segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Os vitupérios de mais um demitido

     A reação do finalmente ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), à demissão, seguiu o perfil alinhavado pelos que o ancederam nos chutes no traseiro. A culpa de tudo o que aconteceu foi da imprensa, que teria destilado seu "ódio" contra ele. Foi a imprensa, segundo seu raciocínio torto, que pagou o tal avião para ele viajar fazendo campanha eleitoral. Foi a imprensa, de acordo com seu vitupério, que denunciou as armações ilimitadas que estavam acontecendo na sua pasta, os acordos espúrios com ONGs amigas. Assim como teria sido a imprensa que descobriu, por artes e manhas, suas malandragens no Congresso, onde tinha dois empregos e não aparecia para trabalhar.
    É muito cinismo, muita coragem para deturpar os fatos dessa maneira. Especialmente quando sabemos - ninguém pode ter dúvidas sobre isso - que todas as acusações que derubaram todos os ministros, até agora, partiram de dentro do governo, de aliados inconformados com alguma perda, de gente interessada nos cargos, de 'tiroteios amigos', com balas de verdade, e não de festim. A tal 'imprensa', apenas registrou as notícias, como deve fazer em qualquer país democrático.
     Ou o sr. Carlos Lupi acha que os jornalistas deveriam ocultar os fatos, para preservá-lo num cargo para o qual demonstrou não ter a menor condição? Esse discurso vazio e raivoso vem sendo repetido ao longo do ano, por demitidos em geral e petistas em particular. Essa gente tem ódios das notícias, exceto aquelas favoráveis, é claro. O jornal idealizado por eles seguiria o perfil do cubano Granma, órgão oficial do Partido Comunista Cubana, um órgão repleto de vazios.
     Não vai muito longe o tempo em que um procurador de Justiça de Brasília fabricava reportagens contra o governo da época, de Fernando Henrique Cardoso, sob os aplausos entusiásticos da companheirada. Ele - que acabou processado, suspenso e atirado no limbo, por comportamento incompatível com a função - criava uma história, passava para um jornalista amigo e esperava a publicação, para investigar a notícia que ele mesmo engendrara.
     Jornalistas erram todos os dias, assim como motoristas, médicos e engenheiros. Já nem falo em advogados, que são pagos para defender indefensáveis. Para reparar os erros, há a Justiça. É tudo mentira, ex-ministro? Processa todo mundo.

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