desse país.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Efeitos da Paixão

     Ao reconhecer, ao longe (não tão longe quanto eu gostaria, mas poderia ser pior ...) o som de uns tamborins e o rufar de alguns tambores, imaginei que ainda  estava sonhando. Afinal, era o amanhecer da Sexta-Feira Santa, feriado nacional (embora vivamos em um país regido por princípios laicos), dia que os cristãos, em tese, dedicam ao recolhimento, à reflexão.
     Na verdade, para ser sincero, o som que eu estava ouvindo - não era sonho - nada tinha a ver com samba. Pela estupidez dos 'versos' e da 'música', era um funk, ou algo semelhante. Talvez alguém 'comemorando' a morte de Jesus, praguejei, constatando o desvirtuamento do sentido do feriado, incorporado ao absurdo número de folguedos anuais que alimentam nossa fama de país bananeiro.
     Essas divagações matinais me levaram a uma passagem da minha pré-adolescência, que talvez já tenha tratado aqui, em algum momento: o dia em que eu não fui assistir à exibição da Paixão de Cristo, obrigatória até então.
     Não chegou a ser o rompimento definitivo com a Igreja. Ainda não ousaria tanto, aos treze anos. Apenas optei por um prosaico jogo de futebol com os amigos de subúrbio, quebrando uma tradição familiar que começara aos sete anos e que me levava inexoravelmente ao velho Cine Lux (o 'Bolinha', hoje sede  de uma igreja evangélica), na Praça Montese, em Marechal Hermes, em frente à mais bela estação ferroviária da Central do Brasil.
     Não foi uma decisão fácil. Foram, pelo menos, três dias de dúvidas, seguidos por outros tantos de consciência pesada, remorsos, arrependimento, superação. Já escolhera não fazer a primeira comunhão, como todos os demais meninos da minha época. A partir de então, embora mantendo um relacionamento respeitoso, fui me afastando progressivamente da Igreja. Aquela tarde foi uma espécie de marco.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Se gritar ...

     A prevalecer o ritmo atual de denúncias, temo (apenas retoricamente) que, em breve tempo, não tenhamos representantes do primeiro escalão em atividade. Isso, apesar de contabilizarmos inacreditáveis 39 ministérios e uma centena de diretorias capazes de cavar poços de dinheiro para a companheirada.
     A última 'vítima'  foi esse assessor do Ministério da Previdência, que embolsou módicos R$ 20 mil de uma empresa de fachada do doleiro oficial de poderosos de plantão, preso pela Polícia Federal por protagonizar mais um dos incontáveis escândalos dessa lastimável Era Lula. Como aconteceu em todos os - digamos ... - 'incidentes anteriores' (não podemos esquecer dos sete ministros demitidos no primeiro ano do Governo Dilma), o mais recente demitido disse que sai da vida pública e cai na privada para ter mais liberdade para se defender.  
     O valor relativamente pequeno do serviço prestado - se comparado às fábulas de dinheiro roubado do Banco do Brasil (Mensalão) e da Petrobras - me remeteu à propina recebida pelo ex-presidente da Câmara, o petista e prisioneiro João Paulo Cunha: módicos R$ 50 mil retirados, pela mulher, diretamente no caixa de uma agência bancária em Brasília.
     Também lembrei das 'palestras' jamais proferidas pelo ex-ministro Fernando Pimentel, logo após deixar a prefeitura de Belo Horizonte e pouco antes de assumir a coordenação da campanha da presidente Dilma Rousseff. Pimentel, na ocasião, recebeu quase R$ 2 milhões de empresários mineiros.
     Todos - ex-ministros, diretores (lembram do senhor Luís Antônio Pagot, do Dnit?) e assessores em geral - jamais voltaram a tocar no assunto. Algo plenamente justificável. Afinal, se o ex-presidente Lula 'esqueceu' a promessa de contar tudo sobre o julgamento do Mensalão de seu governo e não abre a boca para explicar seu (dele, Lula) caso com a ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo,  como exigir comportamento diferente dessa gente?

quarta-feira, 16 de abril de 2014

O preço da dissolução moral

     Afinal, as tais cláusulas do contrato de compra da refinaria de Pasadena (aquela 'roubada' que custou uma fábula à Petrobras) são importantes, ou não? Nestor Ceveró, o ex-diretor que recomendou a negociata, garantiu, mais uma vez, em depoimento no Senado, que a turma da área sempre soube de tudo, que não seria preciso detalhar as condições no parecer que redigiu.
     Reconheceu, no entanto, que elas - as  normas - não estavam explícitas, o que, de alguma maneira, dá uma 'forcinha' à presidente Dilma Rousseff, liberada para entoar a cantilena do "eu não sabia", integrada definitivamente ao 'modus operandi' do seu partido, em geral, e do seu mentor, em especial.
     É evidente que essas versões não se sustentam ao mesmo tempo. Os 'dois lados' não podem ser absolvidos, pois se repelem inexoravelmente. Olhando-se a questão com um mínimo de rigor, é impossível deixar de concluir pela culpabilidade ampla e irrestrita, na melhor das hipóteses, por omissão.
     A bandalheira introduzida pelo aparelhamento criminoso da Petrobras está cobrando seu preço, assim como o País, como um todo, está sofrendo os efeitos dessa lastimável era de indignidades, exacerbada há pouco mais de onze anos. Nossas instituições foram contaminadas pela volúpia com que os atuais donatários do Brasil se atiraram no poder, especialmente nas vantagens oferecidas pela promiscuidade nas relações entre o público e o privado.
     Em nome de uma vaga ideologia - se é que podemos chamar o que vem sendo praticado por aqui de ideologia -, quebraram-se todas as barreiras entre o lícito e o ilícito. A tal ponto que existe, hoje, em em parte considerável dos nossos ' formadores de opinião', a convicção de que os fins - a montagem e preservação do atual esquema de poder - justificariam os meios usados.
     Assim, o Mensalão, os 'aloprados', os transportadores de dinheiro na cueca, os corruptos, os aditivos em todos os contratos, as comissões e o loteamento da estrutura de governo são ignorados e, não raro, desculpados. A dissolução moral gerou a quebra da estabilidade nas relações entre os poderes e a população. O país caminha para uma crise de identidade. O exemplo mais recente foi registrado na Bahia.        Sem a presença ostensiva da polícia nas ruas - a PM está em greve -, foram registrados inúmeros casos de desordem, saques, assaltos e invasões.
     Esse não é o país que desejamos.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Sobre bons e maus negócios

     Vamos a mais um exemplo do que eu chamo de 'estelionato retórico', obrado, dessa vez, pela presidente da Petrobras, Graça Foster, nas 'explicações' que deu ao Senado sobre os últimos fatos político-criminais registrados na nossa empresa mais importante:
     - Hoje, olhando aqueles dados, não foi um bom negócio. Isso é inquestionável do ponto de vista contábil. Mesmo que margens voltem a valores mais altos, a Petrobras hoje tem outras prioridades", tergiversou a substituta de Sérgio Gabrielli, o professor petista cuja candidatura ao governo baiano pode ter naufragado sob o peso dos escândalos protagonizados, em especial, sob sua gestão.
     Eu diria, Dona Graça, que depende. Do ponto de vista brasileiro, foi um desastre completo, não há a menor dúvida. Por mais contas de chegar que a companheirada tente executar, é impossível justificar o pagamento de quase US$ 1,2 bilhão por uma refinaria que custou algumas dezenas de milhões de dólares. Os números não vão fechar, jamais.
     Mas, se mirarmos a pilantragem sob a ótica dos intermediários (oficiais e/ou não), foi um grandíssimo negócio, responsável por gerar comissões capazes de garantir a 'independência' de uma turma bem grande.

O nome ideal

     Eu, se pertencesse ao politburo petista, não teria a menor dúvida quanto ao substituto ideal do ainda deputado federal André Vargas na vice-presidência da Câmara.  Entre o paulista Paulo Teixeira, de quem nunca ouvi falar (mas imagino quem seja) e o cearense José Guimarães (que sei quem é ...), ficaria, sem pensar muito, com o último, um legítimo representante do partido, dono de um histórico que o credencia, com sobras, para o cargo.
     Irmão do ex-deputado e atual condenado José Genoíno, Guimarães era o chefe direto do assessor petista que foi flagrado, em aeroporto de São Paulo, em 2005, com milhares de dólares escondidos na cueca. Como nos lembra uma simples consulta aos arquivos dos nossos jornais e revistas, destaque para Veja, o Ministério Público tinha certeza que a dinheirama fazia parte de propina que o vibrante cearense iria receber por intermediar uma negociata entre um empresa de de energia e o Banco  do Nordeste do Brasil.
     Não é preciso, sequer, ir mais fundo nas investigações sobre os dotes do irmão menos famoso de Genoíno. Mas não consigo resistir à compulsão de reproduzir, abaixo, um pequeno trecho da matéria sobre o candidato à vice-presidência da Câmara:
     "Em novembro do mesmo ano, o relatório de inteligência da Operação Águas Claras, articulada pela Polícia Civil em parceria com o Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), citou-o na investigação sobre empresários acusados de corrupção e fraudes em licitações de prestadoras de serviço a companhias de água e esgoto de municípios de quatro estados, inclusive o Ceará. O nome do deputado apareceu em gravações interceptadas pela polícia, o apelido “capitão cueca” também era usado". 
     Mais um caso de a pessoa certa no lugar exato. Não podemos esquecer que André Vargas está levando um chute no traseiro por evidentes vigarices que envolvem muito dinheiro, capaz de garantir sua "independência".

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Estelionato retórico

     Nossa presidente, incapaz de articular meia dúzia de frases que façam sentido entre si, mostrou-se uma aluna aplicada dos marqueteiros de plantão em Brasília, hoje, ao transformar o lançamento de um navio (algo corriqueiro em países razoavelmente relevantes no mundo) em um palanque eleitoreiro e - não poderia ser diferente!!!- demagógico.
     Agindo se não tivesse nada com o assunto, acusou seus 'opositores' de estarem destruindo a imagem da Petrobras, como se eles - os opositores -, e não seus correligionários e parceiros, fossem os responsáveis pela roubalheira que envergonha o país e devasta nossa principal empresa. Segundo ela, e O Globo reproduziu, "como presidenta", vai defender a empresa com todas as forças.
     Poderia começar essa luta - tomo a liberdade de sugerir -, recolhendo sua tropa de choque (desfalcada do ainda deputado federal André Vargas, aquele que estava fazendo a "independência" ao lado de um notório criminoso) e apoiando a CPI que está sendo pretendida pela parcela mais decente do Senado justamente para investigar a bandalheira companheira.
     Bandalheira, 'presidenta" (ela insiste em se chamar assim), que é a grande responsável pela destruição da imagem da nossa maior empresa. E, cara 'presidenta', não são ações individuais e/ou pontuais, como a senhora tentou nos impingir. São atos coordenados, de uma verdadeira quadrilha que assaltou a empresa a partir da vitória petista nas eleições presidenciais.
     A Petrobras, graças ao banditismo gerado pelo aparelhamento, transformou-se em uma arma que o governo passou a usar para comprar apoios e distribuir benesses. O resto é puro estelionato retórico, vigarice destinada a desviar o foco da indignação nacional. Num passado não muito distante, o chefão dos chefes do Mensalão disse que foi "traído". Pouco depois, chamou de "aloprados" aqueles que foram flagrados com as mãos enfiadas no lixo dos dossiês falsos contra adversários.
     Dilma Rousseff, de maneira idêntica, tenta, com esse discurso de beira de cais, nada mais do que reduzir o impacto de mais um escândalo na sua escalada para o segundo mandato.

sábado, 12 de abril de 2014

O silêncio dos culpados

     Vocês têm visto ou ouvido a presidente Dilma Rousseff por aí? Eu não. Desde que a roubalheira na Petrobras passou a dominar o noticiário político-criminal do país, nossa gerente desapareceu de cena, como se estivesse tentando dizer que não tem nada com isso, apesar de ter sido ministra das Minas e Energia, da Casa Civil e presidente do Conselho da empresa. Repete, por omissão, o comportamento de seu mentor, o ex-presidente Lula, que foge sempre que é flagrado em alguma situação comprometedora, contando com a falta de memória da população.
     Dona Graça Foster, a presidente da empresa que mais perdeu valor no mundo que interessa, também está quieta, acuada em seu gabinete. A promessa de apurar tudo, "doa a quem doer", ficou no mundo da retórica. De fato, todos - Governo e Petrobras - estão fazendo o possível para abafar o escândalo, evitar investigações. Esse comportamento me dá o direito de especular: estão ganhando tempo para negociar o silêncio dos diretores envolvidos na bandalheira, em especial Paulo Roberto Costa, que está preso e - ao que sugere o noticiário - disposto a falar o que sabe.
     Não acredito que fale. Assim como o publicitário Marcos Valério não falou. Assim como o estafeta do PT, o bovino Delúbio Soares, ficou calado e assumiu toda a 'responsabilidade' pelo que a companheirada chamava de 'caixa 2', um crimezinho menor, na visão desse ... grupo (não posso mais chamar de quadrilha, ou bando, já que os chefões foram absolvidos desse crime) que dirige o país há onze anos.
     A relativa 'sorte' dese país é a razoável independência dos agentes da Polícia Federal, que não recuam nem mesmo quando seu trabalho é claramente esvaziado, como agora, mais uma vez, pelo Ministério da Justiça. Pois se depender do Executivo ou do Legislativo, dominados pela parceria entre PT e PMDB, jamais chegaremos ao fundo das investigações.
     E cabe reconhecer, novamente, o papel decisivo da imprensa, que - de uma maneira ou outra, aos trancos, pressionada, chantageada - vem enfrentando o desafio de exibir a face deletéria dos nossos governantes. Não por acaso, ela, a imprensa, é uma das instituições mais respeitadas pela população, para horror dessa gente que jamais desistiu de reeditar a censura, seguindo os passos de meros ditadores - como os cubanos, chineses e coreanos do norte - ou aprendizes baratos, como o venezuelano Nicolás Maduro e a argentina Cristina Kirchener.

Um rio de desilusões

     Um antigo e dileto amigo, em um daqueles dias em que a roubalheira, a demagogia e o populismo mais barato predominavam no noticiário, me revelou que estava pensando, seriamente, em sair do país, mudar para a Europa, para uma cidade média de Portugal, por exemplo. Confessei a ele que a ideia também me atraía, mas que seria absolutamente impossível, para a realidade de jornalista aposentado formalmente, mas ainda em atividade compulsória.
     No máximo, com alguma sorte, teria condições de trocar o Brasil por uma cidade do interior de São Paulo. Americana, São José do Rio Preto ou semelhante. O problema estaria na possibilidade de me ver governado por um prefeito petista, algo ainda impossível em nações mais decentes.
Do Rio, cidade onde nasci e me criei, sairia ontem, por motivos bem mais prosaicos do que os existenciais, provocados pelas artes políticas.  A cada dia, a vida na nossa cidade fica mais difícil, complexa, suja, demorada. Não há horário nem roteiro livres do caos no trânsito, nos meios de transporte público. A violência está tão enraizada que estatísticas iraquianas já não nos comovem.
     A desordem urbana chegou a tal ponto que não é mais possível, ao carioca ou ao visitante, explorar a beleza e o aconchego de áreas inacreditavelmente belas, como o modesto Campo de Santana, o Passeio Público, Cinelândia, Aterro. Ir ao MAM, um dos orgulhos dessa cidade, transformou-se em desafio quase intransponível. Assaltantes e/ou drogados misturam-se a simples desassistidos e aterrorizam quem ousa atravessar a passarela sobre as pistas de automóveis.
     As imediações da Central do Brasil são um território livre para bandidos de todas as idades. A suburbana Praça Saenz Peña virou um quintal para trombadinhas ciclistas. As praças públicas fedem a urina e excremento. Nas ruas, a qualquer momento, podemos estar cercados por 'manifestantes' que decidem incendiar veículos públicos e privados. Passear na orla da Lagoa exige atenção constante. Assaltantes pulam das copas das árvores sobre incautos passantes.
     Restariam as praias, mais amplas e inegavelmente belas. Se não existissem arrastões, ocupação ilegal da faixa de areia e a catastrófica poluição das águas. Quem se dá ao trabalho de ler aquele quadrinho publicado no Globo, por exemplo, vai verificar que nossas praias da Zona Sul, São Conrado e parte da Barra, tão decantadas, ficam impróprias para o banho durante 80% do ano. É isso mesmo: na maior parte do tempo, cariocas e turistas mergulham em ondas de esgoto.
     E esse amigo querido sequer mora no Rio, onde também nasceu e viveu a maior parte da vida.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Um discurso vigarista

     O chefe dos chefes dos ladrões que assaltaram e continuam assaltando os cofres públicos - o ex-presidente Lula, é claro!!! - deu nova demonstração, ontem à noite, durante evento da campanha antecipada e ilegal de Alexandre Padilha ao governo paulista, da sua enorme, abissal indignidade retórica. Acuado pelos escândalos que provocaram a prisão de 'queridos companheiros', berrou que  a corrupção não aparecia antes, nos governos que o precederam, porque era "empurrada para baixo do tapete".
     Omitiu, no entanto, sua responsabilidade, pois teve oito anos para investigar (como prometeu que faria!) e nada descobriu. Inadvertidamente, entretanto, reconheceu a existência de ladroagem, quando lamentou que a corrupção "para nós, aparece". Certamente ele gostaria que sua turma continuasse roubando às escondidas, como tentou no caso do Mensalão, dos 'aloprados', dos dólares na cueca do assessor do irmão de José Genoíno. E continua tentando, ao arrombar as contas da Petrobras, aparelhada pelo petismo.
     É inacreditável que um sujeito que manobra nos bastidores, de forma contundente, para abafar todos os inúmeros escândalos que vêm marcando esses últimos onze anos, não tenha escrúpulos em abordar a criminalidade institucional. Sem falar no seu vergonhoso silêncio sobre questões que poderiam ser privadas, mas que se tornaram públicas, pois financiadas pelo dinheiro dos contribuintes.

Um dano irreversível

     Vou insistir em uma tese que venho defendendo há alguns anos: o mal que o PT e seu  estelionato ideológico causaram e continuam causando ao País é irreversível. Não consigo enxergar soluções nem mesmo a longo prazo. Voltado unicamente para o projeto de poder, o PT estimulou e coonestou, por palavras o atos, o atropelo da lei, o desrespeito aos preceitos democráticos.
     Ao longo dos governos anteriores a essa lastimável Era Lula, todos os procedimentos inadmissíveis em um país digno foram exaltados. Invasões, agressões, ataques - físicos, inclusive!!! - a instituições e pessoas, demonização das forças de segurança. Valia tudo para construir o caminho necessário à ocupação do poder. A cadeia de respeito institucional foi quebrada. Tudo era permitido para provocar o caos necessário à vitória nas urnas.
     Moído pela inconsistência das retórica e prática demagógicas e populistas, o esquema de poder virou refém da baderna, do caos, incapaz de reagir, impedido pelas barreiras que ele mesmo construiu. Como dizer a um infeliz que não tem onde morar que não pode invadir uma área particular, se estimulou a desordem por mais de uma década? Como impor a ordem, se vibrava quando desajustados destruíam agências bancárias e davam pontapés em empresários que participavam dos programas de privatização?
     A opção pela demagogia insustentável gerou um monstro de dimensões imprevisíveis. Covarde e criminoso, o projeto de poder vê-se engolfado por ondas de desrespeito aos princípios básicos de civilidade. E não sabe como enfrentá-las sem que exponha, ainda mais fortemente, o vazio de suas pregações. Afinal, como estabelecer, com um mínimo de decência intelectual (seria esperar muito dessa gente liderada por Lula, Dirceu, André Vargas, Dilma Rousseff etc), diferenças entre destruir décadas de pesquisa agropecuária e incendiar ônibus ou agências de automóveis?
     Não há saída para essa encruzilhada petista. O país foi levado para a barbárie por vigaristas que conscientemente exploravam a ignorância da população olhando apenas para o resultado das urnas. O arcabouço institucional sobre o qual se constrói uma Nação está abalado na sua essência. É impossível exigir decência quando os exemplos de canalhice explodem diariamente, há longos onze anos.
     É esse o país que essa estúpida equipe de governantes está legando às próximas gerações. Um país sufocado pelo caos, pela desordem urbana, pela tensão no campo. Um país à semelhança dos que o infelicitam, a partir dos palácios.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Canalhice retórica

     A canalhice - não encontro outro termo mais adequado - do PT e de seus dirigentes não tem limites. Envolvidos - partido  e próceres - em mais um escândalo, de uma lista interminável e asquerosa, ousam desafiar novamente a dignidade nacional, oficialmente, com uma desfaçatez que deve estar enchendo de orgulho seu líder máximo, o ex-presidente Lula, aquele que nunca sabe de nada e sempre é traído.
     Vejamos. O deputado federal paulista Rui Falcão, o ínclito presidente do partido que abriga em suas hostes o notável deputado licenciado André Vargas, o amigo do peito de um doleiro preso, não teve um mínimo de vergonha em afirmar, segundo nos conta O Globo, que os "fatos noticiados, por si só, não incriminam ninguém".  É isso mesmo. Essa personagem deletéria da política nacional garante que usar jatinho de bandido e acertar recolhimento de propina são algo como fatos normais da vida. Só se for da vida dessa gente.
     Paralelamente a mais essa demonstração de desprezo pela decência, surge  uma nota oficial do PT, relativa à bandalheira que vem sendo exposta na administração da Petrobras, responsável pela derrocada da nossa principal empresa, aparelhada e devastada nesses onze anos da Era Lula.
     Ao fim de uma sequência de frases grotescas, impensáveis em pessoas ou entidades com uma dose razoável de respeito ao próximo, a nota petista acena com essa pérola da iniquidade retórica: "Quem agride a Petrobras, agride o Brasil". É inacreditável. Essa gente espolia a empresa, faz conchavos e os 'agressores' são os que denunciam, ficam indignados, cobram providências.
     Embora enojado, não posso dizer que estranho ou me surpreendo. Essa postura acintosa em sido a tônica do discurso petista ao longo dos últimos anos. Flagrado recorrentemente com as duas mãos nos cofres públicos ou com dólares escorrendo de cuecas militantes (através de seus dirigentes quase máximos), o PT acusa a Justiça e/ou seus agentes.
     Seria preciso uma nova Papuda para receber tantos dignos merecedores de cadeia.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

'Empate técnico'

     A política de Minas Gerais nos presenteia com mais um 'prestador de serviços' que jamais foram feitos, mas que renderam um suculento pagamento. Depois da pilantragem do ex-prefeito de Belo Horizonte e ministro de Dilma Rousseff, o petista Fernando Pimentel, que arrecadou quase R$ 2 milhões por palestras que nunca proferiu, é a vez de um destaque do PSDB, o ex-ministro Pimenta da Veiga, surgir nas manchetes como beneficiário de uma dinheirama - R$ 300 mil - de origem no mínimo duvidosa.
     A Polícia Federal, segundo O Globo, garante que esse dinheiro faz parte do pacote de desatinos gerado no escândalo mineiro que precedeu o Mensalão do Governo Lula, tendo como gestor o publicitário Marcos Valério. O ex-ministro e candidato a candidato a governador garante- como todos os que são flagrados em situações semelhantes - que o dinheiro é limpo, referente a serviços prestados.  A mesma conversa.
     Com essa descoberta, o panorama eleitoral em Minas entra numa espécie de 'empate técnico': os dois principais candidatos ao governo são acusados de receber pelo que não fizeram, mas que poderiam fazer ou - na pior das hipóteses - fizeram em algum momento. No caso de Pimenta da Veiga, a situação pode ser ainda mais explosiva, pela ligação com o esquema do Mensalão, através do mesmo gestor.
     Para a candidatura do senador Aécio Neves à presidência, então, essa denúncia é demolidora, pois afeta diretamente um dos pilares da mensagem oposicionista, justamente em Minas Gerais: o combate à corrupção, talvez a maior característica dessa lastimável Era Lula que se instalou no País há 11 anos.
Pobre Brasil!

terça-feira, 8 de abril de 2014

A 'entrevista' do foragido

     Foragido da imprensa livre e independente há alguns anos, o ex-presidente Lula voltou a protagonizar uma entrevista coletiva. Mas ao estilo PT, é claro. Ele falou o que quis, no lugar que escolheu e a pessoas selecionadas, os tais blogueiros que o governo sustenta, irrigando suas contas bancárias com o dinheiro público. Aliás, usar o dinheiro da Nação  em benefício próprio vem sendo uma das maiores características dessa lastimável e corrupta era que avança para o décimo segundo ano consecutivo.
     Com a desfaçatez que marca suas atuações, o chefe dos chefes do Mensalão - aquele que garantiu que iria fazer revelações detalhadas assim que o julgamento terminasse, mas ficou calado - usou a turma de aluguel para defender os responsáveis pela roubalheira na Petrobras e conclamou seus seguidores a denunciar as "mentiras" que estariam sendo espalhadas pela tal mídia que essa gente detesta.
    Suas 'declarações' foram imediatamente repercutidas pelo pessoal que vive do dinheiro público. E só as declarações, pois nesse tipo de  'entrevista', não há perguntas, só sabujismo, colunas arqueadas, extremidades balançando. Ou alguém imagina que Lula pode ser entrevistado sem que seja intimado a responder, por exemplo, se era, mesmo, alcaguete do Dops, uma espécie de 'Cabo Anselmo do ABC', como afirma seu ex-secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior.
     Algum jornalista que mereça esse título pode deixar de questionar o ex-presidente sobre seu relacionamento (pago com os nosos impostos!!!) com a senhora Rosemary Nóvoa, ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo? É óbvio que não. É por isso que o mais medíocre e ignorante presidente que esse país já teve, em todos os tempos, só manda recados, fugindo a qualquer contato livre com jornalistas.
     

sábado, 5 de abril de 2014

República de criminosos

     Vivemos em uma república liderada por criminosos, simples ladrões e/ou sofisticados golpistas. Os escândalos repetem-se lastimavelmente há onze anos, com destaque absoluto para os mais renomados representantes do partido dominante, o PT. O envolvimento do ainda deputado federal petista André Vargas (é o atual primeiro vice-presidente da Câmara!!!!!), em mais uma da extensa lista de falcatruas dessa lastimável 'Era Lula' apenas expõe, de maneira insofismável, o grau de degradação de uma agremiação que chegou a se anunciar como detentora da virtude.
     Não há menor pudor. A dignidade passa longe dessa malta de mensaleiros, aloprados, 'cuequeiros' e meros punguistas que se justificam com fantasias ideológicas, no maior e mais canalha estelionato político da nossa história. Os últimos anos foram decisivos para demonstrar o vazio de ideias e o acúmulo de práticas criminosas e vagabundas do grupo que assaltou o poder.
     Todos - literalmente todos!!! - os nomes de maior destaque da administração petista - partidária e institucional - estiveram ou estão envolvidos em atos desabonadores. De José Dirceu a Delúbio Soares; de José Genoíno a André Vargas; de Antônio Palocci a João Paulo Cunha; de Erenice Guerra a Rosemary Nóvoa; do risível Qua-Quá a Fernando Pimentel. De uma maneira ou outra, esses exemplos da pujança petista trafegaram pelo noticiário policial travestido de político.
     Alguns escaparam, assim como o ex-presidente Lula, que emergiu do esgoto mensaleiro; e sua sucessora, Dilma Rousseff, que consegue pairar acima de todos os 'malfeitos' acumulados no seu tempo de ministério (foi poderosíssima!!!) e que a perseguem bem de perto atualmente. Outros não tiveram a mesma sorte e estão trancafiados. Outros ainda o serão, posso apostar.
     Os desdobramentos das recentes operações da Polícia Federal e das denúncias envolvendo os assaltos na Petrobras estão caminhando celeremente para expor, mais uma vez, a dimensão do esquema de desvio de dinheiro público para bolsos particulares e cofres partidários. O exemplo do Mensalão, ao que parece, não sensibilizou a companheirada. Talvez pels soma de dois fatos: a demora do julgamento e a certeza de impunidade, não necessariamente nessa ordem.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Livre para 'viajar'

     Está em todos os jornais, destaque para O Globo: a Secretaria da Câmara rejeitou o pedido de investigação do 'relacionamento' do ainda deputado petista paranaense, André Vargas, com um doleiro envolvido em falcatruas históricas e que acaba de ser preso pela Polícia Federal. Além de ter viajado de graça, com a família, nas férias, em um jatinho fretado pelo doleiro amigo, o indigitado petista teve diversas conversas gravadas pela polícia.
     Um parecer da Câmara afirma que o requerimento, assinado pelo PSOL, não se sustenta, por não evidenciar a conduta reprovável do parlamentar, aquele mesmo que agredida a Justiça, ao repetir o gesto dos então bandoleiros petistas (eles festejam o fato de que, agora, são 'apenas' corruptos etc) - braço erguido e punho fechado - para provocar o ministro Joaquim Barbosa, que sentara ao seu lado na solenidade de reabertura dos trabalhos do Congresso.
     É inacreditável. Um deputado é flagrado em atos deploráveis, mente, inventa versões e continua no posto, impávido, liderando a tropa de choque do partido que está no poder, assumindo as tarefas que exigem mais falta de escrúpulos, como a mobiliação para evitar a apuração da roubalheira na Petrobras. Nada acontece.
     E essa gente tem coragem de lamentar e rebater a enorme rejeição, o desprezo da parcela decente da população.

A cara do poder

     O ainda deputado federal André Vargas, do PT paranaense, é a cara do atual esquema de poder brasileiro: debochado, bovino, desrespeitoso, mentiroso, envolvido pessoalmente com criminosos. Flagrado pela Polícia Federal ao usar, nas farras das últimas férias familiares, um jatinho pago por um doleiro envolvido em uma dúzia de  escândalos e que está preso, seguiu o exemplo de seus chefes partidários e disse que não sabia das atividades absolutamente públicas do 'velho amigo'.
    Só ele não sabia que o mecenas amigo era um contraventor. Assim como Lula não sabia que José Dirceu, seu ministro e homem de confiança, chefiava um grupo (não pode mais ser chamado de quadrilha, graças a um 'time' de ministros escolhidos a dedo pelo PT) que assaltava o Pais, a partir da sala ao lado da sua, em Brasília.  Da mesma forma que a presidente Dilma Rousseff assinou, sem ler, a compra da tal refinaria de Pasadena, responsável por uma das mais recentes vigarices oficiais.
     Podemos acrescentar, a essa lista de 'inocentes', sem necessidade de muito esforço de memória (ou consulta ao Google), o ministro Aloísio Mercadante, que não sabia que seus assessores diretos - os 'aloprados' - estavam comprando dossiês falsos contra adversários; o deputado federal cearense José Guimarães, ex-líder do PT e irmão do prisioneiro José Genoíno, que não tinha ideia de onde surgiram os dólares na cueca descobertas na cueca de um assessor especial; e a ministra Ideli Salvati, que também ignorava os limites de atuação do ministério da Pesca, que chegou a pilotar, e desandou a comprar lanchas que jamais saíram dos estaleiros. Por acaso, o fornecedor das embarcações era um patrocinador do PT.
A desfaçatez de grupo dominante, em especial, mas não apenas, não tem limites.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

'Doa a quem doer'

     Sou absolutamente contrário às doações de campanha feitas por empresas, que acabam de começar a ser soterradas pelo Supremo Tribunal Federal. Essa prática deletéria certamente está por trás de grande parte das pilantragens que marcam o cotidiano político brasileiro. É evidente que a empreiteira que abre os cofres para partidos e candidatos está contando com um agradecimento normalmente consistente, volumoso e quase sempre indecoroso.
     Os escândalos que marcaram especialmente esses últimos onze anos de reinado petista são o exemplo indiscutível de que o sistema eleitoral brasileira precisa de proteção, de uma rede que o coloque a salvo da ganância de empresários sem coloração política e de políticos desprovidos de dignidade.
     Se, de algum modo, conseguirmos colocar um muro entre eles - ao menos nessa promíscua relação -, haverá um ganho para a democracia e menos prejuízos para os cofres públicos, que ficarão menos suscetíveis às cobranças pelos 'favores eleitorais'. Embora gasto pelo uso, continua prevalecendo a antiga máxima de que não há almoço gratuito.
     No caso brasileiro, a conta da ladroagem é sempre paga pelo país.

      PS: Um adendo: não me sensibiliza, contrariamente, o fato de essa restrição vir a favorecer o PT, caso prevaleça, o financiamento público de campanha, que privilegia as maiores bancadas (leia-se PT e PMDB). PSDB e os demais 'oposicionistas' que lutem para aumentar suas representações, denunciando, de fato, as pilantragens dessa gente que está no poder há onze anos.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Omissão criminosa

     A historicamente bem-sucedida diplomacia brasileira nunca passou por um momento tão lastimável quanto nesses onze anos da era de trevas iniciada no primeiro governo Lula. Ministros desprovidos de brilho próprio submeteram a Casa de Rio Branco a situações de vexame, alinhando-se, sempre, ao que havia de pior no mundo.
     Incapaz de se fazer respeitar sequer  América Latina, nosso país amargou, calado, agressões da Argentina, Venezuela e Bolívia, que se apossaram de patrimônios brasileiros, sem que houvesse uma reação minimamente digna. Ao contrário. Em nome de uma absolutamente discutível solidariedade, o Governo abriu mãos de riquezas que não lhe pertenciam, e sim à sociedade.
     Não satisfeito com a própria pusilanimidade frente aos arroubos 'bolivarianos', o país adotou uma postura política indefensável, solidarizando-se com governos arbitrários, ditatoriais, violentos e - como no caso venezuelano, em especial - assassinos.
     O caso mais emblemático desse desvio de caráter ocorre no apoio ao arremedo de ditadura que devasta a Venezuela e já provocou quase cinco dezenas de mortos. O avanço desse sofrível e estúpido presidente venezuelano, Nicolás Maduro, sobre a liberdade é assustador, mas não sensibiliza nossos governantes.
     Ao contrário. Alegando uma posição de neutralidade face a acontecimentos em nações soberanas, estimula e coonesta o arbítrio, a perseguição a adversários políticos, o cerceamento da liberdade de imprensa, a intimidação, a barbárie das milícias patrocinadas pelo poder central e treinadas por agentes cubanos que operam em solo venezuelano.
     Como afirmou à Veja a deputada MarÍa Corina Machado, da oposição venezuelana e que está no Brasil a convite da Câmara,  "o tempo para a indiferença já passou", referido-se à omissão do governo brasileiro face à violência no combate aos protestos no seu país. Para ela, que foi cassada por ordem do Governo, "na Venezuela, não há democracia; há um regime que atua como uma ditadura", o que exigiria uma posição  firme do Brasil.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Um 'viajante' qualificado

     Segundo O Globo, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, vai realizar um périplo pelas 12 cidades-sedes da Copa do Mundo, em mais uma tentativa de "desmobilizar os movimentos contrários ao evento e acertar problemas nos preparativos identificados pelo Palácio do Planalto".
     Certamente não seria possível encontrar um viajante mais qualificado. Sempre que possível - e essa é mais uma chance -, relembro uma antiga história que ainda persegue o atual enviado oficial do Governo, contado formalmente pelos irmãos do prefeito petista Celso Daniel,  de Santo André, assassinado em 2002, quando resolveu denunciar um esquema de extorsão de empresas de ônibus de cidades do interior paulista..
     De acordo com as denúncias, que constam do processo que ainda se debruça sobre o crime, cabia justamente a Gilberto Carvalho recolher a propina, que levava para a capital a bordo de seu Fusca amarelo.      Esse dinheiro, ainda segundo informações constantes do processo, ajudou a irrigar a primeira campanha vitoriosa do ex-presidente Lula.
     Pelo histórico, vemos que não há no governo outra personagem com tanta desenvoltura para 'circular' por cidades, em nome do partido.

Uma 'nova' quadrilha?

     Há alguns anos, um presidente das Câmara, o petista paulista João Paulo Cunha, mandou a mulher receber sua cota do Mensalão do Governo Lula diretamente no caixa de uma agência bancaria de Brasília. Dinheiro vivo, em notas pequenas. O citado 'parlamentar' (hoje um ex-deputado, pois renunciou para não ser cassado) está hospedado, atualmente, na Penitenciária da Papuda, onde conta com todo o apoio do partido e, em especial, do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz.
     Pelos jornais, hoje, ficamos sabendo que outro destacadíssimo membro do partido que assaltou o poder, há onze anos, o ainda deputado federal André Varga, que ocupa a vice-presidência dessa mesma Câmara, um dos mais 'combativos' defensores do governo, era (ou é ...) sócio de um doleiro envolvido em todas as trapaças que podemos imaginar e que, não por acaso, remetem ao ... Mensalão.
     Quem afirma isso é a isenta Polícia Federal, e não um dos pusilânimes partidos que compõem essa nossa insípida oposição, entidade incapaz de enfrentar com um mínimo de coragem os responsáveis pela era de devassidão que vivemos.
     Paralelamente, a tropa de choque petista ataca, com todas as armas imagináveis (e com as que sequer imaginamos), a CPI que vai investigar a roubalheira na Petrobras, marca registrada dos governos Lula e Dilma, responsáveis, em conjunto, por arrasar a nossa principal empresa, que, hoje, vale um terço do que valia há seis anos.
     Esse é um retrato frio do momento político que vivemos, talvez o mais indigente de todos os tempos, marcado por uma presidente que não consegue articular com coerência duas ou três frases e por seu antecessor e mentor, ainda mais medíocre, embora dotado de um inexplicável e inquebrantável carisma, impossível de ser repassado.
     Pobre Brasil!

Uma cidade inviavel

     Tive um exemplo claro e objetivo, hoje, do nosso desastroso sistema de transporte. Eventualmente sem carro, me preparei para enfrentar a maratona de ônibus para me deslocar  até a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, onde tenho o prazer de cursar História, nesse meu retorno à vida acadêmica, quase 40 anos depois de sentar pela última vez em um banco escolar.
     Saí cedo - com duas horas e meia de antecedência -, prevendo eventuais desencontros nesse percurso de apenas 45 quilômetros. Mas não imaginava ficar plantado, no sol, por quarenta longos minutos. É bem verdade que passou um ônibus da linha que me interessava, mas passou 'batido', ignorando os acenos dos que estavam no ponto, apesar de vazio.
     Suado, irritado e frustrado, resolvi voltar para casa, abrindo mão do reencontro efetivo com meus jovens colegas, nas primeiras aulas de História do Brasil e História Moderna, nesse início tardio de terceiro período (ainda estamos nos adaptando à vida pós-greve).
     No meu caso, a perda pode ser compensada com a leitura dos textos discutidos em aula. No dia a dia de milhões de usuários, não há essa possibilidade. Especialmente por aqui, nessa abandonada Zona Oeste. O sistema de transporte público é uma falácia. O Rio, em especial, a cada dia mais se torna inviável.
     Para os que têm o privilégio de passar pela orla, a deplorável (ausência de) mobilidade urbana é parcialmente compensada pela contemplação. Aos que se arrastam pelo restante da cidade (maioria absoluta), enfurnados em carros particulares ou esmagados no e pelo transporte público, nem isso.