terça-feira, 6 de dezembro de 2011

É para 'encher a cara'

     Nossa história tem sido pródiga, infelizmente, em episódios de subserviência explícita a interesses estrangeiros. Dos primórdios da Colônia ao jovem Século 21. As mais diferentes potências cruzaram nosso caminho nesses 511 anos de vida. Portugueses, ingleses e americanos usaram e abusaram. A China, hoje, dita os caminhos da nossa economia - e a do mundo em geral. Nossa cabeça política ainda é feita, em grande parte, por utopias bolorentas.
     Mas nada, no entanto, pode se comparar à tibieza brasileira face às exigências de essa tal de Fifa, uma entidade privada repleta de falcatruas que dirige o futebol mundial. Não bastasse o desabonador encontro mantido pela presidente do Brasil com um burocrata desse grupo, há alguns meses, aproveitando uma viagem oficial à Europa, paira nova ameaça sobre nossa independência jurídica.
     Ver a nossa presidente ir ao gabinete desse tal funcionário foi um golpe duro. Presidentes não se reúnem formalmente com subalternos. Presidentes - especialmente de um país com a dimensão internacional do Brasil - conversam em igualdade com seus semelhantes. Não há evento que justifique um comportamente diferente, nem mesmo uma copa do mundo.
     Pois isso pode ficar ainda pior. Segundo nos revela o Estado de São Paulo, um desses deputados federais do PT de São Paulo, atendendo - é óbvio - a uma determinação superior, fez um parecer sobre a Lei Geral da Copa liberando a venda de bebidas alcoólicas nos estádios, numa afronta direta ao Estatuto do Torcedor e à nossa dignidade. Tudo, para não contrariar a tal da Fifa, que exige essa liberação.
     Vinda do Congresso - e está tudo preparado para alterar a legislação -, a mudança não seria contestada nem poderia ser atribuída a uma iniciativa da Presidência. No rastro dessa submissão, a proibição de venda de bebidas também seria estendida aos campeonatos nacionais, repletos de jogos com um enorme potencial de violência, aquecida - sem a menor dúvida - pela ingestão de álcool.
     A se confirmar essa decisão - determinada pela Fifa, que fique bem claro! -, estaremos abrindo mão da nossa independência para legislar sobre interesses nacionais e reescrevendo uma frase grandiloquente antiga: o Brasil de hoje, amigos, no lugar daquele que fazia o 'mundo se curvar', estará exibindo o traseiro a um bando de burocratas que jamais deu um chute a gol sem estar em impedimento.

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