Arte e encantamento
Não canso de demonstrar meu encanto com Júlia, com sua presença de espírito, sua ironia (já é saudavelmente irônica, aos 8 anos), com seu jeito de demonstrar carinho. Ela sabe, por exemplo, que eu sou, talvez, seu maior fã, incluindo na minha lista seus dotes musicais. Assim, sempre que chego para vê-los (a ela e a Pedro, o molequinho de 4 anos), ela, sem aviso ou anúncios, pega a flauta doce e começa a executar as músicas que aprendeu nas aulas do Colégio Pedro II, o 'nosso' colégio (eu também estudei lá, e isso - eu sinto - faz diferença para ela).
Senta perto de mim e começa a tocar, sem exibições, mas por saber que eu vou ficar atento, elogiar seu progresso, estimular, aplaudir. Na última vez em que estivemos juntos, ela tinha tinha um compromisso social: o aniversário de uma amiga, em uma casa de festas. E casa de festas é sinônimo de opções que vão desde uma simples brincadeira a escaladas de paredões.
Depois de algum tempo à flauta, foi trocar de roupa. E ela faz questão de escolher o que vai vestir, os complementos (sapatos, prendedores de cabelo etc). Nesse dia, escolheu um vestido com estampa floral, colocou uma travessa e se deu por pronta. Linda, como sempre. Pouco antes de sair, no entanto, resolveu completar a indumentária. Escolheu um bermuda de malha, justa, que não aparecesse, para colocar sob o vestido.
E explicou o motivo:
- Assim eu posso ficar mais à vontade nas brincadeiras. Eu já estou ficando crescida, não é vovô?
É claro que dissemos que não precisava, que ela é ainda uma criança, que pode ficar à vontade, mas entendemos sua preocupação - embora precoce. Oito anos.
É uma princesa.
Pedro, o provocador
Já o moleque, no mesmo dia, me recebeu com a alegria de sempre, mas evidentemente provocativo. Ele sabe da minha paixão pelo Vasco, paixão que transmiti para minhas filhas. Mas optou pelo time do pai, que é rubronegro. Pois basta eu chegar para ele, depois dos beijos carinhosos, correr e pegar um escudo do 'seu' time e me provocar e gargalhar com minhas reações: - Tira isso de perto de mim, moleque. Vai me dar coceira". Essa disputa leva sempre alguns minutos. Ele correndo para encostar o tal escudo em mim e eu fugindo pelo apartamento.
Quem diria que isso aconteceria, logo comigo ...
Bem-vindos de volta ao blog, Julia e Pedro!
ResponderExcluirAs histórias de vocês me fazem bem à alma. Um antídoto aos "malfeitos" brasilienses...
Eu também não me sinto bem remoendo esses tais 'malfeitos', Terezinha. Seria ótimo, mesmo, se vivêssemos em um mundo de histórias semelhantes às de Júlia e Pedro. Pena que os contos de terror do nosso mundo político sejam tão reais e onipresentes.
ResponderExcluirQue delícia... adorei as duas histórias! Eu me transportei totalmente a elas, chegando a "presenciar" em minha mente - e coracão - os dois capítulos. Excelente! Um beijo pros seus netos e outro pra você! Feliz Natal pra toda a família!
ResponderExcluirCrianças fazem muito bem a todos nós, Solange. E suas histórias completam nossos dias. Feliz Natal para vocês, também.
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