terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Chanchada bananeira

     Um grupo de militares - sim, militares, e não policiais - invade, com armas e prepotência, a sede de uma emissora de televisão que faz oposição ao governo. A medida, baseada em uma denúncia qualquer que partiu de um grupo ligado à situação, é defendida por um dos integrantes do primeiro escalão, sob o argumento de que havia uma ordem judicial, claramente obtida de um parceiro, como os juízes que autorizavam a deportação de judeus, na Alemanha nazista, por exemplo.
     A cena poderia ser parte de um filme sobre alguma república bananeira cujos dirigentes usam todos os meios legais ou ilegais (normalmente imorais) para calar os dissidentes. Mas não é fictícia. É absolutamente real e foi divulgada, hoje, por Veja. Tudo isso aconteceu na Argentina, tendo como alvo uma tevê a cabo (Cablevision) do grupo Clarín. Os denunciantes integram o grupo Vila-Manzano, favorável ao controle da produção de papel para jornal, perseguida pelo Governo Kirchner.
     Há alguns anos, episódios como esse faziam parte do repertório das ditaduras de 'direita' que assolavam nosso continente. Hoje, são armas de ditaduras semelhantes, embora 'legitimadas' pelo voto'. Mudou, apenas, o matiz dos governantes, considerados de 'esquerda', seja lá o que isso for. E, como tal, merecedores da boa vontade de grande parcela dos 'formadores' de opinião.
     Seria muito esperar que nossas entidades - ABI e sindicatos de jornalistas, em especial - condenassem esse tipo de ação, característica de governos de terceira categoria, como os venezuelano, peruano, cubano e outros, semelhantes na mediocridade e no desrespeito a um preceito fundamental: a liberdade de expressão. Afinal, dona Cristina faz parte do esquema de embuste ideológico que marca grande parte da América Latina.

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