quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Não há espaço para a intolerância

     Nossa Constituição, embora eventualmente imperfeita, exibe, nos seus primeiros artigos, a visão clara dos objetivos nacionais. Logo no seu Artigo 1º, item 3, prega que um dos nossos fundamentos é "a dignidade da pessoa humana", um conceito amplo que abriga, por lógica, as inúmeras vertentes do que a nossa sociedade, ao longo do tempo, considerou ser fundamental.
     De imediato, repudia a pobreza, a falta de assistência médica, a falta de estrutura para uma vida decente. Indo além, no seu Artigo 3, item 4, nossa Constituição afirma, sem deixar dúvidas, que "promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação" constitui um dos objetivos fundamentais do País.
     Bastaria, então, aplicarmos esses conceitos no dia a dia. A homofobia não é tolerável, sob qualquer ângulo. Assim como o racismo, essa forma hedionda de preconceito que ainda resiste - em determinados segmentos - aos avanços da humanidade em geral. "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza", deixa bem claro o Artigo 5º.
     Atitudes preconceituosas, como a amplamente noticiada ontem, nas tevês, e hoje, nos nossos jornais (racismo explícito dirigido a uma jovem negra), devem merecer o repúdio de todos nós. Ninguém pode ficar calado. Embora não representem o sentimento da maioria, esses desajustados de todos os matizes devem ser execrados, para que sua doença interior não se espalhe, contaminando a sociedade.
     O  mundo viveu, há pouco mais de meio século, um dos maiores exemplos do potencial trágico embutido no racismo, no preconceito, na intolerância, na estupidez. Não deve haver perdão para suas manifestações, mesmo isoladas.
     Quando lembro que - sendo filho e neto de imigrantes pobres e quase analfabetos (no lado paterno) e bisneto de uma escrava - jamais senti qualquer discriminação, essa minha angústia aumenta. Fica claro que é possível, sim, viver sem preconceitos. É só querer. E lutar por isso.

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