quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Reservas imorais

     Os ministros Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, a cada minuto em que desonram a Justiça brasileira, com sua subserviência e postura profissional indigna, poderiam exigir, sem favor algum, o título de ‘reservas imorais do país’, seguidos de perto por outros companheiros de toga, pouco menos lastimáveis.
     Os dois, levados à mais alta corte do país pela promiscuidade com o PT e suas lideranças, em especial o ex-presidente Lula e seu fiel escudeiro José Dirceu, cumprem à risca a tarefa partidária a que se propuseram: defender a quadrilha que vem assaltando os cofres públicos há vergonhosos 12 anos e dez meses.
     São personagens nefastos de um dos momentos mais nebulosos da nossa história, instrumentos do projeto de poder petista, que passa pelo aparelhamento e controle do único poder que ainda dava mostras de relativa independência e dignidade.
     Um deles, o atual presidente da Corte, esmerou-se, durante o julgamento do Mensalão do Governo Lula, na manipulação de fatos. Tanto fez, ao vivo e a cores, que conquistou a repulsa da população e mal consegue, ainda hoje, frequentar locais públicos. É visto, graças à sua conduta oblíqua, como nada mais do que o indicado de Dona Marisa, a ex-primeira dama que sustentou sua indicação. É isso mesmo: Lewandowski chegou ao STF pelas mãos de de Dona Marisa.
     O outro, o ex-carregador de pastas do PT (era o secretário de José Dirceu e advogado encarregado de defender o partido, quando acusado de maracutaias), é uma espécie de ‘ET do STF’, o único que sequer conseguiu ser aprovado em um concurso para juiz (na verdade, foi reprovado em dois). Seus votos, sob qualquer circunstância, seguem um roteiro absolutamente previsível e deixam claro que ele está ali para cumprir uma tarefa, cumprir o que seus mestres mandam. Com um agravante terrível: é, paralelamente, o presidente do Superior Tribunal Eleitoral.
     A ligeireza com que manipulam os processos contra seus parceiros e correligionários ultrapassa qualquer parâmetro. Por uma infeliz e perigosíssima conjunção, Lula e sua criatura têm tido a chance de montar o Tribunal dos sonhos de qualquer grupo que almeja assaltar o poder por meios teoricamente legais. Teóricos queridinhos da turba que assaltou a Petrobras e outras empresas já traçaram esse roteiro há algum tempo.

Se há democracia, vamos usá-la para acabar com ela, parecem nos dizer, a cada momento. Os exemplos recentes estão ao nosso lado. Essa gente não contava, entretanto, com a determinação de um juiz e de um grupo de procuradores, absolutamente íntegros e infensos às pressões palacianas.  
     Não será fácil, dessa vez, mesmo usando todos os artifícios vagabundos à disposição, explicar à sociedade que meros assaltantes, corruptos e corruptores, poderão sair ilesos, mais uma vez. 

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Um discurso insensato

“Além das críticas a Mercadante, o ex-presidente centrou fogo em outro ministro petista, José Eduardo Cardozo (Justiça). O ex-presidente repetiu que ele perdeu o controle sobre a Polícia Federal e sobre as informações relacionadas à Operação Lava-Jato”.

     Esse trecho foi extraído de reportagem de O Globo sobre um encontro realizado hoje entre a ainda presidente Dilma Rousseff e seu antecessor e criador, Luiz Inácio Lula da Silva, certamente o personagem mais nefasto de toda a história política brasileira, em todos os tempos. E foi escolhido por mim por ser – a meu julgamento – emblemático.
     É o que eu classifico como exemplar e definitivo sobre a ausência de caráter público de alguém que conspurcou indelevelmente o maior cargo da República, estabelecendo o padrão de assalto aos cofres públicos que, iniciado no Mensalão, evoluiu para a espoliação da Petrobras, devastada pela saga petista em busca da eternização no poder.
     Esse personagem público abjeto, desprovido de superego, não se envergonha de criticar o lastimável ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não pela sua – dele, Cardozo – absoluta incapacidade para o cargo, mas pelo fato de ele não ter – vejam a que ponto chega a insensatez de Lula! – ‘controlado’ a Polícia Federal e evitado a divulgação republicana dos fatos escabrosos referentes à roubalheira petista. Como se as instituições estivessem a serviço de partidos políticos, e não da Nação.
     Mas é assim que esse grupo desqualificado pensa e age, na tentativa de transformar o país em uma república sindicalista bananeira, na qual vale tudo – como enfatizou a própria ainda presidente pouco antes da última eleição – para conquistar o poder e, em especial, as enormes vantagens oriundas desse mesmo poder. Vantagens ‘políticas’ (assim, como aspas) e – como a Operação Lava-Jato tem demonstrado – pessoais.
     Lula – e o desnudamento de sua atuação ao longo das últimas décadas evidencia isso – está perto de encerrar seu percurso político. Do mito criado por uma elite ‘intelectual’ obcecada pelo controle do país, pouco ainda resta de pé. A cada semana de investigações, depoimentos, colaborações premiadas, mais próximo fica o fim dessa era lamentável da vida brasileira.

     Torço para que o desfecho seja o mais rápido possível, absolutamente dentro da lei. Que a quadrilha que se locupletou ao longo dos últimos anos sucumba ao rigor da legislação. E que o Brasil consiga se reinventar após essa tragédia que já dura quase treze anos.