sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Mais um dia a lamentar

     Procurei até agora, quando a tarde já começou há mais de uma hora, alguma manifestação de repúdio ao incrível momento de dissolução moral da nossa política, em especial no primeiro escalão do Governo, alvejado ciclicamente por denúncias de roubalheiras. Não vi uma foto, sequer, de passeata contra os 'malfeitos'. Afinal, hoje é o Dia Internacional de Combate à Corrupção.
     Tentei descobrir algum sinal da UNE, tão combativa em tempos de crise, sempre disposta a gritar, refletindo o espírito irriquieto e combativo do jovem. CUT, CGT, MST ... nada. Não li uma notinha sequer sobre alguém tentando colocar cola na fechadura das sedes do PT, PR, PMDB e afins, esses partidos que fazem parte do tal saco de gatos ideológico que envergonha a nação com sistemáticos exemplos de expropriação do dinheiro público. Não vi uma foto de pontapé no traseiro de vigaristas oficiais.
     A única manfestação de repúdio partiu, justamente, de uma vítima simplória desse estado de desintegração. Está na página do Estadão: uma entrevista exclusiva com o caseiro Francenildo Santos, aquele mesmo que denunciou a presença constante do ex-ministro Antonio Palocci em uma mansão no Lago Sul, uma casa 'tolerante' com comportamentos não-republicanos.
     Francenildo foi perseguido pelo governo de então, um governo do Partido dos Trabalhadores, que - teoricamente - deveria estar ao seu lado, contra "os poderoso" (a supressão do S é uma homenagem aos próceres do PT, que raramente conseguem acertar uma concordância, por mais simples que seja).
     'Denunciado' por uma jornalista, que soubera de um depósito na sua conta (a então colunista de O Globo, Helena Chagas, premiada, agora, com um ministério), teve seu movimento bancário pessoal vasculhada pelo Governo e foi acusado de tudo. Sua vida pessoal foi exposta. No fim, o Brasil ficou sabendo que ele havia recebido uma determinada quantia, sim, mas do pai natural, que nunca o reconhecera como filho.
     Há seis anos Francenildo não consegue um emprego "com carteira assinada" em Brasília. O repórter Eduardo Bresciani, para conversar com ele, foi obrigado a usar o escritório de um advogado. Francenildo não recebe em casa, a pedido da mulher. Sobrevive de pequenos serviços.
     Garantiu ao Estadão que não está arrependido, mas exibe, na entrevista, uma enorme desilusão. Palocci foi demitido de novo, sim. Mas ficou milionário. Todos os corruptos, mensaleiros, cuequeiros e produtores de dossiês falsos seguiram com vida, quase impunes. Ele foi o único condenado.
     Definitivamente, esse não é um Brasil digno.

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