quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Campanha 'midiática'

     De longe, sem bola de cristal ou visões, tomei a liberdade de imaginar o que se passou antes do lançamento de mais uma campanha nacional que não tenha opositores, dessa vez contra o crack. Encostado na parede por mais um escândalo no primeiríssimo escalão (o enorme 'sucesso' do mais novo fenômeno da consultoria mundial, o ministro do Desenvolvimento etc, Fernando Pimentel), o Governo sacou - do baú de promessas vagas e indefinidas - um Programa de Combate ao Crack.
     "Precisamos fazer alguma coisa para desviar a atenção do povo", calculo que tenha exortado um dos assessores oficiais para elaboração de imagem, um desses mágicos da mídia. "Vamos ver a lista de promessas das eleições passadas para escolher algo que não tenha funcionado, mas que não provoque discussões, que tenha o apoio de todos", definiu o mesmo assessor.
     Olha aqui, mexe acolá, sacode a poeira dali e surge - na verdade, ressurge (*) - uma campanha mágica para conquistar manchetes fáceis: "Vamos dar R$ 4 bilhões para combater a epidemia de crack", sentencia algum mestre do engodo. Tendo a acreditar - pelo histórico - que assim foi feito.
     Como será feita essa campanha? Ninguém soube dizer, a prevalecer a matéria de O Globo. Prazos, métodos ... Nada. Uma promessa vaga de combate aos traficantes, feita pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, um mestre da tergiversação; e alguma retórica digna de palestra de autoajuda do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Convenhamos, seria o fim se os traficantes entrassem no programa como beneficiados de uma bolsa-desemprego. Algumas bobagens ditas em tom grave e Pimentel sumiu do alto das páginas on line.
     A presidente Dilma Rousseff? Cumpriu o script, dando ao programa o tom sentimental indispensável, associando-se ao desespero real de milhões de pessoas vítimas das drogas - e o crack é apenas uma delas, embora a mais terrível, no momento -, esse inimigo miserável sustentado pela cumplicidade criminosa, mas inconsequentemente consciente, de uma enorme parcela da população.

     (*) O Globo, em sua matéria, lembra que o ex-presidente Lula lançou um programa exatamente igual, pouco antes das eleições que ungiram sua sucessora. Nada foi feito, pelo que se pode constatar. O crack avançou avassaladoramente por todo o país, invadindo cidades de todos os perfis.

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