Um leitor do Blog alinhou algumas críticas e comentários aos meus últimos textos. Com educação e de modo respeitoso, ponderou sobre minha visão muito dura da realidade brasileira. Acha que tenho sido injusto com a presidente Dilma Rousseff, em especial, e com o PT, em geral. Cobrou o que poderia ser uma espécie de ingratidão, pois, segundo ele, a liberdade que tenho hoje de criticar duramente o Governo deve-se, em grande parte, à luta da atual presidente, ao combater a ditadura militar.
Não é - infelizmente - o único a acreditar que Dilma Rousseff e seus companheiros de luta armada pugnavam pela democracia que nos havia sido subtraída em 31 de março de 1964. Essa é uma das interpretações equivocadas que conquistaram um espaço imerecido no imaginário de grande parte da população.
O fato de terem confrontado a ditadura não confere a determinados grupos o direito de se apresentar como defensores da liberdade. Não é verdade. Num mundo dividido e à beira do conflito, houve, sim, a luta entre duas proposições extremadas, ambas claramente antidemocráticas.
Assim como vivemos um período de trevas, principalmente entre a edição do Ato Institucional nº 5 (13 de dezembro de 1968) e as eleições de 1982, que apontaram para o fim do ciclo militar, não escaparíamos do arbítrio e da violação de direitos caso os vencedores do embate fossem outros. Por um motivo simples, quase sempre escamoteado: Dilma e outros militantes lutavam pela instalação de um governo à semelhança do cubano, de inspiração comunista. A democracia jamais esteve em cogitação, em ambos os lados.
É evidente - e eu não seria simplório a ponto de ignorar essa realidade - que os desdobramentos do confronto armado foram fundamentais no processo de aceleração do fim do ciclo militar. O País que foi às ruas aplaudir a derrubada de João Goulart (e foi, em massa) disse não à tortura, à censura, ao atropelamento dos direitos humanos. E talvez tenha sido essa a única contribuição efetiva da luta armada ao processo de redemocratização. Uma ajuda indireta.
Eram outros tempos, outra realidade, que precisam ser olhada com o máximo de distanciamento possível. O que não acontece, por exemplo, com os fatos recentes que envolvem o partido oficial, que detém o poder há onze anos e quatro meses. E é nesses fatos que tenho focado minhas críticas mais recentes. Para mim, é impossível deixar de apontar o dedo para o aparelhamento da máquina estatal; para o esbulho dos cofres públicos; para a dissolução moral que vitima as nossas instituições.
Jamais, em momento algum da nossa história, vivemos uma sucessão de escândalos como os que vêm desabando sobre a nossa Nação. E em quase todos - as exceções apenas confirmam a regra - encontramos as digitais petistas. Não escrevo isso com prazer. Apenas não me furto a retratar uma realidade assustadora: a da enorme, abissal, corrupção que marca essa Era Lula. Não são teorias, suposições. São fatos, constatações.
Ou o Mensalão do Governo Lula, o caso dos aloprados, os dólares na cueca, a promiscuidade com criminosos, o uso de ONGs de fachada, os meros desvios de verba e a devastação da Petrobras são factoides? Também não inventei os sete - isso mesmo, sete, não podemos esquecer!!! - ministros enxotados do atual governo. Assim como não posso ignorar que parte da cúpula petista está na cadeia, para onde irão outros militantes, não tenho dúvida. Talvez acompanhados por alguns que se dizem oposicionistas. Por que não? Lugar de bandido é na prisão.