quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Um mapa da incompetência

     Mais redundâncias e diversionismos, provocados pela chegada antecipada da temporada de desastres naturais provocados pelas chuvas. Segundo nos conta O Globo - infelizmente sem o menor apuro crítico (*) - o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra (confesso que não sabia da existência desse personagem), anunciou que há 251 municípios em todo o país muito ameaçados, dos quais 26 (pouco mais de 10%) foram 'mapeados' durante o ano todo.
     Em síntese: depois das tragédias do verão passado, o Governo simplesmente não fez o trabalho de casa obrigatório. Se uma chuvarada parecida com a que ontem desabou na Zona Oeste do Rio passar pela Região Serrana, por exemplo, corremos o risco de ver a repetição de novos desastres, com a inevitável perda de vidas.
     Avançando na notícia - na verdade, uma confissão de incapacidade gerencial -, ficamos sabendo que o Ministério pretende 'mapear' as 251 cidades até 2014, fazendo, em dois anos, dez vezes mais do que foi feito em um. Por mapeamento, entenda-se definir os lugares mais ameaçados para estudar a remoção dos moradores. É um objetivo bem ousado, que carrega com ele uma enorme vantagem: não será cobrado. Ou alguém acredita que essa entrevista do tal Bezerra resista na memória por mais de algumas horas?
     A contragosto, sou obrigado a referendar a crítica que o PSDB - um partido perdido, sem objetivos claros e a ponto de ficar ainda menor, merecidamente, nas próximas eleições - faz ao Governo (não pela crítica - oportuna e verdadeira): o País ficou parado em 2011, atrelado às denúncias de corrupção que marcaram seus mais variados escalões. O PAC - esse grande embuste vendido à população - restringiu-se ao trivial menos variado. Os investimentos foram pífios, o que talvez ajude a explicar a ameaça da repetição, à exaustão, do crescimento zero registrado no último trimestre.

     (*) Eu não confundo sentido crítico com engajamento. Simplesmente não consigo aceitar que alguém escute tantas bobagens, como as que são ditas por nossos políticos e administradores, em geral, sem contestar, discutir. Jornalismo não é apenas transcrever. Para isso existem os diários oficiais.

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