sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Boçalidade à moda venezuelana

     Não gostaria de ser injusto, mas só encontrei uma referência enérgica e coerente, do digno deputado Roberto Freire, a mais essa decisão estapafúrdia do lastimável governo venezuelano: a partir de agora, as forças policiais e militares estão autorizadas a usar armas letais para conter manifestações populares. É isso mesmo: a quadrilha bolivariana está autorizada a matar adversários políticos, formalmente. Algo como liberar as Polícias Militares dos estados brasileiros a mandar bala, mesmo, não essas de borracha, nos que reclamam do aumento das passagens de ônibus, por exemplo.
     E não há uma voz isolada, que seja, dos chamados ‘movimentos sociais’, contra essa nova demonstração de boçalidade desse que é um dos mais estúpidos governantes mundiais de todos os tempos.  Imaginemos, para efeito de discussão, que a polícia inglesa saísse por Londres fazendo tiro ao alvo em terroristas. O mundo desabaria. OAB, MST, UNE (isso que sabemos que é, hoje, essa instituição que já teve dignidade, no passado) e assemelhados iriam para a frente da embaixada dispostas a retaliar.
     Políticos queridinhos de uma massa descerebrada distribuiriam manifestos irados pela internet. O governo talvez ousasse, até, chamar nosso embaixador na terra da rainha para consultas, assim como fez, demagogicamente, no caso da recente execução de um traficante brasileiro.
     Maduro, no entanto, pode tudo, mesmo quando atropela os mínimos direitos ainda à disposição do povo venezuelano. “Mas ele foi eleito democraticamente”, certamente argumentariam alguns desajustados ideológicos, como se uma eleição desse, ao eleito, carta branca para atropelar a decência, manipular, comprar apoios, coagir juízes, usar a democracia para solapá-la.
     Assim como devastou a economia e a decência brasileiras, nosso governo vem se caracterizando por apoiar o que há de pior no mundo, os governantes mais medíocres, ineficientes, corruptos e ditatoriais, como os venezuelano, argentino e cubano, para ficarmos apenas em exemplos aqui nas redondezas americanas.



Falta moral política à presidente Dilma para demitir Graça Foster

     Vou tomar a liberdade de repetir uma afirmação feita aqui mesmo, há um bom tempo: a presidente da Petrobras, Graça Foster, só deixará o cargo no dia que quiser e resguardada por garantias absolutas de que não irá dividir uma cela (divisão retórica, é claro) com seus ex-subordinados na empresa. A presidente Dilma Rousseff sabe bem disso. Assim como ela e o ex-presidente Lula sabiam que não seria possível escantear definitivamente a ex-chefe da Casa Civil (eu quase escrevi ‘covil’), Erenice Guerra, flagrada com as todas as mãos disponíveis (as dela e as do filho) em bandalheiras inacreditáveis.
     Os antecedentes do Mensalão do Governo Lula serviram de alerta para todos os que continuaram empenhados em assaltar os cofres públicos em nome de um esquema de poder vagabundo e desmoralizado pela história. Mesmo com todas as regalias, com o tratamento diferenciado e sabujice dos companheiros, o ex-ministro José Dirceu e os ex-deputados José Genoíno e João Paulo Cunha foram obrigados a purgar algum tempo na cadeia.
     O operador da pilantragem petista, o publicitário mineiro Marcos Valério, deve estar arrependido ao extremo por ter retardado a delação dos chefões do assalto mensaleiro. Se optasse pela denúncia, talvez fosse premiado e sua pena não chegasse à décima parte dos quase 40 anos de cadeia que está obrigado a cumprir.
     Graça Foster e todos os que a cercam acreditam que não podem pagar por terem cumprido a contento uma ‘tarefa’. A devastação da Petrobras não é obra dela, presidente, em particular. Faz parte de um projeto maior, que usou a empresa para dar sustentação e financiar o sonho petista de se perpetuar no poder, a qualquer custo, desde – é claro! – que o preço fosse pago por todos nós.
     Talvez – e venho pensando nisso com maior constância, a cada dia – a presidente da Petrobras não soubesse, de fato, tudo o que vinha acontecendo, a roubalheira, a inflação dos preços, os desvios, as chantagens, a corrupção. Talvez – e só talvez – ela tivesse o olhar voltado estritamente para os desafios tecnológicos e tenha se surpreendido com a desfaçatez dos diretores indicados pelos partidos que compõem o governo presidido por sua (ex?) amiga Dilma Rousseff.
     E, talvez, esteja centralizada nesse ponto a insistência com que ela, Graça, se aferra ao cargo. Claramente não admite sair pela porta dos fundos, apontada como criminosa, sujeita às consequências de um inevitável julgamento.

     A presidente pode bufar, mandar recados, ameaçar, mas – ao que tudo indica – não tem a dimensão política moral para demitir sua companheira. Ao menos até agora, embora venha tentando uma saída, qualquer uma, para o problema que pode desembocar no seu impedimento.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Evoé, Momo!

     Aí vai a reprodução de um pequeno conjunto de notícias da página de O Globo, de hoje:
     1) Graça Foster: perdas na Petrobras podem ser ainda maiores;
     2) Imposto sobre combustíveis subirá a partir de domingo.
Decreto prevê elevação de PIS/Cofins de R$ 0,22 por litro de gasolina; estimativa é de alta de até 7% para o consumidor
• Petrobras não vai reduzir preço da gasolina e do diesel em 2015
     3) Governo aumenta imposto de batom, perfume e alisadores
Medida, válida a partir de 1º de maio, deve arrecadar mais de R$ 380 milhões neste ano
     4) BC prevê alta de 27,6% na conta de luz em 2015
Comitê de Política Monetária também estimou aumento de 8% na gasolina. Com mais inflação, juros devem continuar subindo 10
• IGP-M acelera alta a 0,76% em janeiro com alimentos e eletricidade
     5) Governo tem déficit de R$ 17,2 bi em 2014, o pior desde 1997.
     Ainda bem que o povo não lê jornal e o carnaval está chegando. Evoé. Momo!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Esse 'balcão' tem dois lados, e um deles é oficial

     Essa gente só fala nas empresas, nos empresários, na punição de uns, na preservação de outros etc etc etc. A proposta é evidente e aposta na desinformação do público em geral e na conivência canalha dos apoiadores desse esquema devasso que vem saqueando os cofres públicos com o único objetivo de manter o poder, a qualquer custo. O grande objetivo de petistas e assemelhados é desviar o foco da roubalheira para as ‘elites empresariais’, ofuscando a grande verdade: os atuais detentores do poder institucionalizaram o assalto aos cofres públicos há doze anos.
     Ninguém duvida que sempre houve e haverá corrupção. Aqui e em qualquer parte do mundo. Também é verdade que há muito mais bandalheira nessas terras tupiniquins; em republiquetas desmoralizadas, como a argentina e a venezuelana; em ditaduras formais ou disfarçadas, como a cubana e a iraniana; e em regimes arbitrários e essencialmente devassos como o russo e alguns africanos. No nosso caso, entretanto, a corrupção passou por um processo de aprimoramento e de apropriação pelo sistema de poder.
     Os empreiteiros e empreiteiras certamente distribuíram muito dinheiro e compraram muitas cabeças para preservar seus feudos na Petrobras, alvo atual das investigações mais profundas. Mas não resta a menor dúvida que havia ‘alguém’ do outro lado do balcão, ávido, bolsos escancarados à espera do produto do assalto combinado.
     Não se trata de mais um caso – como o Governo e seus asseclas querem fazer acreditar – de empresários vigaristas molhando a mão de um ou outro funcionário malandro.  Essa é a toada que os marqueteiros palacianos estão tentando empurrar goela abaixo da população, contando com a conivência de grupos supostamente responsáveis, muitos deles integrados por autodeclarados ‘formadores de opinião’, proprietários cativos de teclados vendidos.
     O assalto ao País é institucional e, nesse caso da Petrobras, formatado para dar ares de legalidade a atos obscenos, asquerosos. Um modelo aprimorado do que houve no Mensalão do Governo Lula, o maior roubo ocorrido no Brasil, até então. As empresas e empresários de agora faziam parte de uma engrenagem imunda, mas não a lideravam. Locupletavam-se, sim, mas atendendo a um projeto oficial.
     Os quadrilheiros de hoje, no entanto, não contavam com o acaso, com um juiz determinado e incorruptível, acima das pressões. E com a loquacidade de seus asseclas na área de ‘operações’. No meio do caminho do maior roubo da nossa história havia um doleiro e um petroleiro inescrupulosos, sim, mas determinados a não pagar sozinhos pela roubalheira. O exemplo do publicitário Marcos Valério, o único condenado, de fato, pela bandalheira no Governo Lula (quase 40 anos de cadeia!!!), pesou.
     O resultado é o que ainda estamos começando a ver: um bando de milionários na cadeia e outro bando – de políticos da ‘base’ - prestes a ser preso e a possivelmente decretar o fim antecipado do atual governo, ameaçado de fato pelo impeachment. No meio de tudo, para infelicidade do país, a destruição da Petrobras, empresa que sempre foi o orgulho nacional.
     E ainda há quem defenda essa corja.

     PS: Se alguém ainda não leu, vale a pena ler a última entrevista do ministro da Justiça, esse lastimável José Eduardo Cardozo, reverberando as declarações da sua chefe feitas ontem. Mas é bom estar preparado.


Pobre Venezuela ...

     Leio no Estadão que o vigarista ideológico que preside a Venezuela, Nicolás Maduro - o aprendiz de ditador que tem ‘visões’ com o insepulto Hugo Chávez -, acusa uma tal de “direita internacional” de fazer campanha contra seu governo. Como se alguém precisasse fazer alguma coisa para exibir a miséria e a devassidão do mais medíocre e estúpido governante atual (lembremos que Lula não manda em nada, oficialmente, o que o elimina do páreo).
     Segundo esse legítimo representante da ignorância, do atraso, da boçalidade e da violência contra as liberdades essenciais, as acusações contra o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello (outro ex-capacho de Chávez), de que faria parte de um cartel internacional de tráfico de drogas, estão mirando seu país. Além de um notório espancador da verdade, é absolutamente pretensioso.
     A importância da Venezuela, hoje, para o mundo, é semelhante ao valor de uma ação da Petrobras sob a direção cleptopetista. Ou seja: quase nada. O abundante petróleo venezuelano já não faz falta alguma a quem decide, tem importância. Serve, no máximo, para abastecer os motores de Cuba, em troca, entre outras coisas, de apoio ‘logístico’: um bando de ‘analistas’ militares que ajudam a reprimir as manifestações contrárias ao desastroso país-símbolo da bufonaria.
     A eventual conexão entre os detentores do poder na Venezuela e traficantes – que estaria sob investigação americana, segundo um jornal espanhol - não causaria estranheza. É notória a ... ‘boa vontade’ venezuelana com as Farcs, uma guerrilha formada por narcotraficantes que sempre conseguiu abrigo nas terras chavistas. Mas a questão fundamental não é exatamente essa, e sim a desastrosa realidade do povo venezuelano, oprimido por um governo tirano e desqualificado.
     Algumas cenas exibidas pela tevê, há um ou dois dias (não posso precisar), deram a dimensão exata do abismo a que foi levado o país por governantes da pior espécie, demagogos, populistas, ignorantes. Multidões em luta física para conseguir comprar papel higiênico em um supermercado repleto de prateleiras vazias. Com a perseguição covarde aos jornais em geral, e na ausência de um ‘órgão oficial’, como o Granma, o povo venezuelano não tem, sequer, a ‘opção’ cubana.



terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Um discurso muar

     Não tenho a menor dúvida em afirmar – com base no seu ‘histórico’ (há quem diga folha corrida) - que o ex-ministro e ex-seminarista Gilberto Carvalho, aquele que trocou Deus por Lula, é um dos personagens mais nefastos da vida pública brasileira. Nos últimos doze anos, esteve sempre a postos para exercer os papéis mais vagabundos, verbalizar o que até mesmo seu mestre não tinha a coragem de sustentar, atacar dignidades, mentir, promover o ódio.
     ‘Rebaixado’ para um salário de algo em torno de R$ 40 mil mensais para participar de uma dessas vigarices companheiras (vai ‘presidir’ o Conselho de Administração do SESI), manteve o ... digamos ... discurso que faz dele uma das estrelas petistas. O Globo de hoje conta que ele, em reunião do PT, ontem, defendeu veementemente o presidiário e seu ex-parceiro de governo José Dirceu, envolvido em mais uma pilantragem.
     Sem medo de ofender seu antigo ‘líder’ e terminar no inferno, mergulhou de cabeça em diversos pecados capitais.  Segundo ele, Dirceu, apanhado, agora e também, na rede de corrupção tecida em torno das empresas que trabalhavam para a Petrobras, é uma vítima da oposição, assim como foi no caso do Mensalão do Governo Lula, que continua dizendo que jamais existiu. Ainda exortou seus correligionários a investirem contra o que chama de ‘grande mídia’, que seria responsável pela divulgação de calúnias.
     É esse tipo de gente que comanda o país, formal e/ou informalmente. Alguém que foi acusado diretamente de ser o encarregado de transportar dinheiro extorquido de empresas de ônibus do interior paulista, no início dos anos 2000. A ‘mula’ que levava para o partido, em seu Fusca, o produto do assalto realizado por prefeituras petistas e que foi usado em campanhas eleitorais, inclusive a do ex-presidente Lula. O homem que os irmãos do prefeito Celso Daniel, assassinado em 2002 afirmam estar envolvido no crime, executado para silenciá-lo quando decidiu dar um basta na roubalheira, no momento em que ela – a bandalheira - passou a encher também bolsos particulares, além dos cofres petistas.
     Para esse personagem político catastrófico, o assalto à Petrobras é uma invenção da oposição, como o fora o Mensalão. Ao se despedir do ministério, ousou gritar que não eram ladrões, e que se orgulhava de pertencer à ‘quadrilha’ que vinha melhorando o país. No seu discurso de ontem, odioso, repetiu essas insanidades, acrescentado que tudo não passa de uma campanha para impedir a volta de Lula à presidência.

     Merece cada centavo do que vai ganhar. 

sábado, 24 de janeiro de 2015

O algoz do país

     Vou correr o risco de me repetir, mas acredito que valha a pena: Luiz Inácio Lula da Silva foi o que de pior aconteceu na história do Brasil em todos os tempos. E nessa constatação está embutida uma admissão da sua dimensão nessa mesma história. Pela origem, pelo que teria produzido no movimento sindical, pelo inegável carisma, Lula poderia ter sido um referencial, um ponto de inflexão, o motor de transformações.
     Não foi, não é e jamais será. Ao contrário. Por absoluta incapacidade, por total falta de balizamentos morais (já escrevi em outras ocasiões que creio firmemente que é um caso psiquiátrico, pela ausência de superego), jogou todo o capital político que inegavelmente carrega em uma aposta desastrosa no poder pelo poder, marcada pela devassidão, pelo estímulo à baixeza, pelo incentivo direto e indireto às práticas mais deletérias.
     A inexistência de referenciais faz com que ele seja capaz das atitudes mais vis. Para ele, mentir, deturpar fatos e explorar criminosamente a ignorância e o sofrimento dos menos aquinhoados são fatos comuns. Não perde o sono quando diz e desdiz; quando inventa; quando estimula agressões; quando devasta históricos. A presumida ausência de superego aborta sentimentos.
     O Brasil que temos hoje – corrupto ao extremo, violento, devasso – é o resultado da grande mentira. É evidente que houve avanços no campo social, em especial a redução da miséria, mas a um preço impagável e que vai onerar as futuras gerações: a perda de valores fundamentais à constituição de uma nação que se pretende protagonista no mundo.
     Ao institucionalizar o malfeito, a conquista a qualquer preço, mesmo indigna, Lula conspurcou definitivamente a vida de um país que mal começava a sair de uma fase terrível de sua história, marcada por governos de exceção e de desencanto, como o do ex-presidente Fernando Collor, o primeiro a ser eleito pelo voto direto após o período militar.




sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Brasil e Argentina, tudo a ver!

     Há quem esteja indignado com o estelionato ideológico praticado, em especial, nessa última eleição, pela presidente Dilma Rousseff, seu (?) partido e a tal base aliada. Pessoas que, de alguma maneira, por algum motivo, não acreditavam que os atuais detentores do poder pudessem ser tão politicamente canalhas a ponto de mentir descaradamente, de alterar dados, maquiar números, mistificar. É evidente que eu não estava entre eles.
     Qualquer pessoa minimamente esclarecida, razoavelmente informada e liberta das amarras de uma cegueira irreversível saberia que os poderosos de hoje são capazes de tudo para se manter à frente do país. A própria presidente reeleita, num de seus momentos de improviso, disse, textualmente, que vale tudo em uma eleição. E foi o que ela e seus ... seguidores fizeram.
     Não ‘apenas’ demonizaram a candidata adversária Marina Silva, de uma forma abjeta, covarde, desqualificada, mas apelaram para acusações sórdidas contra o senador Aécio Neves, sempre de maneira ‘indireta’. O ex-presidente Lula, por exemplo, um devasso moral (tentou estuprar um jovem preso, quando esteve detido no DOPS paulista, segundo denúncia jamais desmentida formalmente por ele, oriunda de um dos fundadores do PT, Cid Benjamim) e político, estimulava, com ‘risinhos’, a claque que apontava o senador como usuário de cocaína.
     Mexer na legislação trabalhista e aumentar os juros, no entanto, são pequenos ‘delitos’, se comparados aos desatinos cometidos ao longo dos últimos doze anos, em nome de uma causa que não se sustenta, por desmentida por uma prática deletéria de assaltos aos cofres públicos, que parece ter chegado ao cume nessa escandalosa devastação realizada na Petrobras. Parece, apenas. Há quem afirme que o grosso da roubalheira ainda está oculto nos financiamentos públicos, que movimentam, aí, sim, incontáveis bilhões de reais.
     Algo muito semelhante ocorre na nossa vizinha Argentina, cujo poder vem sendo ocupado por uma lastimável dinastia apontada como avassaladoramente corrupta. Há relatos, entre os quais o de uma ex-amante e ex-secretária (não necessariamente nessa ordem) do presidente morto Nestor Kirchner, de cofres imensos abarrotados de ouro e dólares.
     Mas nada disso se compara às versões ‘oficiais’ sobre o assassinato do promotor Alberto Nismam, às vésperas de ele divulgar formalmente as evidências que coletou sobre a participação dos Kirchner no processo de abafar as investigações sobre o atentado terrorista que matou 85 pessoas em Buenos Aires, em 1994, praticado por criminosos ligados a facções extremistas do Islã. Tudo para agradar ao governo do Irã, de onde teriam saído os terroristas, um parceiro fundamental para equilibrar as combalidas finanças argentinas.
     Lá, como aqui, bandos de degenerados ideológicos agridem a inteligência e a decência humanas, endossando teses estapafúrdias que parecem ter saído de um marqueteiro petista. É inacreditável como alguém, com alguma decência intelectual, pode aceitar a teoria palaciana de que os “inimigos” da presidente usaram o promotor e decidiram matá-lo, quando já não teria mais serventia.
     É mais ou menos o que acontece por aqui, quando vozes teoricamente dignas (apenas teoricamente) apoiam um governo dominado por uma quadrilha claramente corrupta e corruptora e ‘acreditam’ no tal do “eu não sabia de nada”.


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A vaca está indo para o brejo ...

     Um dos empresários presos na Operação Lava-Jato resolveu se defender, explicando como funcionava o esquema de assalto aos cofres da Petrobras. Contou que era extorquido por agentes petistas e que o dinheiro era direcionado às campanhas companheiras.
     Será que alguém tinha alguma dúvida? Esse esquema é uma versão mais 'sofisticada' do Mensalão do Governo Lula, até então o maior assalto aos cofres públicos já registrado na nossa história. O governo petista, através da Petrobras, 'pagava' a mais por obras e serviços e as empresas contratadas 'devolviam' o tal excedente, em forma de contribuição aos partidos da tal base governista, esse lixo que sabemos que é.
     Em síntese: eles, petistas e afins, roubavam o país, como vêm fazendo há doze anos, mas de uma forma que imaginavam que jamais seria descoberta, pois envolta em ares 'legais', as tais doações. A princípio, o esquema parecia imperceptível. Tanto que, ao que sugerem notícias que circulam em várias dimensões, teriam rendido uma promoção invejável ao seu possível ‘criador’, o ex-chefe de arrecadação da campanha da presidente Dilma Rousseff.
     Mais uma vez, no entanto – para sorte desse país tão ultrajado nos últimos tempos -a quadrilha tropeçou nos seus próprios tornozelos, com a prisão do doleiro e dos operadores oficiais petistas, e em um juiz corajoso e independente, o paranaense Sérgio Moro, que não se dobrou às ameaças e campanhas sórdidas que foram despejadas sobre ele. Aliás, um comportamento tipicamente petista, a se levar em conta o que houve com o ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa.
     Para gáudio da parte decente dessa nação, os bandidos presos, ao contrário do que aconteceu no Mensalão, decidiram contar o que sabem, para escapar da cadeia. O ‘fantasma’ do publicitário mineiro Marcos Valério, acorrentado a quase 40 anos de prisão, deve ter assombrado os quadrilheiros, algo que os mentores do assalto não imaginavam que poderia acontecer.
     A canalhice é tão estonteante que desestabilizou a procuradoria geral da República, propensa, no começo, a olhar a bandalheira com certa leniência. Outro fator fundamental tem sido a determinação do juiz Sérgio Moro em responsabilizar os donos de empresas envolvidas na roubalheira. Assustados com a possibilidade real de trocarem suas suítes cinematográficas pelos catres de presídios federais nos próximos anos, os magnatas parceiros do PT estão começando a esbravejar.
     Afinal, estavam levando vantagem, sim, ao dividirem o grande bolo das obras federais, sempre superfaturadas ou aditivadas. Mas estavam jogando o jogo proposto pelo governo e pelos que gravitam em torno do projeto de poder atual, que se locupletavam direta e indiretamente.
     E o que sabemos, até agora, é apenas uma pequena mostra do que virá com o prolongamento das investigações e a formalização das acusações, que envolverão algumas dezenas de cabeças coroadíssimas dessa lastimável república petista. A vaca não apenas está tossindo. Está indo para o brejo ...

     E ainda há quem defenda essa corja.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Sombras argentinas

     Há um silêncio 'sepulcral' nas hostes companheiras sobre a morte suspeitíssima do promotor argentino Alberto Nisman, na véspera de denunciar formalmente a presidente Cristina Kirchner de envolvimento no acobertamento dos culpados pela ação terrorista que provocou a morte de 85 pessoas, em Buenos Aires, em 1994, para agradar aos dirigentes do Irã. A turma ainda não encontrou, sequer, um jeitinho de manifestar seu "apoio irrestrito" ao governo Kirchner.
     A tese do suicídio, possível, sim, vem sofrendo algumas derrotas. Já se sabe, por exemplo, que não havia pólvora nas mãos do morto (o que pode acontecer quando a arma usada é de calibre 22) e que a porta dos fundos do apartamento estava incompreensivelmente aberta, e não trancada por dentro, como alegaram precipitadamente as 'autoridades policiais'.
     Outro elemento um tanto ou quanto difuso entrou na história: um provável ex-agente policial argentino procurou os investigadores para dizer que a arma do crime era sua e que a “emprestara” ao promotor, a pedido dele, para que se defendesse.
     Embora inimigo de teorias conspiratórias – ao contrário, sou absolutamente contra suposições infundadas -, não consigo deixar de ver semelhanças entre esse crime e a morte do major da Aeronáutica Rubens Vaz, no famoso ‘atentado da Rua Toneleros’, no qual saiu ferido o jornalista Carlos Lacerda.
     O mandante, como o país ficou sabendo, foi o chefe da guarda pessoal do então presidente Getúlio Vargas, Gregório Fortunato, inconformado com os ataques desferidos pelo jornalista e futuro governador da antiga Guanabara ao seu chefe.

     O fim foi trágico: Getúlio optou por sair da vida para entrar na História. Cristina não tem essa dimensão. Pode acabar na cadeia, simplesmente.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Ela é a cara da cultura

     Não conheço a nova secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, a professora Ivana Bentes. Ainda bem. Essa senhora, de acordo com reiterados atos e palavras, deve ser uma das campeãs nacionais em demonstrações de estupidez e desvio ideológico. Há um ano e meio, alinhou-se aos vagabundos autodenominados Black Blocs e defendeu, ardorosamente, a boçalidade expressa nas nossas ruas e avenidas, incluindo, nesse pacote, uma violenta campanha contra a liberdade de imprensa, disfarçada como crítica ao que essa gente chama de grande mídia.
     Para ela, parceira da foragida arruaceira Sininho, o caminho do jornalismo passaria pela extinção dos jornais e revistas com algum conteúdo, defensora ardorosa que é de uma tal de mídia que podemos chamar de ‘ninja’, seja lá o que sabemos que isso é, de fato.  Não seria necessário dizer que é, também e principalmente, uma exaltada militante petista. O perfil que emerge de sua ‘trajetória ideológica’ não deixa dúvidas.
     Por tudo isso, pode-se depreender que é a pessoa indicada para participar de mais um desgoverno. Tem o arcabouço intelectual e filosófico perfeito, adequado à nulidade que emana da presidência. O que mais me assusta, no entanto, é seu – digamos – ‘histórico profissional’ recente. Essa senhora foi diretora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. E, segundo os padrões vigentes, teria todas as prerrogativas necessárias para presidir o sindicato da classe.
     É isso mesmo: ela era a responsável pela formação das novas gerações de jornalistas, profissão que ela certamente odeia, pois militava pelo seu fim. Ou pela sua ‘reestruturação’ nos moldes petistas, adequada ao tal controle social da mídia sonhado por esses fascistas travestidos de revolucionários.
     Esse é o tipo de militante ‘intelectual’ que pulula na área das ciências sociais, que deveriam ser, naturalmente, libertárias, democráticas. Infelizmente para esse nosso sofrido e tripudiado país, nossos ‘cientistas sociais’ gostam, mesmo, é do modelo cubano de liberdade, do antigo jeito soviético de governar. Têm ‘esgares’ com os talibãs. Sonham com os momentos gloriosos da ‘verdade’ expressa no antigo Pravda. Adorariam editar por aqui algo semelhante ao cubano Granma, o jornaleco dos irmãos Castro que o povo usa para fins menos (?) nobres, em função da escassez de papel higiênico.
     É inacreditável. Como é que alguém com essa folha pregressa pode ser indicada para o Ministério da Cultura? Só mesmo em um governo que recomeça, agora, como começou, há quatro anos: desmoralizado por denúncias de escândalos e ameaçado de ter seus dias interrompido por processos criminais.
     PS: O Globo de hoje também destaca que essa militante da intolerância criticou a presidente Dilma Rousseff, há algum tempo. 'Críticas à esquerda',´é claro, como diria um velho amigo. 


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Lavanderia de mentes sujas

     Para quem tem memória ‘curta’ (seletiva?) ou não lembra, mesmo, aí vai uma ‘releitura’ da frase do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre a inclusão de seu nome em uma lista de beneficiados pela roubalheira petista na Petrobras: quando ele se refere a uma “alopragem”, está se remetendo à classificação feita pelo então presidente Lula dos responsáveis pela compra e produção de dossiês falsos contra adversários políticos.
     Na ocasião, Lula, já espremido na parede pelo escândalo do Mensalão, disse que essa compra só poderia ter sido feita por “aloprados”. Eduardo Cunha não desceu a detalhes, mas todos os que acompanharam minimamente aqueles momentos sabem que o atual ministro Aloísio Mercadante, senador à época, foi apontado como ‘mentor intelectual’ da patranha, quando se descobriu que um de seus assessores tinha intermediado a pilantragem.
     Assim, de maneira ‘diretamente indireta’, Cunha aponta o dedo para o homem forte dessa segunda administração Dilma Rousseff, responsável pelas ‘articulações’ destinadas a definir o futuro presidente da Câmara, cargo pleiteado pelo peemedebista.
     Mais uma luta ‘intestina’ (afinal, PT e PMDB são praticamente siameses), provavelmente capaz de produzir descargas imprevisíveis. Não podemos esquecer que foi por causa de uma briguinha entre iguais (Roberto Jéfferson e José Dirceu, ambos condenados) que explodiu o Mensalão.


Doze anos de ignomínias

     Por conhecer um pouco da nossa história recente, marcada pelos mais devastadores desvios de conduta, não ficaria totalmente decepcionado se descobrisse que o ex-governador e atual senador mineiro Antônio Anastasia, do PSDB, recebera, de fato, a tal mala com R$ 1 milhão para sua campanha à reeleição em 2010, como teria acusado um dos quadrilheiros envolvidos na Operação lava-Jato, o ex-policial federal conhecido como ‘Careca’, uma das ‘mulas’ do doleiro petista Alberto Youssef.
     A dignidade, pelo que depreendemos do desenrolar dos fatos nos últimos doze anos, não é, definitivamente, uma das características mais marcantes da política brasileira. A sucessão de escândalos em todos os níveis, em especial no primeiríssimo escalão dessa nossa sofrida Nação, chegou a níveis jamais vistos, comparáveis ao de países sob governos historicamente corruptos, como a Rússia e republiquetas africanas. Portanto, a presença de pessoas teoricamente honradas, como o senador mineiro, na relação de bandidos comuns não me surpreenderia.
     Nossos jornais, hoje, entretanto, começam a colocar a acusação em termos, com a divulgação de declarações de advogados e do principal operador do roubo petista, o doleiro Youssef, inocentando o ex-governador, que se confessou devastado, reforçando a determinação de ir até o fundo das investigações, o que incluiria uma acareação com seu acusador.
     Esse último conjunto de acontecimentos dá um certo estofo à tese levantada pelos líderes oposicionistas: seriam acusações falsas, destinadas a minar o andamento das investigações e refrear o ímpeto de alguns políticos mais destacados, entre eles o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Uma espécie de chantagem semelhante à que o ex-presidente Lula submeteu o ministro Gilmar Mendes, do STF, quando do julgamento do Mensalão, até então o maior assalto institucional aos cofres públicos.
     Uma espécie de aviso: “Ou vocês param, ou nós vamos jogar lama em muita gente”, é o que sugere o episódio, que parece ter sido mais um tiro no pé desferido pela quadrilha instalada no país. Ao invés de retrocederem, temerosas, as lideranças oposicionistas vêm exibindo mais disposição de aprofundar as investigações sobre o assalto à Petrobras, destinado – segundo depoimentos oficiais e aceitos pela Justiça – a financiar campanhas e candidatos petistas e assemelhados, entre eles a própria presidente Dilma Rousseff.
     Pelo retrospecto recente, essa interpretação – a de que o PT e seus asseclas estariam tentando chantagear adversários – é a que, a meu ver, tem mais sustentação. Nos últimos anos, tudo de mais desprezível nesse país teve as digitais petistas, começando pelas circunstâncias do assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, em 2002, após ele ter decidido denunciar o esquema de achaque de empresas de ônibus no interior paulista, destinado a arrecadar fundos para o PT, segundo irmãos do prefeito morto.
     Seguiram-se, não necessariamente nessa ordem de importância, o Mensalão do Governo Lula; a produção e compra de dossiês falsos contra opositores; o escândalo envolvendo a empresa Portugal Telecon, que continua rendendo ‘frutos’, em Portugal; a distribuição de dinheiro pelo país, abortada com a prisão de um assessor petista com a cueca recheada de dólares; o balcão de vigarices instalado na Casa Civil, à época da ‘ministra’ Erenice Guerra, que continua sendo convidada para as festas palacianas; o lastimável envolvimento do ex-presidente Lula com a chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa, financiado com dinheiro público; as falcatruas da mesma Rosemary, que usava o nome do ‘chefe’ para abrir portas e cofres; a série de demissões de ministros e funcionários de primeiro escalão no início do primeiro governo Dilma; e, afinal (nunca diga finalmente, em casos envolvendo o PT), a abissal roubalheira na Petrobras.
     Para que vocês não tenham dúvida quanto à dimensão estratosférica da devassidão, só me dei conta, agora, que deixei passar mais um escândalo de proporções gigantescas, relegado ao fundo do baú de indecências petistas e assemelhadas: o assalto produzido por agentes públicos e pela Delta, a empreiteira queridinha do PAC, que também irrigou campanhas e bolsos com caminhões de dinheiro roubado de obras públicas.
     E ainda há quem defenda essa corja.



sábado, 10 de janeiro de 2015

A bengala dos desatinados

     Não posso garantir quem foi o autor da observação, perfeita. Se Rodrigo Cobra ou Gustavo de Almeida, amigos além do Facebook. Acho que foi uma criação conjunta. Confesso que gostaria de ter tido a rapidez de raciocínio deles para definir, em uma palavra, a vigarice supostamente analítica de uma enorme gama de desclassificados apoiadores de terroristas: “mas”. Perfeito.
     Se alguém decente se depara com o uso da conjunção adversativa em um texto sobre o ataque terrorista à democracia, pode ter certeza de que o autor do texto é um vagabundo ideológico, um daqueles seres desprezíveis que vicejam nos regimes viciados, corruptos e corruptores, como o nosso atual.
     Tudo o que eles supostamente condenam nas quatro ou cinco primeiras linhas serve, apenas, para dar substância ao estelionato ‘intelectual’ que invariavelmente se segue. O uso do ‘mas’ é a prova irrefutável da cumplicidade, da tolerância com o crime, da insanidade que marca um grupo que se propõe à frente dos demais. Um grupo – e isso é uma constatação, não uma ilação – invariavelmente ligado ao atual esquema de poder.
     É – guardadas as proporções – o mesmo artifício caolho que essa gente usa quando acuada pela profusão de escândalos nessa lastimável era que entra no seu décimo-terceiro ano. “Mas isso sempre aconteceu”, repetem os vigaristas ao serem esmagados pela roubalheira geral e irrestrita espalhada por todos os cantos dos últimos governos.

     O ‘mas’, como bem registraram Rodrigo e Gustavo, é a bengala dos coniventes com os desatinos nacionais e internacionais. É nesse monossílabo simples e corriqueiro que reside toda a base da sua argumentação, quase sempre montada em bases irreais, números que não resistem a um escrutínio, fatos distorcidos.

Irmanados na ignomínia

     Não tenham dúvida: a turma que defende terroristas é da mesma laia da que apoia o atual esquema de poder prevalente no Brasil. Essa gente é fruto de um processo de desordem mental, algo patológico, estúpido, essencialmente criminoso. É a militância do ‘nós e eles’, que aposta na divisão, no embate, na destruição de adversários, nos fuzilamentos formais e retóricos, jamais no diálogo, no cumprimento das leis, no respeito à Justiça, na democracia, em síntese.
     É a quadrilha da revolta seletiva, que defende os que classifica de ‘bons assassinos’, ‘bons ditadores’. O mesmo bando que não perdeu um minuto sequer para analisar a dor de famílias que foram vítimas recentes da extrema violência que impera nas nossas cidades, o Rio, em especial. Que sequer comentou a última decisão do governo russo, que proibiu travestis, entre outros, de dirigir automóveis; ou as chibatadas vertidas nas costas de um dissidente saudita.
     A mesmíssima malta que ignorou as dezenas de prisões havidas em Cuba, o massacre de manifestantes na Venezuela, a boçalidade do governo coreano do norte. Mas que não perde tempo em denunciar as ameaças advindas do crescimento da ‘extrema direita’ (como se ela, essa extrema, fosse diferente ou menos devastadora do que seus opostos).
     


quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Sobre terroristas de vários matizes

     A evidente condescendência de grande parte de nossos ‘pensadores’ com os terroristas que assombraram o mundo, ontem, ao assassinar 12 pessoas em Paris, não me surpreendeu – lamento admitir. Também não me surpreendi com a disfarçada defesa dos assassinos, subentendida em algumas entrevistas protagonizadas por legítimos representantes da nossa aparelhada área de ciências humanas. E é claro que já esperava o silêncio dos nossos partidos de ‘esquerda’ (seja lá o que sabemos que isso é), em especial o PT.
     Afinal, toda essa gente nutre um ódio visceral contra a liberdade, algo tão transcendental e que representa um entrave aos seus sonhos espúrios, à sua patológica busca pelo poder absoluto. No caso específico dos protagonistas de entrevistas, professores de universidades públicas, eu até já esperava algo semelhante, em função de experiências recentes, frutos da minha volta à vida acadêmica, quase quarenta anos depois de ter frequentado, pela última vez, uma universidade.
     Para não deixar dúvidas, quero reafirmar que os dois últimos anos passados no curso de História da UFRRJ têm sido absolutamente gratificantes, pela possibilidade de debates, convívio com novíssimas gerações e por desafios intelectuais que eu já não me imaginava com determinação para desenvolver. Mas essa moeda tem dois lados, como eu já antevia e pude constatar ao longo dos quatro primeiros períodos de estudo (começaremos o quinto período em março).
     Com raríssimas exceções – aquelas que apenas confirmam a regra -, o corpo docente da nossa área de conhecimento é formado não apenas por professores, mas por militantes, combatentes a serviço de um projeto político. Assim, as salas de aula, não raro, transformam-se em palco para proselitismo, com um agravante: a evidente ascendência sobre jovens que mal deixaram a adolescência, presas fáceis de discursos fantasiosos e sem substância, rancorosos, inflados com dados falseados, manipulados.
     Vivi, pessoalmente, um episódio que ainda não consegui digerir integralmente, e que pode ajudar a compreender a visão doentia de determinados analistas políticos requisitados no campo acadêmico: um assassino claramente psicopata foi aplaudido entusiasticamente durante um seminário que pretendia debater os 50 anos do golpe militar.
     Convidado para participar de uma mesa de debates, o autodenominado ‘comandante Clemente’, aliciado aos 15 anos pelo criador da Aliança Libertadora Nacional, Carlos Marighella, vangloriou-se de ter assassinado o primeiro “inimigo” quando tinha 17 anos. E de não ter parado com os assassinatos, desde então, até se exilar em Paris. Não satisfeito, defendeu os black blocs (lembram-se deles?) e conclamou os jovens assistentes a ir para as ruas e a quebrar tudo, sim, “por que não?”.

     O responsável pela mediação da mesa – um professor com enorme trânsito entre os jovens alunos - foi o primeiro a aplaudir, de pé, essas insanidades. 

domingo, 4 de janeiro de 2015

Sem tempo para relaxar ou A canalhice não tem fim

     Essa gente não nos dá tempo, sequer, para respirar, relaxar antes de começar um novo ano. As canalhices continuam sendo despejadas na nossa frente diariamente, de maneira acintosa, com uma desfaçatez que nem mesmo os mais céticos poderiam imaginar. Vivemos uma grande bandalheira há doze anos, sem intervalo. Os quadrilheiros, no geral, surgem do mesmo lugar, da mesma horda ‘política’.
     Hoje, soubemos, pelo Globo, de mais uma pilantragem petista na Petrobras: a criação de uma empresa fantasma para gerir a construção de um gasoduto que foi superfaturado em inacreditáveis e assombrosos 1.800%. E que tem as 39 digitais da atual presidente Dilma Rousseff, da ainda presidente da Petrobras, Graça Foster, do antigo presidente da estatal, Sérgio Gabrielli, e do onipresente Luiz Inácio Lula da Silva, o grande responsável por tudo o que ocorreu de deplorável nesse país nos últimos doze anos.
     O mais incrível, no entanto, é que nada aconteça, de fato. Ninguém está na cadeia ou na vala comum destinada aos corruptos e corruptores. Ao contrário. Um dos principais porta-vozes desse deletério projeto de poder, Gilberto Carvalho, o ex-seminarista que trocou Deus por Lula, ainda teve plateia e aplausos quando, ao deixar o ministério para receber uma sinecura oficial (coisa para mais de R$ 30 mil mensais!!!), teve a audácia de dizer que tinha orgulho de pertencer à “quadrilha” que está no poder, numa resposta fora de tempo ao candidato derrotado à Presidência, Aécio Neves.
     “Não somos ladrões”, bradou ele, na solenidade em que foi premiado com uma ‘bolsa-conselheiro’. Aqui, do meu canto, não tive dúvidas em dizer que são, sim. E as evidências estão todas aí, à disposição de quem não compactua com vagabundagens. A revelada hoje pelo Globo é apenas a mais recente de uma série que promete ser infindável, que está apenas arranhando a superfície do maior assalto institucional aos cofres públicos de toda a nossa história.

     E ainda há quem defenda essa corja.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O olho cego e o calor

     Não sou de ir a shoppings. Na verdade, sou daqueles que preferem ficar em casa, mexendo em plantas, cuidando da piscina para o prazer dos netos. Isso, quando não é possível pegar um carro e sair pelo país, como fiz regularmente nos últimos 20 anos, desbravando lugares como nossas três chapadas principais (Veadeiros, Diamantina e Guimarães), Pantanal, Amazônia e esse incrível Jalapão, pelo qual me apaixonei definitivamente e onde estive sete vezes.
     Mas não resisto – confesso – a uma chance de encontrar Júlia, Pedro ou João Pedro. Por eles, vou até ao Rio-Sul na véspera de Natal, se preciso for. Hoje, para encontrar o molequinho mais novo dos três, fui ao novo Shopping Américas, no Recreio, e tive a chance de esbarrar em figuras que modificaram, até, alguns de meus conceitos sobre pessoas e assemelhados.
     Há alguns meses, na falta de assunto mais palpitante, relacionei alguns personagens aos quais eu preferiria ignorar, como pessoas que mandam ‘arreiar’, quando querem dizer ‘arriar’. Ou que usam óculos no cocuruto, ao invés de nos olhos, como seria de se esperar. Quando vejo, de longe, um sujeito com os óculos escuros cravados no alto da cabeça imagino logo que esteja tentando permear a entrada de conhecimento.
     Pois bem. A ida ao tal shopping, hoje, me ofereceu a oportunidade de descobrir um novo personagem ainda mais deplorável e ridículo, uma espécie de ‘evolução’ do cara que usa óculos na cabeça, para compor um tipo, seja lá isso o que for: é o sujeito que usa os óculos ao contrário. Isso mesmo: ao contrário, com as lentes viradas para trás, na altura da nuca, como se fossem os ‘olhos cegos’ de uma dessas composições brasileiras incompreensíveis.

     Talvez seja o calor, esse calor insuportável.

O crime compensa

     Ao assistir, de passagem, à posse da presidente Dilma Rousseff e ao olhar seus ministros e convidados, não conseguia deixar de pensar que, no Brasil, o crime compensa, sim. Como é possível aceitar, sem que o estômago comece a se revolver, que uma das principais convidadas para a festança tenha sido justamente a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, envolvida até a medula num caso ainda aberto de pilantragem enquanto ocupava o cargo?
     A foto de Erenice ao lado de Graça Foster, a ainda presidente da saqueada Petrobras, publicada hoje em O Globo, entre outros, é a prova mais evidente da promiscuidade e da devassidão que marcam essa era infeliz da nossa história. As duas só estavam lá, convidadas pela presidente, para cumprir um claro e evidente compromisso que passa por um acordo de não-delação.
     Se jogadas na vala comum dos assaltantes dos cofres públicos da Nação, certamente não aceitaram o enterro sem pompas e unilateral, ao contrário do que fez o insignificante ex-tesoureiro petista do mensalão, Delúbio Soares, que assumiu toda a culpa para livrar o chefão de todos os chefes.
     Erenice saiu pela porta dos fundos, mas vem provando que seu ‘prestígio’ continua intacto nas hostes petistas e governamentais. Graça Foster, apesar da dimensão do escândalo envolvendo o assalto aos cofres da Petrobras para financiar basicamente o PT e asseclas mais próximos, continua lá, encarapitada na chefia da nossa maior empresa, impávida, colossal.
     Se a primeira aceitou a demissão quando ficou evidenciada a existência de um balcão de negócios escusos na Casa Civil, a segunda não admitiu levar a culpa pela vagabundagem institucional, pelo esquema de propina ajustado para garantir os recursos necessários ao esquema de poder.
     Erenice contenta-se com as demonstrações públicas de ‘apreço’, como os convites para festanças oficiais. Graça não parece disposta a trocar passivamente a cadeira de presidente da Petrobras pelo banco os réus.

     As duas presenças em Brasília, ontem, deram, para mim, o tom exato do que podemos esperar de um governo que já começa marcado pela corrupção, pela mais vulgar troca de favores, pelo loteamento de ministérios, pela mediocridade dos integrantes do primeiro escalão.