segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Por que tanto medo?

     Quando leio notícias como as que vêm sendo publicadas - sobre a batalha travada pelo Palácio do Planalto para impedir a convocação do ainda ministro do Desenvolvimento e outras coisas, Fernando Pimentel (PT), para prestar esclarecimentos no Senado quanto ao seu sucesso estrondoso como consultor de empresas -, uma questão surge de imediato: por que tanto medo?
     O ex-companheiro da presidente Dilma Rousseff nos tempos da luta armada já disse que foi tudo legal, que até recolheu os impostos. Não custa muito ir a uma das casas do Poder Legislativo e satisfazer a curiosidade não de um grupo de senadores, mas do país inteiro, acredito. Eu, por exemplo, gostaria muito de saber o conteúdo da tal consultoria feita à Fiemg e que rendeu mais de R$ 1 milhão ao então recém-ex-prefeito de Belo Horizonte.
     Deve ter sido sensacional, mesmo, embora ninguém na Federação - exceto o sujeito que assinou o cheque, o presidente das entidade - tenha a menor ideia do que foi feito. Ao contrário, alguns dos primeiros entrevistados sobre o tema - ex-diretores na época - garantem que Pimentel jamais trabalhou por lá. Teria sido - podemos inferir - uma 'conversa ao pé do ouvido' com o dono da canetada de R$ 1 milhão. Coisa de mineiro.
     E não posso esquecer, também, a consultoria que o ínclito ainda ministro deu a uma construtora mineira, algo para mais de R$ 500 mil. Também deve ter sido de primeira, já que a empresa conseguiu, de imediato, um daqueles contratos fabulosos com a Prefeitura, não por acaso comandada por asseclas de Pimentel.
      E o tal dinheiro que ele recebeu de uma empresa nordestina? O 'Maradona das consultorias' (ninguém tira o título de 'Pelé' que foi conferido ao ex-ministro Antonio Pallocci, quando transformou 'água em vinho', também fazendo 'consultorias') ganhou mais do que a empresa fatura por ano. Deve ser muito bom, mesmo.
     A preocupação em proteger um ministro claramente envolvido em atos desabonadores e que vem mentindo sistematicamente é mais um sintoma de que vivemos um período lamentável na nossa história. Além da máquina que invadiu todos os segmentos do Governo, sugando o que pode, por meios legais e ilegais, há esse comprometimento deletério com personagens que se mostram nefastos.
     A tática governista - de empurrar o caso Pimentel para o período de recesso de festas de fim de ano - pode até dar certo a princípio. Mas não vai se sustentar. Haverá sempre uma revista semanal pela frente, uma manchete de jornais não comprometidos. E, além disso, a certeza de que alguém de dentro do esquema sempre fala.
     Pode até 'ser arrependido' depois. Mas fala, como falaram todos os que provocaram a divulgação dos esquemas mais sórdidos da história da nossa República, como o Mensalão pago pelo Governo Lula à turma da 'base' e à companheirada. A sujeira acaba aparecendo. É uma simples questão de tempo.

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