quarta-feira, 31 de julho de 2013

O fim do 'mensalão'

     Nossos jornais anunciam que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, anunciou o início do julgamento dos recursos dos quadrilheiros condenados no julgamento do 'mensalão do governo Lula'. Essa fase deve começar dia 14, finalmente. Esse assunto precisa terminar, formalmente, embora seja recomendável que permaneça vivo indefinidamente na memória nacional.
     As manifestações que marcaram especialmente o mês de junho - as democráticas, não os atos de vandalismo que ainda se repetem - são a evidência mais forte de que a população decente exige respostas à altura da sua indignação. Uma delas será, certamente, a confirmação da prisão dos principais responsáveis pelo maior assalto institucional aos cofres públicos e à dignidade da Nação.
     Houve um momento em que cheguei a temer por uma eventual reversão nas condenações, a partir da 'entronização' de novos ministros. Hoje, não. Excetuando os personagens que se notabilizaram pela defesa acintosa dos bandoleiros petistas, em especial, não consigo vislumbrar, entre os ministros, a possibilidade de mudança das decisões, que - na minha opinião - foram extremamente brandas.
     Uma indicação de que STF deve se manifestar praticamente em conjunto foi o artigo publicado pela ex-ministra Ellen Gracie, em O Globo, há alguns dias. Sua primeira frase é definitiva: "Após longo e criterioso trabalho de análise dos fatos, o julgamento ... resultou na condenação de algumas figuras de relevo do partido que ora detém o poder".
     Não poderia ter sido mais clara e objetiva: o resultado do julgamento espelha com fidelidade a seriedade do trabalho executado, especialmente pelo então relator Joaquim Barbosa. Tudo o mais que vem sendo tentado, a partir de então, é o resultado do desespero, da inconformidade com a justiça, da incredulidade face à punição de malfeitores do primeiro escalão.
    É o que a também ex-presidente do Supremo afirma em outro trecho: "Das iniciativas de intimidação da Casa pela redução de seus poderes constitucionais às de desmoralização de alguns de seus membros, tudo vale no esforço de obter a impunidade dos réus". Simples assim. Não apenas iniciativas legais, até certo ponto admissíveis. Mas pilantragens, pirotecnia, desfaçatez.
     Há dois meses, essas 'iniciativas' poderiam, até, dar certo. Hoje, são inimagináveis e inaceitáveis.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Violência tem limites

     Confesso que me sinto constrangido, mas sou obrigado, por coerência, a me solidarizar com o governador Sérgio Cabral, quando ele pede o fim das manifestações em frente à sua casa, em nome dos filhos, crianças de seis e 11 anos, que estão sendo expostas diariamente a um clima de violência que pode marcar suas vidas, e dos vizinhos, cujas rotina e tranquilidade vêm sendo atropeladas.
     O Cabral político é indefensável, e venho dizendo isso há muitos anos, ao contrário dos mentores e beneficiários do irreversível desgaste do ainda governador fluminense. Não apenas por seus recentes desmandos, mas pelo seu histórico, que passa obrigatoriamente pela aliança com essa lastimável Era Lula que já dura dez anos e sete meses.
     O peemedebista Cabral é o mesmo parceiro, 'irmão de fé' e eleitor de Lula e Dilma, aliado de primeira hora do PT, partido que abocanha boa parte da estrutura administrativa do Estado do Rio de Janeiro. Aquele mesmo político flagrado na esbórnia com o então proprietário da construtora Delta, a empresa queridinha do PAC, envolvida em falcatruas que tinham a digital do Governo.
     Ao longo dos últimos anos - quase sete -, nosso governador viveu em um mar não de rosas, mas 'vermelho-PT'. Dividiu palanques, almoços, jantares, recepções e meras bajulações com a atual presidente e seu antecessor, sob os olhares cândidos da militância que hoje está na porta da sua casa. A relativa proximidade da eleição - e teremos uma importantíssima ano que vem -, no entanto, acelerou as dissensões.
     Dois candidatos a candidato entraram para valer na disputa, e mobilizaram suas tropas de choque. Na verdade, a tropa é uma só, embora faça continência para dois comandantes que, não tenho dúvidas, farão uma composição caso algum deles chegue a um provável segundo turno ano que vem.
     Reafirmo, mais uma vez, minha simpatia pelas manifestações que expuseram a face ordinária do atual esquema de poder. Mas reforço meu repúdio à violência como forma de reivindicação. O cerco à família do governador é, para mim, uma forma deletéria de protesto. Tão reprovável quanto seria um eventual cerceamento da liberdade do neto da atual presidente.

domingo, 28 de julho de 2013

A admissão da mediocridade

     "Querida, olha, vou te falar uma coisa: eu e o Lula somos indissociáveis. Então esse tipo de coisa, entre nós, não gruda, não cola. Agora, falar volta Lula e tal... Eu acho que o Lula não vai voltar porque ele não foi. Ele não saiu. Ele disse outro dia: "Vou morrer fazendo política. Podem fazer o que quiser. Vou estar velhinho e fazendo política".
     A frase é da presidente Dilma Rousseff, em entrevista à Folha de São Paulo - em resposta a uma indagação sobre a possibilidade de o ex-presidente Lula ser o candidato oficial ano que vem -, e foi devidamente comentada por gente de todos os matizes. Por motivos óbvios e jamais ocultados, prefiro ficar com o enfoque crítico, mais adequado a essa nova bobagem dita em tom de quem está revelando mais um 'segredo de Fátima' porventura ainda oculto do mundo.
     Comecemos pelo começo, pelo "querida', dirigido a uma das entrevistadoras. E o 'jeitinho' da presidente, herdado do seu mentor e criador. A prepotência disfarçada; a arrogância enfeitada com paetês e miçangas. A continuação da frase apenas exibe o que jamais foi colocado em dúvida. Eles - a presidente e o ex - são, realmente, indissociáveis. Ela sabe que não existiria, que é apenas um apêndice que inflamou, inchou e começou a ameaçar todo o organismo do poder inaugurado há longos dez anos e meio.
     Combatido com vaias e passeatas, o inchaço refluiu e o apêndice começou a voltar à sua importância mais exata, próxima do nada. Na verdade - e essa observação já foi elaborada por alguns representantes do universo oposicionista -, Lula nunca deixou de participar, de mandar, de ser o fiador de mais esse lastimável governo que continua sem rumo, projetos e pessimamente administrado.
     Poucos personagens que tenham alcançado o mais alto posto de um país foram tão subservientes quanto nossa presidente em relação ao seu antecessor, apesar de bombardeada pelas declarações da sua base, do visível 'contentamento' com seu inferno astral.
     É a admissão da própria 'desimportância'. O atestado de óbito de uma carreira que nasceu em um ministério marcado pelas denúncias de corrupção - a Casa Civil - e que pode estar se encerrando sem o menor brilho, sem deixar a digital.
   
     PS: Quanto à ameaça inclusa na frase - a de que Lula não pretende abandonar a política, jamais: tenho dito e repetido há algum tempo que nosso ex-presidente sofre de ausência de superego.

sábado, 27 de julho de 2013

Sobre vadios e vadias

     As 'manifestações' de ontem, em São Paulo, e de hoje à tarde, no Rio, são indissociáveis, para mim. A paulista, protagonizada por vadios e vadias, não por acaso era dirigida contra os governadores Geraldo Alckmin e Sérgio Cabral (???). Em São Paulo, os bandoleiros voltaram a quebrar agências bancárias e uma revenda de automóveis. No Rio, as vadias e vadios - de fato e de direito - quebraram imagens de Nossa Senhora e chutaram crucifixos, de maneira torpe.
     Em ambas, a marca da estupidez que une essa gente de forma inexorável. São o lixo da sociedade, os desajustados que optam pelos ataques e renegam o diálogo, o debate, a defesa de ideias e ideais. São meros vagabundos que se reúnem para destruir a democracia, usando todos os benefícios que ela, a democracia, oferece. Mereceriam cadeia. A mesma que eles se recusam a aceitar para os quadrilheiros que assaltaram os cofres públicos durante o governo Lula, por exemplo.
     Ninguém se iluda: esses trastes que desrespeitam a Nação fazem parte do mesmo time de extremistas apaixonados pelos regimes cubano e assemelhados. Têm o perfil idêntico, a mesma marca 'ideológica', o mesmo desprezo pela liberdade, pelo contraditório. Para essa escumalha, o único 'pensamento' que existe é o dela, proveniente de mentes doentias, determinadas a impor seu ideário pela força - se é que há algum entre personagens tão deploráveis.
     Em ambos os casos, fico bem à vontade para expor minha ojeriza. Não sou religioso, mas aprendi a respeitar todas as manifestações religiosas, embora discordando frontalmente de dogmas e me dando o direito de apontar e denunciar desvios. No caso específico da presença do papa Francisco no Brasil, a agressividade e as provocações são ainda mais inconcebíveis.
     Também jamais morri de amores pelo governador Sérgio Cabral, em quem nunca votei. Acho inaceitáveis, no entanto, os métodos empregados pelas tropas de choque do rancor, recrutadas para construir alternativas de poder, mediante a destruição.
     O Brasil vive momentos lamentáveis, fruto da dissolução dos poderes. É fundamental que a população ordeira não se deixe dominar por esses bandoleiros. Assim como é fundamental que o Estado assuma sua responsabilidade com a sociedade.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Atestado de incompetência

     Foi, no mínimo, um enorme e constrangedor atestado de incompetência. A transferência da parte principal da Jornada Mundial da Juventude (vigília e missa campal) de Pedra de Guaratiba para Copacabana apenas reforça a desqualificação dos gestores cariocas para promover grandes eventos. Não há dúvida que o lamaçal inviabilizou a programação no Campus Fidei. Mas isso só aconteceu em virtude da improvisação, da nossa eterna e incontrolável característica de deixar tudo para o último minuto.
     Para quem mora em Pedra, como eu, a decisão não surpreendeu. Bastava acompanhar o 'ritmo' das obras para antecipar um desfecho bem à brasileira. Domingo, quando ainda fazia sol e calor, reinavam a improvisação, a correria, um acerto do terreno aqui, uma valeta ali. Ninguém me contou. Eu me dei ao 'trabalho' de percorrer todo o entorno do Campus. Ficava claro para qualquer um que bastaria um incidente de percurso para comprometer tudo.
     E já não podemos classificar as chuvadas de 'contratempo'. Os temporais que estão castigando a cidade já estavam previstos há um bom par de dias. Bastaria que nosso alcaide se desse ao trabalho de clicar em qualquer sítio de previsão. Ou que mandasse um dos seus muitos assessores cumprir essa tarefa. Faltou providenciar, com a antecedência que se exigia, os equipamentos que contornassem os problemas. O nome disso é ... planejamento.
     A última semana tem sido trágica para o Rio, quando confrontado com os seguidos desastres gerados pelas nossas autoridades. Do caos na chegada do papa - engarrafamento em um dia de meio feriado!!! - à falta de energia que paralisou o metrô, passando pela inacreditável ausência de transporte público (leia-se ônibus!!!) para atender aos peregrinos que haviam pago antecipadamente pelas passagens.
     Todo o investimento material e logístico foi jogado na latrina e talvez escoe direto, sem intermediários - como acontece com o esgoto sanitário da região -, para a nosso canto da Baía de Sepetiba. De um momento para outro, a estrutura de segurança (há dez dias, por exemplo, estamos convivendo com um destacamento do Exército no condomínio onde eu moro, que tem uma área elevada, estratégica, que possibilita a visão de praticamente todo o bairro, incluindo o Campus Fidei) e de atendimento (postos de saúde e de hidratação) já não são fundamentais.
     Não há, portanto, como reclamar da manchete de um jornal de Chicago, que disputava com o Rio a chance de sediar a próxima Olimpíada e que vem retratando a balbúrdia nossa de todos os dias:
     "Nós perdemos para isso?"

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Tirando as máscaras

     Tenho reiterado minha intolerância com os desclassificados que saem às ruas para provocar baderna, quebrar, roubar e atacar policiais, sim, na expectativa da reação, que claramente torcem para ser a mais estúpida possível. Até agora, tudo vem acontecendo de acordo com o roteiro, embora não exista - ainda! - uma vítima fatal para ser exibida em passeata.
     Desde o início assumi o risco de ligar esses celerados a organizações políticas, a grupos ideológicos, se é que há alguma ideologia em atos de vandalismo. Para chegar a essa conclusão, não foi preciso exercer um raciocínio muito elaborado, profundo. Bastava ter acompanhado criticamente as duas últimas décadas e avaliar o comportamento recorrente de grupos radicais.
     Hoje, através de contatos e confidências, tive a confirmação. Os organizadores dos últimos protestos têm, sim, tudo em comum com os bandoleiros que vêm infernizando a cidade. Todo o processo é encenado e combinado antes em reuniões lideradas por um destacado representante do radicalismo político.
     Os jovens envolvidos no esquema, todos universitários de classe média, atuam em sincronia. Primeiro, a manifestação 'pacífica'. Em seguida, quando o envolvimento de todos os presentes já começa a transbordar - uma catarse -, entra em campo a equipe de ataque, mascarada, determinada a provocar a reação policial e incitar os demais à baderna.
     O alvo imediato é, sem dúvida, esse lamentável governador fluminense, alvo fácil, pelo desgaste acumulado. Em jogo, no entanto - e como venho repetindo -, as eleições do ano que vem. O objetivo - que seria elogiável, caso assumido de forma democrática - é destruir as chances do candidato de Sérgio Cabral, e abrir caminho para a alternativa sonhada pelo grupo, que passa raspando pelo petista Lindbergh Farias, dos 'males, o menor'.
     As reuniões do grupo são realizadas em dependências universitárias federais, com a presença de lídimos representantes de universidades estaduais. Não são deduções. São informações.

terça-feira, 23 de julho de 2013

O partido dos baderneiros

     Vou correr o risco de ser recorrente, repetitivo. Não é possível conviver com bandos de baderneiros que vão para as ruas determinados à violência. As cenas gravadas ontem, durante mais uma manifestação político-partidária, em frente ao Palácio Guanabara, são bem claras. Desordeiros mascarados e armados com bombas caseiras atacaram os policiais que estavam cumprindo uma obrigação, serenamente.
     Depois de ver um de seus componentes envolvido pelo fogo provocado por um 'coquetel molotov', é evidente que a tropa reagiu com rigor para dispersar os desajustados que insistem no confronto pela estupidez, e não pela força de ideias. Se estivéssemos em um dos países amados por muitos desses bandidos, a resposta, com certeza, não se limitaria a uns disparos com bala de borracha e bombas de efeito moral.
     Ou, o que é mais provável, não houvesse espaço, sequer, para manifestações, como ocorre em Cuba, na Coreia do Norte, no Irã, na China e, em menor escala, em outros lugares nos quais prevalece ou tenta prevalecer a doutrina do pensamento único.
     A mobilização popular e espontânea por mudanças estruturais no país, incluindo o repúdio à devastadora corrupção registrada nos últimos dez anos e meio dessa Era Lula, foi sequestrada por radicais com evidentes ligações com partidos políticos. Basta prestar atenção aos alvos escolhidos. Aqui no Rio, os atos de vandalismo pretendem atingir, obviamente, o atual governador - lastimável, não há dúvida - e beneficiar prováveis candidatos na eleição do ano que vem.
     Tentar omitir esse fato é escamotear a verdade. A prática fascista de grupos de desordeiros sempre esteve presente nas mobilizações dos setores radicais. Com a ascensão do grupo que está no poder, esse procedimento sofreu uma redução. Mas continuou latente, dirigido a alvos específicos, como vimos, em escala menor , é verdade, quando da visita ao Brasil da blogueira cubana Yoani Sánchez.
     São os mesmos desordeiros, patrocinados por partidecos e usados por partidões.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Sobre desilusões e esperanças

     Um grande, antiquíssimo e muito querido amigo está bem mais desiludido do que eu com os rumos do país. Ele não acredita mais na possibilidade de renovação na forma e no conteúdo do nosso governo, que estaria fadado a uma simples troca de guarda, passando de mão em mão por representantes desse grupo político que assumiu o poder há dez anos e meio.
     Já estive tão cético quanto ele. A reação popular aos desmandos e à institucionalização da corrupção me reanimou. Afinal, surgiu uma resposta à empulhação. Falta, no entanto, algo - um partido político ou um candidato - que catalise esse momento e se apresente como opção a esse reinado populista e inconsequente inaugurado pelo ex-presidente Lula.
     As pesquisas que vêm sendo divulgadas apontam para o crescimento da candidatura da ex-senadora Marina Silva. Ela, no entanto, manteve-se à distância dos acontecimentos. Optou pelo silêncio, por um comportamento discreto. Essas atitude pode ser interpretada, pelo menos, de duas maneiras. Sensatamente, teria preferido não tentar capitalizar um movimento que surgiu naturalmente. Oportunisticamente, não quis engrossar a fileira dos críticos do atual governo, para não desagradar possíveis futuros eleitores.
     Não tenho, ainda, uma opinião fechada sobre ela. Seria uma boa candidata, sim, pela quase certeza de que não condescenderia com a corrupção, com o loteamento do Governo; que reagiria aos acordos espúrios que colocam no mesmo balaio bandoleiros de diversos matizes. Mas é preciso que se abra mais, que assuma posições claras sobre as grandes questões nacionais.
     Ser inflexível com a corrupção já seria um excelente ponto de partida, especialmente quando somos confrontados diariamente com denúncias de atos indignos em todas as esferas do poder. Mas creio que a Nação esteja esperando mais do que alguém apenas intransigente com o malfeito.

domingo, 21 de julho de 2013

Um mergulho no atraso

     Fico imaginando a insônia que deve ter acometido o presidente americano, Barack Obama, ao ser informado que o governo da Venezuela decidiu interromper o ainda muito tímido contato com os Estados Unidos. Deve ser complicado para um líder mundial descansar a cabeça no travesseiro sabendo que ... Nicolás Maduro não quer mais conversar com ele. Ainda mais nesse momento específico.
     Não podemos esquecer que o governo brasileiro também andou fazendo cobranças, indignado com a possibilidade de ter sido 'espionado' por uma agência federal. Os ianques já devem estar estocando comidas e água, preocupados com a possibilidade de serem obrigados a enfrentar uma aliança das principais forças motrizes da América do Sul.
     Analisemos, por alguns instantes, os motivos da rebelião venezuelana. Segundo Veja, o filhote de Hugo Chávez (ele mesmo se diz filho do presidente morto e ainda insepulto) não gostou de saber que a diplomata Samantha Power foi confirmada no posto de embaixadora americana na ONU. Logo ela, que, em recente depoimento ao Senado americano, incluíra a Venezuela no mesmo pacote de países repressores que conta com Cuba, Irã e Rússia.
     Ele - esse inacreditavelmente medíocre presidente venezuelano - segue à risca o roteiro deixado por seu antecessor e referência. Aproveita todas as oportunidades para desviar a atenção do deplorável governo que vem realizando e que está levando o país rapidamente para o mais abominável atraso, para as trevas.
     Nesse aspecto, é um legítimo representante do governante sul-americano médio: demagogo, populista e inimigo da liberdade de opinião. Os últimos anos vividos pelo nosso continente vão deixar uma conta enorme para as futuras gerações. A mediocridade dessas 'eras' Lula, Kirchner, Chávez, Morales e Correa vai deixar marcas profundas e atrasar nossa afirmação como sociedade moderna.

sábado, 20 de julho de 2013

Longe dos 'amigos'

     Fez bem a presidente Dilma Rousseff em não participar do encontro nacional do PT, hoje , em Brasília. Um presidente de país decente não pode dividir espaços políticos com condenados à cadeia, como é o caso do ex-ministro José Dirceu, uma das estrelas da reunião. Sua carta, explicando a ausência (alegou estar ocupada com os preparativos para a chegada do papa Francisco), oferece interpretações que atendem a vários interesses.
    Ao mesmo tempo em que mostra consideração por seus pares, e cita o ex-presidente Lula em especial, deixa claro que não admite ser tutelada pelo partido, que sabe os caminhos que pretende tomar para atender aos reclamos da rua. É um grito de independência, mesmo com os resultados de pesquisa que apontam a queda vertiginosa do apoio popular.
     A presidente sabe que, no encontro, seria confrontada com o fantasma da candidatura Lula, tese abraçada por muitos partidários, entre eles o próprio ex-presidente, apesar das negaças. Embora protocolarmente gentil, Dilma diz, com todas as letras, que ouviu as manifestações desde o início, "porque viemos das ruas". Em outras palavras, não precisa de guias para atravessar essa fase.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Condenado recrimina presidente

     Eu acho difícil que alguém ainda tenha alguma dúvida sobre a participação efetiva e institucional do PT com o Mensalão do Governo Lula, o maior assalto aos cofres públicos já realizado no Brasil, em todos os tempos. Bastaria olhar a lista de condenados pelo Supremo Tribunal Federal, encabeçada pela antiga direção do partido oficial. Isso, sem falar nos indiciados e absolvidos por falta de provas e dos que não foram incluídos no processo.
     A própria postura partidária antes, durante e depois do julgamento indicou claramente que havia um comportamento promíscuo, deletério. Durante todo o tempo, a cúpula tentou influir no processo, intimidando a opinião pública, criando factoides, pressionando juízes. Um dos exemplos mais desprezíveis dessa época foi a chantagem exercida pelo ex-presidente Lula contra um dos ministros, Gilmar Mendes.
     Hoje, a Folha nos brinda com a notícia sobre mais um desses episódios capazes de envergonhar a parcela decente da população. O ex-ministro da Casa Civil de Lula, José Dirceu, condenado à cadeia como chefe da quadrilha de mensaleiros, recrimina a presidente da República, Dilma Rousseff, por não ter confirmado presença na reunião do PT que será realizada amanhã. E é referendado por outro personagem lastimável desse país, um tal de Rui Falcão, presidente do partido.
     Essa gente não respeita nada, nem ninguém. Mais um episódio triste que se soma ao rol de desatinos protagonizados recentemente. O dia em que a presidente brasileira levou um puxão de orelhas de um criminoso condenado, e ficou calada.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Dando nome aos degerados

     O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), afinal, teve coragem de fazer alguma coisa. Acusou seus adversários políticos de estarem por trás das manifestações mais violentas registradas contra ele no último mês, ontem em especial. E, por 'adversários', tomo a liberdade de ler um só nome: o do petista Lindbergh Farias. Por mais que tergiverse, Cabral não vai conseguir convencer ninguém que os alvos de sua revolta não são o ex-presidente da UNE, em particular, e o PT, em geral.
     Nosso governador sabe com quem está lidando - afinal, são aliados de longa data! Sabe que só um grupo ideológico (se é que promover vandalismo pode ser considerado ideologia) tem estrutura para organizar manifestações com esse caráter predatório. Afinal, essa turma vem fazendo isso há mais de vinte anos. Invadir, quebrar e agredir são táticas usadas recorrentemente.
     É evidente que arruaceiros e simples marginais estão se aproveitando da covardia oficial. Mas já faziam isso há algum tempo, embora sem essa dimensão que estamos acompanhando. As invasões promovidas pelo MST, por exemplo, especialmente em áreas governadas por adversários políticos do PT, são exemplos gritantes da utilização da estupidez como retórica.
     A boçalidade como forma de expressão foi estimulada pelas lideranças bolorentas de uma corrente política (eles se dizem de esquerda...) durante anos seguidos. Fica difícil, de um momento para outro, renegar toda uma prática. Esse lamentável governador fluminense quebrou um tabu. Deu nome (ou quase ...) aos degenerados.

Um exemplo histórico

      A história nos conta que até demorou um pouco, mas foi possível, sim, vencer os vândalos (uma tribo germânica) em definitivo. Depois de saquearem Roma e ocuparem a Península Ibérica, investiram pelas ilhas mediterrâneas e África, onde foram, finalmente derrotados por Justiniano I, imperador de Bizâncio. Da primeira horda ao fim, foram muitos acordos e tolerância, responsáveis por estimular a crença de que eles - os vândalos - tudo podiam.
      Essa lição talvez deva ser estudada pelos nossos dirigentes. Definitivamente, não é possível conviver com esses grupos de desordeiros que saem pelas ruas destruindo o patrimônio público e particular e impondo um regime de terror. São baderneiros e criminosos que devem ser tratados com o máximo rigor permitido pela Lei. Borracha neles, com a força necessária para mostrar, de uma vez por todas, que não podemos ficar reféns de uma gente desse tipo.
     Não se dialoga com quem assalta lojas, quebra vidraças, ateia fogo em lixeiras e automóveis, ataca ônibus. A autoridade do Estado precisa ser exibida sem subterfúgios, para desestimular novos atos criminosos. O que assistimos ontem á noite nas ruas da Zona Sul do Rio de Janeiro é um desafio inaceitável à sociedade.
    Prefeitos, governadores e presidente devem deixar a covardia de lado e enfrentar essas hordas com uma determinação 'justiniana'. E que fique bem claro: manifestantes democráticos não podem se deixar envolver por esses trastes. Sob pena de sofrerem as consequências.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Em defesa das instituições

     Talvez não haja na história do Brasil - pelo menos na mais recente - personagem mais nefasto do que o ex-presidente Lula, pelo simbolismo que ainda exala, apesar dos incontáveis escândalos que marcam seus últimos anos. Seu eventual retorno de direito ao Poder carrega com ele a ameaça de ampliar o descrédito nas instituições, substituídas por um messias idealizado e construído sobre a forma mais rasteiras de populismo.
     O País não precisa de salvadores, de iluminados, de pais (ou mães) dos pobres. Ao contrário. Para se habilitar ao papel de protagonista que ameaça eternamente, necessita de instituições fortes, de transparência no exercício do poder, de compromissos com a reestruturação das bases, investimentos na formação das novas gerações. Algo muito parecido com o que nossas ruas e avenidas vêm pedindo e que não vem sendo entregue por nossos governantes.
     Lula representa um projeto de poder pelo poder, jamais de mudanças estruturais. Quando o PT e seus vassalos mais ou menos votados olham para o ex-presidente como resposta aos clamores, exibem justamente a face atrasada da carcomida maneira de fazer política que vem crescendo na América do Sul, na contramão do mundo que exige liberdade de expressão e luta pela mudança conceitual do exercício do poder.
     Quando ele, Lula, usa um espaço no New York Times para evocar a necessidade de mudanças partidárias, como fez ontem, deve ser lido com a reserva necessária. Seu propósito é a eternização do sistema, através da manipulação de emoções. Não aprofunda conceitos ou proposições. Apenas calça o caminho para a manutenção do domínio sobre os destinos e cofres da Nação.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Mais uma 'cardozada'

     Mais uma 'cardozada'. Segundo nos conta O Globo, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (só mesmo no Brasil dessa 'Era Lula' ...), declarou peremptoriamente que toda as autoridades que usarem irregularmente aviões da FAB devem responder "rigorosamente" por seus atos. É mesmo, ministro? Quem comete ilegalidades deve ser punido? Acho que a maioria decente desse país jamais havia pensado nisso.
     É assim, chamando a opinião pública de imbecil, que a turma do Poder age. E a companheirada é especialista nesse tipo de diversionismo, de vigarice retórica. Imprensados por escândalos diários, nossos governantes fingem que não têm a menor responsabilidade sobre eles. Esbravejam, fazem caras e bocas, olhares acusadores e despejam meia dúzia de bobagens, de frases pirotécnicas.
     Nesse caso específico, nosso ministro consegue a proeza de defender o indecoroso uso de aviões da Força Aérea, desde que seja de maneira regular, como se a questão fosse apenas essa. Por definição, a mera utilização de transportes oficiais e caríssimos por quem quer que seja é um acinte com a população que paga por essa mordomia indecente.
     Eu gostaria de ver ou ler alguém com responsabilidade política condenar não o eventual 'uso irregular', mas o uso em si. Quando qualquer um de nós vai ou volta do trabalho - independentemente da classe social -, paga pelo transporte. Seja de ônibus ou de helicóptero.
     A turma do Poder acredita que tem direitos extraordinários, que é ungida. E esse lastimável ministro da Justiça não se envergonha de sacramentar, por vias transversas, a institucionalização desse escândalo. Certamente por acreditar que tem mais direitos do que os demais cidadãos.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

O miado brasileiro

     Esses nossos ministros, Antônio Patriota, das Relações Exteriores à frente, são tão valentes e decididos que nos enchem de orgulho. Ficamos sabendo que ele, em nome do Governo, já disse que não ficou satisfeito com as explicações que os Estados Unidos ofereceram sobre a tal 'espionagem' denunciada por O Globo e praticamente ignorada por todos os demais.
     Peito inflado e expressão dura - observado com deferência pelo atual ministro da Defesa, Celso Amorim, aquele mesmo que protagonizou episódios vergonhosos quanto estava à frente do Itamaraty -, Patriota anunciou que está preparando um questionário para ser encaminhado ao governo americano. Só não disse o que pretende fazer com o papelucho, caso as respostas não atendam às suas exigências.
     A cada bazófia dessa turma, de imediato vem à lembrança a comédia O rato que ruge, estrelado por Peter Sellers e já citado por vários observadores mais críticos desse contínuo show performático encenado em Brasília há dez anos e meio. No filme, não custa lembrar, um país desimportante qualquer, afundado em uma enorme crise econômica (são coincidências), resolve declarar guerra aos Estados Unidos, pensando em perder e ser anexado. Ganhou e não sabia o que fazer com a vitória.
     No nosso - na verdade, deles, Patriota e companhia - caso, não há a menor chance de isso, a vitória brasileira, acontecer. Algum assessor do assessor para assuntos externos de Obama vai 'rabiscar' algumas explicações meramente formais e nós vamos aceitá-las e apresentá-las como uma evidência da soberania nacional, oba!
     Mas e a crise com a Argentina, que vem atormentando a indústria nacional com medidas protecionistas? E a Bolívia, que assaltou o patrimônio brasileiro? Aliás, a lastimável presidente argentina também andou metendo a mão em bens brasileiros, recentemente. Nesse caso, fica o dito pelo não dito, já que somos todos 'hermanos' e bolivarianos.
     Brigar com o império é muito mais lucrativo eleitoralmente. E ajuda a empurrar os nossos problemas para as calendas. Com  ajuda da CUT, do MST e da UNE, de preferência.

Em nome dos pais

     A indignação com a indicação das filhas dos ministros Mauro Aurélio Mello e Luiz Fux, ambos do Supremo Tribunal Federal, para cargos de relevância na Justiça - desembargadoras! - é relevante, não tenho a menor dúvida. Aos 32 (Mariana Fux) e 37 anos (Letícia Mello), nenhuma das duas advogadas apresenta um currículo digno de honrarias.
     Segundo a Folha, as duas jovens atuaram, ao longo da vida profissional, num total de onze processos no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Em termos acadêmicos, o único destaque seria um curso de quatro meses apresentado, por uma delas, como pós-graduação.
     Convenhamos que essa performance não habilita a voos tão altos. Fica evidente que a cogitação dos seus - delas, filhas ilustres - nomes é uma consequência direta do histórico familiar, algo lastimável, pois os envolvidos fazem parte da mais alta Corte de Justiça do país.
     É claro que não se pode condenar alguém à mediocridade profissional apenas por ter pais famosos e poderosos. Seria algo absolutamente injusto. Mas no caso em questão, olhando-se exclusivamente para o estofo profissional, fica difícil encontrar méritos incontestáveis que justifiquem a indicação das duas jovens para postos de tamanha relevância.
     Fatos como esse prestam um enorme desserviço ao País e à democracia, pois despejam dúvidas justamente sobre um poder que vem protagonizando os melhores momentos da nossa história recente.

sábado, 13 de julho de 2013

Dignidade paraguaia

     Um sopro de dignidade nessas bandas sul-americanas. O presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes, recusou ser readmitido no Mercosul, essa entidade desmoralizada que passou a ser presidida pelo filhote de Hugo Chávez (como ele mesmo se anuncia), esse lamentável Nicolás Maduro, aquele mesmo que disse ter visto a alma do insepulto ex-presidente venezuelano pairando na forma de um pássaro e fez comentários homofóbicos em relação ao seu então oponente nas eleições que acabou vencendo.
     Para começar, a Venezuela não tem, sequer, o direito de participar integralmente dessa entidade, pois foi admitida sem que um de seus membros fundadores, exatamente o Paraguai, opinasse, pois estava suspenso por alegada quebra institucional, quando do impeachment do ex-padre Fernando Lugo.
     Não podemos esquecer que o pontapé nos fundilhos do priápico ex-presidente obedeceu estritamente aos trâmites constitucionais: teve os votos da maioria quase absolutíssima do Senado (apenas dois ou três votos contra) e a confirmação da Justiça, sem levar em conta que foi aprovada entusiasticamente pela população.
     A turma companheira, liderada pelo Brasil, é lógico, deu um golpe na instituição para favorecer a Venezuela, que não cumpriu as normas exigidas para merecer a aprovação. Destaque-se que o único país a resistir ao atropelo da parelha Brasil-Venezuela era o Paraguai.
     Em comunicado oficial publicado por todos os jornais e revistas, entre eles O Globo, o futuro presidente paraguaio (a posse está marcada para 15 de agosto) ressaltou, com todas as letras, que "as características jurídicas da entrada da Venezuela ... não respeitaram as normas legais".
     Convenhamos: é preciso ter coragem para enfrentar vizinhos tão mais poderosos, como Argentina e Brasil, que contaram desde sempre com o apoio relativamente envergonhado do Uruguai, nessa Tríplice Aliança dos tempos modernos.

À procura de um mártir

     Por sorte das instituições, ainda não houve morte de manifestantes causada diretamente pela reação policial. Os últimos embates, quinta-feira, especialmente aqui no Rio, deixaram bem claro, para mim, que há, sim, o intuito claro e óbvio de um grupo de baderneiros de provocar as forças de segurança até o limite, levando em conta - e esse é outro fato - o despreparo dos agentes quando submetidos a provocações mais extremas.
     Embora condenem formalmente os distúrbios - até por que a turba andou tentando invadir palácios em Brasília -, é evidente que a há um enorme grupo na expectativa de ter a chance de investir contra determinados governantes, entre os quais o 'tucano' paulista Geraldo Alckmin e o peemedebista do Rio de Janeiro, esse lastimável Sérgio Cabral, da base aliada (esse saco de gatos ideológico formado pelo ex-presidente Lula), mas um empecilho aos planos petistas, por exemplo, de dominar o estado mais retumbante do país.
     Deve ser difícil conter o impulso policial de reagir a cusparadas, pedradas, morteiros e 'coquetéis molotov'. Mas é necessário que as forças de segurança sejam menos estúpidas e, ao mesmo tempo, tenham o mínimo de sensibilidade e disciplina para não atirar bombas em hospitais e restaurantes, mesmo que eles estejam sendo usados - como têm sido, em muitos casos - como escudos por desordeiros.
     A tática de usar inocentes é antiga. É o que fazem, por exemplo, os grupos terroristas, quando se escondem em escolas, hospitais, residências familiares e creches. Essa gente absolutamente desprezível tenta tirar proveito da ética do 'inimigo', expondo seus próprios concidadãos: escapam ilesos ou usam as vítimas como troféus. Guardadas as proporções, é o que fazem nossos desordeiros.
     O acaso, entretanto, pode não perdurar muito tempo. E aí, correremos o risco de oferecer um mártir à sanha dos eternos candidatos a ditadores de plantão. 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Sobre ofensas ...

     Sabem o que me ofende, mesmo? No atacado latino-americano, o desrespeito à liberdade de imprensa, a manipulação de dados da economia, a perseguição a juízes e jornalistas, a demagogia barata, o populismo vagabundo. No varejo brasileiro, o vergonhoso e estratosférico índice de corrupção registrado nos últimos anos, a precariedade dos serviços públicos, a desfaçatez dos políticos em geral, governistas em particular.
     As agruras do presidente cocaleiro, o boliviano Evo Morales, nas suas 'voanças' pela Europa não me fizeram perder um minuto de sono sequer. Nossa presidente, em reunião desse lamentável e inócuo Mercosul, no lugar de fazer proselitismo, deveria cobrar seriedade e reciprocidade de fato nas relações comerciais com a Argentina e indenização pelas empresas brasileiras confiscadas por vizinhos vigaristas.
     Eu sei que seria pedir muito, mas ela, Dilma Rousseff, bem que poderia, também, denunciar o fechamento de jornais e emissoras de tevê, a violenta perseguição movida pela presidente Cristina Kirchner ao grupo Clarin, as diatribes (no sentido de injurioso e agressivo) do equatoriano Rafael Correa, as boçalidades proferidas por Nicolás Maduro, esse inimaginável presidente venezuelano.
     Como destaquei ontem, esses incidentes - estúpidos, é verdade - foram e estão sendo superdimensionados por uma clara jogada de marketing, destinada a tirar o foco das mazelas e explorar o sentimento nacionalista. Enquanto esbravejam contra os 'impérios' americano e europeus, nossos - no caso, da América do Sul - 'ilustres' presidentes fogem da obrigação de falar sobre a situação de seus países.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Um inimigo para chamar de seu

     Vocês notaram a presteza com que alguns ‘expoentes’ do Governo foram ao Congresso, dar ‘explicações’ sobre a espionagem americana? Esses caras passam o tempo todo fugindo de cobranças, manipulando a companheirada para evitar CPIs sobre os inacreditáveis atos de corrupção registrados ao longo desses dez anos e meio. Bastou encontrar um ‘inimigo’ palatável para saírem saltitando pela Praça dos Três Poderes.
     A denúncia da tal espionagem caiu do céu para essa a turma do poder, que não tem uma Guerra das Malvinas para chamar de sua. Nada como um desafeto universal para desviar as atenções das mazelas apontadas pelas ruas nas últimas semanas. O ‘império’, em mais uma de suas trapalhadas abissais e estúpidas, municiou nossos atônitos dirigentes. É bem mais fácil aproveitar a ocasião e aparecer com ar compungido e grave diante de congressistas amestrados do que expor a cara aos reclamos da população.

     É evidente que todos nós repudiamos intervenções estrangeiras, sejam elas quais forem. Mas eu, no momento, estou bem mais irado com os desmandos; com a corrupção enraizada em todas as esferas de poder; com a defesa dos quadrilheiros condenados no julgamento do Mensalão do Governo Lula; com o financiamento público de interesses privados; com as constantes investidas contra a liberdade de opinião, uma das grandes metas petistas.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O golpe da suplência

     A questão, me permito afirmar, não está simplesmente no parentesco entre o candidato a senador e seu suplente, que acaba de ser reprovado. Não há dúvida que essa promiscuidade é deletéria. Em todos os casos, como vemos atualmente, o objetivo é deixar tudo em família, dinheiro e poder (não necessariamente nessa ordem), como se vivêssemos infalivelmente em uma era dinástica.
     Mas talvez não resida aí o centro do problema. A - creio que podemos chamar assim - vigarice consiste maior consiste em omitir o nome do tal 'suplente'. Raríssimas pessoas sabem o nome do sujeito que assumirá o mandato em caso de vacância. Se o eleitor soubesse, poderia, até, reavaliar seu voto. Afinal, as chances de um sem-voto assumir o mandato são muito grandes, especialmente em um governo de 'coalizão' como o atual, no qual há sempre um lugarzinho ao sol para agradar aos amigos.
     Quando não há uma vaga disponível, é só criar uma, como vem acontecendo sistematicamente nessa lastimável Era Lula que já dura dez anos e meio. Foi assim, abrindo caminho para a turma do apoio incondicional, que o ex-presidente aumentou o número de ministérios de 25 para 35!!! Não por acaso, esse número inchou ainda mais sob a batuta da presidente Dilma Rousseff, chegando aos absurdos 39 ministérios que ostentamos hoje, para nossa vergonha.
     Senador que vira ministro é uma das constantes deploráveis na nossa infeliz República. É um meio de o Governo lotear o poder entre os 'apoiadores'. Não podemos esquecer que a posse de um ministério representa algumas dezenas de cargos em comissão, controle sobre aplicação de verbas e tudo o mais que existe por trás desse esquema.
     Não basta, apenas, eliminar parentes. É necessário dar nome à boiada.

terça-feira, 9 de julho de 2013

A encruzilhada nacional


     Jamais deixei de votar, anulei ou votei em branco. Considero esse direito tão fundamental, que sequer imagino desperdiçar a chance de exercê-lo, ou de exercê-lo mal. E quando me refiro a 'mal', pressuponho que haja uma maneira 'boa' de votar. Na minha medida, voto 'bom' é o que nasce de uma espécie de autoquestionamento, da avaliação do que é mais representativo de seus ideais, convicções, independentemente do nome que vier a despontar desse processo.
     Acredito - e tenho tido diversos embates filosóficos sobre esse tema com um amigo de longuíssima data - no voto, em especial, e na política, em geral. Não me imagino em um lugar de pensamento e partido únicos, onde não haja o contraditório, a alternância de poder, o debates de ideias.
     Por isso, lamento profundamente o resultado da pesquisa realizada pela ONG Transparência Nacional e publicada por diversos jornais e revistas, entre eles O Globo. Temo por um país no qual 81% dos seus habitantes acreditam que políticos e partidos são corruptos. Lastimo que o Congresso seja apontado como a pior instituição por 72% da população; que o Judiciário provoque desconfiança na metade dos nossos habitantes.
     Esse índices são incompatíveis com uma Nação que se pretende protagonista e deveria nos remeter decididamente a um exame coletivo da consciência nacional.

É hora de 'chutar' a pelegada

     Acho que a greve geral programada para depois de amanhã pode representar a grande oportunidade para o Brasil que vem se manifestando decentemente dar um passa-fora, um grande e vigoroso pontapé nos fundilhos dessa gente da CUT e da Força Sindical, entre outras 'entidades' menos votadas. Quem autorizou esses pelegos a falar em nome de um movimento que cresceu independente?
     É evidente que por trás dessa apropriação indébita há os mais descarados vieses político-partidários. A tal Força Sindical do deputado Paulinho da Força (PDT-SP) - a história me autoriza a dizer - é absolutamente invertebrada, descerebrada e luta, mesmo, para eleger sua turma. Surgiu no vácuo dessa outra lastimável entidade, a CUT, que nada mais é do que o braço pelego do PT.
     O objetivo da CUT é bem distinto. Inoperante há dez anos, desde que assumiu o poder ao lado do ex-presidente Lula, faz o que seus chefes - leia-se governantes petistas - mandam. Agora mesmo, ao anunciar essa tomada das ruas, quer, na verdade, manipular o sentimento de repúdio aos rumos do Governo Dilma; quer liderar um 'protesto a favor', através do direcionamento da revolta para alvos distantes do Palácio do Planalto.
     Está na mesma esteira da UNE, outra entidade que perdeu a razão de ser ao encontrar o caminho dos cofres públicos, e do tal MST, liderado por aquele grupo de ideólogos petistas que passou a dividir o latifúndio do poder e que se ocupa em minar adversários dos governantes companheiros.
     A essa turma - especialmente à CUT -, interessa redirecionar o foco da revolta, seguindo os caminhos traçados pelos marqueteiros do Planalto. Pego de surpresa com o vigor das manifestações, o Governo demorou a reagir. Quando o fez, atirou na população um pacote de mudanças recorrentes, puro ilusionismo. Mas é assim que o esquema vem funcionando, à base de factoides, números fantasiosos, promessas repetidas como se fossem realidades.
     Contra o quê - ou 'quem' -, então, estará protestando a CUT? Em São Paulo, é evidente que contra o governador 'tucano' Geraldo Alckmin, deixando de lado o prefeito petista Fernando Haddad, não é preciso ser um grande analista para apontar. Em Salvador, o alvo será o prefeito ACM Neto, jamais o governador Jaques Wagner, do PT.
     No Rio, é bom que o governador Sérgio Cabral (PMDB) feche as janelas do apartamento no Leblon, pois a companheirada quer eleger o senador Lindebergh Farias, aquele que está sendo investigado por fraudes quando era prefeito de Nova Iguaçu.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

A bolha chamada Brasil

     Procuro deixar os temas econômicos para os mais bem informados (ou formados). Lembro sempre que só não passei por duas editorias ao longo dos meus quase quarente anos de redação: internacional e justamente a de economia. Eventualmente, quando o tema se aproxima do dia a dia, ouso alguns comentários, alguns questionamentos.
     No caso específico de hoje, no entanto, o assunto - tomo a liberdade de inferir - resvala no noticiário policial. Estou me referindo à explosão dessa enorme bolha chamada Eike Batista, inflada por uma combinação de ego superdesenvolvido e conveniências políticas. Mais precisamente, conveniências dessa atual era de poder.
     Eike é o exemplo mais acabado do fracasso dessa maneira irresponsável e demagógica de administrar inaugurada nos primórdios da Era Lula e aperfeiçoada recentemente pela presidente Dilma Rousseff. Como explicar que a antítese da pregação petista tenha se convertido na referência, na expressão do 'novo Brasil' inaugurado há dez anos?
     Só há uma resposta: ele é a síntese, uma antevisão do que está vindo por aí não apenas com as empresas X, mas com a economia brasileira, estruturada na postergação de problemas, nas maquiagens contábeis, nos remendos de índices, nos financiamentos e refinanciamentos nunca suficientemente bem explicados.
     Assim como a bolha X está estourando e deixando destroços pelo caminho, o peso da falta de projetos e programas ameaça cair sobre a população. Mais do nunca, ficou evidenciado que o Brasil apenas surfou num momento especial da economia do mundo, chinesa em especial. As contas dessa aventura começam a se acumular. E não adianta procurar uma espécie de 'BNDES planetário' para financiar nossas estripulias. Ele não existe.

domingo, 7 de julho de 2013

Netos, uma renovação

     Há alguns anos - sete, para ser quase exato -, eu espalhava aos quatro cantos que Júlia me bastava. Se não tivesse outro neto, não ficaria desapontado. É verdade que já olhava a saudável alegria de alguns amigos, que contabilizavam dois ou três novos moleques nas suas vidas. Mas Júlia preenchia todas as nossas 'necessidades' (pelo menos as minhas ...), com sua inteligência, graça e presença muito fortes.
     E veio Pedro, um menino adorável, carinhoso, levado e claramente conquistador, que me elegeu, desde logo, seu grande amigo. De repente, havia espaços para os dois, um joelho e um braço para cada um. Júlia continua incontestável, como Pedro passou a ser inigualável. E assim tem sido nos últimos seis anos. Duas crianças que monopolizaram o amor, irmanados, naturalmente, cada um a seu modo, com suas características. E então imaginei que os dois me bastavam.
     Hoje, vivemos a expectativa da chegada de outra criança, um primo para Júlia e Pedro. João Pedro, o terceiro neto. E já é impossível pensar um futuro sem ele.

Minha frase da semana

"Essa geração de políticos, com as exceções que confirmam a regra, certamente é uma das mais lamentáveis da vida republicana brasileira". Extraída do texto 'Uma geração política desprezível, do dia 4, quinta-feira.

sábado, 6 de julho de 2013

Uma época indecorosa

     Veja denuncia mais um 'voador', o ínclito governador fluminense Sérgio Cabral, do PMDB. Segundo reportagem que tem o DNA do ótimo repórter Leslie Leitão, os gastos com a farra aérea do governador chegam a quase R$ 4 milhões por ano. As decolagens e descidas do helicóptero que mandou comprar para seu uso, não se limitam à já discutível necessidade de celeridade entre os deslocamentos entre seu apartamento, no Leblon, e o Palácio Guanabara, em Laranjeiras.
     Recentemente, por exemplo, o Facebook espalhou para o mundo uma imagem do primeiro-ministro britânico, David Cameron, indo trabalhar de metrô. Como não havia lugar disponível, ele, prosaicamente, lia um jornal em pé, apenas recostado em uma das laterais do vagão. Isso acontece rotineiramente no mundo civilizado.
     Por aqui, não. Nosso governador, a exemplo do outros próceres da República, extrapola. Segundo a revista, o tal helicóptero vai e volta semanalmente a Angra dos Reis, onde o governador tem uma mansão, levando familiares e agregados. Tudo na conta da população que anda espremida nos ônibus, trens e metrôs ou engarrafada a qualquer hora.
     É, como venho repetindo e escrevi há alguns dias, a mais absoluta inversão de valores da prática política: servir-se, no lugar de servir; locupletar-se, ao invés de doar. Um retrato dessa época lastimável da nossa história recente, pródiga em lideranças demagógicas, populistas, de comportamento pessoal indecoroso.

Mais um desabafo contra a Oi

     A Oi, essa inacreditável 'operadora de telefonia', além de esgotar as minhas já limitadas reservas de paciência, está ameaçando, até mesmo, minhas convicções quanto à propriedade das privatizações de determinados setores da vida (embora correndo o risco de ser recorrente, sou obrigado a reafirmar minha defesa do monopólio oficial sobre setores vitais, como educação, saúde e segurança, para evitar interpretações erradas).
     Se era para continuar uma porcaria, com interrupções constantes, falsidade ideológica (esse tal de Eduardo e suas mentiras eletrônicas são insuportáveis!) e outras vigarices, não deveria ter sido entregue à empresa privada. O Governo, especialmente nos últimos dez anos, vem fazendo tudo isso muito bem: mente, cobra preços absurdos e não entrega os serviços prometidos e devidos à população. Pelo menos, no caso dos donos do poder, podemos dar um pontapé no seus - deles, poderosos - traseiros a cada quatro anos.
     Infelizmente - especialmente no meu caso, plantado aqui na Zona Oeste, mais especificamente em Pedra de Guaratiba -, não posso de dar ao 'luxo' de cassar seu, dela OI, 'mandato'. A concorrência, pelo que me consta, é pior ainda. Em cerca de 15 dias, fiquei, pelo menos, cinco dias sem o pacote de serviços contratados. De ontem para hoje, foi o Velox, que me deixou isolado do mundo. Na semana retrasada foi pior: sem telefone e internet, por quatro longos dias.
     Pelo menos - e tenho que registrar esse fato - os atendentes reais, não aquele 'sujeitinho virtual', são atenciosos, o que talvez não acontecesse caso fizessem parte da tal burocracia oficial.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Uma geração política desprezível

     Essa turma é incorrigível. Anteontem, forçado pela divulgação de mais uma de suas estripulias, o presidente da Câmara, Henrique Alves, do PMDB do Rio Grande do Norte, foi obrigado a confessar que usou indevidamente um transporte oficial (avião da FAB) para vir ao jogo da Seleção Brasileira, no Maracanã, na final da Copa das Confederações. E ainda trouxe a namorada e uma penca de agregados.
     Constrangido, tentou contornar o malfeito pagando pouco mais de R$ 9 mil, como se a questão fosse, apenas, financeira. Hoje, temos o dissabor de saber que o presidente do Senado, o alagoano Renan Calheiros, também usou um jato oficial para ir ao casamento da filha de outro senador. E levou a mulher, é claro.
     Pego em flagrante delito, não somente se defendeu e ao seu ato, como garantiu que não pretende reembolsar o Governo. Alega que, como presidente de um Casa Legislativa, tem direito a transporte oficial, assim como a presidente Dilma Rousseff e outros menos votados. Esqueceu, comodamente, que o privilégio - inconcebível em países com governantes menos desmoralizados - só pode ser usado em ocasiões especiais, previstas explicitamente, todas a serviço.
     Participar de casamento de filhos de amigos jamais poderia ser contabilizado como atividade oficial. Chega a ser ultrajante. Mas é assim que essa gente age. Deixa de servir para se servir. Inverte os propósitos da vida política, sua essência, a proposta de doar e se doar.
     Essa geração de políticos, com as exceções que confirmam a regra, certamente é uma das mais lamentáveis da vida republicana brasileira.

Histórias de Júlia e Pedro (59)

Duas 'sacadas' de Pedro

     Pedro é uma criança cheia de encantos e grandes 'sacações'. Recentemente, ao acompanhar a mãe e a irmã, que estavam revendo fotos 'antigas', virou-se para elas e, solenemente, declarou: "Eu tenho saudades desse meu tempinho de bebê". Foi uma enorme gargalhada, é claro, pois o moleque acaba de completar 'bem-vividos' seis anos.
     Ontem, ao saber que o filho da tia Fabiana seria um menino, deu um sorriso levado, bem ao seu estilo, e comentou: "Vou ensinar ele a fazer artes".
     Antes de saber o sexo do futuro primo, Júlia e Pedro torciam para que fosse menina, por razões bem diferentes. Júlia, por apostar na possibilidade de mais dengos, chamegos - ela adora crianças!. Pedro, não.
     Segundo a irmã, ele estava torcendo por uma menina para continuar sendo o único menino e, com isso, monopolizar (ela não usou essa palavra, exatamente) a atenção nas aventuras que ele sonha em fazer comigo e com o tio Guilherme. Aventuras como as que ele vê nas fotos das viagens que fizemos - eu e meu genro - pelo país.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

O voto é a única arma admissível

     Por mais que eu reaja à governança da presidente Dilma Rousseff, medíocre e ineficaz, como os números da economia e o caos político e comportamental atestam, jamais admitiria uma intervenção, intimidação ou algo semelhante. Governantes ruins, como acho que a presidente é, devem ser apeados do Poder ao fim do mandato, através do voto, que é a único meio aceitável em uma democracia.
     O exemplo egípcio, embora seja possível de entender, não deve, sequer, servir de argumento em uma eventual comparação entre as crises que os dois países - Egito e Brasil - vivem. Nosso país sofreu muito para superar o período de quebra institucional. Foi preciso uma enorme determinação para reconstruir a confiança e os laços entre as forças vivas.
     Há uma enorme distância separando a Praça Tahrir e nossas avenidas. Aqui, as divergências, insatisfações e decepções têm uma saudável vocação para a paz. Excetuando os grupos de baderneiros, todos os que foram e continuarão indo às ruas querem mudanças, sim, mas através de novas posturas, e não pela força bruta.
     Não podemos perder de vista esse foco: cobrar dignidade dos políticos e exigir respeito e investimentos nas áreas mais carentes é, mais do que um direito, um dever de todos nós, mas dentro das normas constitucionais. Quem festeja golpes de estado certamente não viveu sob censura ou foi perseguido por divergir.
     É verdade que a destituição do presidente egípcio reveste-se de um caráter particular e pretende, teoricamente, evitar o desastre maior de uma guerra civil, mas é sempre ruim - pelo menos para mim - assistir à derrubada de um dirigente eleito democraticamente.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Água abaixo e fogo acima ...

     Vamos lá: sim, ou não: Que tipo de sistema eleitoral você prefere? Nem adianta pensar em marcar todos, ou nenhum. Será preciso escolher entre voto distrital, voto misto e voto majoritário. Os arautos do poder, aqueles que se prestam a qualquer papel, mesmo os mais indecorosos, afirmaram que o povo - esse ente que eles ainda acreditam que conhecem - aprenderia direitinho o que representa cada tipo, nos 45 dias de explicações, uma espécie de campanha, que antecederia o tal plebiscito 'marqueteado' pela presidente Dilma Rousseff.
     Não satisfeito, o Governo sugeriu ao Congresso que discuta a apresentação de mais quatro pontos (financiamento de campanha, a questão das coligações partidárias, o fim da suplência de senador - por que não o dos suplentes de deputados? - e o fim do voto secreto no Congresso). Tudo para ser devidamente explicado a todos os brasileiros, de todos os rincões nesse espaço de tempo demagógico, fruto da tentativa desesperada do Governo de dar a volta por cima e evitar o afogamento das pretensões eleitorais dos atuais mandatários do País.
     É evidente que todas essas questões são relevantes. Por isso estão em discussão há, pelo menos, vinte anos. O problema está na formulação, na clara preocupação casuística. Atingido por uma sequência de manifestações impensáveis há alguns meses, o Governo acusou o golpe e tenta levantar do chão antes que a contagem chegue ao limite. Ou seja: nova queda na próxima rodada de pesquisas, o que é muito provável, pelo efeito cascata que os últimos índices e as novas manifestações que vão pipocar pelo país devem provocar.
     Embora mineira e amadurecida entre gaúchos, nossa presidente sabe que, como dizem os paulistas, 'água morro abaixo e fogo morro acima, ninguém segura' (para ficarmos apenas na parte que não revela preconceitos).

segunda-feira, 1 de julho de 2013

As injustiças do Mensalão

     Lendo atentamente a matéria da Folha sobre a pesquisa do Datafolha que apontou a vontade majoritária do povo brasileiro de ver os quadrilheiros do Mensalão na cadeia (74 por cento!!!), confesso que vislumbrei algumas injustiças, sim. Nenhuma novidade. As sentenças foram exaustivamente anunciadas, eu sei.
     Mas não deixa de ser frustrante constatar, de novo, com a clareza dos recursos de um bom infográfico, que o ex-ministro José Dirceu, chefe (há dúvidas quanto ao seu verdadeiro posto) da quadrilha que assaltou os cofres públicos, foi condenado a uma pena quatro vezes menor do que o publicitário Marcos Valério, seu inferior hierárquico no esquema de trapaças.
     Assim mesmo, dos dez anos e dez meses de pena, Dirceu obrigatoriamente só passará um ano, nove meses e dez dias atrás das grades. É muito pouco. A dimensão do crime cometido contra as instituições democráticas exigiria um isolamento muito maior e contundente, à semelhança da punição imposta à companheirada dos esquemas publicitário e bancário, meros coadjuvantes, na minha interpretação.
     E mais. O mesmo infográfico destaca que onze condenados, entre eles o então presidente do PT, José Genoíno, sequer passarão um dia inteiro na cadeia, de fato, pois estariam beneficiados pelo regime semiaberto (apenas a noite no xilindró). E esse turma ainda reclama, pondera, esperneia, esbraveja, ameaça. Deveria estar agradecida à benevolência dos ministros do Supremo Tribunal Federal, em geral.

Teorias insustentáveis

     Venho acompanhando com atenção as diversas discussões e teses sobre a tão decantada reforma política e seus componentes, desdobramentos, consequências. Confesso que fiquei assustado com algumas teses defendidas com ardor por, teoricamente, pessoas com estofo, proeminência. Uma delas propõe a avaliação popular do comportamento dos eleitos. Algo como um 'recall', capaz de cassar mandatos.
     Houve, até, quem sugerisse seriamente normas para a cassação: o eleito perderia o mandato quando seus críticos somassem o número de votos que ele recebeu, mais um. Exemplificando: um deputado que tivesse recebido 15 mil votos levaria um pontapé no traseiro se fosse reprovado por 15.001 votos. Já imaginaram as enormes possibilidades de manipulação?
     No caso de eleições proporcionais, esse recall seria inadmissível. Em tese - e apenas em tese - só quem tivesse votado em determinado candidato poderia expressar seu descontentamento, sentir-se, de fato, enganado, traído. Mas, como o voto é ... secreto, qualquer um poderia votar pela devolução do mandato, especialmente os adversários políticos, eleitores de outros partidos. Caminharíamos para a prevalência do partido com mais militância. O PT, por exemplo, poderia mobilizar seus adeptos para atropelar seus adversários, aqueles que estivessem incomodando.
     Na minha interpretação, o recall, que foi tratado seriamente no último fim de semana, no naturalmente bom programa da GloboNews comandado pelo jornalista Willian Waack, só seria 'defensável', no modelo político brasileiro, em eleições majoritárias. Nossa presidente, por exemplo, estaria ameaçada, hoje, de ser apeada do poder. Mesmo sendo um crítico ferrenho dos atuais governantes, não consigo pensar em algo semelhante. Não haveria instituição que suportasse uma pressão como essa. 
     Enfatizei esse ponto com um objetivo: apontar os riscos de subordinar a vida nacional a plebiscitos ou recalls. Um país sério e democrático precisa de segurança jurídico-institucional para se desenvolver. Ou acaba virando uma Venezuela.

Os grandes perdedores

     Iniesta? Xavi? Vicente del Bosque? Shakira? O 'tic-tac'? Nada disso. Os maiores perdedores de ontem foram, sem a menor sombra de dúvida, nossa presidente, Dilma Rousseff; seu ainda - quem-sabe? - guru, Lula; e o restante da turma que andava grudada nos vertiginosos e, para mim, sempre inexplicáveis índices de aprovação do Governo.
     Dilma, escaldada por uma tonitruante vaia no jogo de abertura da Copa das Confederações, tirou o time de campo. Não teve a coragem de enfrentar, ao vivo e a cores, com direito a transmissão para o mundo inteiro, a rejeição que as últimas pesquisas apontaram. Fugiu das vaias, do constrangimento. Talvez tenha sido a única governante da história recente a não prestigiar pessoalmente um evento dessa importância. Calçou os 'chinelinhos' e ficou no palácio, remoendo.
     Lula, que já não aparecia em lugares tão públicos quanto o Maracanã há muito tempo, foi fazer proselitismo bem longe, na Etiópia. Por lá, ele ainda é ouvido com algum respeito por pessoas razoavelmente decentes. Pouquíssimos sabem - ou lembram - que ele mentiu descaradamente sobre o Mensalão de seu governo, imolou auxiliares e gastou dinheiro público para sustentar seu relacionamento estreito com a ex-secretária que o acompanhava bem de perto em viagens internacionais.
     Para ser justo, há mais um bom par de perdedores nessa turma que investiu pesado para bancar essa e a próxima Copa, a que vai valer, mesmo. Nossos políticos, em geral - petistas e afins em particular -, devem estar se lamentando bem mais do que Sérgio Ramos, o que desperdiçou um pênalti que poderia eventualmente gerar a reação espanhola. Uma oportunidade como essa - festejar uma conquista de título do futebol no novo Maracanã lotado - não aparece a todo momento.
     As mobilizações populares - as sérias e dignas, não o vandalismo de marginais - também prestaram esse serviço ao país. Impediram a apropriação da vitória de uma expressão da arte popular brasileira por uma gente sem escrúpulos.