terça-feira, 31 de julho de 2012

Macacos que ignoram seus rabos

     O texto que se segue foi publicado aqui, no O Marco no Blog, há 13 meses. Lendo o noticiário de hoje dos nossos jornais, sobre tropeços e quetais do candidato republicano à presidência americana, Mitt Romney, lembrei dele - do texto. É atualíssimo. Confiram.
    
     A falta de 'esses' no discurso dos outros é refresco
     Sempre que leio ou escuto críticas feitas por analistas e quetais ao despreparo de presidentes e políticos americanos, em geral, tenho vontade de dar uma sonora gargalhada. George Bush, por exemplo, foi ridicularizado por jornalistas e analistas brasileiros durante os oito anos de seus dois governos. É bem verdade que o ex-presidente fez por merecer muitas das cacetadas que tomou por sua falta de cultura internacional (não estou entrando, nesse texto, no mérito das desastradas escolhas políticas).
     A cada escorregão e/ou gafe - e foram diversos -, lá vinham nossos bravos nacionalistas com gramáticas, mapas e 'orelhas' de livros. E a tal da ex-governadora Sara Palin? Virou 'moeda de troça' nas nossas mesas de bar e cenários da Globo News.
Bush, acho que muitos não imaginam, formou-se na Universidade Yale em 1968 e cursou a Harvard Business School, em 1975. Sara é bem mais modesta: é formada em Comunicação Social, com habilitação em jornalismo (é coleguinha!!!), pela Universidade de Idaho. Além disso, venceu o concurso Miss Pageant Wasilla em 1984, ficou em terceiro no Miss Alasca (é coleguinha nesse item e no próximo, também!!!) e trabalhou como repórter esportiva em Anchorage, no Alasca, estado que governou.
     Por aqui, imune a qualquer crítica, tivemos um analfabeto funcional presidindo o país por oito anos, nos quais dava-se ao direito de bradar as mais desencontradas e estapafúrdias teorias sobre tudo e qualquer coisa. Chegou, no limite, a defender os benefícios da quadratura da Terra e a errar, por alguns milhares de quilômetros, a localização de determinados países, além de reduzir tudo à lógica das arquibancadas de futebol. Sua sucessora não consegue articular uma oração sem colidir o sujeito com o verbo.
     Ministros e senadores da 'base', em especial, exercitam diariamente o bestialógico. Esses (o plural da letra 'esse') foram extirpados da linguagem, como tumores; concordâncias sucumbiram exauridas a mercadantes e idelis. Nesses últimos anos de línguas e ideias presas, o Brasil foi massacrado pelo ridículo dicionário petista.
     E a gente continua dando enormes risadas quando assiste a um republicano qualquer errar a capital da Bolívia.

Ex-ministro abandona a canoa furada de Cachoeira

     Ficamos sabendo - através de vários jornais e revistas, entre elas Veja - que o ex-ministro da Justiça de Lula justamente na época do Mensalão, Márcio Thomaz Bastos, abandonou a canoa furada (mas folheada a ouro) da defesa do contraventor Carlinhos Cachoeira, acusado de vigarices explícitas ao lado governantes, políticos em geral e empresários. Motivo? A mulher do contraventor, Andressa Mendonça, teria tentado chantegear um juiz para ajudar o marido.
     Quanta nobreza, reconheço. Eu, com certeza, também me afastaria de qualquer chantagista que investisse contra membros da Justiça, exatamente como fez o antigo chefe do agora ex-advogado do líder de uma quadrilha que também assaltava os cofres públicos, corrompia e se deixava corromper. Prevalecendo a postura assumida hoje, Márcio Thomaz Bastos deve anunciar, em breve, seu rompimento com o ex-presidente da República. No mínimo, para manter alguma coerência.
     E ele tem sido coerente, nos últimos anos. Defendeu com o mesmo ardor o ex-presidente e o contraventor. Assim como fez no processo do Mensalão (tentou desqualificar a denúncia e, recentemente, se insurgiu contra a realização do julgamento, agora), orientou de perto o mais recente ex-cliente, mantendo-o calado ou fazendo declarações amorfas nos interrogatórios na CPI e na Justiça Federal.
     Não duvido, até, que comecem a surgir 'informações' confidenciais nos espaços de colunistas amigos, envolvendo oposicionistas, é claro. Livre da responsabilidade de defender um dos principais alvos da indignação nacional, poderá direcionar seu conhecimento e informações privilegiadas. Assim como poderá se dedicar mais livremente ao esporte preferido: defender o ex-presidente Lula e o PT da torrente de acusações de envolvimento com assaltantes de cofres públicos.

Baderneiros desafiam a lei nas estradas

     Não há uma justificativa sequer para a omissão criminosa das autoridades em relação à balbúrdia provocada por caminhoneiros na Via Dutra, o mais importante acessoà cidade do Rio de Janeiro. Não está em discussão o direito de os motoristas expressarem seu descontentamento com a nova legislação, teoricamente voltada para seu conforto e segurança de todos nós, quando exige um período mínimo de 11 horas de descanso.
     A forma usada, no entanto, extrapola, em muito, os limites toleráveis. O Rio está refém de um bando de desordeiros pelo segundo dia consecutivo. Milhões de pessoas estão sendo prejudicadas diretamente pelo bloqueio das pistas imposto pelo comando da categoria, que aposta na covardia das autoridades públicas para lidar com movimentos como esse.
     A conivência da Polícia Federal, que está aproveitando a oportunidade para também colocar o país contra a parede, não serve como justificativa para o caos que se instalou ontem e está se manifestando hoje novamente. Essa é uma clara e manifesta agressão a direitos básicos, como o de ir e vir, além de estar colocando em risco a vida de pacientes que necessitam trafegar pela rodovia, idosos e crianças. Esse conjunto seria suficiente para o acionamento da Força Nacional para restabelecer a ordem e enquadrar, também, as lideranças da PF, culpadas, no mínimo, de omissão.
     Mas estamos vivendo um ano eleitoral particularmente difícil para o esquema de poder dominante, historicamente - e não podemos esquecer esse fato - vinculado a manifestações semelhantes, quando ainda não era Governo.
     Até agora, não se ouviu uma manifestação eficaz do Ministério da Justiça, por exemplo, ao qual a Polícia Federal está subordinada. Seria querer muito de José Eduardo Cardozo, um dos mais medíocres titulares da pasta em todos os tempos, sejam eles - os tempos e os ministros - quais forem. A presidente? Está preocupada em fazer sala a três exemplares do mais moderno atraso desse nosso continente: o venezuelano Hugo Chávez, a argentina Cristina Kirchner e o uruguaio José Mujica, seus parceiros nesse já inviável Mercosul.

Chávez compra a consciência brasileira

     Tivemos hoje, em Brasília, uma demonstração da tal diplomacia de resultados que vem sendo exercida nessa infelicitada Era Lula. O bufão venezuelano Hugo Chávez, pouco antes de ser entronizado entre os governantes que fazem parte do Mercosul, pagou o esforço brasileiro em burlar o Protocolo de Ushuaia (que estabeleceu as normas para ingresso de países no Mercosul) com a compra de seis aviões Embraer-190, por algo próximo de 300 mihões de dólares.
     Além da afinidade ideológica com o aprendiz de dirador, inimigo público número um das liberdades individuais, foi colocado em prática o mais indigno pragmatismo: o Paraguai, falido e miserável, não compra sequer os carros populares que fabricamos por aqui (os que por lá chegam são roubados, em sua maioria) e ainda nos 'repassa' produtos falsificados. Já a Venezuela, que tem um povo também miserável (Caracas é uma enorme favela), flutua em reservas imensas de petróleo que alimentam a estupidez do seu líder.
     Nessa hora, a fantasia politicamente correta que os patriotas do Ministério das Relações Exteriores tentam nos passar escorre pelo ralo das iniquidades, das mentiras. Hoje, na América do Sul, certamente não há país mais necessitado de apoio do que o Paraguai, independentemente do governo, que - embora legal e constitucional - é passageiro.
     A festejada presença de Chávez em Brasília - saudado pelo anárquico MST, o braço campesino do projeto de poder do PT - desmerece a tradição brasileira de defesa das liberdades e serve apenas para reforçar a imagem mediocremente bananeira do atual governo, que continua atrelado à falta de princípios estabelecida pelo seu antecessor.
     Chávez - nunca é demais repetir - persegue jornais e jornalistas, fecha emissoras de rádio e tevê, afasta e prende juízes que ousam agir com independência, num evidente atentado aos princípios basilares da democracia. Tudo isso, no entanto, não impede que trafegue com desenvoltura nos corredores do Planalto. Não é de se estranhar. Nos últimos nove anos e meio o Brasil cultivou as piores parcerias no mundo.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

A verdade desponta dos arquivos sobre o Mensalão

     Os últimos dias do noticiário que não trata dos Jogos Olímpicos têm sido dolorosíssimos não apenas para os 38 réus do Mensalão do Governo Lula, cujo julgamento está prestes a começar. O PT e seus acólitos em geral têm purgado a cada imagem recuperada, a cada entrevista revisitada, a cada declaração mentirosa do ex-presidente. Imagino o sofrimento dos que - até com certa ingenuidade - inda tentam defender a quadrilha que assaltou os cofres da Nação, quando confrontados com fatos indesmentíveis, contra os quais não há recurso retórico ou vigarice ideológica que ajudem.
     Não há montagem alguma nas diversas entrevistas concedidas pelo ex-presidente ao longo dos primeiros tempos. Na primeira, a grande encenação de dor, de desconforto com a traição dos companheiros, a promessa de investigar o caso e punir devidamente todos os envolvidos. Nas demais, a mudança progressiva do tom e do conteúdo, a manipulação de informações, a aposta na ignorância da população que, de fato, essa gente que está no poder despreza.
     Por último, acreditando no fator tempo e no poder do marketing palaciano, a negação completa do crime, um dos mais hediondos cometidos contra a democracia que o pais reconquistou tão recentemente. E está tudo lá, nos arquivos agora remexidos. As primeiras denúncias envolvendo o ex-deputado Roberto Jefferson, o repique do acusado, o dedo apontado para o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, as evidências claras da participação direta do ex-presidente Lula e as manobras que evitaram a merecida cassação do seu mandato.
     É verdade que o tom da defesa refluiu e que esse papel ridículo ficou basicamente por conta de dois ou três personagens, destaque para o melancólico presidente do PT, o obreiro Rui Falcão, e para o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, o mesmo que defendeu e aconselhou o ex-presidente na época do escândalo e que hoje defende e aconselha o contraventor Carlinhos Cachoeira.
     Em uma das chamadas para um dos muito programas de tevê sobre o julgamento, o mais bem-pago advogado de criminosos do Brasil tem a indignidade de argumentar que o momento não é o mais indicado para o julgamento, pela proximidade das eleições municipais. Pois esse personagem, capaz de frases desse nível, infelizmente deslustrou a Justiça desse país com sua presença.
     Para não deixar passar sem registro: as imagens resgatadas exibem, sem tarjas ou disfarces, a presença da atual presidente da República durante entrevistas do seu antecessor, coonestando a farsa palaciana, em destaque. Imagino que deve estar sendo complicado aturar essa enxurrada, lamentando o fato de o Brasil não ser uma republiqueta bananeira.
     O ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal? Ao contrário dos que - como eu - torcem por condenações exemplares, espero que ele vote, aberta e claramente. São onze votos. Se o dele for fundamental em uma eventual absolvição que contrarie os autos, será um indicativo muito grave para esse país. Devemos respeitar a decisão, mas certamente ficaríamos à vontade para propor a revisão dos critérios que ungem os ministros da nossa mais alta corte.

O triste fim do Itamaraty, uma casa que já foi respeitável

     Ao assistir ao último debate promovido pelo programa Painel, da GloboNews, sobre a entrada da Venezuela no Mercosul (será formalizada esta semana, em Brasília) e a punição conferida ao Paraguai, ficaram bem claros e evidenciados os motivos da atuação deplorável do nosso Ministério das Relações Exteriores nos últimos nove anos e meio, marcados pelo desatino na defesa do indefensável.
     Um jovem - para os padrões formais - diplomata dessa era patriota desfilou uma série interminável de conceitos insustentáveis, afinados com o lixo ideológico defendido por essa turma que se especializou em avançar nos bens públicos. Ao mesmo tempo em que condenava a destituição do ex-presidente Fernando Lugo - realizada integralmente de acordo com a Constituição paraguaia, gostemos, ou não -, defendeu com toda as forças de argumentos vazios o regime venezuelano.
     Para esse luminar do Itamaraty (não lembro o nome do personagem), o Congresso e a Justiça paraguaios (não entro sequer no apoio maciço da opinião pública) se uniram para dar um golpe, o que justificaria a punição imposta ao país, em detrimento das necessidades da população. Já o governo venezuelano, que fecha jornais e emissoras de televisão e rádio, persegue jornalistas e afasta e prende juízes que ousam desafiar as decisões presidenciais, merece todo o apoio e a solidariedade do Brasil, em nome do que ele chamou de integração continental.
     Não importa que o bufão venezuelano altere a Constituição a todo momento (para dar respaldo às suas alucinações bolivarianas); interfira na política interna de nações vizinhas (como Chávez vem fazendo sistematicamente em relação à Colômbia, ao apoiar os terroristas e traficantes das FARCs); e negue o Holocausto, associando-se ao regime assassino do Irã. E não estou levando em conta os aspectos jurídicos que - como foram explicados didaticamente pelos dois outros participantes do debate, o ex-embaixador Rubens Barbosa e o ex-ministro Luiz Felipe Lampreia - simplesmente impediriam a entrada da Venezuela no Mercosul.
     Confesso que tive vontade de vomitar vendo e ouvindo esse representante da nova visão diplomática brasileira e entendi perfeitamente os motivos de tantos fracassos ao longo desses últimos anos. Diplomatas, os dois outros participantes limitavam-se a expressões incrédulas e sorrisos até certo ponto consdescendentes, como se dissessem: "Coitado, vamos perdoá-lo, pois não sabe o que diz. Ou até sabe, mas é obrigado a falar tantas bobagens".
     Movido por uma ideologia simplória, o Itamaraty vem se aliando ao que há de pior no mundo. Na América do Sul, é ainda mais medíocre, aceitando a liderança de Hugo Chávez e renunciando a direitos inalienáveis da Nação, como no caso de expropriações de bens brasileiros ocorridas na Bolívia do cocaleiro Evo Morales e na Argentina dessa mequetrefe Cristina Kirchner.
     Um leão no recente episódio do frágil Paraguai, o país comportou-se como um vira-latas e enfiou o rabo entre as pernas quando o entrevero ocorreu com governos alinhados. E não podemos esquecer o apoio às ditaduras iraquiana, líbia e síria, sempre no afã de mostrar independência em relação à política externa americana. Lamentável, mas tenho que reconhecer que reflete exatamente a extrema limitação dessa Era Lula.

domingo, 29 de julho de 2012

Liberdade, um bem inegociável

     É por manchetes assim - como a de O Globo de hoje, que tipifica os crimes da quadrilha do Mensalão do Governo Lula - que eles odeiam o jornalismo que não recebe jetons, salários indiretos e, em muitos casos, diretos. 'Eles', é claro, são os componentes disso que se convenciona chamar de esquerda brasileira, basicamente composta por petistas e assemelhados. Um par de páginas com a nova cara do jornal sintetiza tudo o que analistas independentes dizem e repetem, sistematicamente, ao longo dos últimos sete anos. Analistas entre os quais eu tomo a liberdade de me incluir.
     Nunca fui filiado a qualquer partido, embora - ao longo da vida - tenha me identificado com a posição de alguns, desde o antigo PTB originado da era Vargas. Em determinado momento da vida nacional, mais ou menos recente, votei até no PT, por contraposição ao que representava a ameaça Collor. Assim como votaria, se idade tivesse, contra os interesses da velha UDN sempre a postos para dar um golpe. Nesses dois casos, muito mais por exclusão do que por opção.
     Consolidada no poder, a intitulada esquerda brasileira, capitaneada pelo PT, exibiu de imediato sua face mais deplorável, a que sintetiza o arbítrio das ideologias radicais (fascismo, nazismo e comunismo). Com um discurso montado sobre 'dogmas' simplórios e facilmente palatáveis - redução da pobreza, combate às diferenças e blablablá ... -, usa todos os benefícios da democracia para tentar subvertê-la e se apropriar não apenas da consciência de uma população ignorante e desinformada, mas do Estado.
     Para conseguir seus objetivos, PT e seus satélites empenharam-se em verdadeiro assalto aos bens nacionais, sob a desculpa 'ideológica' de que os fins justificariam os meios escusos. O Mensalão do Governo Lula foi apenas uma das muitas investidas nos cofres e gabinetes públicos. Denunciados, os mentores e executores do projeto de poder jamais se conformaram com a divulgação de seus atos. Odeiam a liberdade de imprensa, odeiam manchetes contrárias aos seus interesses.
     Para essas pessoas - lembro sempre que aparece uma oportunidade, como essa -, o Brasil seria uma imensa Cuba, com um 'marco regulatório da imprensa' desabando sobre nossas cabeças. Manchetes como a de O Globo - que soterram a mentira e apontam a canalhice dessa Era Lula - não existem na ilha da fantasia. Como também não existem nessa pobre e estúpida Venezuela, que persegue jornalistas, fecha jornais e prende juízes; no ignorante Irã, que apedreja mulheres; ou na assustadora Coreia do Norte, que assassina seu próprio povo.
     Ao contrário do que essas pessoas alardeiam, liberdade - em especial a do acesso irrestrito à informação - é uma característica das grande democracias, como Estados Unidos, Inglaterra e França. Graças à liberdade sem marcos - exceto os contidos na Constituição -, os americanos chutaram o traseiro de Richard Nixon, expuseram as entranhas mais sórdidas do dia a dia de Bill Clinton e superaram séculos de discriminação, elegendo um negro para a presidência. Por aqui, ainda prevalecem, em determinados círculos, conceitos que a história vem derrubando há pelo menos 80 anos.
     Pelo impacto que pode produzir no País, o julgamento da quadrilha do Mensalão tem tudo para se transformar, ele, sim - num grande marco. Um alerta para os que se julgam acima do bem e do mal. Só lamento que o principal beneficiário desse escândalo, o ex-presidente Lula, pelo simbolismo, não esteja sentado no banco dos reus, ao lado dos seus demais parceiros. O Brasil estaria dando uma demonstração ainda mais cabal de que a dignidade da Nação é um bem inegociável.

sábado, 28 de julho de 2012

E Marina pintou e bordou

     Eles são um poço até aqui de mágoa, para citar o compositor preferido por 12 entre 10 petistas de carteirinha (a diferença nos números deve ser atribuída à falta de escolaridade da maioria). Também não morro de amores por ela, mas é inegável que transpira mais dignidade do que todos os que compõem a comitiva oficial do governo brasileiro à Olimpíada de Londres.
     Estou falando da ex-ministra Marina Silva, um dos maiores destaques da cerimônia oficial de abertura dos Jogos, que roubou o espaço que poderia ser dado à presidente Dilma Roussseff, ao surgir no desfile carregando a bandeira com os anéis olímpicos, ao lado do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon e outros notáveis.
     A mágoa transbordou, segundo nos conta o Estadão, na frase do ministro do Esporte, o comunista (eles ainda existem...) Aldo Rebelo, desafeto de Marina quando relatou o Código Florestal: "Marina sempre teve boa relação com as casas reais da Europa e com a aristocracia europeia", disse, com um evidente sabor de derrota. "Não podemos determinar quem as casas reais escolhem, fazer o quê?", lamentou. Eu sugeriria que batesse palmas.
     A presença da ex-ministra foi mantida em sigilo até o momento em que ela entrou em cena, com o destaque que não foi dado, em momento algum, à presidente Dilma Rousseff. O Estadão chegou a quantificar a exposição da nossa presidente durante a cerimônia: pouco menos de cinco segundos. Já Marina ...
     Bem. O presidente da Câmara, o até pouco tempo ilustre desconhecido petista Marco Maia, também deu seu pitaco. Segundo ele, "é óbvio que seria mais adequado por parte do COI e da organização do evento que houvesse um diálogo de forma mais concreta com o governo brasileiro, para escolha de pessoas". Será?
     Acredito que o COI e o governo de Sua Majestade devem ter visto as fotos recentes do ex-presidente Lula com o deputado Paulo Maluf e lido sobre a luta governamental para sufocar o julgamento do Mensalão. E talvez tivessem temido que o Brasil sugerisse os nomes do ex-ministro José Dirceu e de outro quadrilheiro qualquer para participar do desfile.
     Mais uma derrota do 'patriotismo'.

MInha frase da semana

     "Eles não desistem. Quando a reação é muito grande, recolhem as vigarices retóricas e colocam a discussão sob o travesseiro. Estou falando do PT e sua luta pela implantação do que essa gente chama de Marco Regulatório das Comunicações, um eufemismo vagabundo para a velha e conhecida censura, adorada pelos ditadores e aprendizes de todos os matizes".
     Extraída do texto 'Eles odeiam a liberdade', de terça-feira, 24 de julho.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Mensalão é apenas o apelido dado à roubalheira no Governo Lula

     O patético presidente do PT até que tem alguma razão quando afirma - como hoje, em vídeo especial distribuído pelo Partido - que o Mensalão nunca existiu. Pelo menos o Mensalão que interessa a ele negar. Não acredito, também, que existisse um pagamento mensal, certinho, contra recibo, à quadrilha de companheiros e assemelhados. Houve, sim - e as provas estarão cada vez mais disponíveis nos autos -, um sistemático assalto aos cofres públicos, destinado a financiar campanhas e pagar dívidas de correligionários e afins.
     'Mensalão' é apenas a expressão que foi consagrada para caracterizar a roubalheira que a turma do PT exercia - segundo denúncia da isenta e inquestionável Procuradoria Geral da República - institucionalmente, usando a estrutura comercial do publicitário Marcos Valério para 'esquentar' o dinheiro desviado do Governo, através de contratos superfaturados e/ou falsos de publicidade.
     O dinheiro roubado da população passava pelas empresas do publicitário e saía na boca dos caixas do Banco Rural e BMG. A mulher do então presidente da Câmara, o petista João Paulo Cunha, por exemplo, foi flagrada recebendo uma parte da cota do marido em 'espécie': R$ 50 mil. Como pano de fundo da pilantragem, havia um 'contrato' de empréstimo do PT. Pura vigarice. Mais recentemente, a companheirada - de acordo com investigações da Polícia Federal - evoluiu para o uso de ONGs muito amigas e parcerias com a turma das obras do PAC, como a Delta Construtora.
     Os demais partidos da 'base' também levavam o seu, proporcional ao apoio que podiam dar ao Governo. Era a mesada pela fidelidade, pelo apoio à candidatura do ainda futuro presidente Lula, pelos votos certos nas votações. Era uma espécie de pedágio pela 'afinidade ideológica' com o PT. Uma afinidade que, como constatamos recentemente, com o abraço público entre Lula e o deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), mantém-se inabalável.
     Rui Falcão (esse é o nome do presidente petista) pode espernear, berrar o quanto quiser que não houve mensalão. Mas não vai conseguir convencer que não havia o roubo, mensal, ou não. E ladrão de dinheiro público tem que ir para a cadeia.

A culpa é das montadoras ...

     Nossa presidente pode não saber muitas coisas, incluindo se expressar com razoável lucidez. Mas vem provando que é boa de marketing. Não à toa, apesar de todos os problemas registrados nesses curtos 18 meses de governo (destaque para os escândalos no Ministério que paralisaram a administração ano passado), mantém um altíssimo índice de aprovação popular. Seria reeleita, hoje, com facilidade, identificada que está com a imagem de boa gestora que foi criada ainda quando participava do governo passado.
    Como boa aluna do seu antecessor, sabe criar seus factoides e comprar boas brigas, justamente nos momentos em que a situação começa a dar sinais de problema, como vem acontecendo. À comprovação dos tais 'malfeitos' de sete de seus ministros (roubalheira, mesmo), acenou com a demissão pública de todos e mais alguns, sem se descuidar da absolvição particular de cada um. Tanto que não houve um punido, de fato, sequer. Todos os envolvidos em pilantragens continuam livres e soltos.
     Imprensada pelos números ridículos da economia (PIB em queda livre e inflação alta, em especial), apontou suas armas, em primeiro lugar, para os alvos mais fáceis, os vilões mais palatáveis: os bancos, acusados (com justiça, é verdade) de extorquirem a população com juros estratosféricos e ganhos abissais. Por 'decreto', acenou com redução das taxas no Banco do Brasil e na Caixa Econômica e conquistou mais uns preciosos pontinhos no Ibope da corrida presidencial de 2014. Facilitou o crtedito e gerou a maior inadimplência dos últimos tempos. E daí?
     Hoje, às voltas com as consequências da crise que caiu de vez no país, disparou nas montadoras, acusadas de não cumprir acordos para manutenção de empregos. Outro alvo fácil e facilmente digerível pela população, que paga muito caro por carros que em qualquer lugar do mundo custariam pouco mais do que a metade do que custam por aqui.
     Mais uma vez o Governo ataca consequências, e não as causas. E elege os inimigos certos para aglutinar seguidores. Ninguém, em sã consciência, sai por aí defendendo banqueiros e fabricantes de carrosque exportam o lucro para as matrizes. É uma tática antiga, que tem algumas variáveis praticamente infalíveis. Na Argentina, o maior inimigo é o imperialismo britânico. Na Venezuela, o imperialismo americano. No Irã, os infiéis.
     Com essa tática, governantes medíocres transferem para outros a parcela de culpa que têm. Não resolvem o problema - no caso brasileiro, a falta de investimento em infraestrutura e a covardia na excução das reformas de base -, mas garantem aplausos.

Recuando os 'arfes'

     O conjunto de problemas que abala nossa economia já era esperado, principalmente em função da inércia governamental. O Brasil 'sentou no lucro' advindo do crescimento da China, em especial, e não olhou para os lados. Nunca se perdeu tanto em tanto tempo. Jogamos fora a chance de aplicar recursos concretos em infraestrutura para, assim, assegurar a competitividade da nossa indústria, o desafogo da agricultura (a melhor coisa desse país) e gerar crescimento.
     Jamais houve um projeto com princípio, meio e fim. As 'soluções', como se fossem mágicas, são retiradas de um arquivo morto de ideias e lançadas sobre o país, sem coordenação. Apenas com uma visão imediatista, limitada mesmo. A política cambial talvez tenha nos oferecido os exemplos mais claros da indefinição oficial. Até hoje o país se pergunta o que é melhor para nós, se o dólar lá em baixo (como esteve), ou nas alturas (como está).
     Com a ameça real de um crescimento pífio do PIB, a solução foi simplesmente incentivar o consumo, através da redução de juros e de renúncia fiscal. Só serviu para gerar um enorme contingente de inadimplentes, fruto de um endividamento acima da capacidade da população. O brasileiro passou a comprar, sim, mas não paga pelos bens. Essa conta, é claro, não poderia fechar.
     Hoje, nossos jornais destacam para uma medida definitiva do Governo: reduzir o valor da tarifa de energia - uma das mais caras do mundo!!! - para desafogar a indústria, que poderia produzir mais, a menor custo. Mas quem vai comprar a produção? O sujeito que já está endividado até o pescoço?
     Em Londres, nossa presidente deixou de lado, por alguns momentos, a pose que mantinha em relação à crise mundial e admitiu que o país "não é uma ilha". Mudou de ideia, como se vê. Há alguns meses, olhávamos a Europa e os Estados Unidos com a prepotência dos que se julgavam acima do bem e do mal. E ainda nos dávamos ao direito de dar lições de gestão às grande economias. Todos devem lembrar das aulas que Dilma ministrava, em entrevistas, à chanceler alemã Angela Merkel, saudadas com subserviência pela companheirada.
     O vocabulário não muito amplo da nossa presidente acaba de ganhar mais uma palavra - contracíclico - para explicar a falta de unidade e de projetos pensados a longo e médio prazos. As intervenções pontuais na economia foram batizadas de 'medidas contracíclicas'. Parodiando Neném Prancha (*), um personagem romanceado pelo jornalista João Saldanha e que dirigia um time de futebol de areia, eu diria que nossa presidente está apenas "arrecuando os arfes para evitar a catastre". Talvez seja tarde.
    
     (*) Segundo Saldanha, com quem trabalhei alguns anos na editoria de Esportes do Jornal do Brasil, o folclórico Neném Prancha teria proferido essa frase lapidar, ao ver a vitória de seu time ameaçada: "Arrecua os arfes para evitar a catastre ('Recuem os alfes - como eram chamados os jogadores do meio do campo, numa corruptela do inglês half - para evitar a catástrofe', em linguagem menos inculta)".

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Fica o dito pelo não dito. Mas nós sabemos a verdade

     Advogados, no exercício do seu papel, não deveriam ser entrevistados jamais. Por óbvio, não são fontes confiáveis. Mentir dentro de um limite que eles julgam 'aceitável' pela decência, deturpar e tergiversar são ações que fazem parte do roteiro de todos, o que não é de todo condenável. Afinal, usam os artifícios posíveis para absolver seus clientes, já que são pagos para isso. Alguns são regiamente pagos, como o ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, um dos mais bem aquinhoados advogados de porta de xadrez do país, aquele que defendeu e aconselhou o ex-presidente Lula e defende e aconselha o contraventor Carlinhos Cachoeira (os dois, vemos, têm muito em comum).
     O advogado Arnaldo Malheiros Filho, que representa Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do PT que administrou a roubalheira do Mensalão do Governo Lula, não seria diferente. Na tentativa quase final de livrar seu cliente de passar um bom par de anos atrás das grades, afirmou a O Globo que Delúbio - a exemplo dos criminosos contratados pelos chefões da Máfia e assassinos nazistas - apenas cumpriu ordens ao distribuir o dinheiro afanado dos cofres públicos entre a companheirada e assemelhados.
     Com isso - depreendi - estava tentando reduzir a culpa do seu cliente, distribuindo-a entre os demais gestores e próceres do PT, como José Dirceu e José Genoíno. O inusitado da tese - Delúbio, como bom obreiro do Partido, sempre assumiu toda a responsabilidade, alegando que fazia o que todos faziam - mereceu manchete e a principal página política de O Globo. Seria a confirmação do que toda a sociedade pensa: havia, sim, uma quadrilha assaltando os cofres públicos, como apontou a Procuradoria Geral da República.
     A alegria com os novos rumos que seriam abertos no julgamento (a minha, pelo menos) durou pouco, apenas o tempo de a notícia circular entre os cardeais do PT. No fim da tarde, o mesmo advogado desmentiu tudo o que dissera. Delúbio - vejam só! - fez tudo sozinho, sem o aval e o conhecimento do PT. Mas é claro que esse 'tudo' não é tão 'tudo' assim. No máximo o tal do caixa 2, crimezinho vagabundo (para os padrões brasileiros dos últimos nove anos e meio, é claro) que não mereceria sequer um par de palmadas, passados sete anos do assalto verdadeiro.
     Para o PT, controlar Delúbio não tem sido tarefa difícil. Ele é bem mandado. Suportou o ostracismo anos seguidos, sem reclamar. É verdade que sempre foi apoiado e jamais passou apertos financeiros. Mas apanhou quieto, sempre com aquela expressão bovina. Difícil tem sido segurar o publicitário Marcos Valério, o encarregado de esquentar o dinheiro que era retirado dos cofres da Nação. Delúbio, afinal, era um militante de carteirinha. Valério nunca foi e tem deixado claro que não vai aceitar passivamente uma condenação.
     Pelo bem desse país, devemos todos torcer por uma sentença exemplar. Talvez o homem - Marcos Valério - resolva contar tudo o que sabe.

PT insiste em impedir julgamento do Mensalão

     Mais uma etapa - inócua, esperamos - da batalha do PT para impedir a realização do julgamento do Mensalão, o maior assalto institucional aos cofres públicos da nossa história recente. Depois da tentativa de chantagem executada pelo ex-presidente Lula contra ministros do Supremo Tribunal Federal; das ameças da CUT, de ocupar as ruas com manifestações; e das convocações da 'militância', o Partido apela, agora - de forma 'indireta', para um recurso legal: três de seus advogados entraram com uma representação na Justiça Eleitoral, ponderando que não seria conveniente julgar, nesse momento, a quadrilha denunciada pela Procuradoria Geral da República.
     O argumento, revelado pela Folha, é o mais vagabundo possível: o julgamento poderia contaminar as eleições, já que os maiores destaques entre os 38 réus (e o chefão do chefe ficou de fora) são do PT e isso poderia ser usado contra os candidatos do partido.
     Pois eu espero que todos os adversários do Partido dos Trabalhadores não apenas usem, mas abusem de imagens e textos. Aliás, na minha visão, o fato de o julgamento ser realizado paralelamente à campanha é saudabilíssimo, pois dará mais exposição a esse que foi um dos maiores atentados à nossa democracia, planejado e desenvolvido pela cúpula do partido do Poder.
     O Brasil precisa expor, cada vez com maior intensidade, as feridas e malfeitos de governantes, em especial. É o único modo de ajudar a selecionar nossos representantes, inflados por campanhas de marketing expresso nas quais são gastas fortunas. O Mensalão, em si, foi um resultado da pressão por dinheiro que cobrisse gastos de campanha.
     O grande problema é que esse dinheiro foi sacado dos cofres públicos, de acordo com a Procuradoria. Recursos do Estado foram usados para equilibrar contas partidárias e pessoais, através de contratos vigaristas. O dinheiro sujo da corrupção foi lavado pelo esquema do publicitário mineiro Marcos Valério e distribuído entre a companheirada.
     E isso precisa ser dito e repetido à exaustão.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Mais uma do bufão venezuelano

     A notícia, em si, não causa qualquer surpresa. Segundo o Estadão, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou que seu país vai abandonar a Corte Interamericana de Direitos Humanos, órgão da Organização dos Estados Amerricanos (OEA) acusado de forma recorrente por 'governos de esquerda' (um eufemismo para amantes do discricionário, das perseguições, dos atentados à liberdade de expressão e, não raro, corruptos) de estar a serviço dos interesses dos EUA.
     É assim que essa gente reage quando seus desencontros ideológicos são apontados, expostos ao julgamento de nações que prezam a liberdade. Se não fosse literalmente desprezivel como político e 'líder' de uma nação, Hugo Chávez já seria ridículo, na sua indigência intelectual, mediocridade abissal e estupidez. Se não fosse o enorme retrocesso político a que condena a Venezuela, seria apenas mais um dos idiotas que passam pelas histórias dos países e viram motivos de piadas.
     O grande problema do personagem Hugo Chávez, no entanto, é ser levado a sério não apenas no seu miserável e ignorante país, mas nos vizinhos, como o Brasil. Mais até do que o simplório e medíocre ex-presidente Lula, Hugo Chávez é pernicioso à América Latina como um todo. Com o poder do dinheiro que jorra dos seus poços de petróleo, a Venezuela desempenha um papel importante além fronteiras.
     É assim na Argentina, onde dá sustentação à mequetrefe Cristina Kirchner; na Bolívia de Evo Morales; no Equador do demagogo Rafael Correa; e inacreditavelmente! - no Brasil de Dilma Rousseff, que acaba de reforçar o convite para que ele, Chávez, participe da próxima cúpula do Mercosul, onde jamais deveria estar.
     E com esse tipo de dirigente que o Brasil vem se alinhando há nove anos e meio. Não podemos esquecer o apoio que o Itamaraty proporcionou a ditadores assassinos do Oriente Médio e da África, além da seu alinhamento atávico com o governo de Cuba. Tudo em nome de uma ideologia que o tempo destruiu e soterrou.

Devemos respeitar o STF

     Esse jogo de palavras que vem sendo usado em relação ao julgamento do Mensalão, antepondo opinião pública e ministros do Supremo Federal Federal, nada acrescenta ao momento que vivemos. De alguma maneira, a pressão sobre os juízes não deve exceder à lógica, ao bom senso. Uma pressão natural, de uma sociedade que espera encerrar uma página lamentável da sua história.
     Entendo, como algo saudável, o acompanhamento de todos os desdobramentos do julgamento que está perto de começar. Ler e ouvir o que dizem as partes, as versões de última hora dos 38 réus. Mas, acima de qualquer coisa, devemos estar prontos para aceitar o resultado, seja ele qual for.
     Eu, particularmente, torço muito pela condenação exemplar de todos os envolvidos nesse escândalo. Não há, a meu juízo, espaço para escamotear a verdade, tergiversar. O relatório final da Perocuradoria Geral da República é bem claro: havia uma quadrilha liderada pelo PT empenhada em assaltar os cofres públicos e repartir o butim entre a companheira próxima e seus apaniguados.
     Por mais que eu me esforce - e, confesso, não o faço com determinação -, não consigo encontrar atenuantes ou atalhos. O Mensalão nada mais foi do que o embrião de esquema de roubalheira institucionalizado no país. Roubou-se muito, e rouba-se ainda mais agora.
     Não consigo vislumbrar outro resultado exceto a condenação - cadeia, mesmo! - dos principais agentes da corrupção: o ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares; o ex-presidente do partido, Jose Genoíno; e o ex-deputado Roberto Jefferson, que não tinha noção do que estava fazendo - e a cada dia mais eu me convenço disso -, quando denunciou o escândalo. Mais: lamento profundamente que o ex-presidente Lula, o grande beneficiário de tudo, não esteja sentado no banco dos réus, para pagar pelos desatinos que cometeu ao longo dos seus oito anos de governo.
     No entanto, vou compreender e aceitar que o Tribunal tome decisões que não combinem com meus desejos, ou com a expectativa da maioria. Um julgamento como esse é, político, sim, mas não pode deixar de se ater aos rituais da Justiça.
     Democracia, entre outras coisas, é isso: aceitar decisões tomadas pelas cortes instituídas para tal, e não apenas aquelas que se ajustem aos nossos intereses. 

terça-feira, 24 de julho de 2012

A arbitrariedade mora em Cuba

     Vou ficar aguardando ansiosamente a repercussão - entre nossas 'entidades representativas da sociedade civil organizada' (seja lá isso o que nós sabemos que é) - da notícia sobre a prisão e o espancamento de opositores do regime cubano que participavam do sepultamento do dissidente Oswaldo Payá, que morreu em um acidente automobilístico, domingo.
     Já não falo, sequer, de moções pedindo a apuração detalhada do tal 'acidente' que vitimou também Harold Cepero Escalante, outro dissidente (parentes e amigos dos mortos denunciaram perseguições anteriores e ameaças). Em situações como essa, são comuns acusações. Eu estou me referindo, 'apenas', a fatos, aos atos de estupidez contra opositores que só exerciam o direito de prantear um morto.
     Mas há outros detalhes sórdidos, como nos conta a Folha. No carro acidentado viajavam duas outros pessoas, estrangeiros que davam apoio aos opositores cubanos. Um deles, o espanhol Ángel Carromero, foi preso mal saiu do hospital onde estava internado, talvez - em Cuba, tudo é possível! - acusado de ter desafiado a morte. O outro ocupante do veículo, um sueco, ainda está internado.
     Será que nosso Ministério das Relações Exteriores, tão cioso quando o assunto é a democracia no Paraguai, por exemplo, vai exigir punições para a ditadura cubana, por mais essa demonstração de arbitrariedade?

No campo da irresponsabilidade

     Não é uma questão - digamos - futebolística, muito menos remete à paixão por um ou outro clube. É uma constatação que venho fazendo há muito tempo: os salários do mundo do futebol são absurdos e tão ireais que chegam a ser agressivos. Essas considerações ressurgem motivadas pelas notícias sobre o salário pretendido pelo técnico Dorival Júnior para assumir o Flamengo: R$ 800 mil por mês.
     Ouso dizer que ninguém, no mundo, merece ganhar algo semelhante para exercer função semelhante, embora saiba que há um punhado recebendo muito mais. No Brasil, pensar em cifras desse porte revela uma distorção tão grande que fica difícil, até, racionalizar. É verdade que os clubes de futebol, em especial, movimentam milhões de reais, direta e indiretamente. Mas não podemos esquecer que todos - ou quase, com as exceções que confirmam a regra - estão falidos e devem fábulas de impostos aos governos municipal, estadual e federal.
     Não há dinheiro para recolher os impostos devidos, mas há para pagar salários inimagináveis, contratar estrelas por fábulas. Há algo muito errado nessa equação que conta - sempre! - com a demagogia de políticos sempre dispostos a perdoar dívidas, fazer acordos que não são honrados. Não, não discuto o direito de um técnico ou jogador pedir um salário exorbitante. Mas não posso aceitar, passivamente, que esses pedidos sejam considerados.
     Nossos clubes em geral são geridos de maneira absolutamente amadora, com a irresponsabilidade que seus dirigentes certamente não dispensariam aos seus negócios, ou vida particular. Se fossem cobrados pessoalmente por atos insanos à frente de seus clubes, talvez agissem com mais seriedade.

Eles odeiam a liberdade

     Eles não desistem. Quando a reação é muito grande, recolhem as vigarices retóricas e colocam a discussão sob o travesseiro. Estou falando do PT e sua luta pela implantação do que essa gente chama de Marco Regulatório das Comunicações, um eufemismo vagabundo para a velha e conhecida censura, adorada pelos ditadores e aprendizes de todos os matizes, destaque absoluto para a turma ainda saudosa do Muro de Berlim.
     Agora mesmo, aproveitando uma manifestação de apoio a Delúbio Soares - ele mesmo, o ex-tesoureiro do partido que administrou a roubalheira do Mensalão -, a juventude petista de Brasília (deve ter uma idade média mental carcomida e recendendo a naftalina), a 'garotada', colocou em pauta o tal Marco Regulatório, como nos conta Veja.
     Trata-se de um dos mais deploráveis movimentos de atentado à liberdade de expressão. Eles sonham com o dia em que seremos uma enorme Cuba, que restringe a informação a um panfleto oficial (o Granma) que - já disse aqui algumas vezes, mas não custa lembrar - serve, apenas, para compensar a falta de papel higiênico, produto supérfluo na ilha da fantasia dos irmãos Castro.
     A cada capa de revista semanal apontando o dedo para as sujeiras oficiais e a cada manchete dos jornais diários revelando a devassidão dos círculos oficiais, mais toma corpo a sanha dessa turma que domina o Poder, seu ódio contra os que ousam noticiar, revelar as iniquidades produzidas nos intestinos desse esquema que já dura nove anos e meio. Foi assim no Mensalão, que o PT tenta desqualificar desesperadamente; no episódio dos 'aloprados', que produziram dossiês falsos contra persosangens da oposição; dos dólares na cueca do prócer petista; nas roubalheiros produzidas nas obras desse 'pactoide'; nos escândalos envolvendo ONGs companheiras; na tentativa de chantagem exervida pelo ex-presidente Lula contra ministros do Supremo Tribunal Federal.
     Jamais aceitaram ou aceitarão que a verdade prevaleça acima da ideologia desatinada. São degenerados, produtos do rancor, inimigos da liberdade. Esquecem, convenientemente, que nada 'regula' melhor a informação do que a liberdade para discuti-la.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Histórias de Júlia e Pedro (Capítulo 49)

Os bebês crescem ...

     Confirmei, sexta-feira passada, que Pedro já não é um bebê. Ele já vem dizendo isso há 'algum tempo' - "Eu já tenho cinco anos, vovô!!!" -, mas eu finjo que não escuto. Assim como ignoro solenemente o fato de Júlia já estar calçando 32, estar quase do tamanho da babá que a acompanha (e a Pedro, mais tarde) desde o berço e já ter e-mail. É verdade. Depois de uma longa resistência materna, Júlia conseguiu ter seu próprio endereço eletrônico, seguindo o passo das amigas, que já haviam conquistado esse direito há algum tempo.
     Quando soube da novidade, a tia (Fabiana, irmã de Flávia) teve uma reação que sintetiza nossas emoções: "Para de crescer, Júlia!". Como se fosse possível. Há alguns meses, depois de eu ter manifestado algo semelhante, ao 'lamentar' o quanto ela já estava desenvolvida, quase entrando na pré-adolescência, a resposta foi direta e com o jeito dela: "Vovô, a vida é assim mesmo ...", disse, com a sabedoria dos seus quase completados nove anos..
     Pedro também reage, bem-humorado, quando eu o trato como um bebezinho. E conquistou ainda mais motivos sexta-feira, como eu comecei a contar lá em cima. Estávamos no aeroporto, acompanhando a mãe, que iria voar para Londres, para se incorporar à equipe de imprensa do Comitê Olímpico Brasileiro, na cobertura da Olimpíada, quando ele disse que queria "fazer xixi".
     Sem pensar muito, peguei o moleque pela mão e entramos no banheiro masculino. Pinto para fora, ele não teve dificuldade alguma para acertar mictório, mantido a uma distância segura. A mesma louça que todos nós, homens, usamos.
     Fraldário? Já era. O moleque está ficando um rapazinho.

Quem tem medo do julgamento do Mensalão?

     Nem mesmo o mais idiota dos mortais acreditaria nas ridículas versões do PT para justificar a bandalhalheira com o dinheiro público, no Mensalão do Governo Lula - o maior escândalo da nossa história 'política' recente. A tese de empréstimos legais para uso em caixa 2 (um crimezinho menor, sem maiores consequências) ofende a inteligência e aponta para o cinismo com que a companheirada trata a nação. Tudo em nome da 'causa', algo semelhante ao assalto total ao poder, como vem sendo feito sistematicamente nos últimos nove anos e meio.
     Houve, sim - e os atores principais - Banco do Brasil e Câmara de deputados comandada pelo petista João Paulo Cunha comprovam -, uma bem articulada manobra de desvio de verbas públicas para financiamento e pagamento de campanhas eleitorais (entre elas a do ex-presidente Lula) e de políticos do Partido dos Trabalhadores e assemelhados, que usaram a empresa do publicitário Marcos Valério, a DNA, como intemediária das falcatruas.
     A DNA (empresa de Valério), em síntese, 'esquentava' o dinheiro roubado dos cofres públicos, através de comissões superdimensionadas, campanhas publicitárias superfaturadas, serviços não prestados etc. O BMG e o Banco Rural - bancos envolvidos na pilantragem, segundo a promotoria pública (além do Banco do Brasil) - entraram no circuito adiantando verbas, como parte de acertos que os transformariam nos queridinhos dos empréstimos consignados e de outros apoios.
     Hoje, esses bancos cobram de Marcos Valério o dinheiro que investiram sem a devida compensação, pois a divulgação do escândalo interrompeu o esquema. Por sua vez, o publicitário não apenas desconhece qualquer dívida, como afirma que agia apenas como intermediário do PT. Essa briga, segundo nos conta a Folha, já anda em torno de nada desprezíveis R$ 83 milhões.
     Intimado a pagar essa fortuna, Valério, o administrador do Mensalão, acena com revelações que poderiam afogar, de vez, as versões defendidas pelo ex-presidente Lula ( e foram muitas, ao longo do tempo) e, de quebra, afundar campanhas políticas amigas, em um momento eleitoral tão importante.
     Essa é a alma do Mensalão: desvio de dinheiro público para atender aos intereses do PT, principalmente. O resto é desespero de quem teme enfrentar a Justiça sabendo que a prisão de alguns criminosos seria apenas 'um detalhe'. Ou será que alguém está esquecendo da participação da atual presidente no Governo Lula?
     Mensalão, ONGs amigas, CPI do Cachoeira e quetais nada mais são do que peças do grande esquema de dominação e corrupção que se estendeu sobre o país.

domingo, 22 de julho de 2012

Pode 'conceder', presidente

     Não se acanhe, presidente, de seguir os passos marcados pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na questão das privatizações. Seguir algumas das diretrizes econômicas do governo anterior à essa infindável 'Era Lula' talvez seja o que de melhor se fez nos últimos nove anos e meio. Deixe de lado a demagogia e a vigarice retórica - comuns a todos os que gravitam nesse universo petista, em especial - e faça tudo como ensinaram os tais 'neoliberais'. Vai fundo, aproveite os ensinamentos deixados pela herança bendita e enterre as malditos comportamentos deletérios do seu antecessor imediato.
     É verdade que o ritmo frenético de privatizações já realizadas e por realizar desmentem as besteiras e pilantragens repetidas pela sua turma há alguns anos. Mas esse é um preço pequeno a pagar para melhorar os serviços pessimanente prestados à população. Não precisa chamar de privatização. Pode usar a expresão 'concessões públicas'. Esse tipo de malandragem retórica vem dando certo. Afinal, Lula se reelegeu e elegeu a sucessora..
     O roubo do Mensalão, por exemplo: vocês continuam dizendo que foi um mero exercício de caixa dois. E há quem acredite nisso. Eu sei que a maioria apenas finge acreditar, para manter o discurso vagabundo adotado pela 'esquerda', essa gente que defende assaltantes de cofres públicos, ditadores e aprendizes. Mas a mentira repetida - e o PT é especialista nisso - acaba virando verdade, especialmente em um país desinformado e inculto.
     Mesmo pagando o custo de assistir à prevalência do marketing palaciano e a uma eventual vitória do exercício de contorcionismo do seu palácio (empenhado em provar que pau é pedra e que o diversionismo não chegou ao fim da caminho), acho que a maioria da população vai gostar dos resultados. E o Brasil vai agradecer, sem dúvida.
     Ninguém suporta mais tanta mediocridade. Eu, por exemplo, vou tapar o nariz e tentar aproveitar ao máximo - pragmaticamente - as melhores condições que a privatização (concessões, perdão ...) de aeroportos - entre eles o Jom Jobim -, estradas, portos e tudo o mais pode trazer de bom para o distinto público.
     Se for possível, tenta não estragar muito o que funcuionava bem, como está acontecendo com a telefonia móvel.

Falta alguém no banco dos réus

     Faltará, sempre, alguém no banco dos réus do Mensalão. A presença de José Dirceu, João Paulo Cunha e José Genoíno - referências históricas do PT - entre os 38 acusados de participar da maior roubalheira institucional já realizada nesse país não compensa em hipótese alguma a ausência do ex-presidente Lula, o maior beneficiário do esquema de assalto aos cofres públicos idealizado e executado em seu primeiro governo.
     Lula não pode, sequer, alegar que não sabia do que acontecia ao seu lado - tática que adotou ao longo de seus oito anos no poder direto, em todas as situações. Ficou provado, no caso do Mensalão, que ele conversou sobre tudo o que acontecia, pelo menos, em duas ocasiões: com o ex-deputado federal e presidente do PTB Roberto Jefferson, também réu e ex-comensal do Palácio; e com o ainda governador Marconi Perillo, do PSDB de Goiás.
     Só o fato de saber do desvio de dinheiro público para pagamento de despesas de correligionários, de políticos da sua 'base' e campanhas eleitorais e não ter tomado providências já seria suficiente para levá-lo a julgamento. Mais: Lula deveria ter sido cassado, como se chegou a admitir na época da divulgação do escândalo, em 2005.
     Mas os sinais de sua participação não se limitaram a ter sido informado. O noticiário da época - e não faz tanto tempo assim, para ser convenientemente esquecido - destacou que o ex-presidente participou pessoalmente de um encontro, ao lado do falecido ex-presidente Jose Alencar, no qual decidiu-se o valor do suborno ao PL e o acerto da dobradinha para as eleições.
     Ele, Lula, teria ficado "na sala" da casa do então deputado Paulo Rocha, do PT do Pará. Foi nessa reunião - da qual teriam participado José Dirceu e Delúbio Soares (sempre eles ...) - que o PT pagou R$ 10 mihões ao presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, em um dos quartos da residência. O ex-presidente, é claro, não sabia de nada que estava acontecendo.
     Essa versão de inocência, defendida e montada, em 2005, pelo então ministro da Justiça, Márcio Thomaz bastos (o advogado de nove entre dez bandidos ricos brasileiros, como Carlinhos Cachoeira), foi empurrada goela abaixo do país, temeroso do que poderia acontecer caso o presidente fosse destituído, como deveria ter sido. Até mesmo a oposição colaborou com essa farsa, a partir de determinado momento, ao não investir no processo de impeachment.
     Lula escapou, se disse traído, recuou, negou o escândalo, conseguiu se reeleger e eleger sua sucessora. Em nome da causa, entregou as cabeças de José Dirceu (que jamais deixou de cobrar - e bem caro - pelo sacrifício ao qual se submeteu) e Delúbio Soares, em especial. Delúbio, simplório e medíocre - um simples obreiro - aceitou o papel de único culpado, mas de um crime menor, o tal do "caixa dois que todos praticam".
     Por mais duras que sejam as penas impostas à quadrilha do Mensalão, no julgamento que começará em 10 dias, ficará sempre - em mim - a sensação de que faltará alguma coisa, a condenação de Lula. Um país que clama tanto pela verdade não tem o direito de omitir um dos momentos mais deletérios de sua vida pública.

sábado, 21 de julho de 2012

MInha frase da semana


     "Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT e o operador político do Mensalão - o maior escândalo institucional da nossa história recente -, manteve-se firme no Plano B elaborado pela companheirada, como se fosse o 'macarrão' bem-comportado de um enredo canalha que vem sendo desenvolvido há sete anos pelo Partido dos Trabalhadores". Extraída do texto 'Delúbio, o 'macarrão do PT, de terça-feira, dia 17.

A indignação deve ser generalizada

     Há uma comoção no ar, desde que o ex-senador Demóstenes Torres, do DEM, reassumiu o posto no Ministério Público de Goiás, depois de ter sido expulso do Congresso a justos pontapés, por seu envolvimento com as trapaças do contraventor Carlinhos Cachoeira. Não há a menor dúvida de que o fato é uma excrescência. Alguém tão claramente envolvido em bandalheiras não pode, de maneira alguma, ocupar um cargo com a relevância e implicações inerentes ao Ministério Público. As punições deveriam ser automáticas.
     Eu sei que há o direito à defesa e que Demóstenes não foi julgado na esfera criminal pelas vigarices que não podem ser desmentidas, face às gravações feitas pela Polícia Federal. E se não foi julgado, ainda não é um criminoso de papel passado, juramentado, embora não haja a menor dúvida quanto à sua culpa.
     O que espanta e provoca indignação, de fato, é não haver um mecanismo que possa ser ativado em cicunstâncias como essa, uma espécie de 'habeas corpus' ao contrário, a possibilidade de ser considerado culpado, até que consiga provar a inocência. Um julgamento moral. Se esse mecanismo existisse, certamente Demóstenes não estaria - tecnicamente - apto a investigar crimes de outros.
     Mas eu não me indigno apenas quando uma punição deixa de ser aplicada a alguém que pertence à esfera ideológica que se convencionou chamar de 'direita'. Para mim, bandido não tem matiz. O ex-presidente Lula, por exemplo, jamais deveria ter escapado da cassação quando ficou clara sua participação direta no escãndalo do Mensalão. Não só escapou, como foi reeleito, reelegeu sua sucessora e continua espalhando sua extrema mediocridade e comportamente deletério pela vida do país.
     E não foi o único, como sabemos. José Dirceu, seu antigo ministro da Casa Civil, embora cassado como Demóstenes Torres, manteve-se na liderança do projeto de poder do PT, interferindo, dando 'consultorias', reinando sobre ministros e quetais.
     O deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) é outro exemplo da impunidade que não provoca reações. Flagrado recebendo dinheiro vivo, na boca do cofre do Mensalão (na verdade, sua mulher foi flagrada, mas é como se fosse ele), mentiu (assim como Lula), escapou da cassação, elegeu-se, presidiu a Comissão de Constituição e Justiça (!!!) da Câmara e tenta ser eleito prefeito de uma cidade paulista.E ainda temos o ex-deputado federal José Genoíno, também réu no Mensalão, que ocupa um lugar estratégico no Ministério da Defesa.
     A essa relação - Lula, Dirceu, João Paulo Cunha e Genoíno - poderiam ser acrescentados mais algumas dezenas de personagens que continuam - assim como Demóstenes Torres - infelicitando e desmoralizando a Nação, sem provocar, no entanto, reações mais contundentes. É o que eu costumo chamar de estelionato ideológico.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Mamãe viu a uva

     Vamos falar sobre golpes constitucionais, vigarices com o apoio da lei. Mas daqueles que não provocam qualquer esgar nos companheiros, sempre dispostos a denunciar possíveis quebras do ritual constitucional. O exemplo mais recente de indignação contra uma atitude tomada absolutamente dentro da lei e com o respaldo dos poderes Legislativo e Judiciário ocorreu quando na destituição do ex-presidente Lugo, do Paraguai.
     Os intitulados defensores da moral ficaram horrorizados. Nossos dirigentes, então, chegaram ao paroximismo do ódio. O sucessor de Celso Amorim no Ministério das Relações Exteriores, Antônio Patriota (pobre Brasil!!!), uniu-se ao que há de pior na América do Sul e reviveu uma nefasta Tríplice Aliança contra o vizinho  mais pobre.  “Houve um golpe”, bradaram.
     Pois bem. Ontem, a ministra Ana Arraes, mãe do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, apoiada ostensivamente pelo Governo quando concorreu a um lugar vitalício no Tribunal de Contas da União, deu sua colaboração a mais uma tentativa de se reduzir o escândalo do Mensalão a uma simples estripulia.  Ontem, em parecer, considerou legal o desvio de dinheiro do Banco do Brasil realizado pelo publicitário Marcos Valério, para beneficiar a companheirada.
    A douta ministra, de uma penada, fez a lição de casa, contrariou três pareceres técnicos elaborados pelo próprio TCU e a conclusão formalizada pelo Ministério Público. Com isso, a malandragem de Marcos Valério – apropriação de R$ 2,9 milhões - passou a ser legal e, por óbvio, tudo o que pode ter decorrido dela. Para chegar a essa conclusão, segundo nos conta a Folha, a mãe do provável candidato à Presidência da República em 2018 levou em conta uma legislação de 2010, apesar de o crime ter sido cometido em 2005.
     Tudo dentro da Lei, com o vemos. E sem causar a menor reação dos legalistas de botequim. 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Uma história da caserna

     Lendo o noticiário sobre os problemas para liberação de uma área em Deodoro, para instalação do novo autódromo do Rio de Janeiro, voltei aos tempos de 'caserna'. O 'gancho' para reavivar minhas memórias foi o fato de o espaço em questão ter sido usado para treinamentos militares, o que obrigaria a uma varredura completa, para eliminar a possibilidade de existirem explosivos, sobras de exercícios.
     Nós, da Infantaria (cursei o CPOR-RJ), também por lá andamos, eventualmente, mas nossos exercícios semanais de campo eram realizados em uma área de treinamento dos Fuzileiros Navais na praia de Tubiacanga, na Ilha do Governador. Semanais, mesmo. Todas as terças-feiras, o dia todo, com chuva ou sol. Vivíamos uma época difícil, em pleno regime militar, já com enfrentamentos, e o Exército decidiu que precisava formar urgentemente oficiais subalternos (aspirantes e segundos-tenentes da reserva para comandar pelotões) capazes de suprir e atender às necessidades mínimas.
     E o CPOR, risonho e franco, até então (frequentado por universitários apenas nas férias e fins de semana), mudou. Minha turma - a de 1967 (Turma Marechal Castelo Branco) - praticamente estreou o novo sistema. Um ano inteiro, sem folgas, exceto as naturais, dos domingos, repleto de exercícios e cobranças extremas. Um ano para não esquecer, incluindo o incidente que passo a relembrar, com vocês.
     O trabalho em Tubiacanga sempre exigia muito. Éramos, basicamente, obrigados a transpor obstáculos físicos e naturais, como áreas alagadas, barrancos, mato. Tudo isso, carregando um equipamento pesado, que incluía capacete de aço e o velho e aposentado mosquetão, substituído pelo - naqueles tempos - moderno FAL (fuzil automático leve).
     O tal do mosquetão merece um parágrafo à parte: além de pesado, dava um 'coice' enorme quando usado. Bem diferente do que acontece nos filmes de guerra. A cada tiro correspondia uma pancada no ombro. Se não estivesse bem encaixado, em um determinado espaço sob a clavícula, poderia provocar problemas sérios. Mas voltemos a Tubiacanga.
     Em um desses exercícios, deveríamos cruzar uma área alagada, 'sob fogo inimigo'. Por inimigo, leia-se nosso comandante (um certo capitão Blois) e sua equipe de sargentos-instrutores, que nos atacavam do alto de uma pequena elevação. Para dar a sensação de realidade, éramos atingidos por granadas de exercício, que explodiam, de verdade, levantando jorros de água, mas não causavam maiores problemas. Exceto ...
     E era dia do exceto. Um dos artefatos atirados em nossa direção caiu exatamente atrás de um aluno, por óbvio, o menos indicado para alvo. Desengonçado e lento, esse antigo colega ficou paralisado, quando deveria ter se atirado para a frente, mesmo na água. A granada explodiu e alguns estilhaços (pequenos) atingiram suas nádegas, por sorte bem roliças.
     Não houve maiores consequências, ainda bem, mas foi o sinal para a interrupção do treinamento naquele dia. Novas explosões - e elas aconteceram! -, só no campo de provas de Gericinó. Mas isso é outra história, para outro dia.

Com as bênçãos de Lula e Dilma

     Quem fala o que quer, está se condenando a ouvir o que não quer. É, para mim, o caso da presidente Dilma Rousseff, que teve uma de suas declarações transcrita na defesa de José Dirceu, deputado cassado e, segundo a Procuradoria-Geral da República, chefe da quadrilha do Mensalão que assaltou os cofres públucos no primeiro governo dessa infindável Era Lula.
     Segundo nos revela Veja, reproduzindo o teor de um arrazoado da defesa de Dirceu entregue ao Supremo Tribunal Federal, nossa preclara presidente teria afirmado o que se segue, sem tirar nem pôr, entre aspas: "Acho Dirceu uma pessoa injustiçada. Tenho pelo ministro grande respeito". Ela disse isso, sem ruborizar, acredito, quando ocupava a chefia da Casa Civil no governo Lula, que assumiu justamente quando seu anetesor foi afastado, no rastro da convulsão provocada pela divulgação do maior esquema de roubo institucionalizado da nossa história recente.
     A defesa do ex-ministro acredita que essa declaração funcione como um atenuante quando do julgamento da quadrilha. Para corroborá-la, acrescenta outra afirmação, de fonte semelhante, feita por escrito (?): "Desconheço qualquer fato desabonador sobre José Dirceu, que lutou pela democratização do Brasil, pagando com o exílio. É um quadro político de grande relevância no cenário nacional", garantiu o ex-presidente e chefão do chefe dos mensaleiros.
     Fosse eu um dos juízes, seriam declarações fundamentais na formação de minha convicção. Pelo histórico de subterfúgios, mentiras, desvirtuamentos de fatos etc dos declarantes, funcionariam como peças do libelo acusatório. Não precisaria ouvir ou ler mais nada. Se Dirceu é defendido com tanta determinação pelo ex-presidente Lula - parceiro do deputado federal Paulo Maluf (do 'apropriado' PP de São Paulo), procurado pela Interpol -, deve ser culpado de tudo o que dizem e de muito mais que apenas pode-se deduzir, inferir.
     E se ainda conta com as benesses da presidente que nega hoje o que disse ontem, não necessariamente nessa ordem, pior ainda. É promessa de cadeia.

O caminho da Venezuela para o abismo

     Pobre Venezuela. Ignorante, submetido a arbitrariedades das quais a população simplória sequer se dá conta, o país vem acelerando dia a dia sua caminhada para o mais profundo abismo cultural, político e ideológio. Os últimos 13 anos de governo chavista minaram ainda mais a já tênue capacidade de descortino da sociedade, marcada pela desqualificação, pelo nivelamento por baixo da formação de seus quadros, pela esvaziamento da capacidade de reagir, discutir. Em síntese: a Venezuela não consegue pensar.
     A extrema mediocridade de seu líder, o coronel de opereta mambembe Hugo Chávez, contaminou a vida do país, que retrocede aos primórdios, amesquinha-se, transforma-se num joguete sob a liderança de um homem estúpido e com evidentes sinais de demência.
     Sua - dele, esse incorrigível Chávez - mais recente agressão à lógica e à civilização foi destacada hoje por Veja. Como parte dos discursos da campanha política para mais uma reeleição, o presidente venezuelano acusou seus adversários políticos de fazerem "bruxarias" para impedir sua confirmação o poder, atribuindo a eles o câncer que vem enfrentado.
     Nem Lula, no seus momentos de maior insensatez (e foram centenas, ao longo dos últimos nove anos e meio), ousaria atribuir uma doença ao resultado de "bruxarias". E todos nós sabemos que o ex-presidente brasileiro notabiliza-se por extremos de idiotice impensáveis por alguém com um grau mínimo de formação. Lula já até divagou sobre as vantagens que a Terra teria se fosse reta (a poluição ficaria "parada" em cima das fontes poluidores), mas não chegou ao ponto de culpar a "herança maldita" que recebeu pelo câncer que atingiu sua garganta.
     Chávez, Lula, Evo Morales, Rafael Correa, Cristina Kirchner e - não seria justo deixá-la fora dessa relação - Dilma Rousseff (o tal Mujica pelo menos parece não se deixar levar pelo brilho e quetais que emanam do poder) sintetizam bem essa que é uma das quadras mais medíocres da história recente da América do Sul. Personagens vazios, com tendência discricionária, adeptos de regimes de força, ditatoriais, calcados na indigência cultural e no mais primitivo assistencialismo.
      Mas é inegável que Hugo Chávez é o mais caricato de todos, talvez por isso o líder espiritual dessa gente. Quem mais teria coragem de exumar o corpo de um heroi nacional morto há 180 anos (Simon Bolívar) sob a alegação de que precisava comprovar que seu guru fora assinado pelos capitalistas e neoliberais de então (ele morreu em 1830, de tuberculose, como qualquer um que tenha se dado ao trabalho de ler um pouco de história - ou clicar no Google - sabe).
     Apenas para não deixar passar a oportunidade. O 'pensamento' completo do aprendiz de ditadir venezuelano foi o seguinte: "A contrarrevolução e a burguesia apostaram que eu não poderia nem caminhar, que estava à beira da morte, que não conseguia mais suspirar. Até bruxaria eles me fizeram, mas ando com Deus. Dou graças a Deus por me ter permitido vencer tantas dificuldades, sobretudo as de saúde, de me ter dado resistência e vida para estar com vocês, nesta nova campanha rumo ao 7 de outubro".
     Uma oração digna do 'Chávez' mexicano e que talvez - estou reavaliando - fosse assinada por Lula, sim.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Os ares do cerrado

     Está se tornando algo recorrente, nessa nossa República: acusarem Goiás de sediar o núcleo de uma quadrilha. Ontem, foi a vez de o senador Vital do Rego (PMDB-PB) - presidente das CPI que investiga as relações promíscuas entre o contraventor Carlinhos Cachoeira, políticos em geral e governantes em especial - afirmar que toda pilantragem que se adivinha passa pelo estado.
     A Procuradoria-Geral da República também chegou a conclusão semelhante no caso do Mensalão do Governo Lula: os chefes estavam por ali, também, mais precisamente no Distrito Federal, com livre acesso ao gabinete do ex-presidente.
     Talvez sejam os ares do cerrado. É mais provável que seja a proximidade dos gigantescos cofres públicos, arrombados para atender à ganância pessoal de políticos e ao projeto de poder do Partido dos Trabalhadores, principalmente.
     No caso atual, que engobla o ainda governador goiano Marconi Perillo (PSDD), a pilantragem assumiu ares ecléticos, a julgar pelas investigações realizadas pela Policia Federal. Todos os partidos - deparando-se com a imoralidade que assola o país há nove anos e meio - se locupletaram. Uns mais do outros.
     E as investigações sequer entraram em um ritmo decente. O envolvimento da Delta Costrutora (a filha pródiga do PAC) com a bandalheira acendeu o sinal de alerta na base governamental, que decidiu investir tudo em nomes da Oposição, livrando a companheirada de infortúnios.
     O maior exemplo dessa manobra é a blindagem do governador fluminense, Sérgio Cabral (PMDB), amigo pessoal de Fernando Cavendish, ex-presidente da Delta, e da própria empresa, a maior beneficiária privada da roubalheira proporcionada por aditivos e atualizações de preços de obras que mal saíram das pranchetas.

Sobre marechais e coroneis de fancaria

     É assim que o mundo funciona em países atolados na estupidez, na arbitrariedade e na ignorância. A Folha nos conta que o imberbe líder da Coreia do Norte - um dos poucos do mundo ainda a se declarar 'comunista' (seja lá o que nós sabemos que isso foi e é) -, Kim Jong, aquele fã do Mickey que assumiu o posto deixado com a morte do pai, Jum Jong-il, mais conhecido como "querido líder", foi nomeado - acreditem!!! - marechal do Exército Popular.
     Se ainda fosse um segundo-tenente, ou - vá lá! - capitão, não provocaria, em mim, tantas e tão irresistíveis gargalhadas, logo sufocados, confesso. Com a conquista dessa patente - a maior -, o filho do grande líder estaria confirmando o controle total e absoluto sobre um exército fanático, boçal e equipado com armas nucleares, o que coloca em risco a segurança do mundo.
     Jim Jong viu sua carreira militar (?) ir à estratosfera poucos dias depois de o regime ter efetuado a troca de guarda no Estado-Maior das Forças Armadas: saiu Ri Yong-ho (antigo colaborador do pai do atual ditador e que lhe deu sustentação) e assumiu Hyon Yong-chol.
     Essas mudanças representam ... Na verdade, ninguém sabe bem. A Coreia do Norte é o país mais fechado do mundo, imerso nas trevas desde que se tornou comunista. Especialmente após a assunção do clã Kim, no poder há 64 anos. A população - especialmente do interior - passa fome e não tem acesso a qualquer instrumento de soberania.
     Tevê, rádio e jornais são controlados diretamente pelo governo, que manipula, inventa e cria notícias de acordo com suas conveniências. Não há internet livre e o acesso à capital do país, Pyongyang, é controlado pelas forças armadas. Só pode entrar quem tem autorização expressa do governo. E eu estou falando de seus próprios cidadãos, e não de visitantes, uma categoria praticamente inexistente.
     A população - como pôde ser subtendido em dezembro, na morte do pai do atual ditador - acredita que o mundo gira em torno de seu país, que seria um exemplo para o restante do planeta. Se não fosse a ajuda enviada pela Coréia do Sul e pelos Estados Unidos, grande parte dos coreanos do norte simplesmente morreria de fome.
     Pelo conjunto da obra, a Coreia do Norte é a essência do que há de pior e mais lamentável nesses nossos dias. Com parceiros fieis no obscurantismo, no entanto. Aí estão o Irã e a Síria, por exemplo. Em escala inferior, pela distância física da dos malefícios gerados pela influência da antiga União Soviética, destaque para Cuba, outra potência do atraso.
     A China? É um caso especial de sucesso econômico calcado em um regime arbitrário e desumano, graças, principalmente, à força gerada pelos seus quase 1,4 bilhão de habitantes. Que poderiam ser mais, caso os pais deixassem de matar suas filhas recém-nascidas, como ocorre até hoje, para preservar benefícios mínimos providos pelo Estado.
     E já que falei de um marechal de anedota, vale lembrar o coronel de opereta que infelicita a Venezuela há 14 anos, Hugo Chávez. Esse é um exempo perfeito de dirigente bananeiro, sem a menor expressão no mundo, mesmo sentado sobre um estoque inestimável de petróleo. Em seus sonhos mais alucinados, na juventude, Chávez deveria se imaginar um filhote da dinastia Kim (essa conversa de bolivariansmo é puro empulhação). Um querido líder, sol da pátria. Não passa de um bufão ridículo, com seus 'traques' de festa junina.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Vamos expurgar a Venezuela

     A Folha, entre outros jornais, destaca hoje o relatório da organização Human Rights Watch - pró-direitos humanos - sobre a real situação da liberdade e da democracia na Venezuela. Para ser 'coerente' com suas últimas intervenções na política externa, o Brasil deveria propor a imediata exclusão do país governado pelo bufão Hugo Chávez de todas as organizações internacionais do mundo, começando por reconsiderar o voto favorável ao ingresso dessa republiqueta bananeira no Mercosul.
     Não há outra saída. O relatório denominado 'Apertando o Cerco: Concentração e abuso de poder na Venezuela de Chávez', divulgado em Washington e repercutido pelos nossos jornais e revistas, em geral, não deixa dúvidas sobre o caráter - ou a falta dele - do governo chavista, que se especializou, nos últimos 14 anos (é isso mesmo, o 'democrata' coronel de opereta está no poder há 14 anos), em perseguir adversários, cercear a atuação da Justiça e empastelar órgãos da imprensa.
     De acordo com o diretor da entidade para a América Latina, citado literalmente, há uma fachada legal para justificar os atos arbitrários oficiais, o uso de um aparato institucional para os propósitos políticos de Chávez: "O precussor desse modelo na América latina foi Alberto Fujimoro, no Peru", destacou José Miguel Vivanco. A comparação não poderia ser mais apropriada.
     No relatório há, ainda, uma citação expressa à prisão da juíza Maria Lourdes Afiuni, que ousou dar liberdade condicional a um desafeto do governo. Foi atacada pessoalmente pelo presidente, em cadeia de rádio e tevê, e presa.
     Espero que nossas 'organizações da sociedade civil' e 'intelectuais', sempre tão atentos e prontos a protestar contra esses governos neoliberais e direitistas - que seguem a Constituição de seus países e respeitam a liberdade de expressão -, cobrem uma atitude digna do governo.
     Mas já sei, de antemão, que é pedir muito. Estou, na verdade, exercitando uma saborosa e incontestável provocação. O Brasil é aliado de fé do que há de pior no mundo. Essa gente vive da demagogia, do estelionato idelógico, do palavrório de botequim vazio de conteúdo, mas cheio de vigarice - destinado a conquistar aplausos fáceis.

Delúbio, o 'macarrão' do PT

     Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT e o operador político do Mensalão - o maior escândalo institucional da nossa história recente -, manteve-se firme no Plano B elaborado pela companheirada. Como se fosse um 'macarrão' (*) bem-comportado de um enredo canalha que vem sendo desenvolvido há sete anos pelo Partido dos Trabalhadores, entregou documento ao Supremo Tribunal Federal, assumindo toda a responsabilidade pela distribuição de 'recursos ilegais' entre companheiros e assemelhados, como nos conta o Estadão.
     Ele - mais ninguém - decidiu e executou tudo. Um tudo relativo, é claro: assim como seus gurus, ele nega a existência do esquema vagabundo de compra de consciências e votos, de financiamento de campanhas e de puro enriquecimento ilícito que o PT institucionalizou nessa infelicitada República. Em síntese, o terremoto que sacudiu o país não teria passado de uma leve acomodação de terra, um simplório e inocente 'caixa 2'.
     Devemos reconhecer, a bem da verdade, que Delúbio - recentemente 'reabilitado' pelo politburo petista - tem mostrado a lealdade mais canina que se pode esperar de alguém que, num determinado momento, esteve afogado no esgoto, abandonado formalmente à própria sorte, e mesmo assim fez o que pôde para livrar seu chefe, o então presidente Lula - o chefão do ex-ministro José Dirceu, o chefinho dos mensaleiros, segundo a Procuradoria-Geral da República - de uma merecida e justa cassação.
     Delúbio - e essa imagem continua bem nítida para mim - protagonizou alguns dos mais vergonhosos momentos já registrados em uma CPI, em todos os tempos. Com expressão bovina, olhar incerto e um sorriso que denotava claramente o turbilhão onde fora jogado, negou tudo, calou, tergiversou, expôs ao país até onde um um obreiro do PT pode ir para defender seus comandantes. Em submissão, chegou perto do atual ministro Gilberto Carvalho, da Seecretaria Geral da Presidência, aquele ex-seminarista que carregava as propinas do PT no seu Fusca (à época do assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André- SP, segundo irmãos da vítima) e jurou dar a vida por Lula.
     Em apenas 35 linhas, Delúbio, através de seus advogados, ofende a inteligência de toda uma Nação. Nada diferente do que vem sendo feito há nove anos e meio pelos protagonistas dessa infi dável Era Lula. A grande diferença, no entanto, está na plateia à qual está destinada essa vigarice retórica. Enquanto Lula e Dilma Rousseff falam a linguagem da mais pura demagogia a um país mantido e cultivado na ignorância, Delúbio estará se dirigindo à mais alta Corte brasileira.

     (*)Macarrão é o apelido do companheiro do ex-goleiro Bruno, do Flamengo, acusado de ter assassinado uma ex-amante, Elisa Tamúdio, e que recebeu o pedido de executar o 'plano B', ou seja: assumir sozinho o crime, em troca de favores e vantagens futuras. Algo muito parecido com o que aconteceu com Delúbio Soares, não tenho a menor dúvida.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Sobre damas, primeiras, ou não

     Prefiro não falar de ex-primeiras-damas. Não falo, sequer, das que ainda o são, exceto quando extrapolam, cruzam a linha e passam a participar do poder, do governo. Não vi a entrevista da ex-mulher do atual senador Fernando Collor, Dona Rosane, ao Fantástico, ontem. Na verdade, não vejo esse programa, assim como quase nunca assisto a programas da tevê aberta. Na pior das hipóteses, quando não há nada razoável nos meus 2.030 canais pagos (o número é uma concessão à minha compulsão à hipérbole), o que não raramente acontece, vou reler o jornal do dia, ver as ofertas dos classificados, sonhar alguns sítios no meio do mato.
     Mas não pude deixar de ser atingido pelas 'revelações' que nossa trêfega ex-primeira-dama - hoje 'convertida', pelo que soube - fez ao país. Nada , como bem já ressaltou um velho companheiro de jornadas, o jornalista Paulo César Martins, que já não fosse de domínio público. Da parceria de mesa com Paulo César Farias aos rituais de 'magia negra' realizados na Casa da Dinda, de melancólica memória.
     Hoje, nos jornais, revistas e nas redes sociais, vejo que Dona Rosane vem sendo ridicularizada, e não poderia ser diferente. Poucas pessoas na posição que ela ocupou foram tão medíocres, simplórias e vazias. Talvez apenas Dona Marisa Letícia Lula da Silva, a única que, em pleno exercício do'cargo', pediu e conseguiu cidadania de outro país (no caso, a italiana), certamente para garantir o futuro dos filhos e netos longe dessas terras brasileiras.
     O deslumbramento com o poder - guardadas as proporções e o tempo - foi igual. Rosane encarnava a plebeia que casou com o príncipe encantado e foi à luta para recuperar o tempo perdido na província. Dona Marisa aproveitou todas as viagens oficiais do marido para flanar por capitais europeias, longe da comitiva oficial. Ficou marcada, também, pela falta de discernimento ao mandar plantar um jardim com o símbolo do partido do marido, uma estrela vermelha, nas dependências do palácio que é de todos os brasileiros, e não dos militantes. E por suas invasões de reuniões do Governo, sem aviso, como se ainda estivesse controlando a vida do marido nos tempos de sindicalista.
     A grande diferença entre as duas é a condescendência conferida a uma e o rigor imposto à outra. Mas ambas, cada uma a seu tempo, foram exemplos dos momentos mais lamentáveis da história recente desse país.

Marcos Valério nunca foi o grande vilão. Era um instrumento dos assaltantes

     Sou levado a concordar integralmente com uma das teses da defesa do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ter sido o operador do Mensalão, o maior assalto institucional aos cofres públicos da nossa história. É muito cômodo para os envolvidos - acusados, ou não - jogar todo o peso nele, quando o maior beneficiário da roubalheira era o governo Lula. É mais ou menos como culpar o motorista de um ônibus que transportou um assassino pelas mortes que ele provocou, mesmo que comprovadamente soubesse que estava carregando um criminoso a bordo.
     Marcos Valério usou e abusou das portas que se abriram ao esquema de transferência de dinheiro público para pagar campanhas - inclusive a do ex-presidente Lula, como foi amplamente divulgado -, comprar consciências que jamais foram íntegras, alimentar o projeto de poder do PT e encher os bolsos da companheirada, é claro. Exatamente como acontece em governos corruptos que se arvoram como defensores dos pobres e oprimidos, guardiões da moralidade. Poucos governos e governantes do mundo foram tão pilantras quanto os da antiga União Soviética e o coreano do norte, por exemplo, cujas lideranças nadam no dinheiro que extorquiam e ainda extorquem da sociedade (no caso coreano, em especial), mantida em ignorância e oprimida.
     Têm razão seus advogados - e o Estadão destaca essa linha de defesa - quando afirmam que é um exagero batizar o esquema de corrupção instituído no Governo Lula de 'Valerioduto'. O publicitário, no máximo, foi o instrumento da vigarice governamental, da quadrilha chefiada pelo ex-ministro José Dirceu (segundo acusação da Procuradoria Geral da República). Para repassar o dinheiro roubado, Valério precisava recebê-lo de quem tinha a chave do cofre e estava roubando, pois não tinha o dom de fabricar moeda.
     E esse roubo - ainda de acordo com as investigações e denúncia entregues ao Supremo Tribunal Federal - era realizado por representantes do Governo Lula, os únicos que tinham acesso ao 'tesouro'. Algo semelhante ao repasse de verbas através de ONGs amigas, denunciado ano passado. O guardião do cofre - o Governo, não podemos esquecer jamais - paga a mais (muito mais!!!) por um serviço (quase sempre malfeito) e os benefiados repassam o dinheiro para os amigos do poder.
     Simples assim. E nós pagamos tudo. O trabalho malfeito (quando damos a sorte de ele ter sido feito), o lucro dos parceiros e as campanhas dos petistas e assemelhados, além de enchermos alguns bolsos pelo caminho. Não é uma exclusividade petistas - diga-se. A relação do contraventor Carlinhos Cachoeira com próceres da Oposição, como o cassado Demóstenes Torres (do DEM) e Marconi Perillo, do PSDB, mostra que a ladroagem vai além das siglas. Mas é evidente que o assalto maior e mais rentável é praticado pela turma ligada ao Palácio do Planalto, que apenas deveria gerenciar com dignidade nossas riquezas, mas as usa como se fossem dela.

domingo, 15 de julho de 2012

Abalo no palácio goiano

     A cada capa de revista semanal, mais os envolvidos nas mais recentes denúncias de roubalheiras - entre eles o ainda governador Marconi Perillo, do PSDB de Goiás - afundam na torrente provocada pelas investigações sobre as relações entre o contraventor Carlinhos Cachoeira e políticos em geral. A última descoberta, creditada à revista Época, esclarece, por exemplo, um pouco mais da história - pessimamente contada! - da venda de um dos imóveis do governador goiano justamente a um 'sobrinho' do criminoso.
     Sabe-se - ou admite-se saber - agora, que no valor recebido pela casa (cerca de R$ 1,4 milhão, em três cheques) estava embutida uma comissão - a velha e conhecida propina - por ter dado uma mãozinha (essa gente é especialista em 'botar a mão') na liberação de verbas para empresa de Cachoeira que prestavam serviços ao governo goiano. Uma bobagem de R$ 500 mil. Com essa informação, fica menos implausível o preço pago à vista por uma casa em Goiânia, sem desmerecer a cidade, planejada e agradável.
     Perillo deve ter passado um fim de semana atordoado. Acreditava - pela repercussão de seu depoimento à CPI mista do Congresso - que o pior já tinha passado e que só precisaria levar o assunto em uma espécie de banho-maria, contando com a cumplicidade de correligionários e com o pavor de oposicionistas, que temem o aprofundamente das investigações, pela sujeirada que certamente espalhariam em todos os andares dessa nossa infelicitada República.
     Ainda bem que, ao contrário de republiquetas como a venezuelana, a equatoriana, a boliviana e a peruana, em especial, por aqui as revista e jornais conseguem furar as barreiras oficiais e denunciam pilantragens que os donos do poder gostariam de ver acobertadas ou esquecidas. Isso - a liberdade de informação - não acontece, entretanto, graças à 'fé democrática' dos nossos governantes atuais. Ao contrário. Se dependesse apenas da companheirada que assaltou o poder há nove anos e meio, nossos veículos de informação seguiriam o padrão do cubano Granma, aquele jornal que atende às necessidades fisiológicas da população.

Julgamento do Mensalão começa a gerar fatos novos

     O julgamento da quadrilha do Mensalão que assaltou os cofres públicos brasileiros, durante o primeiro Governo Lula, ainda não começou e já há fatos novos no meio caminho. Para tentar livrar seus clientes, segundo o Estadão, a defesa dos publicitários Duda Mendonça e Zilmar Fernandes - que reconhecidamente receberam dinheiro em contas no exterior, por serviços prestados à campanha de Lula - afirma que há casos semelhantes. Ou seja: muita gente também teria chafurdado no dinheiro da nação - não apenas os 38 'companheiros' e afins - e não foi indiciada.     Mais do que possível, tudo é provável nessa infeliz Era Lula que afoga o país em escândalos há nove anos e meio. A turma assaltou o poder decidida a não mais largar, e fez e faz tudo para manter-se no comando. Desde a mais vagabunda extorsão de empresários de linhas de ônibus - como acontecia em prefeituras paulistas dominadas pelo PT, no início dos aos 2000 e provocou o assassinato do prefeito Celso Daniel, de Santo André -, aos sofisticados esquemas de corrupção que desviam, de forma indireta (através de ONGs e contratos superfaturados), o dinheiro público para contas partidárias e particulares.
     O caso do empresário Duda mendonça foi emblemático e só não provocou uma catástrofe mais do que merecida porque vivemos nesse estranho momento brasileiro no qual a população parece anestesiada frente à maior onda de roubalheiras já registrada em todo a nossa história. Ao vivo e a cores - não custa lembrar -, o publicitário de Lula confessou à CPI, aos prantos, que recebeu pagamento pelos trabalhos na realizados na campanha presidencial em contas abertas no exterior: algo perto de R$ 10, 5 milhões, menos da metade dos R$ 25 milhões cobrados pelo conjunto da obra (a campanha que elegeu Lula) foram depositados pelo operador do Mensalão, o mineiro Marcos Valério, na conta da Dusseldorf Company, vinculada ao BankBoston, em Miami.
     Apesar de mais esse agravante, o ex-presidente que mentiu ao garantir que não sabia do caso e depois de disse "traído" não só conseguiu conservar o mandato, como não foi preso, reelegeu-se, conseguiu eleger sua sucessora e continua ativo na proposta de desmoralizar o país, chantageando ministros e açulando seus seguidores, como a CUT, em benefício da companheira que será julgada.
     Torçamos todos para que mais fatos possam aflorar na hora em que alguns réus começarem a se ver em uma cela pelos próximos anos.

Quando as críticas têm efeito contrário

     Eu já estava decidido a não votar em Eduardo Paes. Ainda é muito complicado, para mim, compreender - e engolir - tantas mudanças 'ideológicas' em tão pouco tempo de vida. De um dos meninos do ex-prefeito César Maia a queridinho do ex-presidente Lula, depois de uma baldeação no PSDB justamente na época em que o Mensalão assolava o país e ele - Eduardo -, um intrépido deputado federal, desancava a tudo e a todos ligados ao governo.
     Nesses tempos de exercício da indignação frente ao maior assalto aos cofres públicos já realizado no país, Eduardo Paes ainda tinha a seu favor o fato de torcer pelo Vasco. Rigoroso com a pilantragem e vascaíno, duas qualidades apreciáveis. Cheguei, até, considerar sufragá-lo na primeira eleição que aparecesse. Mas, como vem acontecendo com regularidade na nossa vida política - 'fenômeno' apontado recentemente pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso -, a falta de identidade ideológica do nosso alcaide enterrou, naquele momento, essa possibilidade. Votei em Fernando Gabeira com absoluta consciência.
     Mas eis que começo a reformar minha ideia de - pela primeira vez - anular o voto. E isso se deve, justamente, por estranho que possa parecer, às críticas que vêm sendo feitas à sua administração à frente da Prefeitura. Não há uma citação sequer à sua inconstância partidária; à submissão aos atuais detentores do poder central; à sua falta de críticas ao desarranjo institucional e à devassidão das relações entre o que deveria ser público e quadrilhas que assaltam os vários níveis da vida pública.
     Leio e escuto - recorrentemente, nos últimos 45 dias - reclamações sobre o asfalto da pista da TransOeste que perdeu o tom avermelhado; sobre os acidentes que, em sua maioria esmagadora, são provocados pelas vítimas; e, ainda mais recentemente, sobre sua jogadade marketing ao aparecer ao lado do craque botafoguense Seedorf, como se fosse um crime merecedor da pena capital.
     Se a discussão política dos destinos do Rio vai passar por esse caminho, confesso que não terei muito disposição para participar dela. Se vamos julgar, apenas, o administrador, não tenho muitas restrições ao atual. Embora jamais esqueça que prefeito que inagura obras faz apenas sua obrigação, sou obrigado a reconhecer que a cidade está mudando, sim. Especialmente nas Zonas Norte e Oeste. O resto é pura bobagem.
    

sábado, 14 de julho de 2012

Presidente incorpora o passado

     Uma das raríssimas coisas que me faziam relevar, na presidente Dilma Rousseff, as inúmeras bobagens, impropriedades e falta de um projeto real para o país era seu comportamento diferente do adotado por seu criador e guru. Dilma, no primeiro ano de governo - um dos piores da história brasileira, repleto de escândalos e absolutamente paralisado -, ao menos manteve uma dignidade pessoal que caiu como uma bênção sobre um país soterrado pelo histrionismo de Lula.
     Comedida, embora desqualificada para a função, a presidente conferia ao cargo, ao menos, uma certa dignidade, um ritual. Como não sabe falar e tem evidentes dificuldades em coordenar logicamente os pensamentos, manteve-se mais tempo em silêncio público, ou limitava-se a ler os textos amorfos que seus asessores preparavam.
     Lula também não sabe falar, pelo menos corretamente. Mas, em virtude da falta do superego que ressalto sistematicamente, não se acanhava em cometer barbaridades retóricas e históricas. Na dúvida, lançava na plateia uma alusão ao futebol e estimulava a imbecilidade comum, com aquela expressão de quem descobriu a partícula elementar bosônica.
     A presidente, acuada por números alarmantes na economia e pela proximidade do julgamento do Mensalão (não podemos esquecer que ela fez parte do esquema de governo que praticou o maior assalto institucional aos cofres públicos, segundo a Procuradoria-Geral da República), parece que abandonou definitivamente a postura relativamente sóbria que vinha mantendo e subiu ao palco, à semelhança de seu antecessor.
     A cada dia, na última semana, Dilma Rousseff nos brindou com uma frase com defeito, um raciocínio tosco, um comportamento de 'senhora-propaganda' da rede Supermarkt (*). O que já era ruim - muito ruim, mesmo -, mas ligeiramente suportável, fugiu ao controle. Recorrer a expressões usadas por Lula e devidamente ridicularizadas por quem tem um QI superior aos três pontos atribuídos às galinhas, me parece ser o fim do caminho, o começo inexorável das trevas.
     O recurso à mediocridade retórica e às imagens expelidas pelos intestinos do serviço de marketing palaciano me soa a desespero. Sem projetos e perspectivas reais de crescimento, o país pode, eventualmente, acordar da letargia a que foi acometido nos últimos nove anos e meio dessa infindável e deplorável Era Lula.
     (*) Para quem não vive no Rio: a rede Supermarkt usa uma senhora - digamos - desinibida -um personagem "sem noção", diriam minhas filhas - para anunciar seus produtos populares.

Minha frase da semana

Minha frase da semana
"Se essa gente (a CUT) der 'sorte', arranja um morto para desfilar pelas ruas, chamar de seu, absolver criminosos e, de quebra, ajudar a eleger Fernando Haddad, o demolidor do Enem e inimigo declarado da língua portuguesa".
Extraída do texto 'CUT defende quadrilheiros e ameaça o país', de segunda-feirtas, dia 9.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

PT e PP juram amor eterno

     O Estadão virtual destaca, em manchete, que o candidato petista à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad - o ex-ministro da Eduação que desmoralizou o Enem e tentou fazer o mesmo com a língua portuguesa -, vai bancar a aliança com o deputado Paulo Maluf, do PP paulista, apesar de o Ministério Público ter acionado empreiteiras ligadas ao ex-prefeito, por suspeita de desvio de dinheiro público.
     Grande coisa! Onde é que está, exatamente, a diferença entre o desvio de contas protagonizado (teoricamente) por Maluf e a roubalheira do Mensalão do Governo Lula? Pode ser que esteja no volume de dinheiro roubado, que não me parece ser tão diferente. PT e o sugestivo 'PP' são irmãos siameses. Estão grudados desde que a Era Lula nasceu, de fato, para o mundo.
     Poderia dizer, para efeitos pictóricos, que a mão de um sempre está esbarrando na mão do outro, quando se trata de avançar nos cofres públicos, levando-se em conta as denúncias que jorram em cascata (cachoeira?) das investigações judiciais. Algum desavisado - alguém que não tenha sido engolfado pelo estelionato ideológico praticado pelo PT - poderia dizer que está surpeeendido justamente com o contrário: com o fato de o PP ter formalizado mais uma parceria digna da privada com os mensaleiros, cuequeiros e aloprados petistas.
     É uma questão de ponto de vista, apenas. Ou alguém acha que o PT ainda pode posar de vestal depois de nove anos e meio de envolvimento com o que de pior aconteceu nesse pais?
     Na sua ânsia de ficar cada vez mais semelhante ao ex-presidente mais limitado e simplório que o Brasil já teve - na empulhação e discurso vigarista -, Haddad reforçou a tática do diversionismo usada à exaustão pela companheirada, quando pega - e isso vem acontecendo aos borbotões - em malfeitos: ignorou a acusação e passou a culpa para a Oposição, como transcrevo abaixo:
     "Se ficarem comprovadas as suspeitas, (o dinheiro desviado às contas de Maluf) é recurso de São Paulo, não tem o que discutir", opinou (???). "Para todo político, com qualquer tipo de suspeita, tem que ser defendida a apuração, seja o Demóstenes Torres (ex-DEM/sem partido), seja Marconi Perillo (PSDB-GO), seja quem for. Isso não tem nada a ver com aliança política com partidos", disse ao Estadão, esquecendo de citar os nomes do governador Agnelo Queiroz, do PT do Distrito Federal e do prefeito de Palmas, outro petista do qual não lembro o nome e que não merece sequer um clique no Google.