segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

No rastro de Palocci

     Mais uma agonia se avizinha. O segundo tempo de uma partida que pode ter um bom par de prorrogações começou com o Governo perdendo por uns três a zero e com o time na retranca, chutando para todos os lados, tentando, apenas, perder de pouco. Vai ser difícil. É praticamente impossível alguém deixar de relacionar os extraordinários - sim, eles são extraordinários - ganhos do atual ministro do Desenvolvimento etc, Fernando Pimentel, como 'consultor', com o enriquecimento do ex-ministro Antonio Palocci, no mesmo 'ramo' de atividade.
     Convocado para explicar os R$ 2 milhões que recebeu por um trabalho que ninguém sabia que aconteceu, logo depois das últimas eleições municipais, o ministro e ex-prefeito de Belo Horizonte saiu-se com um raciocínio matemático digno de um aluno da antiga 'Escolinha do Professor Raimundo'. A O Globo, que denunciou o 'caso', Pimentel disse que, deduzindo os impostos etc, o ganho teria sido de, apenas, R$ 1,2 ou R$ 1,3 milhão, o que daria, em média, R$ 50 mil por mês, em dois anos, e não de mais de R$ 80 mil mensais. Ou ainda mais, se levarmos em conta que os prazos foram arredendados para cima e a grana para baixo. É uma piada, sem a menor graça. Ninguém ganha salários, ou o que for, 'sem os impostos'. Ou não seriam impostos. Isso é uma vigarice retórica.
     E mais: esse cálculo oportunista ofende a inteligência da população, além de ser diversionista. O fato ainda mais importante, na questão, é que um alto dirigente do partido que está no Poder deixa a prefeitura de uma das cidades mais importantes do país e vai 'assessorar' empresários e empresas com interesses diretos nessa mesma prefeitura. E ainda se dá ao 'desplante' de argumentar que esse montanha de dinheiro é compatível com os ganhos de um executivo que trabalha 60 horas semanais. Executivo que - sabe-se - não entraria para a equipe da futura presidente algum tempo depois.
     Essa gente não se emenda. A administração do Brasil, infelizmente, está entregue a um bando de oportunistas.

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