sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Presidência apequenada

     Não costumo concordar com políticos, em geral. Os últimos anos têm sido desanimadores, com exemplos deletérios em todos os partidos, o PT em especial. Mas, até por lógica (venho escrevendo isso há algum tempo), sou obrigado a referendar a frase do presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra, em relação à manutenção no cargo do ainda ministro do Trabalho, esse incrível Carlos Lupi (PDT).
     Para ele, a decisão da presidente Dilma Rousseff, que não aceitou a recomendação de demissão feita pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República, “desmoraliza a democracia e as instituições”, como destaca Veja. Não há a menor dúvida quanto a isso. Ao postergar uma decisão que já deveria ter sido tomada há muito tempo, a presidente apequenou-se, apequenando, em consequência, o cargo para o qual foi eleita pela maioria do povo brasileiro.
     A desculpa para essa demonstração de tibieza não poderia ser mais simplória: dar ao ainda auxiliar a chance de se defender das acusações de ocupar cargos indevidamente, e receber por eles, antes de assumir a pasta, ainda no Governo Lula.
     Como se fossem apenas esses os pecados do presidente licenciado do PDT. Lupi vem sendo bombardeado por acusações bem mais graves (admitindo-se que há escala de valores para esses tipos de atos criminosos). Sem subterfúgios, Lupi foi apontado como gestor de um esquema de corrupção que usava ONGs amigas para arrecadar e desviar dinheiro público para o partido e bolsos companheiros.
     Os ‘demitidos’ anteriores (cinco ministros, por enquanto) purgaram, mas não resistiram às evidências das vigarices, o que criou na população a falsa impressão de que havia um movimento em prol da dignidade no setor público, em especial no primeiro escalão de essa nossa tão maltratada República. Os fatos, mais do que as análises descompromissadas, mostram que ainda há um enorme caminho a percorrer.

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