sábado, 31 de maio de 2014

Ameaça à dignidade nacional

     Não sei bem onde (talvez na revista Veja), mas li que o atual ministro da Justiça (???), José Eduardo Cardozo, é um dos postulantes a uma vaga no Supremo Tribunal Federal, onde sentaria ao lado dos ministros Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, em especial. Não é ainda oficial. Eu diria que, na verdade, é uma espécie de ‘balão de ensaio’, um meio de sondar a receptividade, o repúdio e avaliar se vale a pena correr o risco de condenar nossa mais alta corte de Justiça à desmoralização completa, ao papel de serviçal do projeto de poder que se instalou no país há quase doze anos.
     Não tenho dúvidas, entretanto, que essa hipótese venha sendo cogitada, com carinho. Seria a certeza de que esse último bastião da legalidade estaria definitivamente cooptado, garantindo a complacência necessária à consolidação do já citado projeto de poder. Cardozo tem o perfil ideal para essa função. Jamais atuaria com a dignidade e a independência que Joaquim Barbosa demonstrou ao longo dos anos e que solidificou na presidência da Casa, contra as expectativas oficiais, que apostavam na sua ‘eterna gratidão’ pela indicação feita pelo ‘senhorzinho’ e ex-presidente Lula.
     O Executivo há algum tempo deixou de ser um poder voltado para a totalidade da população, consistente, formado por personalidades de qualificação inquestionável. Antes, é um enorme balcão de negócios, que se expandiu até alcançar o inacreditável número de 39 ministérios. Afinal, havia a necessidade de encaixar todas as correntes, siglas de aluguel e adesistas de toda a hora. E o que é melhor (para essa gente, é claro): às nossas expensas.
     O Legislativo ... O Mensalão do governo Lula e a citada multiplicação de cargos de primeiro escalão exibiram com clareza o que os atuais detentores do poder pensam sobre nosso Congresso. No Brasil dessa lastimável era, há um abominável balcão de compra e venda de apoios, uma troca exorbitante de interesses. Algo jamais visto em toda a nossa história republicana.

     O Supremo surge, nesse quadro, como a esperança que resta à dignidade nacional. Sua transformação em algo semelhante à Corte venezuelana, por exemplo, cortaria qualquer resquício de um destino de nação digna de respeito e credibilidade.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Retratos de uma época

     As comemorações oficiais (contidas, ou não) pela aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa do Supremo Tribunal Federal são o retrato mais acabado dessa fase degradante da vida nacional. Petistas e assemelhados festejam, na verdade, a possibilidade de escaparem ilesos de prováveis novos julgamentos por suas recorrentes investidas contra os cofres e a dignidade públicos.
     Com Joaquim Barbosa no STF – não necessariamente na presidência -, essa gente sabe que haveria, sempre, uma palavra independente e de enorme peso político-institucional no caminho. Poucos homens públicos contam, hoje, no país, com a respeitabilidade emanada pelo ministro, com sua identificação com a parcela digna da sociedade.
     As reações de mensaleiros, de correligionários e de alguns ‘advogados’, em especial, mostram bem a que ponto de vileza pode chegar o ser humano. Ao festejarem a aposentadoria precoce de Barbosa, motivada oficialmente pelo acúmulo de problemas físicos, esses grupos de desajustados estão, de fato, contribuindo para o rebaixamento moral do país.
     Já não falo, sequer, das ameaças à vida e das agressões menos canalhas direcionadas ao ministro. Presumo que esse tipo de comportamento deletério não seja compartilhado por todos os que, de alguma forma, formem ao lado do esquema de poder em vigor. Lamento, no entanto, que não tenha lido ou escutado qualquer manifestação oficial de repúdio a essa escumalha corrupta e racista.
     Também não posso deixar de registrar e de lamentar o que nos espera num futuro bem imediato: dois dos mais importantes fóruns de defesa da constitucionalidade estarão nas mãos de dois ministros com um recente e preocupante desempenho. O Tribunal Superior Eleitoral, determinante nesse momento, já está sob a presidência do ministro Dias Toffoli. O STF ficará sob o comando do também ministro Ricardo Lewandowski.
     Ambos, como recordamos, se notabilizaram, durante o julgamento do grupo (não podemos mais falar em quadrilha) de corruptos que faziam parte do governo Lula, pela defesa intransigente dos acusados, em especial dos que faziam parte do esquema político. Seria absolutamente lastimável e perigo para o país que eles ignorassem a liturgia dos cargos.
    Mais do que a já enorme perda de Joaquim Barbosa, está em jogo a defesa da própria nacionalidade.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Vale-tudo institucional

     Um dos fatos que mais me espantam nessa fase lastimável da vida nacional é o que poderia ser classificado de ‘conformismo’ com situações que normalmente seriam consideradas absurdas, inaceitáveis. O noticiário de ontem, do Jornal Nacional, foi um exemplo dessa sensação. Ao abordar as manifestações realizadas em Brasília, houve, naturalmente, um merecido destaque para a participação de um grupo de índios, até mesmo em função das imagens.
     Afinal, assistir a um grupo de ‘guerreiros’ vestidos, pintados e armados para a guerra desfilar pelas avenidas da capital e enfrentar policiais militares acionados para defender o patrimônio público é um espetáculo absolutamente televisivo e, de certa forma, inusitado. As imagens, por sinal, a essa hora, já devem ter percorrido o mundo e alimentado os comentários sobre o clima nada favorável que os turistas estrangeiros encontrarão aqui, durante a Copa. Em especial a de um policial sendo ‘flechado’ por um índio.
     Exatamente isso: em 2014, na capital do mais importante país sul-americano, um índio acerta um policial com uma flecha. Ficamos sabendo, então, que o agressor foi detido, levado para uma delegacia e ... solto logo em seguida. Ponto final. Nenhum comentário ou discussão adicional sobre o fato de alguém ferir intencionalmente uma autoridade investida no papel de representante do Estado e ir para casa (ou uma oca, que seja) assistir à novela das 9. Ninguém – apresentadores ou autoridades – demonstrou o menor constrangimento com o fato, como se fosse absolutamente natural sair pelas ruas alvejando policiais.
     Na melhor das hipóteses, esse comportamento, que eu chamei de conformista, passa uma mensagem perigosa de impunidade à sociedade: a de que vale tudo, principalmente em anos eleitorais. Se um índio pode flechar um policial que estava cumprindo ordem do Estado, sem maiores consequências, tudo o mais é permitido.
    Aliás, foi essa a mensagem que nossa presidente passou há alguns meses, quando analisou os entreveros em épocas de eleições, antecipando o que ela e seu partido fariam para se manter no poder: em eleição vale tudo, ensinou Dilma Rousseff.



sexta-feira, 23 de maio de 2014

Uma república de medíocres

     Sinceramente: o que é que se pode esperar de um governo que tem o senhor José Eduardo Cardoso como ministro da Justiça?  Eu sei que somos presididos por Dilma Rousseff, mas ela - afinal! - foi eleita pela maioria da população, o que lhe dá legitimidade. É assim que a democracia funciona. Mas não há a menor justificativa para a ocupação de cargo no primeiríssimo escalão por personagem tão medíocre quanto Cardoso.
     Sua única credencial para a função é a cavalar subserviência ao projeto de poder petista, sustentada por uma invejável canastrice retórica. É impossível esquecer sua atuação quando da CPI que desaguou no julgamento do Mensalão do Governo Lula, o maior assalto institucional aos cofres públicos. Estava senpre em segundo plano, em todas as circunstâncias, mas a postos para interferir nas entrevista - em favor dos bando de criminosos, é claro! -, com aquela estudada expressão de indignação.
     A máscara era de reprovação, mas as palavras tendiam invariavelmente para a absolvição das canalhices protagonizadas por seus pares. Puro estelionato. Ao longo dos últimos tempos, à frente da pasta da Justiça (é inacreditável!!!), vem exercendo com afinco o papel de esbirro que lhe foi confiado. Vaza notícias contra adversários; pressiona  policiais, segundo acusações não desmentidas com o vigor necessário; e se presta a papeis deploráveis, esquecido convenientemente, da liturgia que se exige de cargos como o que ocupa, sem méritos.
     O mais grave - e assustador! -, nessa lastimável era que já dura onze anos e cinco meses, é que Cardoso não é a exceção, é a regra. Basta lembrar que Marco Aurélio Garcia, Ideli Salvati e Gilberto Carvalho são ministros 'da casa'. Nunca, em tempo algum da nossa história, houve uma conjunção tão grande de mediocridades e malfeitores (segundo conceito expresso pela própria presidente da República, ao ser encurralada por roubalheiras em sete ministérios, no seu primeiro ano de mandato) em torno do poder central do país.
     Não há literalmente uma semana sem noticiário sobre bandidos e bandidagens governamentais ou assemelhadas. Há sempre um André Vargas de plantão para se locupletar. Essa tem sido a trajetória petista ao longo dos últimos anos. Até mesmo a 'maquiavélica' tese de que os fins (eventualmente 'dignos') justificariam os meios (sempre ilícitos) foi abandonada. São apenas ladrões.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

À moda cubana

     Ao ler, na Veja, que o governo cubano bloqueou o acesso de seus cidadãos ao jornal digital lançado pela perseguida blogueira Yoani Sánchez, fico imaginando a inveja abissal que os irmãos Castro continuam provocando em seus admiradores brasileiros, venezuelanos e quetais. Lá, no paraíso caribenho, os burocratas (na pior acepção da palavra) decidem o que cada um pode ler, saber, ouvir, comprar, vender.
     Na ilha de Cuba do jornal oficial Granma, usado pela população para fins bem pragmáticos (assim como na Venezuela, não há papel higiênico disponível), certamente escândalos como os que vêm marcando inapelavelmente os onze anos e cinco meses do esquema de poder brasileiro jamais seriam divulgados. Algo muito semelhante ao que acontece em outros recantos ideologicamente assemelhados, como a Coreia do Norte e o Irã, para ficarmos apenas em dois exemplos emblemáticos.
     Essa possibilidade - de manipular fatos de forma ainda mais contundente - explica a voracidade com que o PT e seus satélites defendem o que chamam de "controle social da mídia", uma vigarice retórica usada para fugir da conceito real, a censura. Não por acaso, sempre que surge uma oportunidade, o ex-presidente Lula desfia seu ódio contra a imprensa em geral. É um meio de tentar desacreditar os que ousam noticiar indignidades oficiais.
     Assim como lidam mal com a liberdade de imprensa, os atuais detentores do poder vivem em conflito com grupos ou categorias profissionais que vêm agindo à margem do controle oficial exercido pela CUT e MST, braços sindical e de conflito do PT. Tenho observado aqui, ao longo do último ano, principalmente, a enorme dificuldade oficial de agir contra arruaceiros que se aproveitam de reivindicações relativamente justas.
     Encurralados, governos petistas (federal, estaduais e municipais) tentam transferir responsabilidades, criar factoides. Afinal, como se justificariam, ao combater métodos que eles próprios alimentaram e desenvolveram quando buscavam o poder, e que ainda empregam, em regiões não controladas por seus quadros? E esse certamente é outro motivo de inveja: em Cuba e na Coreia do Norte não há protestos, passeatas. 

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Desserviço à Justiça

     São decisões assim, como a tomada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, que ampliam a descrença da população nas instituições. Libertar os acusados de corrupção e desvio de verbas públicas, usando alegações tecnicistas, apenas favorece o florescimento de dúvidas sobre o papel que alguns ministros, escolhidos a dedo pelo atual esquema de poder, se dispõem a fazer.
     O caso do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, é emblemático. Flagrado em conluio com malfeitores, vinha demonstrando, segundo noticiário não desmentido, sinais de depressão e de que estaria disposto a fornecer informações, em troca de menos rigor contra ele e parentes que também foram envolvidos no escândalo.
     Nesse momento, em que um acusado de graves delitos estaria propenso a apontar outros asseclas, respingando inevitavelmente no Governo e nas pretensões eleitorais da presidente Dilma Rousseff, surge a caneta ministerial e lhe confere novo ânimo, uma esperança de empurrar a questão para frente, com a possibilidade - sempre há! - de tudo ser esquecido.

sábado, 17 de maio de 2014

A morte em Marechal

     Eu deveria ter, talvez, seis ou sete anos. Lembro que aquela notícia me abalou por muito tempo. O pai de um vizinho - um rapazola, alguns anos mais velho, e que viria, mais tarde, a ser meu amigo de futebol e conversas sob os fícus que ornamentavam a rua onde eu morava - matara, com um tiro, um homem que agredira o filho, em uma discussão de rua. 
     Ele ficara sabendo da agressão e saiu de casa disposto a confrontar o agressor. Encontrou com ele ali mesmo, no quarteirão onde morávamos. Um tiro, a prisão em flagrante e a consequente condenação. Naquele subúrbio ainda risonho, simples e até certo ponto ingênuo - Marechal Hermes era assim, até os anos 1970 -, um crime com aquelas características e dramaticidade fez parte do nosso imaginário por muito tempo.
     Aos poucos, fomos  todos nós, vizinhos - esquecendo. Eu já passava naturalmente pelo pivô da tragédia. Ele já não era o filho do homem que matara para defendê-lo; era um dos meus companheiros de idas ao Maracanã, para ver o Vasco. Ele mesmo também superara o incidente, ajudado por um jeito expansivo, brincalhão. Até o dia em que o crime voltou à nossa realidade: beneficiado por bom comportamento e por ter cumprido parte da pena, o pai de meu amigo foi solto.
     Olhávamos para ele - um moreno alto, forte e de feições duras - com certo temor, confesso. Uma sensação que aumentou rapidamente: egresso da cadeia, sem mercado formal de trabalho, ele assumiu o comando incontestável do ponto de jogo do bicho que se instalara nas redondezas e que, àquela época, era a maior expressão de delito em nosso bairro. Bons tempos em que bicheiros com família e moradia certa representavam o maior problema em comunidades menos favorecidas.
     Esse caso me veio à lembrança ao ler, hoje, que três homens foram mortos a tiros, não no subúrbio de Marechal Hermes onde vivi grande parte da minha vida. Mas em outro Marechal Hermes, sem qualquer traço de ingenuidade, devastado pelo tráfico, pela superpopulação, pela ausência efetiva dos poderes públicos. Um subúrbio que, a exemplo da cidade, perdeu gradativamente a beleza interior.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Discurso insensato


     Cheguei a pensar - em um daqueles momentos de irritação absoluta - que meu desprezo pelo ex-presidente Lula e por tudo o que ele representa de retrógrado, mentiroso, cafajeste e ignorante tivesse chegado ao limite. Não chegou. Acredito que  está longe de chegar. Basta ler ou ouvir alguma de suas declarações sobre qualquer assunto. A vigarice retórica dessa personagem é inacreditável.
     O Globo reproduz hoje o resultado do encontro do ex-presidente com um grupo de blogueiros - digamos - 'amigos'. Vale a pena ler, sabendo, no entanto, que há o risco de vomitar bem antes do fim do texto. Chefe dos chefes do grupo que assaltou os cofres públicos no episódio que ficou conhecido como Mensalão, Lula tem a ousadia de falar com corrupção, em perseguições realizadas pela ditadura e nas elites.
Logo ele, que quase perdeu o cargo em virtude de roubalheira, trabalhou como alcaguete do DOPS (a acusação feita pelo seu - dele, Lula - ex-secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, não foi desmentida até agora) e se aliou com o que há de mais deplorável na política brasileira, o que não pode ser contestado de maneira alguma.
     Ele sabe com quem fala. Há muito tempo, desde, pelo menos, a divulgação dos 'malfeitos' de sua secretária para assuntos oficiais e (muito) pessoais, Rosemary Nóvoa, Lula não tem  coragem de enfrentar um entrevista coletiva livre. Prefere a companhia de pessoas amestradas para destilar estupidez.

Quem cala ...

     O ministro (???) Gilberto Carvalho continua exercendo a tarefa de recolher apoios ao partido e a seus chefes. Hoje, atravessa o país para tentar convencer antigos aliados a darem uma trégua nas manifestações, para livrar a cara do Governo especialmente durante a Copa do  Mundo. Vem arrecadando mais vaias do que aplausos, colhendo o que ajudou a plantar.
     Ontem (um ontem 'retórico'), segundo irmãos do prefeito Celso Daniel, assassinado em 2002, Carvalho - uma espécie de estafeta petista - circulava pelo interior paulista embolsando a propina que prefeitos do PT cobravam de empresários de ônibus e que era usada em campanhas eleitorais  e para engordar contas bancárias particulares, não necessariamente nessa ordem.
     Embora afastadas no tempo, ambas as atividades constrangem, pela iniquidade. Falando em Recife, como nos conta O Globo, o ex-seminarista que daria a vida por Lula garantiu que o Governo não teme as manifestações e condenou os 'black blocs', como se fossem os únicos responsáveis pelos incidentes. Isso, sem se mostrar envergonhado.
     Seria pedir muito. Embora apontado formalmente pelos irmãos do prefeito assassinado, o ministro não tomou qualquer atitude contra seus acusadores. Assim como também nada fez contra o ex-secretário Nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, que divulgou revelações embaraçosas que teria ouvido do próprio ministro. Apesar das promessas de exigir reparação judicial.
Quem cala ...

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O preço de uma década de indignidades

     É evidente que vai haver Copa, apesar das afirmações em contrário de alguns grupos extremistas. Mas será uma Copa do medo, da tensão, da desconfiança. Por natureza, sou contrário a toda e qualquer manifestação que, de alguma forma, ultrapasse a barreira da civilidade, do respeito ao direito dos demais. Portanto, não seria por oportunismo - já que me encontro entre os adversários formais do grupo que detém o poder no país - que aplaudiria as demonstrações de vandalismo que, mais uma vez, envergonharam a Nação.
     Sou, insisto, radicalmente contrário ao uso do pontapé no lugar da palavra; da pedrada no espaço do argumento. Não de hoje, quando a estupidez me atinge, como fazem os governantes petistas e afins. Assim como condeno o mascarado que quebra vidraças de bancos e lanchonetes, repudiei, com vigor, os desajustados que infernizaram a administração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em especial.
     Apontei, como inaceitáveis, as agressões físicas, sim!, aos empresários que participavam do processo de privatização de alguns setores da nossa economia. Não conseguiria me olhar no espelho se aplaudisse os que encurralam o atual governo , com atos arbitrários e inaceitáveis. Mesmo sendo um duro crítico dese período de trevas, o mais corrupto e medíocre de toda a nossa história.
     Sou obrigado, entretanto, a reconhecer que a culpa dos protestos, mesmo os menos civilizados, cabe inteiramente aos responsáveis por essa fase deplorável da da vida pública. Enquanto contava com a proteção da CUT, a principal central sindical, e de movimentos como o dos sem-terra e sem-teto, o governo petista pairava acima da revolta.
     Os que estavam sempre a postas para apedrejar, recolheram seus estilingues a partir da eleição de Lula, que conseguiu sobreviver ao Mensalão, o maior assalto institucional aos cofres e dignidade públicos, e dezenas de outros escândalos de menor porte, mas nem por isso menos danosos ao erário.
     Essa situação mudou a partir de junho do ano passado, quando o monopólio da insatisfação foi quebrado pela população. A partir da justa e pacífica revolta, o país nunca mais foi o mesmo.
     Desmoralizado pela sequência de atos desabonadores, o Governo perdeu o rumo e o controle da paz e da ordem. A impotência face a manifestações violentas (que eram estimuladas e protagonizadas por seus militantes num passado recente) somou-se ao peso dos incontáveis casos de roubalheira explícita, de desvio de verbas, aparelhamento do estado.
     O Brasil perdeu o rumo e está afundando. E os grandes responsáveis são exatamente os que estão no poder. A demagogia, a mentira, a desfaçatez, a politicagem barata, o assistencialismo deletério, o populismo asqueroso e a mais deplorável sequência de atos indignos estão cobrando seu preço. Justamente às vésperas da Copa que os marqueteiros de plantão apostavam que iria nos orgulhar.

terça-feira, 13 de maio de 2014

A escalada do crime

     O que mais me assusta, nos dias atuais, é o fato de ter uma quadrilha infiltrada no governo, em todos os níveis. Em um momento no passado recente, quando fomos assaltados pela divulgação da roubalheira institucionalizada registrada no episódio que ficou conhecido como Mensalão, imaginei que a comoção produzida no país fosse suficiente para sustar novas investidas nos cofres públicos. Estava enganado.
     Com a demora no julgamento e a reeleição do ex-presidente Lula, a sensação de impunibilidade foi exacerbada. Se nem mesmo o maior escândalo da história republicana foi capaz de derrubar o esquema de poder que estava se instalando, tudo o mais seria possível. Foi como se todas as porteiras amanhecessem arrombadas. A ladroagem, teoricamente em nome de uma 'causa', chegou a níveis inacreditáveis, culminando, agora, com a devastação da Petrobras, um símbolo nacional.
     No meio do caminho entre o Mensalão e afundamento na nossa maior empresa, foram dezenas de casos. Dos falsificadores de dossiês - os "aloprados", na versão lulista - aos sete ministros do Governo Dilma que foram demitidos no primeiro ano, passando por setores intermediários da administração, aparelhados pelo PT e usados como fonte de renda para seus militantes. Quase doze anos de desatinos, marcados pela prisão da cúpula partidária hegemônica.
     A arrogância e a prepotência dos atuais mandatários, entretanto, não foram abaladas. Usando recursos que deveriam ter destino mais digno, inundam programações de tevê, jornais e revistas com um volume jamais visto de publicidade, quase sempre mentirosa. Para acobertar o estupro nas contas da Petrobras, afundam as mãos nos já abalados recursos da empresa. Assistimos, nos últimos tempos, à maior farra publicitária jamais registrada.
     E ainda somos agredidos com notícias sobre recursos contra a condenação dos assaltantes mensaleiros, inconformados com a Justiça.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Assalto continuado

     É inacreditável. Não há um dia sequer sem que sejamos agredidos por notícias sobre pilantragens, roubalheiras, canalhices e afins oriundas do grupo que está no poder há onze anos e quatro meses. A mais recente - jamais diga a última, quando o caso envolve a turma que manda nesse país - nos foi revelada pelo jornal O Estado de São Paulo e exibe o grau de promiscuidade que emana das esferas mais altas dessa infeliz República.
     Ficamos sabendo que o PT (sempre ele!!!) e o PR, irmãos siameses em bandalheiras, usaram o nosso dinheiro, aquele que todos nós pagamos, através de impostos -  e que é distribuído sob a forma de Fundo Partidário -, para financiar a defesa dos condenados pelo escândalo do Mensalão e da ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa, apontada (sem que houvesse desmentido formal) como amante do ex-presidente Lula e acusada por formação de quadrilha e outros crimes.
     Resumindo, essa isso significa que, além de assaltados, pagamos os advogados dos nossos assaltantes. Flagrados com as duas mãos, mais uma vez, nos cofres públicos, dirigentes partidários e advogados tentaram explicar o inexplicável. Houve um, até, que afirmou trabalhar de graça para clientes antigos. Outro afirmou que atendia ao Partido, e não aos dirigentes. E as desculpas seguiram nessa mesma toada, semelhante ao "eu não sabia" inaugurado pelo ex-presidente e copiado por todos os demais que foram apanhados em atitudes pouco republicanas.
     Por muito menos (mas muito, mesmo!!!), o atual senador Fernando Collor - a quem não perdoo, entre outras coisas, por ter sido o responsável pela única vez em que votei em Lula - foi despejado da presidência. Nunca, em toda a nossa história, houve uma apropriação tão descarada dos bens e recursos públicos em benefício de um grupo e em tão acentuado prejuízo da Nação.

domingo, 11 de maio de 2014

Mergulho sem volta na indignidade

     O PT continua na sua caminhada célere e irreversível para imergir no oceano de indignidades que vem alimentando há onze anos, em especial. Vergastado pela condenação de quase todos os seus mais importantes representantes, no episódio do Mensalão do Governo Lula, insiste em ofender a parcela decente do país (maioria, sem dúvida) com a defesa incondicional dos assaltantes de cofres públicos hospedados no Presídio da Papuda, em Brasília.
     Nesse comportamento deplorável, segue a linha traçada pelo ex-presidente Lula, o chefe dos chefes do grupo de corruptos: tenta desqualificar o sistema judiciário, atacando de forma vil o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa. Essa gente, que assina notas oficiais destituídas de um mínimo de decência, é, em síntese, a responsável pelas ameaças à vida de Barbosa, ao alimentar um ódio irracional contra tudo e contra todos os que ousam desafiar seus projetos hegemônicos.
     Ontem (é um tempo retórico), foi a vez de o próprio ex-presidente mais medíocres que esse país já teve atacar as instituições, em uma inacreditável  entrevista a uma emissora de televisão portuguesa. Hoje, coube ao PT, na voz de seu presidente, um medíocre deputado paulista, contestar a decisão de manter o ex-ministro José Dirceu na cadeia, usando argumentos 'carentes de sustentação' (um eufemismo para mentirosos).
     Não satisfeitos com as reduzidíssimas penas impostas ao núcleo político da roubalheira, petistas e assemelhados fazem tudo para transformar o processo  num circo. Dirceu e seus comparsas, em absurdo desacato, já gozam de privilégios impensáveis para a quase totalidade dos bandidos presos por todo o país, tais como celas confortáveis, amplas, com direito a televisão de plasma e banheiro exclusivo e a visitas a qualquer momento, sem filas ou os embaraços comuns aos demais prisioneiros.
     Insaciáveis, querem mais. Ainda bem que temos, à frente da nossa mais alta Corte, um ministro com a coragem e a integridade de Joaquim Barbosa. Infelizmente, por pouco tempo.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Um exemplo de dignidade e coragem

     A cada decisão como a de hoje - rejeitou o pedido do presidiário e ex-ministro petista José Dirceu - o chefe (eu continuando achando que era o subchefe) do 'grupo' que assaltou os cofres públicos no episódio do Mensalão do Governo Lula -, que pretendia 'trabalhar' fora da cadeia -, mais aumenta minha admiração pelo ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal. Num país em que as instituições e empresas estão aparelhadas de maneira jamais vista em nossa história, é um motivo de orgulho saber que temos alguém com  a estatura moral e a coragem de Barbosa.
     Ele é inflexível, duro, capaz de frases como a que ajudou a sustentar sua decisão e que foi reproduzida, entre outros, pelo jornal O Estado de São Paulo: “No caso sob exame, além do mais, é lícito vislumbrar na oferta de trabalho em causa uma mera action de complaisance entre copains, absolutamente incompatível com a execução de uma sentença penal”, frisou. Quantos teriam essa determinação, essa saudável e festejável arrogância?
     Acostumados à subserviência atrelada ao poder - em especial quando é regada a nomeações e favorecimentos que invariavelmente têm acabado em corrupção -, os defensores, aliados e asseclas da 'turma' mensaleira estão bufando de ódio, amarrados à própria impotência e sonhando com o fim do ano, quando a presidência do STF estará nas mãos do ministro que se constituiu no defensor perpétuo dos delinquentes oficiais, Ricardo Lewandowski, uma garantia de trégua por, pelo menos, dois anos.
     O Brasil tem uma dívida impagável com Joaquim Barbosa. Graças, em especial, à sua determinação durante o julgamento do Mensalão, criminosos que fazem parte da cúpula do partido dominante foram condenados à prisão, algo inédito. A Barbosa e a alguns de seus pares, como os ministros Luís Fux e Gilmar Mendes, principalmente, que jamais negaram apoio a ele, mesmo quando confrontados com uma realidade perversa: a chantagem exercida direta e indiretamente pelos atuais governantes e seus acólitos.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Papel vergonhoso!

     Em entrevista à revista Veja, o diretor da ONG Human Rights Watch, José Miguel Vivanco, disse que "o silêncio do governo Dilma sobre violação de direitos humanos na Venezuela é preocupante". Eu seria mais contundente: não há apenas silêncio, mas uma lastimável conivência com os desmandos de Nicolás Maduro, um dos mais grotescos governantes do mundo.
     Essa postura brasileira - de apoio a um governo brutal, ditatorial, estúpido - vem sendo a regra nos últimos onze anos e cinco meses, nos quais sempre estivemos ao lado dos piores, mais acintosamente (como no caso da subserviência ideológica à ditadura cubana) ou um pouco menos incisivamente, em relação aos governos terroristas do Irã e assemelhados ou simplesmente assassinos, como alguns africanos.
     Mas é na América do Sul que exibimos o lado mais deplorável da mediocrização que emana de um 'esquerdismo' que já deveria ter sido soterrado pelos escombros do Muro de Berlim. Apoiamos todos os que agridem os princípios mais primários de uma democracia, como esses lamentáveis governantes venezuelano, boliviano e argentino, em especial. No caos específico da Venezuela, essa postura indefensável é responsável pela escalada de violência que fabricou dezenas de mortos, centenas de presos, inúmeros torturados.
     Como ressaltou o dirigente da Human Rights Watch, não são pequenas escaramuças, desvios eventuais de comportamento. São evidentes transgressões, "graves violações de direitos humanos que estão sendo cometidas sistematicamente e com impunidade num país vizinho".
     Na ótica deturpada da política externa brasileira, no entanto, não há motivos para que o país exerça a liderança natural que tem no continente. Afinal, Maduro é o legítimo sucedâneo de Hugo Chávez, o coronel de opereta que mergulhou a Venezuela na mediocridade em que se encontra mas que gozava de prestígio absoluto nessa Era Lula que por aqui se instalou há pouco mais de uma década.



quarta-feira, 7 de maio de 2014

A aposta no tempo

     O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB de Alagoas) tentou e continua tentando bombardear a CPI criada para investigar a roubalheira institucional na Petrobras, o maior instrumento do esquema de poder que pretende se perpetuar no Brasil. Seguindo ordens expressas do Planalto, não desistiu da empreitada. Vencido o Plano A (impedir, simplesmente, a criação da CPI), o Governo apostou tudo no Plano B, na postergação, em jogar os debates para - pelo menos - depois das Copa.
     Até lá, haveria tempo para o tema despencar das manchetes, substituído inexoravelmente, pelas entrevistas vazias e simplórias do técnico da Seleção Brasileira, pelos gols de Neymar, pela esperada festa da vitória. Até lá, talvez dê tempo, até, de convencer o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, preso no Paraná, a ficar calado e assumir a culpa pelos desmandos, mais ou menos como fizeram o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e o publicitário mineiro Marcos Valério, no caso do Mensalão do Governo Lula.
     O desespero da turma palaciana é evidente e pode ser medido, também, pelo volume absurdo de publicidade oficial que vem sendo despejado nos meios de comunicação, atendendo a dois propósitos que se fundem: abafar o noticiário da pilantragem oficial e aquecer a candidatura da ainda presidente Dilma Rousseff, atingida pelos tímidos artefatos da oposição e pelas bazucas disparadas de dentro do PT e disso que se convenciona chamar de "base aliada".
    Algum desavisado que ligasse a televisão nos últimos dias poderia jurar, por exemplo, que nossa empresa mais relevante navega em mares de almirante, impávida, jogando dinheiro pelo ladrão (na verdade, vem sendo assaltada por ladrões), tal a quantidade de filmetes ufanistas. Seria difícil acreditar que o valor da Petrobras despencou, que foi vítima de uma sequência de atos danosos, que está aparelhada pelo partido dominante, que seu patrimônio vem sendo sucateado.
     Como se vivesse naquele mundo fantasioso dos anúncios,  nossa ainda presidente insiste no discurso medíocre de se apresentar como vítima de oposicionistas insensíveis, que usam a Petrobras para atingi-la. Logo a ela, que não sabia de nada. Distorce lastimavelmente os fatos, associando a divulgação das falcatruas divulgadas a uma espécie de comportamento de lesa-pátria.
     De maneira simplista, estúpida - exibindo o julgamento que faz do brasileiro -, o marketing palaciano tenta colar um rótulo de inimigos do país naqueles que exigem dignidade e não compactuam com a dilapidação dos bens públicos.
   


sábado, 3 de maio de 2014

Os 'investimentos' na Petrobras

     Sou obrigado a 'concordar' com a nossa eminente presidente da República, Dilma Rousseff. Foi mesmo, a partir da chegada do PT ao poder - como ela afirmou em mais um evento eleitoral (inauguração de uma fábrica de amônia na mineira Uberaba) - que a empresa recebeu "pesados investimentos". É verdade, presidente, nunca tanta gente 'investiu' nos cofres da Petrobras, roubando, desviando, financiando campanhas de forma indireta, empregando militantes partidários, loteando as diretorias.
     O resultado de tanto 'investimento' ficou claro nos números mais recentes: a empresa perdeu dois terços do valor sob a administração petista e despencou no ranking mundial, onde ocupa, agora, um modesto lugar, se comparado a alguns anos atrás.
     Além de distorcer a verdade, como habitualmente, nossa presidente voltou à velha cantilena, já desgastada, de que governos anteriores a essa lastimável Era Lula pensaram em privatizar a empresa. Ela sabe que é mentira, mas repetiu essa ladainha sem ficar ruborizada e esquecida de que a Petrobras vem sendo privatizada justamente pelo esquema atual de poder, através de um loteamento indecente.
     A capacidade de mistificação dessa turma é inesgotável. Como lembra o texto de O Globo, Dilma Rousseff ignorou solenemente que a 'sua' Petrobras está às vésperas de ser escaneada por uma CPI (já tem um diretor na cadeia) e a reportagem da revista Época, que apontou mais uma maracutaia - um 'investimento' - envolvendo a empresa: um contrato bilionário com a a empreiteira Odebrecht assinado, 'coincidentemente' (nunca é, nós sabemos!!!), logo após essa empresa doar R$ 20 milhões para sua campanha à presidência.

Escândalo recorrente

     Esses jornais e revistas, especialmente nos fins de semana, não têm jeito, mesmo. Essa turma insiste em divulgar pilantragens, roubalheiras, vigarices, maracutaias envolvendo, em especial (e não por acaso), a turma que está no poder há 11 anos e cinco meses. Não há trégua: a desfaçatez e a avidez com que a companheirada se atirou são impressionantes, até mesmo para um país conhecido mundialmente como corrupto.
     A mais recente foi divulgada pela revista Época e repercutida por O Globo, ambos do mesmo grupo. E, como vem acontecendo, envolve a devastada Petrobras. Segundo a revista, a nossa maior empresa assinou um contrato bilionário (é isso mesmo, bilionário!) com a Odebrecht logo depois de a empreiteira ter acertado uma doação de quase R$ 20 milhões para a campanha da então candidata Dilma Rousseff, coincidentemente, ex-ministra das Minas e Energia e ex-presidente do Conselho da petroleira.
     O tal contrato - para prestação de serviços de segurança, meio ambiente e saúde - foi intermediado por um lobista envolvido nas recentes denúncias de pilantragem na Petrobras. E acrescentam uma dose extra de canalhice às últimas revelações: a armação serviria para enterrar, com o apoio insubstituível do PMDB, uma CPI que, já àquela época, investigaria a Petrobras, presidida por Sérgio Gabrielli, o mesmo que formalizou a compra da refinaria de Pasadena.
     Esse é o grande legado da administração petista: a vulgarização dos escândalos. Não há mais, sequer, um clamor. É como se estivéssemos assistindo a mais uma repetição de uma bandalheira, uma repetição de fatos que se tornaram corriqueiros e que fazem parte do grande projeto de eternização no poder que nasceu após as seguidas derrotas de Lula na sua busca pela presidência.
     Nunca, em época alguma, o que é público foi usado particularmente na escala que observamos agora.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Chantagem explícita

     E continua a chantagem contra o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Cumprindo o papel lastimável de um dos porta-vozes da iniquidade, o presidente do PT, Rui Falcão, acusou o ministro de estar colocando a vida do mensaleiro condenado José Genoíno em risco, ao determinar sua volta para a cadeia.
     Ele finge que a decisão de Barbosa não foi tomada após uma rigorosa bateria de exames por juntas médicas idôneas e de qualificação indiscutível, que atestaram seu bom estado de saúde, muito melhor - e essa conclusão é minha - do que a de milhares de criminosos amontoados nas celas de nossos presídios.
     Se mantivesse Genoíno em prisão domiciliar, a Justiça estaria, aí, sim, cometendo um agressão à sociedade, ao admitir tratamento diferenciado para um criminoso incomum, pela agressão que perpetrou contra a institucionalidade.
     Rui Falcão, definitivamente, faz parte da minha lista dos dez mais deploráveis políticos brasileiros de todos os tempos.

Uma dose de demagogia

     Não, eu não faço parte do time dos que torcem para tudo dar errado na Copa, embora esteja cada vez mais convicto de que poderíamos ter investido em algo mais necessário do que doze novos estádios de futebol, metade fadada ao abandono na maior parte do ano. Mas é impossível deixar de apontar mais uma contradição, entre as muitas que cercam a competição, dominada e manipulada por uma entidade particular, a Fifa.
     A Prefeitura carioca acaba de destacar que vai fiscalizar duramente  venda de bebidas alcoólicas no entorno do Maracanã. O secretário de Ordem Pública, Leandro Matieli, segundo nos conta O Globo, chegou ao limite de afirmar que quem for pego bebendo será orientado se desfazer do produto. Se insistir, será preso.
     E foi além: "Mesmo na hora de se desfazer da garrafa ou da latinha é preciso estar atento. Tem que procurar uma lixeira, pois vamos ter equipes do Lixo Zero (multas de R$ 98 a 3 mil para quem descarta sujeira nas ruas)".
     Seria um compromisso elogiável, pois atende ao combate a um dos males do futebol: a violência dos torcedores, exacerbada pela bebida. Mas tudo isso perde qualquer sentido quando sabemos que, por determinação da tal Fifa, a comercialização de bebidas estará liberada no interior dos estádios, para atender às exigências de patrocinadores e em evidente agressão à nossa legislação, que foi alterada para satisfazer à sede de dinheiro da entidade.
     Encher a cara, só com a cerveja oficial da Copa, dentro dos estádios.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Reflexões na Papuda

     O ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, José Genoíno, está de volta ao presidio da Papuda, em Brasília, destino justo para criminosos. Segundo O Globo, vai ficar na mesma cela ocupada pelo companheiro e ex-subchefe José Dirceu (o chefão de todos vocês sabem quem é). Ainda assim, terá à disposição mais espaço e conforto do que toda a população carcerária brasileira, incluindo condenados menos nefastos à vida pública.
     Dessa vez, não foram registradas cenas explícitas de desafio à Justiça e à dignidade da Nação, como no episódios da primeira prisão do grupo de corruptos. Nada de punho cerrado e erguido, nem claque amestrada. Depois das últimas declarações do ex-presidente Lula, a uma emissora de televisão portuguesa, a cúpula petista que está atrás das grades foi escanteada formalmente.
     Ao lado de Dirceu, Genoíno, poderá carpir o abandono moral a que ele e seus asselas foram relegados pelo líder maior dessa lastimável era, que garantiu, há alguns dias, que os condenados pelo STF não eram pessoas de sua confiança.
     De longe, fico imaginando o que pode estar se passando nas cabeças companheiras, depois dessa -  mais uma!!!-  demonstração de falta de 'solidariedade' do ex-presidente, mestre em apontar o dedo para quem estiver na frente, desde que, com isso, fuja da responsabilidade. Basta lembrar o episódio da compra de dossiês falsificados contra adversários políticos, atribuída por ele, Lula,a "aloprados".
     Lula é assim. Ou não sabe de nada, ou joga a culpa nos seguidores. Sem o menor constrangimento, sem culpas, naturalmente. Assim como fazia, ao cantar "as viuvinhas", quando ocupava o setor social do sindicato dos metalúrgicos em São  Bernardo, como contou, radiante, em entrevista à revista Playboy, décadas atrás.
     Lula é isso.