quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A máfia e os amigos do rei

     A presença do deputado federal Devanir Ribeiro, do PT paulista, na relação de beneficiários da distribuição de dinheiro feita pelo 'empresário' Olívio Scamatti, acusado pela Polícia Federal de ser o chefão da Máfia do Asfalto, desbaratada em São Paulo, não me surpreende. Ao contrário. Apenas reforça a impressão que ficara desde que esse mesmo personagem, quando ainda era vereador, foi apontado como o recebedor de dólares destinados à campanha do então candidato Luís Inácio Lula da Silva, em 2002.
     Devanir é companheiro e compadres desde os tempos do Sindicato dos Metalúrgicos e seu nome é citado em conversas telefônicas que sofreram escuta autorizada pela Justiça, como destinatário do dinheiro arrecadado pela máfia do transporte.
     A acusação anterior foi feita pelo doleiro Antônio Oliveira Claramunt, conhecido como 'Toninho da Barcelona'. Segundo o contraventor, o PT tinha uma conta secreta no exterior, manipulada por um parceiro do Banco real, não por acaso envolvido - assim como Devanir, Lula e o PT - no esquema de assalto aos cofres públicos que ficou conhecido como Mensalão. Os dólares eram transformados em reais e - segundo o criminoso - entregues no gabinete de Devanir, na Câmara.
     Por algum motivo, a investigação não teve desdobramentos e Devanir acabou se livrando de maiores problemas. Tanto que se elegeu deputado federal. A atual pilantragem ainda está na fase de apuração. O nome do compadre de Lula, segundo nos conta o Estadão, aparece em uma planilha de gastos com suborno e/ou financiamento de campanhas, tendo ao lado a anotação referente a uma 'doação' de algo em torno de R$ 100 mil, quantia até certo ponto módica, se comparada aos US$ 50 a US$ 100 mil que passariam regularmente pelas mãos de deputado do PT no ano da primeira eleição de Lula, de acordo com o denunciante.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O camisa 10 da mediocridade

     A onda de estupidez que assola o país, mais fortemente há pelo menos dez anos e dez meses, invadiu os campos de futebol. Antigos e competentes companheiros de redação, como Gilmar Ferreira e Paulo Júlio Clement, craques na análise das 'coisas do esporte', já se manifestaram sobre a polêmica envolvendo o jogador Diego Souza, que optou por disputar a Copa do Mundo do ano que vem pela Seleção das Espanha.
     Foram, é claro, contundentes na crítica à direção da CBF e ao técnico Luís Felipe Scolari, que reagiram de maneira inaceitável, chegando ao cúmulo de ameaçar o jogador com a perda da nacionalidade brasileira (ele tem dupla nacionalidade). E não poderia ser diferente. Esses senhores - estou me referindo ao técnico e aos dirigentes da Confederação -, no mínimo, confundem competição esportiva com sentimento cívico. Pura patriotada bananeira, típica de pessoas limitadas, demagógicas e populistas. Um perfil que, não por acaso, se encaixa perfeitamente no modelo político que nos governa e à maior parte dos nossos vizinhos.
     A exploração barata do sentimento patriótico é uma das características mais fortes de governantes vazios, sem estofo, e vem sendo usada sistematicamente. Transformar uma competição esportiva - e o futebol nada mais é do que isso!!! - em algo com dimensão superior reforça a mediocridade que vem caracterizando todas as esferas nacionais e que não poupa, em especial, o Planalto.
     Vivemos o auge de uma fase soturna, de predomínio de pessoas desqualificadas. Os dirigentes do nosso futebol são alguns dos pontas-de-lança da nebulosidade mental que sobrevive do aparvalhamento da sociedade, principalmente das classes menos favorecidas, mantidas sob o tacão da ignorância. Mas nem de longe são os jogadores mais importantes, apesar da dimensão que o futebol assumiu por aqui.
     O grande camisa 10 desse infelicitado país acaba de anunciar que pode ser candidato em 2018. Como se fosse um Pelé, o ex-presidente Lula ameaça voltar, certo de conseguir driblar todas as indignidades que protagonizou ao longo dos últimos anos e que foram devidamente registradas pela 'mídia' que ele e seus companheiros tentam controlar. Perto dessa possibilidade, as bobagens futebolísticas de Marin, Felipão e companhia perdem toda a importância.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Pela liberdade, sempre

     O noticiário não deixa dúvidas: a decisão de interferir no sistema de comunicação do país, através da imposição de limites às grandes corporações, tem toda a legitimidade que pode ser obtida por uma instância final de Justiça, como é o caso da Suprema Corte Argentina. E os juízes decidiram que os quatro artigos da Lei de Mídia proposta pelo Governo são validos e constitucionais, apesar de avançarem sobre direitos adquiridos, por exemplo.
     A questão principal não é a legalidade da decisão, em si, mas a vitória de uma evidente e nefasta corrente que avança sobre a liberdade de expressão, apenas e tão somente quando essa liberdade não atende aos seus interesses pessoais. Fosse o Clarin - o objeto maior da lei argentina - uma voz consonante, e o Governo Kirchner jamais teria tido essa iniciativa, ornada de maneira e apresentar ares libertários.
     Cristina Kirchner, assim como seus pares sul-americanos mais próximos, como os também medíocres presidentes venezuelano, equatoriano e boliviano (para ficarmos apenas entre alguns de língua espanhola), não estão preocupados em democratizar a informação, através da pulverização. Nunca estiveram. O que anseiam, na verdade, é poder calar os que consideram rivais, por denunciarem seus desmandos, e adoçar a boça dos asseclas, com verbas oficiais.
     Aqui nas terras brasileiras, o ex-presidente Lula não perde oportunidades de lançar suas aleivosias contra os meios de comunicação, "as sete famílias", como ele costuma destacar, inconformado com o fato de suas trapaças políticas e comportamentos indecentes serem divulgados. O mais medíocre presidente da nossa história e seu partido, o PT, mantêm acesa a esperança de, um dia, aprovarem a tal regulamentação da mídia, o eufemismo que usam para fingir que não estão tratando da velha e canalha censura.
     Extremistas, de qualquer matiz, têm essa característica em comum: o ódio à liberdade de expressão, a vontade de determinar, também, o que deve ou não deve ser oferecido à reflexão da sociedade. Foi assim na antiga União Soviética, continua sendo na sofrida Cuba, na lastimável Coreia do Norte, no Irã, na China. Foi na Alemanha nazista, onde o poder da propaganda cegou grande parte da população. Foi no Brasil, durante os governos militares, quando convivemos com a censura.
     É inimaginável - a interferência na liberdade de expressão - em nações como os Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, França, Suíça.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Protesto 'seletivo'

     Vamos lá. Algumas inconsistências, falhas e omissões no noticiário sobre mais uma ocupação de uma área em frente à residência do lastimável governador Sérgio Cabral, no Leblon, Zona Sul do Rio, um dos endereços mais caros do país. Em primeiro lugar, ficamos sabendo que um grupo "de estudantes" decidiu ficar acampado no local até o fim do ano, pelo menos. E que espera a adesão de professores insatisfeitos com o acordo entre o Sindicato da classe e o Governo, para o fim da greve que durou meses.
     Se eu entendi bem - e acho que entendi! -, os manifestantes vão passar dias e noites por ali, na boa vida, sem outra ocupação, a não ser protestar, por dois, três, quatro meses. E as aulas? Essa turma estuda, ou não? Será que alguém assina as listas de presença e faz as provas no lugar dos jovens ativistas? E os professores? A greve acabou. As crianças estarão nas salas de aula, esperando por eles. Ou não são professores? Alguma coisa está errada, definitivamente.
     Além do conceito - são, ou não, o que dizem ser? - outro detalhe chamou minha atenção. A turma que pode ser, ou não, anuncia, segundo o Estadão, que está protestando especificamente "contra o governador Sérgio Cabral, o prefeito Eduardo Paes e todo o sistema político do Rio". Faltou, e isso é tão claro, o complemento, omitido convenientemente: é objetivamente um protesto a favor de determinado candidato, no caso, o fugaz deputado Marcelo Freixo, do PSOL, partido que vem se destacando em todas as manifestações.
     Por tabela, se não houver jeito, a turma que não estuda nem dá aulas, mas que se apresenta como formada por estudantes e professores, topa dar uma mãozinha ao petista Lindbergh Farias. No fundo, eles até se confundem.
     Em tempo: não há uma faixa sequer, nem de papel higiênico, contra a privatização da extração de petróleo, denunciando os escândalos federais ou repudiando a boçalidade dos vagabundos que vandalizam nossas cidades. Essa turma exercita o protesto seletivo.

domingo, 27 de outubro de 2013

Paixão abalada

     Acompanho o Vasco desde que 'me entendo por gente' (como se dizia 'antigamente'). Já tive muitas tristezas, decepções, aborrecimentos. Os doze anos sem título, de 1958 a 1970, algumas derrotas massacrantes, como as das perdas dos Mundiais do Japão e do Rio, quando merecíamos um pouco mais de sorte. Mas sempre havia muitas compensações, como os quatro títulos brasileiros, os períodos hegemônicos das décadas de 1980 e 1990/início de 2000, destaque para a inigualável conquista da Mercosul naquele jogo com o Palmeiras.
     Apaixonado, jamais abandonei o clube, mesmo nos momentos mais sofríveis. Há algum tempo, no entanto, torcer pelo Vasco vem se transformando em um desgaste emocional intolerável. Os últimos times acabaram com meu prazer de ver os jogos. Já não falo, sequer, da mediocridade dos jogadores, alguns dos piores que já passaram por São Januário em toda a sua história.
     Não há dúvida que eles são medíocres, no que a palavra tem de pior. Mas poderiam, ao menos, compensar a incapacidade técnica com alguma dignidade em campo, em respeito a um passado que essa geração parece desconhecer. Não é o que acontece. A 'jogada' de Wendel, imediatamente antes do gol de empate da Ponte Preta - aquele que abriu caminho para a virada do time de Campinas (2 a 1) -, é o símbolo mais expressivo desse presente lastimável.
     Eu - um mero peladeiro - pressenti o drible ridículo e o gol. Jogador de um clube como o Vasco não pode virar as costas para uma ameaça de chute. Ao contrário: tem que se atirar de cabeça, corpo e mente de encontro à bola, levar um chute na cara se for preciso, para ter o orgulho de apresentar as cicatrizes. Wendel - símbolo desse Vasco que desonra a tradição - optou por defende-se da possível bolada. Levou o drible mais antigo do mundo.
     No meu Vasco, que já foi o do desastroso atual presidente do clube, ídolo da minha geração e de muitas outras mais, um jogador como esse jamais teria lugar.
     É evidente que os goleiros são o que há de pior no mercado, assim como os zagueiros, laterais, armadores e atacantes. Não há mais dúvida que o técnico é lastimável. Mas eu até relevo, em determinadas circunstâncias, a falta de qualidade técnica. Não posso aceitar, no entanto, o descompromisso, a falta de identidade, o desrespeito a uma legião de apaixonados.
     Esse Vasco está me fazendo desistir da minha 'paixão mais antiga'. E isso eu não posso perdoar.

Encruzilhada moral

    Reconheço que é um tema difícil, controverso. Mas não posso ignorar o impacto provocado pelas imagens (fotos e vídeos) da agressão estúpida e covarde ao coronel da Polícia Militar de São Paulo - responsável, justamente, por manter o diálogo com manifestantes. E não apenas o que elas mostram de bestialidade, mas o fato de existirem, de terem sido conseguidas da maneira que foram.
     Para mim, o registro do incidente revela, também, uma encruzilhada moral, que pode ser sintetizada em uma questão: até que ponto, jornalistas em geral, fotógrafos e cinegrafistas em particular, têm o direito de assistir e, de certa forma estimular, impavidamente, ações bestiais, brutais, inqualificáveis?
     Ao realizar documentários sobre a vida selvagem, seus realizadores argumentam, para justificar a profusão de cenas violentas, que não cabe ao homem interferir no processo natural. É verdade. Por mais que seja cruel, o documentarista não pode interferir para salvar um indefeso filhote de leão das garras e presas do macho dominante. A natureza deve seguir seu curso, selecionando as espécies, provendo a sobrevivência.
     Mas quando a vítima de uma catástrofe ou acidente é uma criança que - por exemplo - esteja sendo carregada por uma correnteza? O que fazer? Gravar a cena, imaginando um possível prêmio, ou atirar a câmera, bloco de anotações e caneta de lado e tentar salvar uma vida?
     Assim como outros profissionais que convivem com as dores humanas, o jornalista que trabalha em tragédias também precisa criar um escudo emocional, abstrair. Ou não conseguirá, jamais, atender às exigências de sua missão. Mas há casos em que o sentido humanitário, de decência, deve prevalecer. Vivi, particularmente, ao longo das décadas passadas em redações, alguns momentos de inflexão. Não muitos, em função da diversidade das minhas atividades, mas significativos.
     Relatei um deles no meu recém-lançado Nariz de cera (Editora Verve, à venda, também pelo site www.livrariareliquia.com.br), uma coletânea de lembranças da minha vida em jornais. Ao acompanhar uma investigação sobre sequestro do menino Carlinhos, caso que emocionou o país, na primeira metade dos anos 1970, me deparei com o interrogatório de um suspeito, realizado por um policial que contava com o apoio de O Globo, jornal onde eu trabalhava na época.
     Em dado momento, na sala ao lado, ouvi o investigador substituir as perguntas pelo que imaginei ser uma estrondosa 'borrachada'. Abri a porta e exigi que aquilo que eu apenas intuíra não se repetisse, assumindo, inclusive, um risco pessoal com relação aos agressores. E, aí, eu me pergunto, e a vocês: é moralmente aceitável que um grupo de jornalistas assista, como assistiu e gravou, a um grupo de criminosos espancar um policial que estava a serviço do Estado, sem esboçar a menor solidariedade?
     E antevejo algumas respostas. Haverá quem defenda o distanciamento, sob o argumento que ele proporcionou as imagens que causaram repúdio na maioria decente da população. É uma teoria até certo ponto respeitável, mas que não se sustenta inteiramente, pelo que representa de desumanização. Findo o ataque, graças à intervenção de outro policial, que conseguiu dispersar os agressores covardes, a única reação dos repórteres presentes ao ato limitou-se ao questionamento da presença de um policial armado.
     Assim como repudio a estupidez policial, não posso deixar de registrar esse meu desconforto com a insensibilidade que vem brotando das nossas ruas, praças e avenidas, graças, especialmente.

sábado, 26 de outubro de 2013

O silêncio dos covardes

     Excetuando a presidente Dilma Rousseff - e isso tem que ser reconhecido, embora fosse o mínimo que se poderia esperar dela -, não li ou ouvi qualquer manifestação de repúdio à enorme covardia do bando de celerados que atacou o coronel da Polícia Militar de São Paulo responsável, justamente, por manter o diálogo com manifestantes.
     Se fosse um dos vagabundos mascarados, não faltariam advogados e representantes das 'mídias alternativas'. Como era um policial, os grupos de demagogos ficaram formalmente impassíveis, embora tenham comemorado em particular, tenho certeza. A boçalidade das cenas registradas em São Paulo não comoveu.
     Não vai tardar muito - e esse é uma aposta que eu faria com prazer -, começarão a surgir os defensores da libertação do desqualificado que foi preso por participar da tentativa de homicídio. Talvez sejam programadas 'manifestações' de repúdio à prisão. Tudo é possível quando os personagens são agentes da desordem, do radicalismo.
     Os 'organizadores' da marcha que, como era esperado e programado, desandou na baderna que gerou a agressão, desapareceram. Não tiveram a dignidade de reconhecer que puderam brandir suas bandeiras com liberdade e segurança, garantidos, justamente, pela maior vítima dos incidentes.
     Vítima que manteve a postura profissional até o fim. Sangrando, com várias fraturas, o policial ainda insistiu para que a tropa mantivesse a calma e agisse com tranquilidade. Confesso que, no lugar dele, acho que não conseguiria. Talvez apelasse para a 'receita egípcia' de lidar com desordeiros.
     Vale registrar, ainda, a' participação' de um repórter (talvez da tal 'mídia ninja') que não aparece nas imagens. Ao ver um homem sacar a arma para afastar os agressores, questiona o militar, que - cambaleando - ainda tem que explicar que seu defensor é um policial, seu motorista.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A Venezuela nos consola

     Se você anda desiludido com o Brasil, com seus dirigentes medíocres e demagogos, não desista. Embora tênue, há uma esperança de mudança, de limpeza, de expurgo dos pelegos instalados em Brasília e nas principais empresas dominadas pelo Governo. O quadro eleitoral, embora assustador - face à possibilidade real de reeleição da atual presidente, em primeiro turno -, ainda está agradavelmente nebuloso.
     Afinal, falta praticamente um ano para as eleições de 2014. E esse tempo - os últimos acontecimentos nos mostram - é mais do suficiente para a revelação de cinco ou seis ministros corruptos e de casos escabrosos nas alcovas palacianas, sem falar no aprofundamento da crise econômica que está prestes a desabar sobre nossas cabeças.
     Ainda assim, se as nuvens carregadas continuarem a assustar você, dê uma olhada no noticiário que nos chega da vizinha Venezuela. Você vai ver que tudo ainda pode ser bem pior; que a mediocridade dos nossos dirigentes maiores é muito menor ( ... um 'pouco menor', para ser mais exato) do que a dos atuais mandatários desse país destroçado pelo ainda insepulto Hugo Chávez.
     O sujeito que 'governa' um dos maiores produtores de petróleo do mundo, o inacreditável Nicolás Maduro, consegue ser mais ridículo e estúpido do que seus contemporâneos bananeiros. Depois de anunciar que recebia orientações do além, do seu antecessor, que chegou a aparecer para ele na forma de uma 'pomba branca'; de culpar o homem-aranha pela extrema violência no país e os Estados Unidos pela falta de papel higiênico; o energúmeno acaba de criar o 'Ministério da Suprema Felicidade Social do Povo Venezuelano', como nos relata Veja.
     Na verdade, essa vigarice nada mais é do que um cabide de empregos para camaradas chavistas administrarem a esmola distribuída para a população e com a qual esses bolivarianos de anedota conseguem comprar o apoio da massa mais ignorante e miserável do país.
     É isso. Na Venezuela, a felicidade é um feudo sob o comando de políticos demagogos e populistas. Sou obrigado a admitir que, perto dos nossos vizinhos, podemos ser considerados 'privilegiados'.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Dilma, a inatingível

     A economia está destroçada e os escândalos sucedem-se de maneira absurda há três anos, repetindo o que já acontecera no governo anterior. Do roubo comum aos grande esquemas, passando por desvios de conduta inimagináveis. Nada disso parece importar para esse Brasil brasileiro, moleque inzoneiro. A pesquisa do Ibope divulgada hoje pelo Estadão exibe uma atordoante vitória da presidente Dilma Rousseff na eleição do ano que vem, em primeiro turno, com ou sem a presença da ex-senadora Marina Silva.
     Assim como seu mentor, o ex-presidente Lula, Dilma surfa acima do bem e do mal para a maior parte do eleitor brasileiro. Pode demitir dez ministros acusados de 'malfeitores' e nomear outros tantos que também serão acusados. Pode proferir as maiores bobagens jamais ouvidas na nossa história republicana, exceto as ditas por Lula, que são inatingíveis. Pode tropeçar nas palavras e pensamentos. Pode não conseguir articular cinco frases com sentido.
     Pode, ainda, liderar tramoias impensáveis, mascarar números, aliar-se aos lixo político internacional, ou cercar-se de auxiliares que trocaram o currículo pelo prontuário. A soma do Bolsa-Família com a simplicidade da nossa população é imbatível.

O caos e a prepotência

     Eu gostaria que o esfuziante prefeito Eduardo Paes me explicasse a matemática que ele e sua equipe estão usando para garantir que a tal nova Via Binário vai conseguir suportar o tráfego desviado da Perimetral e da Avenida Rodrigues Alves. Nas minhas contas, as novas seis pistas jamais serão iguais às dez existentes.
     Se, hoje, com as duas vias funcionando, a Zona Portuária vive um inferno, com reflexos no Centro, é fácil imaginar o que vai acontecer a partir do dia 14, quando todo aquele volume estúpido de veículos será afunilado, com direito a sinais pelo caminho, o que não ocorre, por exemplo, na Perimetral.
     Só não pode argumentar, como vem fazendo de maneira irresponsável, que o sistema de transporte coletivo vai conquistar a turma dos automóveis. Não vai, e todos nós sabemos disso. O morador da Baixada Fluminense não vai deixar seu carro na garagem, pois a alternativa é inviável. O mesmo raciocínio vale para os moradores da Zona Oeste que usam a Avenida Brasil.
     Eduardo Paes deveria estar preocupado - e para isso ele foi eleito - em melhorar a qualidade de vida do carioca, incluindo, nesse pacote, ampliar a oferta de caminhos. Ou ele não sabe que a indústria automobilística é estimulada? Dificultar a vida dos proprietários de carro é um contrassenso, pois o aumento da frota é um dos trunfos da política econômica do governo que ele apoia.
     É claro que eu gostaria de viver em uma cidade menos poluída, com um sistema de transporte decente. Infelizmente, as prioridades e a falta de seriedade dos governantes, através dos anos, criaram um Rio de Janeiro inviável, sujo, poluído, mal planejado. Não será derrubando uma via, ainda fundamental, que essa realidade vai se transformar, como num passe de mágica.
     O 'teste' realizado hoje, e acompanhado por O Globo, deu uma ligeira mostra do que está por vir. E ele foi feito num horário absolutamente favorável, com volume de tráfego reduzido. Em qualquer lugar decente do mundo, um administrador que decidisse gastar uma fábula para atender a caprichos pessoais seria destituído a pontapés.
     A prepotência do nosso prefeito é inacreditável.
 

Batalhão de irresponsáveis

     Os 'meninos' do tal Black Blocs devem estar eufóricos. Segundo nos conta a Folha, um grupo de artistas liderados pelo 'capitão Nascimento' está lançando uma campanha contra a violência policial na repressão às manifestações. O ator Wagner Moura e outros da mesma companhia acusam a polícia de estar "criminalizando" as passeatas e agindo de forma muito dura contra a garotada, o que provocaria a reação.
     O sujeito que incorporou sem restrições o 'homem do saco' não tem o menor constrangimento de ignorar a boçalidade desses desajustados que vão para as ruas decididos a destruir o patrimônio público e privado, agredir, vandalizar. Vale tudo, mesmo, nessa lastimável e cada vez mais evidente campanha que vai desaguar inexoravelmente na candidatura do deputado Marcelo Freixo (PSOL) ao governo do Estado do Rio de Janeiro.
     Desde o início, ficou claro - ao menos para mim - que o quanto mais agudos os confrontos, melhor para determinados personagens, como Marcelo Freixo e Lindbergh Farias (PT), que tentam monopolizar a natural revolta contra os eventuais excessos policiais. Essa gente sabe que ninguém, razoavelmente decente, pode apoiar arbitrariedades. O policial que forja um flagrante ou agride um inocente não tem desculpas. Mas essa não é a norma, embora tenha um peso inaceitável no conjunto.
     O país, em geral, e o Rio em especial têm assistido às mais violentas manifestações da estupidez humana, praticadas, em sua quase totalidade, por esses vagabundos que dominaram as passeatas e os protestos, com a cumplicidade expressa de partidos políticos e de seus candidatos e de entidades sindicais. Basta verificar as reações e declarações que partem dos grupos que têm interesse político-eleitoreiro na prevalência do caos.
     Há algum tempo, o mesmo líder dos censores de biografias, o cantor e compositor Caetano Veloso, apoiou publicamente os degenerados do grupo Black Blocs. Chegou mesmo a se deixar fotografar com o rosto encoberto, como um assaltante de banco do velho Oeste.
     Justamente quando o repúdio da população digna a esses cafajestes está mais consolidado, surge essa nova moção de apoio liderada por elementos que deveriam zelar pela responsabilidade que supostamente deveriam ter, como figuras públicas capazes de influir na população. Uma atitude lastimável e irresponsável, sob todos os aspectos.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Pesquisas assustadoras

     A notícia é pequena, no padrão das demais da coluna de Lauro Jardim, na Veja. O conteúdo, no entanto, é assustador. O tema: pesquisas para a governança do nosso Estado do Rio de Janeiro, encomendadas por PT, PMDB e PR. Em todas, a liderança está dividia entre Anthony Garotinho e Marcelo Crivela, seguidos por Lindbergh Farias. Pezão, o nome de Sérgio Cabral, ostenta um modesto quarto lugar, seguido por César Maia.
     Comecei a sentir urticária, palpitações. Ao longo de toda a minha vida, jamais anulei um voto, ou votei em branco, mesmo. Havia sempre um nome no caminho, alguém em quem eu encontrava alguma coisa que justificasse meu sufrágio. Quem viveu sob um regime de exceção, como eu, deve entender essa minha predisposição para o voto, essa minha devoção pelo direito de escolher representantes, livremente.
     Confesso, no entanto, que temo inaugurar uma nova fase dessa minha existência política. Fico imaginando um segundo turno entre Crivela e Lindbergh, ou Lindbergh e Garotinho, ou qualquer um dos citados e Pezão. Ou qualquer outra combinação possível.
     É verdade que passei, há alguns anos, por uma experiência que o tempo mostrou ser bem semelhante, quando do segundo turno entre Fernando Collor de Melo e Luís Inácio Lula da Silva. Na época, eu sabia o que esperar de Collor, mas não imaginava, ainda, o que poderia estar escondido atrás daquele personagem barbudo em quem Leonel Brizola jamais confiou. Imprensado, votei em Lula, pela primeira e última vez na vida. E me arrependo de ter sido tão inocente.
     Hoje, caso a situação se repetisse, não teria o menor constrangimento em anular o voto. O tempo mostrou o quanto os dois ex-presidentes são iguais, com uma pequena vantagem para o primeiro mandatário cassado da nossa história: ele é o que sempre foi, sem disfarces.
     Crivela ou Lindbergh? Nós não merecemos, definitivamente.

Baderna não tem matiz

     O fato de ser um crítico intransigente dessa lastimável Era Lula - a mais medíocre e recheada de escândalos de toda a história republicana -, não vou mudar de camisa ideológica apenas para tirar proveito retórico de uma situação. Era e continuo sendo favorável ao esvaziamento da presença do Estado, exceto nas atividades fundamentais para o cidadão, como educação, saúde e segurança. Proporcionando esses bens à população, qualquer governo terá cumprido sua obrigação, com louvor.
     Sendo assim, é evidente que não me incluo entre os possíveis críticos da privatização da exploração de petróleo do pré-sal. Na verdade, isso sempre ocorreu de forma indireta, através do uso de equipamentos importados, dos quais dependemos. O segredo - se é que há algum - é preservar os direitos do país. Privatizar não é sinônimo de entregar. Pressupõe uma relação em duas vias, que, quando bem administrada, resulta em benefícios para todos.
     A demagogia barata petista, ao longo dos últimos anos, criou no inconsciente a sensação de perda, de espoliação. A condenação do processo de privatização realizado no governo de Fernando Henrique Cardoso foi usada como arma de campanha. No extremo, o PT, na voz do ex-presidente Lula e de sua criatura, acusou os partidos de oposição (PSDB, DEM e outros ainda menos votados) de planejarem a venda da Petrobras. Pura vigarice, mas que vem ajudando a consolidar a vitória dos candidatos oficiais.
     Hoje, em meio a um processo de falência da nossa maior empresa, o Governo tenta uma saída, através da privatização que, em tese, apenas para efeito pirotécnico, condenava. E enfrenta a reação de grupos extremados. Precisando vender, para assegurar receitas fundamentais, cercou-se de um aparato policial poucas vezes visto, que reúne Exército, Polícia Militar, Força Nacional, guardas municipais e seguranças particulares. E como se poderia prever, houve o confronto com manifestantes.
     E não poderia ser diferente. Não há diálogo possível com celerados, desajustados, baderneiros. Especialmente quando o Governo opta pelo uso do Exército, que representa não um ou outro presidente de plantão, mas a própria nacionalidade. E, também nesse caso, sou naturalmente levado a justificar a reação das autoridades, mesmo que essas autoridades sejam de um governo que tenho combatido sistematicamente, com a força de argumentos, ideias.
     E isso, apesar de não ter esquecido as cenas de estupidez protagonizadas pela turma que está no poder há quase onze anos, quando era estilingue.

domingo, 20 de outubro de 2013

Ex-presidente insiste em atacar imprensa

     Eu preferiria jamais tocar no nome desse personagem lastimável. Gostaria muito que ele estivesse sepultado no limbo da história, sem ouvintes e interlocutores para repercutir suas sandices retóricas. O mal que ele continua fazendo ao país, com suas mentiras, distorções, demagogia e manipulações, no entanto, me obriga a não esquecê-lo.     
     Acredito que a omissão seria até 'politicamente' mais conveniente, pois me livraria dos rótulos que costumam ser colados aos que denunciam os comportamentos do grande líder disso que convencionou-se chamar de 'esquerda brasileira', esse amontoado de protagonistas de escândalos inacreditáveis, como o Mensalão e os demais assaltos aos cofres públicos e à dignidade da Nação tão recorrentes nesses últimos quase onze anos.
     Mas não consigo deixar passar, sem um alerta, um chamado à reflexão, fatos como o relatado hoje, pelo Estadão. O jornal reproduz partes de uma extensa entrevista do ex-presidente Lula ao jornal espanhol El Pais, na qual mais uma vez a imprensa brasileira é apontada como a grande inimiga do PT e de seus asseclas, acusada de ter condenado, "a priori" (ele deve ter aprendido essa expressão recentemente), a quadrilha mensaleira, citando especificamente os "companheiros do PT".
     Não satisfeito - ele nunca está -, apresentou-se como um perseguido pelas "nove famílias" que controlam a imprensa brasileira e acenou com uma tal de "democratização dos meios de comunicação". Pelo que a companheirada petista vem pregando há muitos e muitos anos, a tal democratização a que ele deve estar se referindo são os 'jornalistas independentes' que o Governo vem comprando e pagando com verbas públicas.
     Já ia deixando passar sem uma referência: o ex-presidente que critica tanto nossa imprensa gosta muito de falar a jornais estrangeiros, com a certeza de que não investirão em perguntas mais duras, como as que certamente surgirão quando ele, finalmente, tiver coragem de dar uma entrevista livre por aqui. Ao El Pais, Lula não teve que explicar, por exemplo, suas relações indignas com a chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo. Não pelas relações, em si, mas pelo fato de terem sido bancadas pelos cofres públicos.
     Além do mais, ainda sobrevive em alguns países a fantasia do operário-filho-de-mãe-que-nasceu-analfabeta que liderou revoltas contra a ditadura, outra das mentiras que são alimentadas pelos marqueteiros oficiais. Nosso ex-presidente sempre foi um fã absoluto do general-presidente Ernesto Geisel e só se preocupava com os salários dos metalúrgicos do ABC - no que fazia bem, diga-se de passagem - e com as "viuvinhas" que o procuravam quando era diretor social, ou coisa que o valha.

sábado, 19 de outubro de 2013

Telhado de vidro

     Às vésperas do leilão da área de Libra, no pré-sal, fico imaginando o que deve estar se passando na cabeça da turma que está no poder há quase onze anos. Como justificar o uso da Guarda Nacional, Polícia Militar e outras forças de segurança contra manifestantes contrários à privatização - não há outro nome, amigos, é privatização, mesmo!!! - de mais uma área de exploração de petróleo?
     Mas era isso - protestar e denunciar a 'venda' do País - que essa turma fazia ao longo dos governos de Fernando Henrique Cardoso, com os agravantes dos pontapés, pedradas e agressões variadas que marcavam os embates contra o que a companheirada classificava de neoliberalismo. Hoje, quando está fazendo exatamente tudo o que condenava de maneira irresponsável e demagógica, a patota tenta impedir as já anunciadas manifestações marcadas para segunda-feira, aqui no Rio, quando é esperada a presença dos baderneiros do tal Black Bloc.
     As privatizações dos anos 1990 e começo de 2000 eram 'entreguistas'. As que vêm sendo feitas progressivamente desde 2003 (seguindo exatamente a cartilha deixada pelo antecessor) seriam, exatamente, o quê? Mais recentemente, na campanha da atual presidente, um dos carros-chefes da vigarice retórica foi a denúncia de que, se eleito, José Serra venderia a Petrobras. Aproveito para reafirmar que não foi por isso que o candidato do PSDB perdeu. Foi derrotado, de novo, por ser lastimável como oposicionista.
     Se colocados sob uma análise independente, constataríamos que os governos a partir de 2003 privatizaram muito mais do que os anteriores, explorando eufemismos, como os de agora, entre eles as tais PPP, as parcerias público-privadas que nada mais são do que particulares assumindo funções que o Estado não sabe ou não pode desempenhar.
     Fico muito à vontade - como quase sempre, sou obrigado a destacar - para tocar em um tema como o das privatizações. Fui e sou a favor de um Estado cada vez menor, que se dedique às funções prioritárias, como educação, saúde e segurança. Quanto menos burocratas estatais gerindo nossas riquezas, melhor, muito melhor para o país. Com uma inquestionável vantagem: haveria menos assaltos aos cofres públicos e menor aparelhamento.

Um desafio à dignidade nacional

     O país está refém da balbúrdia, do vandalismo, da estupidez. A falta de qualificação moral dos nossos governantes (com as exceções que existem e devem ser exaltadas), extremada nos últimos quase onze anos, inviabilizou a adoção de medidas mais fortes - não estou falando em aumentar a quantidade e/ou a qualidade de cacetadas - para coibir a baderna e emparedou a Justiça. Toda e qualquer manifestação termina invariavelmente em atos deletérios, como os de hoje, em São Paulo.
     A até certo ponto compreensível revolta contra possíveis atos de tortura contra animais (cães, em especial) em um instituto de pesquisas - já manifesta de maneira relativamente equivocada, com a destruição de trabalhos e maquinário -, teve um desdobramento funesto para qualquer movimento que se propõe digno: um grupo de arruaceiros incendiou um carro da PM e outro de uma emissora afiliada da Rede Globo, que acompanhavam um protesto na Rodovia Raposo Tavares, hoje pela manhã, nas imediações de São Roque (SP). A partir de mais essa demonstração de boçalidade, se seguiu novo confronto com policiais.
     Esses conflitos representam tudo o que não desejamos para o país. A democracia moderna não pode ser construída sobre desatinos. É fundamental que a sociedade se posicione claramente contra aqueles que solapam o diálogo, desmerecem o contraditório, atropelam a razão. Incêndios e destruição definitivamente não combinam com o exercício da liberdade, que deve ser assegurada, de maneira ampla.
     Algumas entidades e personalidades - como a Justiça, a OAB e determinados 'pensadores' - estão jogando contra o país e as instituições que deveriam defender, além de municiarem forças repressoras. Quando faz plantão gratuito na porta de delegacias, para libertar arruaceiros, a OAB emite, para a sociedade sadia, um sinal desafinado, além de alimentar a sensação de impunidade.
     Se meros marginais têm o aval da Justiça para desafiar a lei e a ordem, é evidente que grandes criminosos, como os bandoleiros do Mensalão do governo Lula, sentem-se à vontade para continuar desafiando a dignidade nacional.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O ex-presidente e a vergonha

     "Nunca coloquei máscara porque nunca tive vergonha do que fiz"
     Luís Inácio Lula da Silva
 
     A frase acima titula matéria do Estadão sobre discurso do ex-presidente durante uma comemoração, hoje, na Federação do Comércio, no Rio de Janeiro. 'Olhando assim do alto', mais parece uma crítica ao descompasso que tomou conta das manifestações, de qualquer uma, a partir da presença de baderneiros. Uma presença não apenas tolerada, mas até certo ponto estimulada e aguardada.
     Em tese, o ex-presidente estava criticando os boçais desse tal de Black Bloc e exaltando a importância da ação política, que ele mesmo classificou como a "última alternativa para mudanças na sociedade". Quem lê ou escuta esse palavrório e não conhece o histórico do autor pode ficar embevecido. Já quem se dá ao trabalho de lembrar alguns episódios recentes desse personagem ...
     Pois é. Eu nunca tive dúvidas quanto às verdades embutidas na afirmação do ex-presidente. Ele realmente não se envergonha de ter mentido, de cara limpa, seguidamente para a população, quando do episódio do Mensalão, o maior assalto aos cofres e instituições pública da nossa história. Também não ficou ruborizado quando o país descobriu que sustentava suas - dele, Lula - aventuras extraconjugais pelo mundo.
     Jamais duvidei que o ex-presidente dormiu o 'sono dos justos', apesar de confrontado com os escândalos dos 'aloprados' (a turma petista que falsificou dossiês para atacar políticos adversários e beneficiar sua campanha à reeleição) e dos dólares na cueca. Também não se 'avexou' ao ser fotografado aos beijos e abraços com o deputado Paulo Maluf.
     Não há o que ponderar: Lula não tem vergonha!

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Em defesa da Perimetral

     O normalmente tão lépido Ministério Público do Rio de Janeiro, finalmente, deu sinais de vida, nesse tenebroso caso da demolição do Elevado da Perimetral, urdido pela Prefeitura carioca. O Globo nos conta que o MP não permitirá intervenção alguma até que esteja em funcionamento todo um esquema de trânsito capaz de absorver o impacto da obra.
     Na minha modesta opinião, ainda é pouco. A pura e simples demolição dessa via sempre me pareceu estapafúrdia e destinada a atender, apenas e tão somente, aos interesses de grupos imobiliários que vão investir no local, vendendo a vista particular da Baía de Guanabara para alguns privilegiados que vão ocupar apartamentos de frente para a Avenida Rodrigues Alves.
     A tão decantada visão dessa inegável atração da cidade continuará vedada aos meros mortais que se arrastarão pelo solo, pela presença dos armazéns, mesmo quando e se forem transformados em algo parecido com o que pode ser apreciado em Buenos Aires (Puerto Madero) e em São Francisco (Fisherman's Wharf), por exemplo. Para curtir a beleza da Baía, só mesmo na beira do cais, o que poderia ser feito com a Perimetral onde está.
     Ela, a Perimetral, é feia? Não é mais do que o Elevado da Paulo de Frontin, do que alguns monstrengos plantados no Aterro ou do que o paredão de prédios que esconde o sol em Copacabana. Com vários agravantes, entre eles o fato de que nossos impostos, além de terem bancado a construção, vão cobrir o exorbitante custo da demolição (algo em torno de R$ 360 milhões).
     Não é um argumento novo. Eu mesmo já falei sobre isso aqui mesmo, no Blog: não é crível que não se tenha cogitado a possibilidade de dar um tratamento à via, uma plástica bem feita, uma pintura moderna, alguns jardins, iluminação especial. Certamente ficaria muitíssimo mais barato, além de não eliminar o risco de aumentar ainda mais os problemas desse infernal trânsito da cidade.

JP, a 'tia' e o 'professor'

      Ainda não estive com o moleque João Pedro, que avança celeremente para seu quarto dia de vida. Olho sempre as fotos, nas quais exibe uma vasta cabeleira. Visita de avô, só uma vez por semana (entre segunda e quarta), durante meia hora. A turma da UTI neonatal sabe o que faz. As crianças precisam de toda a tranquilidade possível nessa fase.
     Fabiana e Guilherme entram a saem sempre que podem. E trazem notícias, que têm sido ótimas. João Pedro já está recebendo o leite materno de duas em duas horas (um pouquinho de cada vez ...), não para quieto e 'faz cocô' naturalmente, o que é um bom indicativo.
     Júlia e Pedro estão ansiosos para abraçar o primo que já é tão querido. Pedro está se preparando para ensinar "muitas artes" para o molequinho. Júlia já está pensando que pode ser chamada de 'tia': "Vovô, quando ele fizer um ano, eu já vou estar com 11. Pode ser igual à tia Paulinha (*)". 
     (*) Paulinha é a prima que Flávia e Fabiana tratam como a irmã caçula. Portanto, 'tia' ...

Estelionato ideológico

     Responda rapidamente: se o defensor da censura fosse o Agnaldo Timóteo a companheirada enrustida teria alguma dúvida em pedir sua empalação retórica? Pois é. É assim que a banda toca quando as questões envolvem queridinhos e queridinhas da turma que pretende influenciar o pensamento. Um ditador de direita (seja lá o que isso for) não tem perdão - e não deve ter, mesmo. Já um de esquerda (isso que sabemos o que é) merece toda a condescendência, palavras de carinho, desculpas gentis. Puro estelionato ideológico.
     Assim como não há assassinos do bem, defensores da censura são do mal, mesmo que tenham um passado de 'glórias'. Personagens e fatos devem ser analisados sem ranço, com independência. O malfadado deputado e pastor homofóbico leva merecidas bordoadas a todo instante (aliás, ele pede para levar cacetadas). Há sempre um chico alencar ou um molon de plantão para dar entrevistas desancando o indigitado presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Eles sabem que é ibope garantido.
     Quando o assunto é a bandalheira estrelada por José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e outros bandoleiros, no entanto, a tropa do assalto à dignidade recolhe as armas, sai de fininho, finge que não sabe. O acordo entre a ex-senadora Marina Silva e o governador pernambucano Eduardo Campos merece olhares 'enviesados'. A promiscuidade do PT com o PP (nome mais do que sugestivo) de Paulo Maluf e o PR do também ex-governador e deputado federal Anthony Garotinho - para ficarmos apenas nesses dois exemplos - passa batida.
     Essa constatação - autorizada pelos fatos - vale para quase todos os setores do universo político/partidário, em especial. O ex-presidente Lula é, certamente, o exemplo mais evidente da leniência com atos indignos, desde que praticados por alguém da 'turma'. Ele não só sobreviveu incólume ao maior escândalo da história republicana (o roubo praticado durante seu governo, no episódio conhecido como Mensalão), como se reelegeu e elegeu sua sucessora, uma administradora medíocre, sem carisma e incompetente e que tem tudo para emplacar um segundo mandato, apesar de uma atuação desastrosa.
     Ao longo dos últimos dez anos, o PT de Lula vem protagonizando os episódios mais lamentáveis. De acordos espúrios com o que há de pior no país, a pilantragens de todos os calibres, como o já lembrado Mensalão, o episódio dos dólares na cueca, a falsificação de dossiês contra políticos adversários e roubalheira, muita roubalheira de dinheiro público, a julgar pela profusão de denúncias.
     Nada disso, entretanto, recebe o peso justo. Há sempre uma voz indignada contra os que ousam apontar, com todas as letras e inflexões, a profusão de escândalos.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Não há liberdade pela metade

     Há algum tempo tenho o privilégio de fazer parte de um pequeno grupo de amigos que reúne-se para almoçar e conversar regularmente, não necessariamente nessa ordem. Aprendemos - eu e cinco ou seis pessoas - a nos respeitar e gostar, muito, ao longo do tempo em que convivemos na redação do Jornal do Brasil, nos anos 1980 e 1990. Não necessariamente coincidimos em relação a vários temas, o que é ótimo para nós todos!
     Jamais tivemos qualquer desentendimento, rusga ou algo semelhante. Prevalece, acima de qualquer divergência ideológica, um profundo e carinhoso respeito. Particularmente, sempre saio desses nossos encontros um pouco melhor. Ontem não foi diferente.
     Recordamos alguns episódios vividos na redação da Avenida Brasil, lembramos pessoas que marcaram momentos importantes das nossas vidas e inevitavelmente mergulhamos na polêmica levantada sobre um dos temas que vêm mobilizando a opinião pública: a disputa entre autores, biografados e suas famílias.
     Quis ouvir mais do que falar. Sentir o que pessoas tão especiais - e elas são, tenham certeza - pensam sobre esse tema, sobre o conceito de liberdade de expressão e censura, sobre o que vem a ser, afinal, mais do que o direito, a própria privacidade de personagens que se tornaram públicos por opção. Não houve dissenso. Há liberdade, ou não há. Simples assim.
     Nesse campo, o meio termo é inadmissível. Para punir os excessos, os desvios, há a Justiça. Nós, de uma geração que combateu e ajudou a sepultar a censura, desenvolvemos um respeito muito grande pela liberdade, especialmente a de expressão. Censura é sinônimo de trevas.
     O ponto de inflexão do debate - tomo a liberdade de inferir - está deslocado. A questão que deveria ser posta não é a da privacidade, mas a da intimidade. Essa, sim, deve ser resguardada e respeitada.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Uma presidente 'complexa'

     "Para as pessoas que pretendem se candidatar ao cargo, elas têm que estudar muito".
     Dilma Rousseff

     O já mítico despreparo da atual presidente - não consegue articular meia dúzia de frases com algum sentido - tem a vantagem de nos proporcionar a oportunidade de saborear agradáveis bobagens, como a embutida na frase acima, reproduzida pelo Estado de São Paulo. Nossa presidente estava se referindo aos seus eventuais concorrentes nas eleições do ano que vem, sem se dar conta de que sua observação poderia ser lida como uma crítica ao seu mentor e antecessor, o mais ignorante e limitado presidente que o Brasil teve em todos os tempos.
     É inacreditável que alguém do esquema de poder atual exija 'estudos' de postulantes ao cargo de presidente da República. Não há, na história do País, exemplos de mais mediocridade do que os da atual Era Lula. Durante oito anos, fomos obrigados a conviver com metáforas futebolísticas e encenações messiânicas protagonizadas pelo ex-presidente, sem falar nos escândalos envolvendo da apropriação indébita a roubo qualificado e formação de quadrilha.
     Nos últimos três anos, fomos bombardeados por notícias de 'malfeitos' de todas as categorias e por orações desconexas proferidas pela presidente, não necessariamente nessa ordem. Outro bom exemplo do caos mental que vagueia pelo Alvorada pode ser extraído da mesma matéria em que o Estadão também destaca a presença da presidente em um misto de ato administrativo e eleitoreiro, em Minas, acompanhada do provável candidato petista ao governo do Estado, o desaparecido ministro Fernando Pimentel, da Indústria e outras coisas mais.
     Aquele mesmo que recebeu R$ 2 milhões de empresários, por palestras que jamais proferiu, pouco antes de assumir de fato a coordenação da candidatura de Dilma Rousseff e que ficou escondido nos últimos meses, a exemplo do seu chefão Lula, para evitar o dissabor de ser obrigado a dar explicações sobre escândalos.
     Pois nessa mesma 'cerimônia', nossa presidente saiu-se com essa outra pérola: "Sabe o que acontece, sou presidenta. Fui eleita presidenta de todos os brasileiros. Nas 24 horas do dia eu tenho que exercer a Presidência da República. É algo muito complexo".
     E ela deve ser reeleita ...

Sob o império do terror

    A foto que ilustra, em O Globo, a matéria sobre as 'manifestações' de motoristas de vans que interditaram a Avenida Ayrton Senna e a Estrada de Jacarepaguá é sintomática e reflete o caos que tomou conta do Rio de Janeiro, graças à ação deletéria das nossas autoridades. Com pavor das manchetes, nossos governantes abriram mão da dignidade e exibem toda a sua covardia na repressão ao vândalos de todos blocos que infernizam a vida das pessoas decentes.
     Hoje, no Brasil, qualquer grupo de desajustados se acha no direito de fechar avenidas, quebrar vidraças, invadir lojas, roubar, destruir. Se os militantes partidários podem fazer isso - e os fatos nos mostram, historicamente, que podem -, como impedir os demais? Seria como dizer que a turma petista e assemelhada (gente do PSOL, PCO, PSTU, sindicalistas ligados à CUT e outros do mesma estirpe) tem salvo-conduto para a desordem. Na impossibilidade de criar uma escala para os desordeiros, todos foram liberados.
     A Polícia Militar, emparedada - é verdade!!! - por atos inadmissíveis de uma minoria e pela demagogia política, perdeu completamente o rumo e o respeito. Sem respaldo dos superiores, a tropa age mal ou, simplesmente, deixa de agir, omite-se, temendo a repercussão das fotos e filmetes que exploram, normalmente, apenas o ângulo 'politicamente correto'. Exibe-se a borrachada, mas omite-se a cusparada, quando os dois atos deveriam ter o peso aferido com isenção.
     Com a criminosa omissão dos governantes - a vigarice do governo federal, que finge não ter nada a ver com os problemas vividos nos estados, é assustadora! -, bandidos de todos os calibres e matizes (de motoristas de cooperativas de vans a integrantes do tal Black Blocs, passando por 'professores' ligados estreitamente a facções político-partidárias) ficam à vontade para impor o regime de terror na cidade.
     Essa, ao fim, é a taxa que estamos pagando pela opção que fizemos pelo estelionato ideológico, num passado recente. A liberdade, conquistada duramente por algumas gerações, foi jogada na lata de lixo por um grupo de aproveitadores da ignorância, de incentivadores da mediocridade, chantagistas que só tem um objetivo: a perpetuação no poder, em todos os níveis, a qualquer preço.

sábado, 12 de outubro de 2013

Os frutos da demagogia

     O vandalismo registrado ontem e hoje nas imediações da favela Rio das Pedras, em uma zona indefinida nos limites entre Jacarepaguá, Itanhangá e a Barra da Tijuca, é apenas e tão somente mais uma evidência de que o Estado, considerados todos os níveis da administração, perdeu não apenas o controle das manifestações, mas o respeito.
     Motoristas de vans, cuja circulação está sendo restringida e regulamentada, em benefício da ordem e da segurança dos passageiros, tomaram de assalto a região, interromperam o trânsito, quebraram, incendiaram e enfrentaram policiais, exatamente como fazem os celerados integrantes do tal Black Bloc (no Rio e em São Paulo, especialmente) e fizeram os criminosos que infernizaram São Luís, há dois dias, após uma guerra entre presidiários.
     Esse é o retrato dessa era lastimável de demagogia, tolerância e populismo, na qual os instrumentos democráticos de reivindicação foram soterrados pela falta de exemplos dignos a seguir. As ruas, praças e avenidas, que são de todos, foram sequestradas e estão sendo usadas de maneira desregrada.
     A Polícia, emparedada por acusações de todos os calibres, não age como deveria para impor a disciplina. Vivemos reféns da baderna, do fechamento de caminhos por qualquer motivo, do quebra-quebra. O estelionato ideológico produzido ao logo dos últimos anos está cobrando seu preço. Gente que distribuía pontapés, colocava cola em fechadura de bancos e promovia enfrentamentos destinados a produzir manchetes não tem como pedir moderação e impor a ordem.
     Plantou-se o caos. Estamos purgando seus frutos.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Parceiros na estupidez

     Uma linha, perdida no meio de um texto publicado em O Globo, sobre as últimas manifestações de professores, no Rio, me obriga a voltar a um assunto explorado recentemente: a clara e lastimável ligação entre dirigentes do Sepe, sindicato dos professores, e grupos de delinquentes que vêm destruindo patrimônios público e privado e o apoio da população.
     Na passeata de ontem, realizada por não mais de duzentas pessoas, um dos diretores do Sepe formalizou, em discurso, o apoio à parceria com os vagabundos do tal grupo 'Black Blocs', confirmando o teor da uma nota oficial divulgada anteriormente. Se ainda houvesse alguma dúvida quanto à utilização da estupidez como argumento, ela estaria desfeita, comprovando que há vândalos também entre os mestres, não apenas nos grupos de encapuzados.
     Para ser correto, quero deixar bem claro que a maioria absoluta de professores não apoia atos criminosos. Peca, no entanto, pela submissão aos interesses de grupelhos político-partidários, que usam uma reivindicação justa por melhores condições de trabalho como trampolim para seus projetos eleitorais.
     Nas manifestações populares de junho, os mascarados - a serviço, também, de candidatos a cargo eletivos no Rio de Janeiro - foram repudiados. O movimento que sacudiu o país não tinha donos. Infelizmente, nesses últimos entreveros, os desajustados têm mais do que o respaldo dos organizadores: têm a parceria, a afinidade.
     Está na hora de a imensa massa de professores mostrar que não compactua com a barbárie. Sob pena de não poder jamais encarar um aluno com dignidade.


     PS: Já tinha acabo o texto, mas lembrei de outro exemplo de boçalidade, dessa vez na própria matéria, convenientemente não assinada. Em certo ponto do texto, os arruaceiros são chamados candidamente de "meninos". O Globo está passando do limite na sua ânsia de purgar pecados passados.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O mestre do charlatanismo


     O maior prestidigitador da política brasileira e mais medíocre e mentiroso presidente que esse país já teve voltou a atacar. Com a desfaçatez de sempre, Luís Inácio Lula da Silva aproveitou a participação no encerramento de uma conferência sobre trabalho infantil, em Brasília, segundo nos conta O Globo, para agredir, como sempre, a imprensa, acusada, por ele, de dar destaque indevido às recentes fraudes que foram descobertas no programa Bolsa Família.
     Não satisfeito, parabenizou o "companheiro" ministro do Trabalho, Manoel Dias, por ter superado mais uma denúncia de pilantragens envolvendo a pasta que pertenceu a Carlos Lupi e transformou-se em feudo do PDT. Com a evidente ausência de superego, não se envergonhou de afirmar que "é uma pena que muitas vezes as coisas sérias não são tratadas com seriedade, é uma pena que as coisas banais, as coisas secundárias, sejam tratadas de forma quase sensacionalista".
     Falou essas baboseiras e saiu de fininho, sem responder a qualquer pergunta, embora procurado. É claro. E se algum desses representantes da 'imprensa marrom' resolve perguntar a ele como andam as relações com sua ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa? Ou o que tem a dizer sobre o resultado dessa primeira fase do julgamento do Mensalão, que acabou beneficiando seus companheiros de partido e governo, condenados por formação de quadrilha, entre outros delitos?
     O maior falastrão dessa infeliz República há muito tempo só abre a boca para discursar, em completa segurança, jamais para responder a alguma questão. Discursos naquele mesmo diapasão que remete inexoravelmente aos charlatães que vendem o céu e realizam milagres na frente de câmeras e/ou palcos, explorando a ignorância da plateia.
     É inacreditável que alguém consiga ouvir o ex-presidente sem vomitar.

O direito das patadas

     Normalmente sou alguém que poderia ser caracterizado como um irrestrito respeitador das leis, das decisões judiciais, goste delas - leis e decisões -, ou não. Aprendi, desde sempre, que não apenas os resultados que atendem ao que pensamos, ou queremos, devem ser acatados democraticamente.
     No caso mais recente - o do julgamento da validade dos tais embargos infringentes no Mensalão do Governo Lula -, fui um dos poucos a defender não o resultado, mas sua legitimidade, embora jamais tenha omitido que torcia e continuo torcendo para que a quadrilha petista e seus asseclas sejam presos.
     Entendi as razões que levaram o ministro Celso de Melo - um legalista - a decidir pela aceitação dos embargos, mesmo acreditando que um resultado inverso também seria justificável, além de atender às expectativas da maioria decente desse país (os indecentes festejaram).
     Portanto, fico bem à vontade para externar minha incredulidade com a decisão de um juiz paulista, que negou à reitoria da Universidade de São Paulo (USP) o direito de retomar instalações invadidas e devastadas por um bando de arruaceiros travestidos de estudantes.
     Não me interessa, nesse e em outros casos similares, o conteúdo da reivindicação, mas a forma. Pedir eleições diretas para os cargos de direção universitária é algo razoável, defensável, não há dúvida. Usar a estupidez para alcançar seus objetivos - como fazem reiteradamente alunos da USP claramente ligados a partidos políticos empenhados em desacreditar o governo estadual - é inaceitável em uma democracia.
     Mais grave, ainda, é a existência de um juiz - que deveria, por definição, zelar pela ordem e respeito às instituições - favorável à democracia da baderna, ao direito das patadas. É, certamente, um fortíssimo candidato a uma vaga no Supremo Tribunal Federal, para trabalhar ao lado de Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, caso essa lastimável Era Lula conquiste nova vitória nas eleições do ano que vem.

Parceria deletéria

     É claro que a maioria absoluta dos professores não apenas do Rio, mas de todo o país, é contra a ação desses degenerados da quadrilha dos tais 'black blocs'. Portanto, o 'apoio' integral conferido pelo Sepe (um dos sindicatos da classe) a esses arruaceiros que deveriam estar na cadeia deve ser entendido como ele realmente é: uma parceria deletéria - mais uma! - entre as facções partidárias que comandam historicamente o sindicato (gente ligada ao PSOL, PSTU e PT) e um bando de criminosos.
     O Sepe, como, infelizmente, a maior parte dos nossos sindicatos, é um dos braços dos grupos partidários que vicejam nesse mundo do que se convencionou chamar, grosso modo, de esquerda - extrema esquerda, para ser mais preciso. Algo situado entre viúvas de Stalin e Mao e adoradores dos irmãos Castro. Uma turma que jamais se mobilizou, por exemplo, para protestar contra os bandoleiros do Governo Lula que assaltaram os cofres públicos.
     Mais do que defender os interesses das suas classes - função primordial -, nossos sindicalistas profissionais defendem ideologias político-partidárias. Para eles, o grau do protesto é sempre proporcional ao governante do momento e ao jogo político que esteja em curso. No caso do Rio de Janeiro, a disputa pelo poder, exercido pelo PMDB, tanto no Estado quanto na capital. Na capital paulista, não por caso - nunca é!!! -, o alvo principal dos degenerados é o governo estadual. Todos sabemos, por exemplo, que a CUT é o braço sindical do PT e atua de acordo com os preceitos do partido.
     Há uma distância enorme entre condenar os abusos praticados pela Polícia - e eles existem, inegavelmente - e apoiar arruaceiros. Com a decisão estúpida que tomaram, os sindicalistas deram um tiro no pé e esvaziaram as reivindicações dos professores, reproduzindo, com atraso, as bobagens desferidas pelo cantor e compositor Caetano Veloso há alguns dias.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Um certo dia de outubro, há 45 anos

     Há 45 anos, no dia 8 de outubro de 1968, entrei pela segunda vez em uma redação. Na primeira, quatro dias antes, eu me apresentara a Rubem Cunha, secretário do O Jornal, o 'órgão líder dos Diários associados', levando comigo uma carta de apresentação do diretor do Instituto Superior de Jornalismo (solicitando um estágio) e a determinação comum aos jovens de 20 anos.
     Rubem, que trabalhara com meu diretor e professor, foi atencioso, explicou que eu não teria salário (naquela época, não havia estágio remunerado, pelo menos nos domínios Associados) e marcou minha apresentação para a segunda-feira seguinte, no quinto andar do velho prédio da Rua Sacadura Cabral, 103, ali pertinho da Praça Mauá. Sem compromisso. Tudo dependeria do meu desempenho.
     Eu deveria procurar o subchefe de reportagem da Agência Meridional, José Miziara, pela manhã (a redação do O Jornal funcionava no terceiro andar e a do Jornal do Commercio no quarto). Ele já estaria informado da nova aquisição. À tarde, eu seria apresentado ao chefe geral, o paraense Evaristo.
     A Agência, invenção diabólica do recentemente falecido Assis Chateaubriand, era a responsável pela produção de textos e posterior distribuição entre os veículos associados e predecessora das demais máquinas de explorar funcionários que se espalharam em todos os jornais. Todos os textos eram produzidos com cópias (usávamos carbono, nessa época ...), retrabalhados por uma equipe de redatores e adaptados ao perfil de cada empresa/cliente.
     De imediato, fui encaminhado a um repórter mais experiente, Ely Miranda, a quem foi atribuída a tarefa de me apresentar o ofício. Ely cobria a cidade, obras. Saía meio sem destino, recolhendo notícias, apontando mazelas. Devo a ele e a Miziara, em especial, as primeiras e decisivas aulas práticas, as correções, os conselhos. Nas duas primeiras semanas, escrevia textos que eram confrontados com os do meu 'mentor', expondo falhas e omissões, na forma e conteúdo.
     Aos poucos, percebi que levava algum jeito. As matérias que produzia faziam sentido. Tanto que, na terceira semana de estágio, fui jogado na rua, em voo solo, a bordo de um dos Gordinis verdes que compunham nossa frota de carros de reportagem. 'Seu' Tião, motorista antigo e conhecedor de todos os atalhos para uma reportagem de cidade, foi meu apoio. Fotógrafos já consagrados, como Ângelo Regato (uma lenda) e Aníbal Phillot (pai de Phillotzinho, meu futuro parceiro de inúmeras matérias), tiveram comigo a paciência que, anos mais tarde, eu me sentia compelido a ter com as legiões de estagiários que passaram pelas minhas chefias.
     Perto do Natal de 1968, após dois meses e meio de trabalho alucinado, quase sempre doze horas por dia, fui chamado por 'Seu' Evaristo, meu chefe maior. "Menino" - era assim que ele se dirigia a quase todos -, "decidi pagar uma gratificação para você, pelo empenho. Passa na caixa, já está autorizado". A tal 'gratificação' correspondia a um salário. E eu precisava muito do dinheiro. Saído recentemente de outro estágio, como aspirante R2 de Infantaria, minhas limitadas reservas - provenientes da minha passagem pelo Exército - estavam no fim. Seria muito difícil continuar arcando com o custo das passagens e das refeições diárias.
     Pouco mais de um mês depois, no dia 1 º de fevereiro de 1969, A Agência Meridional assinou minha carteira de trabalho. A partir daquele momento, de fato e de direito, eu era um repórter. Foram quatro anos e meio nos Associados, três deles, os últimos, no O Jornal, onde percorri todos os caminhos que me levaram de repórter a chefe de reportagem e editor de Cidade. Uma escola inigualável, que me abriu as portas para os muitos anos seguintes, nas redações de O Globo e Jornal do Brasil.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O 'efeito Marina'


     Nada como adversários com chances de vencer para soterrar arrogâncias. Sempre citada como avessa aos chamados 'ritos políticos', a presidente Dilma Rousseff, como nos informa O Globo, abriu a agenda e recebeu hoje, no seu até então inexpugnável palácio, deputados federais que representam partidos da tal 'base de apoio', aquilo que nós sabemos o que é e imaginamos o que pode fazer.
     Entre eles, aliadíssimos próceres do Partido Progressista (o do procurado Paulo Maluf), PDT(presidido pelo ex-ministro Carlos Lupi, aquele mesmo que saiu do governo envolvido em acusações cabeludíssimas) e PTB (do ex-presidente e atual senador Fernando Collor e do ex-deputado Roberto Jefferson, o sujeito que denunciou o Mensalão). Sem falar no tal de PT do B, que eu confesso sequer lembrava que existia.
     Ainda não li uma linha de indignação com essa 'falta de coerência'. Nossa presidente pode - na situação atual, precisa!!! - compor com quem quer que seja, desde que renda alguns minutos a mais na tevê e palanques para se exibir. Já nem falo do ex-presidente Lula, notório por seu recorrente e característico comportamento degradante. Além de não ser o presidente formal do País, o mentor da atual governante jamais demonstrou qualquer escrúpulo.
     Bastou, no entanto, que a ex-senadora Marina Silva se filiasse ao PSB , provocando uma reviravolta no cenário eleitoral, para que surgissem as mais inacreditáveis vozes para condenar sua falta de consistência. Lula e Dilma podem, como fazem há dez anos, abraçar e beijar o que há de pior na política brasileira. Marina, não.
     Para essa gente, ela deveria ter se enfiado no primeiro avião para o Acre, deixando o caminho aberto para a reeleição.

domingo, 6 de outubro de 2013

Discurso patético

     Chega a ser patético ler e/ou ouvir a companheirada criticando a 'falta de coerência' da ex-senadora Marina Silva, por ter optado pela filiação no PSB, para ter condições efetivas de participar do processo eleitoral do ano que vem, ao lado do governador Eduardo Campos. De um momento para o outro, o governador de Pernambuco, aliado de sempre do atual esquema de poder, passou a ser o símbolo do mal, não mais o comensal do Palácio, alvo dos maiores elogios e paparicadas.
     Lula, o mais nefasto presidente da história republicana brasileira, pode trocar abraços apertados, assim colados, com Paulo Maluf, aquele político paulista que é procurado pela Interpol, ou com o ex-presidente cassado e atual senador Fernando Collor de Melo. O PT pode fazer acordos com o PP (do indigitado Maluf), o PR, do mensaleiro condenado Valdemar da Costa Neto. Pode, ainda e sempre, defender ardorosamente seus bandoleiros condenados à prisão por assaltar os cofres públicos e a dignidade nacional.
     Marina Silva não poderia - que heresia! - ter se filiado a um partido que há pouco tempo fazia parte 'ativa e operante' do Governo. É de uma desfaçatez inacreditável. Deveria - como sonhavam petistas e assemelhados, depois de a criação de seu partido ter sido inviabilizada pelo 'rigor' de alguns cartórios - ficar recolhida no seu canto, deixando o caminho livre para a atual presidente passar com sua comitiva.
     Confesso que sinto engulhos ao deparar com argumentos desse teor, oriundos - quase todos - de partidários do maior estelionato ideológico jamais registrado no país. Marina falou em duas mil pessoas sendo pagas com dinheiro público para desenvolver uma campanha destrutiva contra ela. Acho que foi modesta. Mais grave do que a compra e venda de consciências e penas (ou teclados, para ficarmos mais atualizados), no entanto, é a estroinice ideológica gratuita.

     PS: Antes que eu esqueça, e para que não pairem dúvidas. Escrevi, há muito tempo, que Marina, em virtude do vazio político, poderia ser minha opção para a presidência. Jamais considerei votar em Eduardo Campos. Passei a considerar essa hipótese, pelo menos em um segundo turno contra a Era Lula.

sábado, 5 de outubro de 2013

A hora da Polícia

     Não há 'plano B' para as Polícias Militares em geral, a do Rio de Janeiro em especial. Ou mudam e se transformam em instituições respeitáveis, ou serão desmoralizadas inteiramente, a ponto de perderem o pouco de respeito que ainda gozam entre a população. No atual ritmo estúpido de descrédito, não vai demorar muito para que nossos policiais não consigam se impor, sequer, pelo medo. Não está longe o dia em que, armados ou não, serão tratados a cusparadas por ponde passarem, antecipando o que seria um caos institucional.
     Não estou me referindo a episódios isolados (ou nem tanto ...) de uma cacetada ou outra em algum desses desajustados que vão para as ruas provocar badernas. Ou mesmo a um 'chega-para-lá' mais incisivo em um manifestante provocador, daqueles que sabemos que existem e que estão sempre prontos a provocar um entrevero que resulte em imagens. Nada melhor do que um pouco de sangue para ajudar a eleger demagogos e oportunistas.
     Esse tipo de reação é, de certa forma, 'tolerado', faz parte do pacote das polícias de todo o mundo, embora oficialmente reprovável. O que não se pode aceitar, sob qualquer circunstância, é a transformação do Estado - representado no dia a dia por sua polícia - em um agente de torturas, de mortes, de atos corruptos.
     A desmoralização total da instituição policial não pode interessar a ninguém com razoável bom senso. A Polícia, como ente, é fundamental no processo de ordenamento da sociedade. Ela existe, basicamente, para garantir direitos, entre eles o respeito à nossa integridade física e material.
     Assim como acredito na política como fundamental à democracia, apesar dos lastimáveis representantes que temos em todos os níveis, preciso crer que é possível, sim, que tenhamos uma polícia digna, formada por profissionais decentes. Nos dois casos, eles existem e precisam se impor aos demais, até para que sobrevivam.

O pesadelo petista

     As eleições do ano que vem começam a tomar novo rumo. Tudo o que petistas e assemelhados talvez tivessem pavor, até, de temer, aconteceu. O pior dos mundos desabou sobre a presidente Dilma Rousseff e, por tabela, em cima do senador Aécio Neves, virtual candidato a nova derrota na luta do PSDB para retomar a presidência.
     A provável tabelinha da ex-senadora Marina Silva com o governador Eduardo Campos, do PSB, é capaz de desarticular até mesmo as mais elaboradas estratégias de marketing e outras eventuais vigarices eleitoreiras gestadas no Palácio do Planalto. Todos os esforços concentrados do governo, incluindo, aí, as gestões do ex-presidente Lula, esse personagem nefasto da vida pública brasileira, fracassaram.
     Marina Silva e Eduardo Campos, juntos (a liderança em uma futura chapa, oficialmente, não foi definida), garantem a realização de um segundo turno, com amplas possibilidades de arrebatarem o apoio das demais siglas partidárias que navegam nesse nebuloso espaço oposicionista.
     Inegavelmente, a ex-senadora carrega com ela uma aura de dignidade - meio 'santarrona, é verdade - que falta à maioria dos nossos políticos. Campos tem, a seu favor, o fato de ser, ainda, uma relativa 'novidade' no cenário nacional e um enorme potencial de votos no Nordeste, feudo que garantiu as eleições de Lula e Dilma.
     Não por acaso, o ex-presidente mais medíocre que esse país já teve (Lula é imbatível também nesse quesito) começou o processo de desmerecimento pessoal da ex-senadora, espalhando historinhas teoricamente 'engraçadinhas', entre amigos. Por enquanto, são comentários aqui e ali, com a mesma desfaçatez que o levou a mentir reiteradamente quando da eclosão do escândalo do Mensalão de seu governo. No futuro, veremos alguns vassalos dessa corte corrupta que domina o País há dez anos e nove meses assumindo o papel de detratores.
    

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Contraste médico

     "É a primeira vez?"
     A pergunta foi a senha para eu desabafar, com todas as letras e inflexões, sem perder e calma. Diria, até, professoralmente: "Não, doutor, é a terceira vez que eu venho aqui em um mês. E não sei se vou voltar. Nem se vou seguir suas orientações. Afinal, qualquer paciente precisa de um mínimo de relacionamento com seu médico, para entregar a sua vida a ele".
     A consulta, que teria durado cinco minutos - se tanto!!! -, prolongou-se por meia hora, a partir desse ... digamos ... diálogo, com direito a novas, incisivas e - com certeza - inesperadas colocações. Surgiu um novo médico, então, diferente daquele personagem indiferente, distante, mecânico, mera engrenagem da indústria da medicina que reina, em especial, nos planos de saúde.
     O burocrata que se limitara, nas duas consultas anteriores, a solicitar exames, rabiscados apressadamente nas guias dos convênios médicos, mostrou que pode ser razoavelmente interessado nos pacientes, e não nas estatísticas de atendimento.
     Ao pedido e ao receituário - atitudes puramente mecânicas -, somaram-se as obrigatórias explicações sobre o problema a ser tratado e recomendações sobre atitudes paralelas que podem ajudar nesse início de processo, além de insistentes justificativas para o comportamento anterior, que eu fingi entender. Afinal, o gelo tinha sido derretido.
     Vou fazer o tal exame e tomar a medicação prescrita.

A papel de Marina


     Não é uma pesquisa, com os parâmetros exigidos, mas a sondagem feita pelo jornal O Globo, entre os que acessam sua página, dá uma ideia bem real do pensamento médio da população em relação à ex-senadora Marina Silva e seu futuro político imediato, que deverá ser anunciado ainda hoje.
     Quase 70 por cento dos leitores acham que Marina deve, sim, candidatar-se à presidência, por outro partido, já que a Justiça Eleitoral vetou, por enquanto, o seu Rede. Fica clara, para mim, a mensagem do eleitorado que lê jornal e tem um mínimo de informação: há uma procura evidente por uma opção à presidente Dilma Rousseff e a tudo o que ela representa de incompetência administrativa e conivência com malfeitos.
     Não por acaso, algo em torno de 33 por cento dos consultados defendem o afastamento da ex-senadora da disputa eleitoral. Alguns, por uma eventual e enublada 'coerência'. Muitos, pelo medo que a participação de Marina interfira no processo de reeleição das atual presidente. Com a ex-senadora na disputa, não há dúvida, pelo menos o saudável segundo turno seria inevitável.
     Os números - embora restritos a um universo distinto do país - também apontam para os índices históricos de apoio ao PT: algo em torno de 30%.
     Essa é a responsabilidade que recai sobre os ombros de Marina Silva.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Silêncio constrangedor

      No imaginário de muita gente - e isso é, realmente, assustador! -, Rússia ainda rima com paradigma, assim como há os que conseguem enxergar algo de aproveitável em ditaduras formais, como as cubana e coreana do norte; informais e bananeiras, como a venezuelana; e fanáticas, como a iraniana. A companheirada de vários matizes escuta o nome do país que espoliou seus vizinhos e esquece completamente o genocídio praticado ao longo do século 20.
     Não há outra explicação plausível para o eloquente silêncio de nossos políticos de 'esquerda' (seja lá o que isso ainda é ...) em relação à prisão e possível condenação de uma brasileira que milita no Greenpeace, por 'pirataria'. Nosso governo, sempre tão alerta e determinado quando as 'agressões à liberdade' são praticadas pelos Estados Unidos e seus parceiros mais próximos, como a Inglaterra, comporta-se, nesse caso, como um vira-latas que leva um pontapé no rabo, ao chafurdar no lixo.
     É o que podemos classificar de política externa do proselitismo, da vigarice retórica. Um sujeito que é acusado de estupro em um país livre, como a Suécia, é apresentado como o arauto da liberdade, por confrontar o 'imperialismo'. Uma blogueira libertária, como a cubana Yoani Sánchez, foi tratada a pescoções, por ousar expor as mazelas de mais antiga ditatura do mundo.
     Apenas para efeito de debate, imaginemos a seguinte situação: uma brasileira sendo presa por maríneres americanos, por protestar em frente à prisão de Guantânamo, por exemplo. Nossa presidente, no mínimo, iria discursar na ONU, enquanto os marqueteiros de plantão esquadrinhariam o universo de pesquisas sobre as próximas eleições.

A responsabilidade é nossa

     Nada melhor do que um momento de extrema tensão, como o que vivemos no Rio, para um convite à reflexão. É evidente que nossa Câmara é lastimável, fruto do populismo e da viciada relação de clientelismo e demagogia que prevalecem nesse país especialmente nos últimos dez anos e nove meses e que impera também em nossa cidade. Mas é a Câmara que nós temos, eleita livremente pela população, que deu aos seus representantes a procuração legal necessária ao exercício da plenitude dos seus mandatos.
     Podemos não gostar - eu abomino -, mas não há saída legal para mudanças, exceto a chancelada pelas urnas. É o preço que a sociedade paga para viver em um regime democrático. Portanto, é de absoluta desfaçatez ignorar o direito de nossos vereadores votarem projetos de sua alçada, como o recente plano de carreiras do magistério, aprovado por três quartos do plenário.
     A conta é exatamente essa: foram 36 votos a favor, três contra e nove abstenções. É um resultado indiscutível, embora saibamos de todos os males e defeitos da casa. Em nenhuma sociedade livre do mundo a minoria absoluta (12 pessoas, num universo de 48 !!!) prevalece.
     Se um resultado como esse, tão consistente numericamente, não prevalecer, é melhor fechar o Legislativo, de uma vez. Ou será que as votações só são boas e democráticas quando atendem ao que nós pensamos e defendemos? 
     Quero deixar bem claro que não estou entrando no mérito do tal plano, em si. Minha questão é institucional. Assim como temos que respeitar as decisões da maioria avassaladora do Governo Federal, embora possamos contestá-las, não podemos ignorar a legalidade de atos de outras esferas.
     Nossos políticos são lastimáveis - tenho escrito e repetido isso ao longo dos últimos anos -, mas nós somos os responsáveis por eles estarem onde estão. Precisamos aprender a não eleger corruptos, mentirosos, estelionatários ideológicos, farsantes, demagogos. Infelizmente, o Brasil do século 21 optou pelo reinado da mediocridade, que caminha para sua quarta edição.
 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A culpa é toda nossa ...

     Fico na dúvida, de fato, sobre o que é mais indecente: se as 'conversas' entre os dirigentes do PSDB e o Solidariedade, o novo 'partido' do deputado federal Paulo Pereira da Silva, o 'Paulinho da Força; ou o conchavo entre o governo e esse mesmo representante do muito que há de mais lastimável no mundo político brasileiro.
     É o tipo do filme sem mocinhos, recorrente no cenário nacional e que, por si só, pode ajudar a explicar a degradante fase em que mergulhamos especialmente nos últimos dez anos e nove meses. Segundo nos contam jornais e revistas com presença forte em Brasília, Paulinho e sua turma teriam se acertado com Dilma e sua trupe, deixando de lado Aécio e seus parceiros, com os quais vinham compondo.
     Eles, os que se aproximam de personagens com o histórico dos donos do Solidariedade, 'dissidentes' do PDT (seja lá o que isso nós sabemos que é ...), se merecem. Assim como os irmãos que dominam o Ceará, que se transferiram para o tal de PROS, também recentemente criado.
     É nesse mundo pérfido que devem ser procuradas as razões do degradante momento brasileiro, marcado pela ruptura institucional, pelo desmando, pela divórcio entre aspirações legítimas da população e a realidade. A redenção brasileira terá que passar, obrigatoriamente, pela redefinição da estrutura política e dos políticos em geral. Mas isso só será possível a qualificação da população.
     Ou alguém desconhece que fomos nós que elegemos e somos nós que mantemos no poder essa que é uma das piores gerações de políticos da nossa história? Uma geração que tem, como seu maior expoente, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva - o mais medíocre, demagógico e limitado personagem da República, em todos os tempos.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

As caras do Brasil atual

     Dois empresários queridos da companheirada que detém o poder são manchetes, hoje, em nossos jornais e revistas. O ex-presidente da Delta Construtura, Fernando Cavendish, teve seus bens confiscados pela Justiça, em uma tentativa de reaver algo em torno de R$ 300 milhões que teriam sido desviados por ele, quando ainda era o empresário-chefe do PAC, o homem que 'tocava' as obras e desfrutava da intimidade de governantes estaduais e da presidência da República.
     Excetuando o desgaste - digamos - 'moral' resultante da descoberta de suas falcatruas, o empresário-amigo do ainda governador Sérgio Cabral não tinha muito do que reclamar. Tanto que manteve-se calado ao longo do tempo decorrido entre o escândalo de desvio de verbas públicas para financiamento de campanhas (mais um, na interminável lista iniciada há dez anos e nove meses).
     Como normalmente acontece em casos semelhantes, 'obrou-se ' um confortador silêncio entre as partes acusadas. Nessas situações, o comportamento mais comum é o afastamento dos holofotes, na expectativa de que tudo seja esquecido, como normalmente acontece por aqui. Ou será que alguém ouviu algum vereador, deputado ou senador - principalmente os sempre 'aguerridos' PT, PSOL, PCO e afins - sair por aí dando pontapés no assunto?
     O outro agraciado com destaque é o empresário Eike Batista, em virtude de a petroleira OGX ter decidido não pagar algo em torno de US$ 45 milhões referentes a juros de dívidas realizadas no exterior. Eike é a cara do milagre brasileiro dos anos Lula. Surfou na fantasia e está deixando a conta para outros pagarem, ou não.
     No caso do País, a conta dos desmandos - aparelhamento do Estado; desperdício, gastos exorbitantes; financiamento de projetos mirabolantes, destinados a enriquecer grupos amigos; sucateamento das estruturas etc - ficará para a sociedade, inexoravelmente. A esperança da turma que está no Poder é poder empurrar o problema para depois das eleições do ano que vem.