sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

A 'jurisprudência' dos mensaleiros

     Começam a aparecer as primeiras consequências da inacreditável decisão do STF, que absolveu líderes petistas da acusação de formação de quadrilha. O ex-goleiro Bruno, que mandou matar a mãe de seu filho, Eliza Samudio, entrou com pedido na Justiça para voltar a jogar futebol. Talvez conseguisse, se seu caso fosse parar nas mãos dos seis ministros que inocentaram José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares.
     Não duvido que esses juristas - que atiraram na lata do lixo todo um trabalho sério e digno realizado pela Procuradoria-Geral da República e pelo ministro Joaquim Barbosa, em especial - encontrassem artifícios que permitissem regalias ao responsável maior por um crime hediondo que comoveu o país.
     Eles, os seis que inauguraram novas 'interpretações' para um caso claro de crime, abriram as porteiras para degenerados de todos os calibres. Se a turma petista (não posso mais chamar de quadrilha, ou bando) está  apta a se reintegrar à sociedade que espoliou, qualquer bandido também também  estaria. É uma questão de pura isonomia.
     Outro exemplo: Marcola, chefão do tráfico, não precisa mais gastar fortunas em planos mirabolantes para escapar da cadeia. Seus advogados podem encontrar semelhanças entre seu cliente e os petistas absolvidos do crime de formação de quadrilha.
     Definitivamente, a Justiça brasileira abriu mão da decência.


quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Uma decisão vergonhosa


“Esta é uma tarde triste para este Supremo Tribunal Federal, porque, com argumentos pífios, foi reformada, jogada por terra, extirpada do mundo jurídico uma decisão plenária sólida, extremamente bem fundamentada que foi aquela tomada por este plenário no segundo semestre de 2012”.
 Joaquim Barbosa

     É verdade, ministro Joaquim Barbosa. O Supremo Tribunal Federal vive hoje uma "tarde triste", sim, Mas vou além: o país decente está de luto com essa vergonhosa decisão tomada pelo núcleo 'ideológico' da nossa mais alta Corte. Ao absolverem os ex-bandoleiros petistas do crime de formação de quadrilha, seis 'juízes' não apenas pisotearam o longo, completo, democrático e extenuante trabalho desenvolvido pela Procuradoria-Geral da República e pelo pleno do STF.
    Esses seis 'juízes' (os dois de sempre, que contaram com o esperadíssimo apoio dos dois novos indicados a dedo pela presidente Dilma - Luiz Carlos Barroso e Teori Zavaski -, e as chorosas ministras Carmem Lúcia e Rosa Weber) assinaram o atestado de submissão à indignidade do único poder relativamente respeitado.
     Como é que alguém, minimamente decente intelectualmente, pode argumentar que não houve uma reunião de malfeitores com o objetivo definido de roubar a Nação para beneficiar o projeto político do grupo que está no poder? Teria sido o mero acaso que reuniu, na mesma insensatez, o grupo mais influente e decisivo do Partido dos Trabalhadores?
     José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, João Paulo Cunha e Silvio Pereira, o 'Silvinho Land Rover' (parte da nata petista) estavam no mesmo barco, na mesma hora, com os mesmos objetivos por obra da - digamos .. - natureza? Participaram ativamente o mesmo plano escabroso de assaltar os cofres públicos, ao longo de um grande período, sem que um soubesse da atividade do outro? Esse tipo de raciocínio abraça a imoralidade.
     De Ricardo Lewandowski e Dias Tóffoli (um ex-empregado do PT, um misto de secretário e office boy de José Dirceu) não se poderia esperar algo diferente do que fizeram ao longo de todo o julgamento do Mensalão. Dos novos ministros, seria muito difícil algo independente. Afinal, foram escolhidos cuidadosamente pela presidente Dilma Rousseff e colocados no Supremo exatamente para roubar do Tribunal a independência que conquistara.
     As ministras - Carmem Lúcia  e Rosa Weber -, desde sempre, andaram 'costeando o alambrado', como dizia o ex-governador Leonel Brizola a respeito da turma que só espera uma chance para pular a cerca. O voto da ministra Rosa Weber, quando da condenação de José Genoíno, antecipava o que viria depois: imprensada por decisões anteriores, não conseguiu se desviar e, chorando, condenou seu ídolo confesso.
     Ao absolverem os até há poucos momentos bandoleiros petistas, os seis ministros do STF deram a Joaquim Barbosa o direito de proclamar, sem subterfúgios, que se sentia autorizado "a alertar a nação brasileira de que esse é apenas o primeiro passo", e que "essa maioria de circunstância tem todo o tempo a seu favor para continuar na sua sanha reformadora".
     Configura-se o uso dos preceitos da democracia para, de maneira legal, devastá-la.


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A peste do autoritarismo


     A quadrilha do Mensalão (vou aproveitar enquanto a companheirada não absolve os bandoleiros) mostrou, ontem, e mais uma vez, que não perdeu a força e o domínio dessa lastimável República. O voto do ministro Luis Roberto Barroso, celeremente acompanhado pelos trepidantes e também petistas Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, foi um exemplo claro de manipulação dos fatos, de estroinice jurídica.
     Não contente em transformar quadrilheiros em meros coautores, o ministro indicado a dedo pela presidente Dilma Rousseff fez 'justiça à promoção'.  Chegou, mesmo, a afirmar que as penas impostas aos maiores ladrões institucionais da nossa história foi excessiva. Ele acha que José Dirceu e asseclas (estou aproveitando!!!) merecem muito menos do que dez ou doze anos de cadeia. Para ele, roubar o país, comprar congressistas, mentir e desonrar cargos públicos são crimes menores. Talvez recomendasse um puxão de orelhas retórico, uma zanguinha dirigia a esses meninos levados.
     Não esperava algo muito diferente. Desde a posse - e antes dela -, o novo ministro dava sinais evidentes de que entraria no time dos defensores dos bandoleiros, capitaneado por Lewandowski, secundado por Dias Toffoli e com a evidência simpatia (lamento ter que registrar) de Carmem Lúcia e Rosa Weber, que chegou praticamente chorar quando se sentiu obrigada a decidir pela punição a José Genoíno, ainda na primeira fase do julgamento.
     Lastimo, profundamente, que a aura de dignidade construída pelos ministros Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Gilmar Mendes e Celso de Mello, em especial, esteja ameaçada pela contaminação ideológica, pelo alinhamento político de juízes que deveriam estar acima de partidarismos. Em um país descrente das instituições, o Supremo Tribunal Federal surgiu, ano passado, como um oásis de dignidade e independência.
     Hoje, está muito perto de ser engolfado pela indisfarçável militância. Como nos lembra Carlos Granés, no prefácio de 'Sabres e utopias', de Mario Vargas Llosa, referindo-se ao Peru:  "... a peste do autoritarismo ... criava um precedente que acabaria por se impor nos anos seguintes como uma moda nociva na América Latina: o de monopolizar os diversos braços do poder, partindo da legalidade, chegando ao Executivo por meios democráticos para, em seguida, trair as regras do jogo, reformar constituições, infiltrar-se no judiciário ...".
     O que já aconteceu nos nossos vizinhos, em especialmente na Venezuela e Argentina, configura-se por aqui, com a nova configuração da nossa mais alta Corte.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Financiando arruaças

     Avaliando a reduzidíssima repercussão do escandaloso e criminoso financiamento de recentes atividades do MST em Brasília, concluí que o tema ainda merece algumas considerações. Se o jornal O Estado de São Paulo não levantasse a questão, o assunto passaria despercebido, mais um dentre as imagináveis milhares de falcatruas com o onipresente carimbo do desvio ideológico que comanda esse governo.
     Tomo a liberdade de perguntar a vocês: em que país decente seria tolerado que instituições oficiais financiassem atividades de grupos a serviço de ideologias e/ou partidos políticos? No caso brasileiro, do MST, não é qualquer grupo. É aquele mesmo acusado de violência, invasões, quebradeiras, destruição de patrimônio público e privado e, em alguns casos, assassinatos.
     Descoberta a pilantragem, emergiu - como não poderia deixar de ser - a figura do 'ministro' Gilberto Carvalho, sempre ele!!!, o defensor da farra com dinheiro público. Teria sido ele o responsável pela aprovação da liberação de verbas para a última manifestação do MST em Brasília, na qual os 'camponeses' agrediram policiais e tentaram invadir o STF e o próprio Palácio do Planalto (talvez para pedir autógrafos).
     É verdade que, apesar da arruaça, os líderes sem-terra puderam, no dia seguinte, se reunir amigavelmente com a presidente da República, patrocinados - não poderia ser diferente - pelo indefectível ministro que, há alguns anos, afirmou que daria a vida pelo ex-presidente Lula.
     Gilberto Carvalho, aproveito sempre para lembrar, foi acusado formalmente, pelos irmãos de Celso Daniel, prefeito assassinado de Santo André, de ser o responsável pela coleta da propina que empresas de ônibus do interior paulista pagavam ao PT.
     Na época (de acordo com as denúncias), início dos anos 2000, circulava pelas cidades administradas pelo seu partido a bordo de um Fusca, no qual amontoava o dinheiro da extorsão que era entregue, na capital, ao ex-ministro José Dirceu e que serviu para financiar a vitoriosa campanha do então candidato Luís Inácio Lula da Silva.
     Tudo isso está no processo sobre o assassinato de Celso Daniel que se arrasta em São Paulo. Só mesmo no Brasil alguém com esse histórico manda e desmanda em bancos oficiais.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Pimenta no Paraguai era refresco


     Quando o Congresso, a Justiça e o povo paraguaios decidiram dar um merecido pontapé nos fundilhos do priápico presidente Fernando Lugo, um ex-bispo católico que espalhava filhos e desatinos pelo país, nosso Governo foi o primeiro a estrilar, condenando o processo que resultou no impeachment. Um processo - não podemos esquecer!!! - absolutamente legal, embora pudesse ser discutido, em parte.
     O Paraguai, coitado, foi execrado, enxotado do Mercosul, que ajudou a criar, e punido pelos seus antigos parceiros, principalmente por Brasil e Argentina. Apanhou, mas não se dobrou. Ao contrário. Mostrou mais dignidade do que todos os seus vizinhos juntos.
     Hoje, ao ser questionada sobre a situação venezuelana, nossa presidente saiu-se com a mais deslavada cretinice retórica: o Brasil não pode interferir em situações internas de outros países. Mesmo que essa 'situação' seja a responsável pelo assassinato de mais de uma dezena de pessoas; pela perseguição a jornais e jornalistas; pelo caos institucional; pelo desrespeito aos preceitos mínimos que devem nortear um país democrático.
     Quando se tratava de apoiar um parceiro, no caso o tal bispo que arrebanhava ovelhas e as levava para a sacristia, não nos acanhamos (esse plural é apenas retórico: refere-se a essa gente que está no poder há onze anos) em fazer o possível para desestabilizar um governo legitimamente constituído, com apoio maciço da população e do Congresso.
     Hoje, quando está em jogo o futuro imediato de um povo governado por um dos mais estúpidos, arbitrários e ignorantes políticos do mundo - ele mesmo, Nicolás Maduro -, nossa presidente argumenta com a obrigação de se manter distante.
     Puro estelionato ideológico, especialidade da turma que está  no poder.

O impasse venezuelano


     Venho resistindo à compulsão de escrever sobre a crise venezuelana. Nunca escondi minha repulsa por Nicolás Maduro, esse personagem lastimável que vem acelerando o processo de destruição do país, iniciado e desenvolvido por seu antecessor, o ainda insepulto coronel de francaria Hugo Chávez.
    Por maior que seja meu repúdio a um governante desastroso, demagogo, mentiroso e absolutamente boçal, como é o caso de Maduro, não consigo simplesmente esquecer que ele foi eleito, em tese, democraticamente. É verdade que o processo eleitoral foi manipulado e duramente criticado, mas foi aceito.
     Entendo a revolta popular contra esse, que é um dos mais medíocres e estúpidos governantes do mundo - comparável ao presidente de Uganda, que acaba de assinar lei que pune homossexuais com prisão. Acredito, mesmo, que as manifestações são formas legítimas de expressar  descontentamento com um governo que agride a dignidade nacional. Mas reluto em apoiar tomadas de poder pela violência.
     O caminho, sempre que possível, deve passar pelas urnas. Mesmo em casos críticos, como me parece ser o venezuelano. A mobilização popular deve servir de instrumento de pressão por novas eleições, de convencimento das autoridades judiciais, que estão sendo confrontadas pela ingerência absurda do governo cubano, através de milicianos armados.
     A Venezuela não vai resistir impunemente à continuação do impasse criado pela clara divisão do país. Algo precisa ser feito, antes que o conflito reedite, na nossa vizinhança, o recente desastre verificado na Ucrânia. Por enquanto, são 'apenas' onze mortos. A tendência é que esse número aumente, proporcionalmente à radicalização.
     A população quer se expressar, deve ter esse direito. Seria o momento propício para o governo brasileiro atuar como mediador, convencendo seu parceiro de que uma consulta popular, respaldada por organismos independentes, seria o mais indicado. Temo, no entanto, que isso não vai acontecer.
    Como vem acontecendo nos últimos onze anos, estamos sempre no lado errado das disputas, apoiando ditadores assassinos e/ou assassinos ditadores.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Sobre crimes e criminosos


     Roberto Jefferson, nos mostra O Globo, foi passear de moto um dia antes de ir para a prisão, o que deve acontecer amanhã. Um de seus asseclas petistas, o ex-diretor do Banco do Brasil, fugiu para a Itália. Entre os que ficaram por aqui, um dos destaques foi o ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha, que passou a véspera da prisão fazendo presepadas em Brasília, entre elas um 'almoço' com outros sem-vergonhas em frente ao Supremo Tribunal Federal, afrontando o país.
     Outros mais votados, como José Dirceu e José Genoíno, fizeram caras, bocas e gestos de vítimas, fingindo que eram heróis da resistência, quando não passam de meros bandoleiros, segundo sentença ainda não revogada. Desse chamado grupo político do Mensalão - o maior assalto institucional aos cofres públicos da nossa história -, Jefferson é, não resta dúvida, o mais conformado.
     Pelo menos oficialmente, aceitou a condenação, embora tenha lutado pela prisão domiciliar, alegando necessidades médicas (tratamento de um câncer). Seu passeio de moto, ao fim, não deixou de ser uma demonstração de resignação. Quis aproveitar o último dia fora da cadeia e usou um dos símbolos de liberdade.
     Em um filme de horror, sem mocinhos, é o  bandido menos agressivo, aquele que demonstra - ao menos para consumo público - algum respeito à Justiça. Até mesmo na questão do pagamento da multa imposta pelo STF. Já anunciou que vai vender alguns bens e que conta com a ajuda de companheiros de partido para completar o valor cobrado.
     Bem diferente do restante da quadrilha política, formada basicamente por destaques petistas, sempre arrogantes e dispostos a desrespeitar a Lei, com o apoio indisfarçável do partido oficial e do próprio Governo, coniventes com os desmandos pretéritos e presentes.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Quando a criatura devora o criador


     O ex-deputado Roberto Jefferson, que, finalmente, irá para a cadeia, jamais imaginou - tenho absoluta certeza disso! - que causaria o terremoto que quase provocou a cassação do ex-presidente Lula e a prisão da nata petista. Sua questão restringia-se ao ex-ministro José Dirceu, a quem culpava pelo desdobramento das denúncias que envolveram seu partido, o PTB, num esquema de chantagens que se originava nos  Correios, então seu - dele, Jefferson - feudo.
     Imprensado pelo volume do escândalo e vendo que seria incriminado sozinho, o então deputado - frequentador assíduo do Palácio do Planalto, não podemos jamais esquecer!!! - denunciou a existência de corrupção no primeiro escalão do governo, liderado por José Dirceu.  Foi, claramente, uma vingança. Jamais houve qualquer intenção de moralizar o País. Os desdobramentos desse contencioso pegaram de surpresa não só os denunciados, mas também o denunciante.
     Na época, o então presidente Lula - outro fato que não podemos deixar no esquecimento - hipotecou formalmente sua solidariedade a Roberto Jefferson. Disse, com todas as letras, que não acreditava no envolvimento do homem que animava jantares palacianos cantando óperas. Devemos lembrar, também, que o ex-deputado e futuro prisioneiro havia afirmado que denunciara a existência do Mensalão pessoalmente a Lula, o que explicaria a posição 'dúbia' do ex-presidente.
     Afinal, se sabia do esquema de compra de votos e dignidades, Lula seria, no mínimo, conivente, por uma omissão indesculpável. Contemporizando com Jefferson, o ex-presidente conseguiu que sua participação do maior assalto institucional aos cofres públicos fosse - digamos! - minimizada. Tanto que foi excluído do processo, apesar da afirmação do atual governador de Goiás, Marconi Perilo, de que também havia alertado o ex-presidente sobre a pilantragem que acontecia na sala ao lado da sua.
     Voltando a Jefferson. A cada aparição, mais evidenciada ficava sua angústia, seu arrependimento de ter gerado o monstro que acaba de devastá-lo. Eventualmente, tenta posar de mocinho, como se sua denúncia inicial mirasse a moralidade. A decretação de sua prisão, pelo presidente do STF, Joaquim Barbosa, apenas encerra parte dessa lamentável página da vida brasileira.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O monumento à desfaçatez


     Apenas para efeito de debate: o Mensalão não existiu, não houve desvio de dinheiro do Banco do Brasil. Tudo o que foi apresentado e condenado não passou de mera especulação da direita hidrófoba que faz o que pode para atingir a imagem pura e cristalina do PT.
     Mas e o tal do Henrique Pizzolato, onde entra nessa história? O bandoleiro era simplesmente o diretor de Marketing do Banco do Brasil, responsável pela manipulação de uma verba astronômica. Petista de carteirinha, era um dos homens do esquema do ex-presidente Lula nos principais postos da burocracia brasileira.
     Ele decidia quem encheria os bolsos com a dinheirama que o BB reserva para publicidade e atividades afins. E grande parte dessa montanha dinheiro foi usada na pilantragem, na compra de adesões, no financiamento de campanhas petistas e assemelhadas.
     Pois esse sujeito, petista até a medula, estava preparando a fuga para a Itália (tem dupla cidadania) desde 2007, muito antes de o Brasil imaginar que os quadrilheiros seriam julgados e condenados à cadeia. Falsificou documentos e chegou, mesmo, a votar duas vezes - em Dilma Rousseff, podemos inferir - nas últimas eleições presidenciais, uma delas usando documentos de um irmão morto há muito tempo.
     Se não havia roubo, desvio e outras vagabundagens, como explicar essa antecedência toda na preparação da rota de fuga?  Pizzolato, para mim, é a prova viva, irrebatível, da bandalheira petista. E, como tal, é convenientemente esquecido nas declarações dos bandoleiros e seus asseclas.
     Pizzolato, meus caros, é a encarnação da vigarice institucional. É um monumento à desfaçatez. A prova viva da consciência do crime. A evidência indiscutível da iniquidade".

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Já vai tarde, Azeredo!


     Já foi tarde, Eduardo Azeredo, ex-deputado federal do PSDB. Já deveria ter ido há algum tempo, desde que ficou configurada a pilantragem do desvio de verba pública para sua campanha (reeleição) à governança de Minas Gerais. Não sabia da falcatrua, como alega? No mínimo, deveria saber e ter tomado uma atitude. Ladroagem em partidos de oposição ao poder central, a meu julgamento, deveriam, sempre sofrer punições duríssimas.
     Oposicionistas envolvidos em maracutaias prestam um enorme desserviço ao país, pois atrasam o necessário processo de alternância de poder, amenizando, de alguma forma, as safadezas urdidas pela turma ligada ao Palácio do Planalto.
     A renúncia ao mandato certamente não será suficiente para livrar o líder mineiro de uma condenação. A Justiça (seja ela regional ou federal) está 'devendo' uma satisfação ao PT, por ter jogado na cadeia alguns de seus principais destaques. A chance chegou, graças à arrogância de Azeredo, que apostou alto e, ao que tudo indica, perdeu.
     É verdade - e disse não tenho a menor dúvida - que o desvio de verbas do PSDB mineiro e o Mensalão do Governo Lula são crimes diferentes, que sequer se aproximam. A vagabundagem de petistas e seus asseclas ultrapassa, em muito, o assalto tucano, em número e gênero. Mas ambos são crimes.
     Também é verdade que a provável condenação de Azeredo vai escancarar a existência de pesos diferentes em relação a acusados de crimes. Como governador, na ápoca, ele teria, na melhor das hipóteses, tanta responsabilidade em relação aos trambiques quanto o ex-presidente Lula, na época do Mensalão.
     Lula, embora apontado diretamente por mais de uma testemunha, escapou da cassação e da prisão, muito por conta de uma oposição desfibrada, que não teve coragem de imprensá-lo na parede. Azeredo, ao contrário, já pode preparar a mala que levará para o presídio (Papuda?), em algum momento de um futuro não muito distante.

Um país devastado pela estupidez

     Não por acaso - jamais é, nessas situações -, alguns países estão vivendo momentos sangrentos, resultado de confrontos internos nos quais o apelo é pela democracia, pela ampliação das liberdades. Aqui mesmo, na nossa sofrida América Latina, assistimos à consagração da estupidez de um governo violento, estúpido e arbitrário, que não aceita o contraditório e usa de todos os meios para reprimir a população.
     É evidente que estou me referindo à lastimável Venezuela desse deplorável presidente Nicolás Maduro, o filhote de Hugo Chávez que vem se mostrando ainda mais nefasto do que seu mentor (eu duvidava que alguém, no mundo político sul-americano, pudesse ser mais medíocre e ignorante do que Chávez, com exceção do ex-presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva).
     Maduro superou toda e qualquer hipótese, com o agravante de não ter sequer um décimo do - va lá ... - 'carisma' do antecessor. É a prevalência da boçalidade pela boçalidade. Dirige um país como se fosse um ônibus desgarrado, que atropela pedestres na calçada, derruba postes e avança todos os sinais vermelhos. Não há limites para sua insânia.
     Trata opositores - jovens estudantes, em especial - como inimigos, pois ousam contestar os rumos de um país que caminha celeremente para o caos absoluto, para a dissolução, para uma crise sem volta. O uso de grupos de jagunços oficiais, paramilitares, para atacar adversários, a tiros, é a maior evidência de que as instituições desmoronaram.
     E o Brasil, o que faz? Aplaude, se solidariza com o mais boçal entre todos os boçais com assento em palácios presidenciais. Ignora as mortes, as prisões, as torturas, as perseguições generalizadas. Pelo histórico, me dá o direito de afirmar, sim, que é conivente. Talvez por ver, na Venezuela, o modelo odioso de atropelo dos direitos humanos e da liberdade de expressão que gostaria de ter implantado aqui.
     Ao lado do Brasil, no apoio infame, desponta a Argentina, outro exemplo marcante do mal que a demagogia e o populismo vagabundos podem fazer a um país que há um século era considerado um exemplo para o mundo.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Uma relação espúria


     O cinismo de todos os desajustados envolvidos em atos de vandalismo parece não ter limites. O último exemplo de desfaçatez nos foi revelado hoje pela Veja: uma foto que prova o envolvimento pessoal de um delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro com a tal de Sininho, aquela 'jovem' que foi flagrada pedindo ajuda ao deputado Marcelo Freixo, do Psol, para defender os assassinos do cinegrafista da Rede Bandeirantes.
     Não há como contestar as evidências: uma foto absolutamente 'amistosa' reunindo um policial de destaque (afinal, é um delegado!!!) e uma das líderes de atos que flertam com o terrorismo. É evidente que ele pode escolher as amizades que mais lhe convenham, como disse à revista. Mas não tem o direito de agredir a inteligência de todos nós argumentando que sua amiga de manifestações não tem antecedentes criminais.
     Também não tem o direito - insisto nessa expressão - de argumentar que se encontrou por acaso com a musa das arruaças, justamente no dia em que ela e seus comparsas estavam premiando o maior ato de sabotagem realizado na cidade, como revela a revista mais odiada por dez de cada dez petistas e assemelhados. É um ato indigno de alguém que tem 'fé pública' e que deveria zelar pela lei e a ordem.
     Essa promiscuidade deve merecer o repúdio de todos nós, que não compartilhamos com o argumento da borduna, com a lógica do pontapé e das bomas incendiárias. Fico imaginando o sentimento dos demais policiais, aqueles sérios e honrados, ao constatar o o comportamento desprezível de um 'colega'.
     Não, não é um caso de exercício de direitos democráticos - o da amizade e o da boçalidade. Ambos - a relação espúria de um oficial da lei com uma ativista do vandalismo e os atos praticados - merecem uma dura condenação não apenas da sociedade, mas das várias esferas de governo.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

O deboche do prefeito


     Mais um factoide do nosso serelepe prefeito: ao 'inaugurar' uma ciclovia que passa pelo Centro da cidade, pediu paciência aos cariocas, condenados inapelavelmente a conviver com o caos provocado por engarrafamentos que tendem a aumentar exponencialmente.
     Avaliando suas declarações aos nossos jornais, sou obrigado a inferir que ele está apontando as ciclovias como alternativas para as centenas de milhares de pessoas que são obrigadas a circular pela zona central do Rio de Janeiro, pelo Aterro e adjacências.
     A sugestão é tão descabida, numa cidade sem a menor estrutura (faltam policiamento e educação adequados), que soa como deboche, especialmente quando sabemos que ele e seus pares da política usam e abusam de carros oficiais, batedores e da liberdade para estacionar onde bem entendem.
     Eduardo Paes inverteu as atribuições de um administrador. Em nome de um projeto megalomaníaco e pessoal, está condenando nossos cidadãos ao caos. Desrespeitando a opinião pública, que não se dignou consultar, promoveu a derrubada de uma obra projetada para durar quatro séculos e que foi paga pela população.
     Como se fosse um Pereira Passos de chanchada, decidiu mudar a fisionomia da cidade, sem levar em conta o bem-estar dos que vivem nela. Com suas intervenções arbitrárias, pune 'democraticamente' motoristas e passageiros.
     Fantasiado de ciclista, dando um passeio por ruas vazias de domingo, parece estar tripudiando sobre os infelizes que se espremem no lastimável serviço público oferecido a essa devastada cidade que já foi maravilhosa.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

O pior entre os piores

     Como normalmente agimos, pensamos e reagimos em função do momento, admito que posso estar sendo 'injusto' com personalidades do passado. Mas vou pagar esse preço: jamais tivemos um ministro da Justiça tão desqualificado quanto o atual, José Eduardo Cardozo, aquele mesmo que , valendo-se da posição que ocupa, 'vazou' informações sigilosas recentemente, para desviar a atenção dedicada aos bandoleiros petistas condenados à cadeia, seus companheiros de fé.
     Nada do que ele diz ou avalia serve para alguma coisa. Seus comentários são absolutamente lastimáveis, tendenciosos e vagos. Mas - reparem! - são proferidos com circunspecção, cara amarrada, sobrancelhas arqueadas, voz empostada e uma recorrente inflexão que beira a indignação. Um espetáculo digno de circo mambembe, estrelado por um canastrão que parece viver nos tempos das chanchadas da Atlântida.
     Sua mais recente aparição tem um pouco de tudo o que há de mais deplorável no discurso que se propõe 'politicamente correto', uma praga que infesta várias camadas da população, em especial a turma que gosta de aparecer como antenada, moderna, liberal. Ao falar sobre as propostas que serão encaminhadas pelo Governo para reprimir a onda de violência que toma conta do país, o 'ministro' fez as críticas esperadas aos vândalos, mas defendeu o direito ao uso de máscaras. Apoiou o uso de balas de borracha, mas fez a ressalva quanto ao seu uso abusivo.
     Em síntese: desenvolveu o papel que lhe foi atribuído, com o cuidado de não satanizar, por exemplo, as manifestações. Em um mergulho profundo no lamaçal da vigarice retórica, disse que era contra a ideia de disciplinar as manifestações porque essa medida poderia impedir, por exemplo, que estudantes se solidarizassem com um professor perseguido. É para vomitar.
     Não satisfeito, como destacou O Globo, afirmou que a realização de protestos durante a Copa do Mundo seria "falta de patriotismo". Essa gente esquece rapidamente dos anos de desatino, das pedradas que desferiram, dos pontapés em empresários, da conivência com a estupidez, do incentivo à baderna.
     E mais: falta de patriotismo é roubar o dinheiro da Nação; manipular a população mais miserável e ignorante com esmolas; dobrar-se aos desvarios de governantes amigos, como os de Cuba, Venezuela e Argentina, em especial.
     É complicado, mas vou ousar mais uma vez: José Eduardo Cardozo só não é o pior ministro desses inacreditáveis 39 mantidos pelo Governo Dilma porque o posto tem concorrentes à altura, como Gilberto Carvalho (aquele que, segundo denúncias jamais desmentidas, carregava a propina das empresas de ônibus de Santa André que alimentou a primeira campanha vitoriosa do ex-presidente Lula) e Marco Aurélio Garcia (o que foi flagrado fazendo gestos obscenos enquanto milhares de pessoas choravam a morte de parentes e amigos na catástrofe com o avião da TAM, em 2007).


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Por que não te calas, Suplicy?


     Poucas pessoas no mundo exploram e se beneficiam tanto com atitudes demagógicas e idiotas quanto o senador Eduardo Suplicy, do PT paulista, uma espécie de 'maluco beleza' que  não se enrubesce ao protagonizar cenas que flertam muito de perto com o ridículo.
     Mas a ele tudo é perdoado, até mesmo o recente apoio ao terrorista italiano Cesare Battisti, com quem  desfilou por toda a parte. Por falar em desfile: esse senhor, pai do 'roqueiro' Supla, chegou a circular pelo Senado com uma sunga vermelha sobre a calça. E não foi internado imediatamente.
     Pois bem. Embalado pela pilantragem explícita que tenta justificar a 'vaquinha' petista destinada a arrecadar dinheiro para os bandoleiros companheiros condenados à cadeia e a pagar multas pelo protagonismo  no escândalo do Mensalão, o senador com comportamento mais ridículo do país se meteu a fazer gracinhas com o ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal.
     Gilmar pediu uma investigação rígida destinada a apurar a procedência da dinheirama que está favorecendo José Dirceu e seus companheiros do assalto aos cofres públicos realizado no Governo Lula. Coberto de razão, o ministro argumentara com a possibilidade de lavagem de dinheiro, além de condenar o desastre moral embutido na prática.
     Seguindo os passos trôpegos do seu guru, o ex-presidente Lula, Suplicy também ousou fazer cobranças a Gilmar (pelo menos foi direto, e não evasivo e dúbio como seu chefe). Não esperava a resposta, que veio de forma incisiva, como nos contam os jornais e revistas de hoje, entre eles O Globo.
     Gilmar sugere que Suplicy mobilize seu partido para arrecadar os mais de R$ 100 milhões que foram roubados da Nação pelo esquema palaciano. Experiência não falta. O ministro não lembrou (ou talvez não quisesse ser mais contundente), mas tomo a liberdade de me reportar a um dos mais marcantes assaltos praticados pelo PT, segundo denúncia formal de testemunhas inatacáveis.
     Estou me referindo à extorsão praticada contra empresas de ônibus de cidades do interior paulista governadas por prefeitos petistas. A mais 'célebre' terminou, como sabemos, com o assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André, em janeiro de 2002, que tentara reagir contra o esquema, a partir do momento em que soube que o dinheiro estava enchendo, além dos cofres petistas, bolsos particulares.
     Como se pode ver, a turma é eclética quando se trata de cavar recursos.

Desatino ideológico


     Esse negócio de direito democrático a manifestações, como são conduzidas no Brasil, em particular, é uma balela, uma das grande bobagens demagógicas que algumas pessoas - políticos petistas e assemelhados, em, especial - repetem fazendo caras e bocas de liberais, moderninhos, antenados. Ontem, esse inacreditável ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, saiu-se com essa máxima do politicamente correto, mas juridicamente pilantra.
     Não é bem assim. Ninguém tem o direito de infernizar a vida dos outros, interromper avenidas, provocar engarrafamentos monstruosos e outras atitudes semelhantes. Notem: não estou falando de atos de puro vandalismo e banditismo, contumazes, que sequer deveriam ser considerados.
     As manifestações, como acontece em países civilizados, devem ser precedidas de autorização das autoridades e circunscritas a áreas pré-determinadas, para que provoquem o mínimo dano ao - aí sim!!! - direito inalienável de ir e vir que a Constituição  garante a todos nós.
     Por aqui, no entanto, prevalece a vigarice retórica que dá sustentação ao descalabro em que estamos vivendo, com manifestações diárias, em todas as partes, pelos 'direitos' mais diversos. E todas, graças á covardia e à conivência dos nossos governantes, são toleradas ao extremo. Por se prolongarem e realizarem ao extremo, terminam invariavelmente em arruaça, destruição de patrimônio público e privado, agressões.
     Uma manifestação organizada, contundente na presença de público, objetiva e que não agrida o direito alheio teria uma repercussão maior e mais respeitada. A canalhice de políticos e partidos políticos, no entanto, é o maior obstáculo às verdadeiras explosões de inconformismo.
     É a essa parcela deletéria da nossa elite - os políticos de uma nebulosa área que se arvora de esquerda - que devemos cobrar as consequências do desatino ideológico que vem marcando os últimos tempos dessa sofrida República.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Denuncia confirmada


     Há algum tempo, quando mais perniciosas eram as intervenções desses bandidos que se escondem sob máscaras, publiquei, aqui mesmo, no Blog, um texto, misto de denúncia e revelação, sobre a orquestração dos manifestos, sob orientação de políticos e de um professor famoso do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ (IFCS).
     Na época, fiz questão de frisar que não se tratava de uma mera especulação,  mas, sim, da constatação de um fato, que me foi confidenciado por alguém que participara pessoalmente de reuniões desses grupos de arruaceiros e que estava desencantado com os rumos dos protestos. Esse 'informante' (na verdade, alguém que conheço há mais de trinta anos e que está acima de qualquer suspeita) me relatou detalhadamente como eram conduzidos os preparativos, falou da organização do grupo de arruaceiros, das táticas empregadas etc.
     Tudo - ele me afirmou - que acontece nas manifestações é orquestrado, tem seu tempo certo, o momento exato em que uma passeata democrática se transforma em vandalismo. Todos os passos, gritos de ordem e disposição física dos bandoleiros são combinados, dentro de um plano.
As reuniões destinadas a ajustar as peças eram realizadas - segundo as informações que eu obtive - principalmente nas dependências do IFCS, onde milita o mentor dessas tropas de assalto, mas também se estendiam à UERJ.
     Hoje, ao ler as denúncias sobre os pagamentos feitos aos bandoleiros que  vão para as ruas promover vandalismo (R$ 150,00, de acordo com o advogado do assassino do cinegrafista da Rede Bandeirantes), constatei que tudo se encaixava.
     Como no texto postado há alguns meses, vou me permitir omitir o nome do professor que dava o tom 'ideológico' dessas arruaças, em nome de um 'projeto político'. Não tenho como provar, embora - repito - confie integralmente em quem me fez as revelações. Mas posso adiantar que ele anda por aí, citado eventualmente, uma espécie de guru.


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Apagão moral


     O mundo brasileiro real, aquele vivido em nossas cidades desprovidas do mínimo de infraestrutura decente, desaba na frente de todos, diariamente. A economia dá sinais de que teremos mais um ano para ser esquecido. Os escândalos se repetem, ofendendo a parcela digna da população. Nada disso, no entanto, inibe a presidente dessa lastimável República, que vem se mostrando, de fato, a cada dia, uma fiel seguidora de seu antecessor.
     Hoje, como nos contam os jornais, entre eles O Globo, Dilma Rousseff saiu-se com mais uma daquelas frases vazias e estúpidas que vêm marcando os últimos 11 anos de estripulias verbais praticadas a partir do Palácio do Planalto. "Aqueles pessimistas de sempre, eles serão derrotados pela força do nosso povo", disse em Goiás, no início da colheita de soja, e a 'mídia golpista' repercutiu.
     Por pessimistas, devemos entender todos os que ousam pensar diferentemente do modelo petista de ver o mundo; todos os que ousam se indignar com a repetição de atos desabonadores; todos os que têm a coragem de apontar o dedo para as mazelas de uma administração que sucateou o país e trocou nossa independência pelo alinhamento com o que há de mais deplorável na esfera política mundial, como os governos 'bolivarianos', cubano e assemelhados.
     A fracassada gerente escolhida pelo ex-presidente Lula para esquentar a cadeira que ele pretende retomar ignora colapsos de energia, estradas esburacadas, portos atulhados e inoperantes, hospitais e segurança públicos falidos. Finge que não vê a quebra do respeito institucional fundamental à sobrevivência de um país. Para ela, que há um ano admitiu que "vale tudo em eleições", quem não consegue enxergar luz onde só há trevas é "pessimista".
     Vivemos, de fato, um momento de apagão moral.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Sobre mentiras e cumplicidade

     Eu normalmente reluto em duvidar diretamente de alguém. Mas está sendo difícil acreditar na 'inocência' do deputado Marcelo Freixo, nesse caso escabroso que envolve arruaceiros, assassinos e o PSOL. Suas negativas, para mim, soaram claramente frágeis.
     Ele me pareceu acuado, cheio de respostas e afirmações indecisas, das quais a mais evidente foi a velhíssima promessa de processar quem o teria envolvido nas manobras destinadas a proteger (ou defender) os criminosos que mataram o cinegrafista da Rede Bandeirantes.
     A 'explicação' que tentou dar para justificar a conversa com essa tal de Sininho, sua correligionária de carteirinha, foi lastimável. Como se fosse um Robin Hood metropolitano, esquecido de que estava mais para 'príncipe John', discursou sobre sua preocupação com a possibilidade de os assassinos do cinegrafista serem torturados. É muita vigarice para ser engolida a seco.
     Freixo sequer tentou desqualificar a 'militante' que liderou vários atos de vandalismo recentemente. Nem poderia. Afinal, a 'jovem' tem ligação direta com ele. E, convenhamos, ninguém sai por aí distribuindo o número de celular para estranhos.
     Assim como os assassinos e seus comparsas, entre os quais a tal Sininho, Marcelo Freixo e seu partido - figurinha fácil em todos os atos de vandalismo, com suas bandeiras desfraldadas - devem muitas explicações à população brasileira, a do Rio em especial.

Os jornalistas e a ideologia

     Conheci a atual presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro, Paula Mairan, quando trabalhávamos no velho Jornal do Brasil. Eu, lá no meu canto da redação, ao lado da Arte, no 'aquário' do Carro e Moto e do Viagem (entre outros ...); ela, na Cidade, que se espalhava pelas mesas de metade do 'nosso' lado da redação, no sexto andar do prédio da Avenida Brasil, 500.
     A chegada de alguém como ela, que viveu, de fato, uma redação, à presidência do Sindicato (quase disse 'nosso' sindicato, mas estou afastado há alguns anos) é algo auspicioso, sim. Ao longo dos últimos anos, que acompanhei bem de perto - sou (era?) sindicalizado desde 1969 -, minha maior crítica à entidade remetia à falta de representatividade.
     Por descaso - ou conformismo -, a maioria absoluta dos jornalistas, na qual eu me incluía, reconheço, abandonou a militância nas mãos de um grupo que apenas se revezava nos cargos e que se atrelou ideologicamente à CUT.
     Alguns relatos das raras pessoas que de fato trabalhavam em algum lugar e que participavam das assembleias eram assustadores. Ao invés de nos mobilizarmos para, de alguma maneira, participar da vida sindical, abandonamos tudo, de vez. Eu ainda me mantive associado por um bom par de anos, mesmo depois de ter saído do JB. A partir de um determinado momento, porém, sustei minha contribuição.
     O estopim foi mais uma das edições do jornal do sindicato, assumidamente panfletário e engajado em projetos político-partidários. Definitivamente, aquele não era o 'meu' sindicato, uma entidade que deve estar acima do alinhamento com essa ou aquela tendência.
     Ao ler alguns comentários sobre a morte do cinegrafista da Rede Bandeirantes, assassinado pela bestialidade de desajustados, esbarrei em uma ou outra citação ao papel do Sindicato dos Jornalistas, a partir desse episódio. Tenho certeza que podemos (vou tomar a liberdade de me incluir nessa expectativa) esperar uma nova postura, independente, capaz de sublimar as opções pessoais dos dirigentes.
     Um sindicato não pode, por definição, se submeter a projetos partidários. Seu maior objetivo deve ser o bem-estar dos seus associados, de todos eles, o que compreende luta política, também, é claro. Paula Mairan tem os requisitos para se incorporar a uma galeria que ostenta, entre outros, os nomes de Carlos Alberto de Oliveira (Caó) e José Carlos Monteiro. Momentos como esse, o da morte de um profissional que apenas exercia sua atividade, podem redefinir vidas.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

O 'chantagista' volta a atacar


     O ser político mais abjeto do País voltou a usar a segurança de palcos amigos para desfilar seu ódio contra a Justiça que não reza pelo ideário petista. Luis Inácio Lula da Silva - aquele mesmo que, depois de ter negado a existência do Mensalão, reconheceu que houve a roubalheira, disse que não sabia de nada e jogou a culpa toda nos 'companheiros - de modo covarde (não citou nomes), criticou supostamente o ministro Gilmar Mendes por ter manifestado sua desconfiança em relação à origem do dinheiro que pagou as multas dos bandoleiros condenados.
     Esse indivíduo pernicioso e mentiroso não perdoa Gilmar Mendes por ter denunciado a tentativa de chantagem de que foi vítima naqueles momentos decisivos do julgamento do Mensalão, o maior assalto institucional feito aos cofres públicos. Para quem não lembra, Gilmar expôs publicamente que Lula o ameaçou com a divulgação de uma suposta irregularidade na emissão de passagens aéreas para uma viagem à Alemanha. Acusado formalmente de ter tentado chantagear um ministro, Lula não reagiu - processando seu acusador, como faria qualquer cidadão.
     O Ministro reagiu à altura e, na época, colocou o chantagista no devido lugar. Na verdade, o ex-presidente não está no lugar que - segundo acusações ignoradas! - mereceria. Escapou (por 'falta de provas') do processo que poderia levá-lo a uma cela na Papuda, ao lado de seus homens de confiança.
     Aproveitando a plateia amiga (ele não dá entrevistas coletivas desde que estourou o caso - pago com nosso dinheiro - que tinha com sua ex-secretária, Rosemary Nóvoa), Lula investiu contra o virtual candidato do PSDB ao Governo, Aécio Neves, afirmando, segundo O Globo,  que ele - Aécio - está "tão nervoso porque um ex-presidente do partido dele foi indiciado (sic) pelo mensalão mineiro", numa referência ao ex-governador e atual senador mineiro Eduardo Azeredo.
     Nesse ponto, talvez tenha razão. O PSDB jamais se posicionou decentemente em relação às falcatruas teoricamente cometidas por Azeredo, que há muito deveria ter sido expurgado do convívio político. Embora sejam fatos absolutamente diversos - a pilantragem mineira e a vagabundagem petista -, é inconcebível que esse desvio de conduta apontado em Minas ainda não tenha tido um ponto final.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

O fundo do poço


     Não votei em Garotinho nem na Rosinha. E não vou votar, com absoluta certeza. Votaria em Garotinho apenas em uma improvável situação: se disputasse qualquer cargo, o de síndico que fosse, com o ex-presidente Lula. Em um extremo assim, à beira do abismo, daria um empurrão no chefe do chefe da quadrilha que assaltou o país, no episódio que ficou conhecido como Mensalão.
     Houve um momento em que, compelido a escolher entre Lula e Fernando Collor de Melo, optei pelo candidato petista. Eram outros tempos, ainda ligeiramente inocentes. Lula ainda conseguia surgir como uma alternativa razoável a algo que se mostrou desastroso imediatamente. Bastaram mais alguns anos para essa  impressão de desfazer integralmente. Hoje, tenho plena convicção de que não há nada pior para o país, para a dignidade da Nação, do que o marido de Dona Mariza.
     Mas voltemos a Garotinho. É, inegavelmente, um retrato da mediocridade que assola o Brasil e, em especial, o Rio de Janeiro, um estado que se especializou em eleger o que havia e há de pior nesse mundo do que chamamos de política (os filósofos gregos devem dar cambalhotas nos túmulos). Mas nem mesmo isso evitou que eu tivesse ânsias de vômito ao ler a 'reportagem' da revista Época, reproduzida pelo O Globo, sobre as maquinações do marido da prefeita Rosinha.
     É qualquer coisa, menos matéria jornalística. Aproxima-se, perigosamente, do espaço que ela mesma, a Época, denunciou: o campo da calúnia, da difamação, expedientes que - não duvido - devem ser usados, também, por Garotinho.  É verdade, entretanto, que ela - a 'reportagem' -  faz justiça ao padrão eleitoral que desponta em todos os quadrantes dessa pobre república, muito especialmente aqui, nessas terras que vêm sendo recorrentemente devastadas por governantes que se tornaram responsáveis pelo lixo institucional em que nos transformamos.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A moda' pegou


     A 'moda' pegou. O ex-deputado e quadrilheiro condenado Roberto Jefferson - aquele que deflagrou o escândalo do mensalão do Governo Lula sem ter essa intenção - anunciou que vai pedir uma ajuda aos seus companheiros de partido, o PTB, para quitar a multa com o País, imposta pelo Supremo Tribunal Federal, algo em torno de R$ 750 mil. Uma ninharia, perto do que está sendo obrado do publicitário mineiro Marcos Valério.
     Jefferson, segundo nos conta o Estadão, afastou a possibilidade de usar o mesmo 'artifício' empregado pelos quadrilheiros petistas, seus companheiros de condenação. Segundo ele, a turma do PT está habituada a pagar uma parte dos seus salários para o partido, o que não acontece na sua agremiação.
Assim, sem a possibilidade de uma 'vaquinha virtual', adiantou que vai vender uma sala comercial que tem no Centro do Rio de Janeiro e solicitar ajuda diretamente aos grandes nomes do partido, como o ex-presidente e atual senador Fernando Collor. 'Temo' por sua sorte. É provável que fique sem esse apoio do campo 'ideológico'.
     Ele não aventou essa hipótese, mas vou tomar a liberdade de sugerir que peça uma ajudinha aos seus antigos parceiros do PT, em nome da estreitíssima ligação que mantinha com o ex-presidente Lula. Ele pode lembrar, para amolecer corações petistas, as folganças no Palácio do Planalto, nas quais divertia os donos do poder com suas habilidades de barítono.
     Pode lembrar, ainda, o atestado de idoneidade que o próprio ex-presidente lhe passou, logo em seguida à deflagração do escândalo. Apavorado com a possibilidade de perder o mandato - esteve por muito pouco!!!-, Lula temia que Jefferson ampliasse as - digamos ... - denúncias. E não teve dúvidas em defendê-lo.
    Jefferson, no entanto, e para gáudio da companheirada, recolheu as armas que havia empunhado para confrontar o ex-ministro José Dirceu, a quem acusava de tentar desestabilizá-lo.
     Em síntese: fica aí a sugestão, embora saibamos que esse história de solidariedade entre criminosos não resiste à primeira oferta de algum benefício.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Exemplos desprezíveis


     Nada como um dia após o outro para eu desprezar ainda mais determinados representantes da nossa desmoralizada classe política. Ontem, ignorando a liturgia que se exige de um dos chefes de um dos nossos três poderes, o Legislativo, o deputado federal paranaense André Vargas, do PT, é claro, exibiu-se de maneira indecorosa - por palavras (escritas) e atos - na solenidade de reinício das atividades legislativas.
     Hoje, certamente confrontado por seus chefes, temerosos do desgaste que provocado pela agressão ao presidente do STF, Joaquim Barbosa, o lídimo representante do petismo desconversou, disse que não fez o que tinha feito e garantiu que respeita os demais poderes da República. Lastimável, em dose dupla.
     Seu companheiro de Câmara e de partido, o paulista João Paulo Cunha, afinal está na cadeia, para começar a cumprir a pena pela participação no Mensalão do Governo Lula, o maior assalto institucional aos cofres públicos de toda a história brasileira - lembro sempre. Como os demais bandoleiros, tenta posar de vítima. Em nota oficial, afirma que vai provar sua inocência, 'esquecido' que essa fase já acabou, e aposta no apoio dos colegas.
     Só para refrescar a memória: João Paulo é aquele ex-presidente da Câmara que mandou a mulher receber propina (R$ 50 mil) diretamente no caixa de uma agência bancária de Brasília. Flagrado, tentou escapar do crime, afirmando que sua mulher estava pagando a conta da tevê por assinatura. Além de corrupto - como ficou provado!!! - é mentiroso. Está no lugar certo.

Verdades e boçalidades


     Acredito que não seja tarde demais para abordar dois dos assuntos mais marcantes das últimas horas: a atitude boçal do vice-presidente da Câmara dos Deputados, o paranaense André Vargas, do PT, é lógico; e a entrevista que do ex-secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Jr., ao programa Roda-Viva, da TV Educativa. Dois momentos que exibem um perfil bem acabado da gente que governa o Brasil, hoje.
     Comecemos pela boçalidade de um dos mais destacados petistas. O sujeito, corroído pelo ódio, ignorou as regras mínimas de respeito entre os poderes e agrediu claramente o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, que sentou-se ao seu lado na cerimônia de abertura do ano legislativo. Não se limitou a afrontar o representante do Poder Judiciário, com gestos estúpidos que remetiam aos realizados pelos bandoleiros do seu partido ao serem presos.
     Com a estupidez que caracteriza seus asseclas de partido, fez questão de se deixar fotografar enviando mensagens a 'correligionários'. Em uma delas, admitia ter vontade de dar uma "cutuvelada", assim, com 'u', no presidente do STF. Boçal e analfabeto, características comuns entre seus iguais. Ao seu lado, impávido, Joaquim Barbosa ignorou completamente a presença do energúmeno que o agredia.
     No fim da noite, Romeu Tuma Jr. nos brindou com respostas claras e objetivas sobre as acusações gerais que fez ao atual esquema de poder, e ao ex-presidente Lula, em especial, no seu livro 'Assassinato de reputações - Um crime de Estado', lançado hoje no Rio.
     Com absoluta tranquilidade, o ex-delegado repetiu as principais questões e reafirmou, com todas as letras, que Lula foi, sim, informante do Dops e de seu pai, o ex-senador e também delegado da Polícia Federal Romeu Tuma, morto recentemente. Em determinados momentos do programa, cheguei a sentir 'pena' de alguns entrevistadores, que foram arrasados e não conseguiram sustentar o propósito de desacreditá-lo.
     Tuma falou de tudo, com a inegável autoridade de quem conviveu com o poder, viu tudo de perto, em primeiríssima mão. Da fabricação de dossiês falsos sobre adversários políticos ao assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, morto ao tentar se rebelar contra o desvio de parte da propina paga por empresas de ônibus do interior paulista e que era dirigida ao PT . E mais uma vez desafiou todos os que foram citados a processá-lo, lembrando que já está preparando o volume dois, com novas revelações. Imagino a insônia que deve ter provocado em Brasília e em outros centros petistas.
     Até agora, ninguém se manifestou. E quem cala, sabemos, ...

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Desfaçatez e mentiras


     A desfaçatez dos quadrilheiros petistas e afins não tem limites, mesmo. Hoje, ficamos sabendo que o ainda deputado federal João Paulo Cunha protagonizou mais um ato atentatório à dignidade nacional, ao levar um bando de 'militantes' para almoçar na porta do Supremo Tribunal Federal.
     'Esquecido' convenientemente dos fatos que provocaram sua condenação à cadeia, teve a audácia de continuar manipulando a verdade, quando questionado sobre a eventualidade de sua renúncia:  “Você acha justo uma pessoa que não cometeu nenhum crime deixar de exercer o seu ofício? Essa é a pergunta que tem que ser feita”, disse ao repórter da Veja.
     Será que ele acredita, mesmo, que não cometeu crimes? É evidente que não. Ele sabe perfeitamente que cometeu um dos atos mais deploráveis que podem ser atribuídos a alguém, em especial se esse alguém é um representante da Nação. Ficou provado que João Paulo Cunha, quando era nada menos do que o presidente da Câmara, recebeu propina para beneficiar empresas.
     E mais. Não teve a dignidade de assumir seus atos. Em uma das ocasiões, a mais degradante, mandou a mulher receber, por ele, R$ 50 mil, diretamente no caixa de uma agência bancária em Brasília. Descoberta a trapaça, agravando ainda mais o ato infame, argumentou que sua mulher fora ao banco pagar a prosaica fatura da tevê a cabo. Desmentido pelos fatos, enrolou uma ou duas mentiras mais e desapareceu de cena, torcendo para que tudo fosse esquecido.
     Não teve a sorte que abençoou outros companheiros. Suas trapaças foram julgadas e ele acabou condenado no processo que ficou conhecido como Mensalão do Governo Lula, o maior assalto institucional aos cofres públicos. Ainda não foi, mas será preso em breve, e ele sabe disso. De qualquer modo, terá mais sorte do que seus comparsas dos núcleos bancário, publicitário e político (os que não são do PT, frise-se). Já recebeu a promessa de ajuda para pagar a multa imposta pelo Supremo.

Cena carioca


     Fiz questão de ler os primeiros  93 comentários sobre a matéria da 'reação' de uma ongueira da moda à surra que um grupo de 'justiceiros' deu em um vagabundo - tratado como "jovem" e " adolescente" - que vinha assaltando no Aterro do Flamengo. Apenas dois leitores de O Globo e do Extra demonstraram um tímido apoio à citada senhora. Quase todos os demais, de maneira razoavelmente educada, sugeriam que ela, a defensora, levasse o 'menino' para casa, e acabasse de criar, já que estava tão revoltada. Os outros foram menos gentis.
     É claro que eu também não sou, em tese, favorável a que pessoas e/ou grupos tomem a justiça nas mãos. Em sociedades civilizadas, esse papel cabe aos governos legitimamente constituídos. Mas entendo perfeitamente quando alguns cidadãos, encurralados pelo descaso das autoridades e massacrados por degenerados, decidem agir.
     No caso, houve uma reação até certo ponto moderada. Três homens identificaram um dos chefes dos assaltos e agressões rotineiros, cercaram, aplicaram uma boa surra e o deixaram amarrado a um poste, nu, para que a polícia o encontrasse. Foram, convenhamos, incomparavelmente menos agressivos do que esses bandos que vêm aterrorizando a cidade. Uma semana antes, se tanto, um carioca que acredita na cidade, foi atacado por esse marginal (ou outro qualquer de seu bando), despojado de seus bicicleta, esfaqueado e ainda perdeu documentos e dinheiro.
     Largado no chão, sangrando, recebeu a ajuda de algumas pessoas que passavam pelo Aterro e o encaminharam a um hospital. A ongueira da moda não apareceu sequer para saber se o homem tinha se recuperado, se precisava de algum auxílio.  Não se deu ao trabalho de emitir uma nota oficial de apoio, nada. Mas quando soube que havia um vagabundo amarrado num poste, saiu de casa imediatamente, para socorrê-lo . Sua reação foi registrada pelo jornal Extra:
     - Eu não quero saber se ele é bandidinho ou bandidão, você não pode amarrar uma pessoa no meio da rua", bradou dona Yvonne Bezerra de Melo, do Projeto Uerê.
     Ela, a ongueira, certamente prefere que o 'bandidinho ou bandidão' continue leve e solto, atacando pessoas, matando, roubando. Na sua escala de valores claramente afetada por uma evidente disfunção ideológica, mais vale um vagabundo solto do que um cidadão agredido.
     Mais uma vez: não defendo milícias, milicianos ou afins. Por definição, pauto minhas atitudes e pensamentos pela lei. Se o Estado estivesse presente, como deveria estar, o incidente não teria acontecido. Haveria mais segurança e menos desajustados  nas ruas. Se o Estado fosse de fato digno, haveria, até, menos desajustados.
     Mas, aí, fica uma questão: esses ongueiros viveriam de quê?

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Justiça pendular

     Como num passe de mágica, alguns dos principais nomes da quadrilha que assaltou os cofres públicos durante o governo Lula estão se safando das punições, que foram extremamente brandas. José Genoíno, presidente do PT quando a ladroagem foi mais intensa, está em casa, confortavelmente instalado, e com a dívida paga pela companheirada.
     O faz-tudo da quadrilha (até tentar assumir a culpa total pelo assalto), Delúbio Soares, também não precisou mexer no bolso para pagar seu quinhão. E obteve o tal 'direito' de trabalhar durante o dia, fora da cadeia, quando deveria estar purgando seus pecados em alguma plantação, quebrando pedras ou costurando bolas, atividades que são oferecidas a poucos e que são disputadíssimas entre os presos com direito ao regime semiaberto.
     José Dirceu, o condenado chefe da quadrilha do Mensalão (ele garante que não era o chefe, no que eu concordo, talvez por outros motivos), também não tem motivos para reclamar da sorte. O dinheiro da multa que deve ao erário já está sendo providenciada e ele está prestes a ser liberado para dar suas voltinhas durante o dia. João Paulo Cunha, aquele que mandou a mulher receber sua parte na propina, sequer foi preso. Continua afrontando a dignidade nacional exercendo o mandato de deputado federal. Já sabe, também, que não terá problemas para pagar a multa imposta pelo Supremo Tribunal Federal.
     Como podemos ver, o 'núcleo político' do maior assalto institucional aos cofres públicos saiu-se muito bem, obrigado. Na pior das hipóteses, podemos admitir que a turma fez ou faz um 'retiro espiritual', com confortos inimagináveis para presos sem o mesmo prestígio. A mão pesada da Justiça - pesada, mesmo!!! - está desabando, apenas e tão-somente, no grupo liderado pelo publicitário mineiro Marcos Valério.
     Condenado a mais de 40 anos de prisão, deve ficar atrás das grades em torno de 15 anos. Quando sair, verá que seu patrimônio estará reduzido a quase nada, em função da imposição de multas astronômicas. Hoje mesmo o Estadão nos lembra que ele deve algo muito perto de R$ 300 milhões. Como tem bens formais, eles deverão ser usados no pagamento.
     Assim, quando - e se ... - sair da cadeia, Valério estará velho e na miséria, bem ao contrário dos seus parceiros de crime, da ala 'política', que continuam prestigiadíssimos, com bons salários e sabendo que podem contar com a boa vontade de todos, em caso de necessidade.
     Esse futuro talvez - e eu torço por isso há muito tempo - seja o estímulo que falta para que ele, afinal, cumpra o que vem ameaçando e decida, de uma vez, contar tudo o que sabe sobre todos os bandoleiros, de todos os matizes. O caminho foi aberto pelo ex-delegado Romeu Tuma Júnior. Marcos Valério pode escapar da falência enveredando pelo caminho - digamos ... - 'literário'.
     Um livro - quem sabe uma coleção? - sobre seus relacionamentos com autoridades, de Minas e de Brasília. O sucesso estaria garantido. E o país decente agradeceria.