quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Entre palmadas e beliscões

     Eu nunca dei uma palmada, sequer, nas minhas duas filhas, embora uma delas, a caçula, Fabiana, talvez tivesse merecido uns bons tapinhas na bunda, eventualmente. Era levada e muito - muito, mesmo! - teimosa. Mas jamais abri mão de uma conversa mais incisiva, que deixasse bem claro que não estava satisfeito com algumas coisas e que elas teriam algum tipo de castigo.
     'Elas' é um pouco de exagero. Na verdade, ela. Flávia foi sempre - digamos - mais bem comportada, embora cheia de vontades. A minha dureza, no entanto, levava apenas o tempo entre a bronca e a primeira gracinha, piada, molecagem. Fabiana sabia disso, desde pequena, e usava e abusava, como conta hoje, aos risos. Mas não escapava de uns beliscões da mãe, que mais tempo convivia com elas e mais rapidamente - por pressão - perdia a paciência.
     Não era para menos. Não foram raras as vezes em que ela - a filha levada - se jogou no chão do Barrashopping, quando contrariada em qualquer pedido, exibindo um repertório variado de manhas e má-criações explícitas. O que fazer? Deixar aquela pirralha largada por lá? Sentar no chão, ao lado dela, e conversar? Ou dar um leve apertão no braço (belisquinho?) e prometer castigos, entre os dentes?
     Não tenho dúvidas em dizer que acredito que sejam escolhas individuais, de quem pode fazê-las. Os excessos - e os há - estão previstos no Código Penal. Agredir alguém, seja filho ou não, é crime. Criar uma lei para proibir o que já é proibido soa como demagogia, mais uma bobagem entre as muitas que tomam o tempo que deveria ser mais bem aproveitado pelos nossos congressistas.
     Em tempo: apesar de uma boa dúzia de beliscões (ou belisquinhos), Fabiana não poderia ser mais ligada à mãe, mais apaixonada por ela.

4 comentários:

  1. Criança aprende logo a contrariar e a abusar do pai ou da mãe quando sabe que vai amolecer um deles,pra bronca ser menor ou a palmada mais leve..rs.. Quando minha mãe não sabia quem tinha começado a briga dos três filhos,ela logo ´´dava uma esquentada`` em todos, com um chinelo que adorávamos, um bem levinho,feito de crochê, pq doía menos...mas,não tínhamos sempre essa sorte,rsrs..as vezes vinha outro chinelo substituto...e o meu irmão mais velho tentava tapeá-la brincando de fugir da palmada e ela acabava rindo,mas mesmo assim,ainda com o chinelo na mão e a vontade de dar uma esquentada..bons tempos..

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  2. Eu só descobri isso com o tempo, Patrícia. Fabiana fazia o que queria comigo.

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  3. Meu malcriado também já levou uns apertões... Mas normalmente ele leva beijos!

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