terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O Brasil precisa ser repensado

     Há alguns prazeres dos quais não abro mão. Um deles, adquirido ainda na infância mais longínqua, é o de ler os jornais, pela manhã, ainda antes do café. Durante muitos anos esse prazer assumiu proporções ainda maiores, por se confundir com a obrigação de estar informado antes mesmo de chegar às três redações (O Jornal, O Globo e Jornal do Brasil) por onde passei ao longo de quase 40 anos de trabalho. E, confesso, nada melhor de que ser obrigado a fazer algo que você gosta, que satisfaz a necessidade de estar vivendo o mundo.
     Atualmente, esse prazer é fundamental à minha proposta de discutir - aqui no Blog - temas que se apresentam como relevantes para nosso dia a dia. É dos jornais - do que eles publicam, manipulam e/ou omitem - que os comentários se alimentam. São, ainda - e espero que por muitos anos -, excepcionais auxiliares na compreensão do presente, no julgamento do passado e na antevisão do futuro.
     Jornais, e nisso reside essa mística que os envolve, são os nossos contadores de história. É com eles que podemos discutir, diariamente, o que acontece desde a nossa cidade às cavernas mais escondidas do Afeganistão. Com uma vantagem adicional: não somos obrigados a concordar, mas nos livramos de embates metafóricos que não raro interferem em amizades consolidadas.
     Meu eleito, há alguns anos, tem sido O Globo (leio os demais, é claro, nas páginas virtuais) onde passei alguns dos mais produtivos anos da minha vida profissional, na já remota década de 1970. Alguns espaços, em especial, são imperdíveis, pelo que descortinam. As cartas dos leitores - já me referi a esse ponto anteriormente - dão uma noção muito próxima do pensamento médio daquela parcela da população que lê, que influencia.
     É possível aferir o humor do morador do Rio de Janeiro através das cartas que são publicadas. Deveriam ser leitura obrigatória para nossos políticos, especialmente nossos alcaides, que se arvoram donos das cidades para as quais foram eleitos administradores. Eduardo Paes, por exemplo, já teria jogado no lixo, há muito tempo, essa ideia doidivana de derrubar a Perimetral, transformando em entulho o que é uma indispensável opção viária.
     Pois hoje, em O Globo, além das cartas, merecem atenção especial as duas páginas de Opinião, destaque para os artigos do historiador Marco Antonio Vila, sobre o escandaloso mundo da Justiça; do economista Rodrigo Constantino; sobre a irresponsabilidade fiscal do nosso governo; e do professor Carlos Alberto de Franco, sobre a importância de se fazer jornalismo noticioso sem engajamento.
     O mais contundente dos artigos, pela elaboração, pesquisa e dados apresentados, é o de Marco Antonio Vila, que mergulhou nos gastos inimagináveis do STJ, onde magistrados chegam a receber, por mês, mais de R$ 400 mil. É isso mesmo: há juízes que recebem essa exorbitância. E não podemos dizer, simplesmente, que são a exceção que justificam a regra. Ao contrário, essa agressão aos pricípios básicos da dignidade pública - prova o historiador - é a regra nesse mundo de fantasias e egos exarcebados em que se transformou a Justiça, pilar fundamental em qualquer democracia.
     O Brasil - nos prova hoje O Globo - precisa ser repensado urgentemente.

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