Não sei bem onde (talvez na revista Veja), mas
li que o atual ministro da Justiça (???), José Eduardo Cardozo, é um dos postulantes
a uma vaga no Supremo Tribunal Federal, onde sentaria ao lado dos ministros
Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, em especial. Não é ainda oficial. Eu diria
que, na verdade, é uma espécie de ‘balão de ensaio’, um meio de sondar a receptividade,
o repúdio e avaliar se vale a pena correr o risco de condenar nossa mais alta
corte de Justiça à desmoralização completa, ao papel de serviçal do projeto de
poder que se instalou no país há quase doze anos.
Não tenho dúvidas, entretanto, que essa
hipótese venha sendo cogitada, com carinho. Seria a certeza de que esse último
bastião da legalidade estaria definitivamente cooptado, garantindo a
complacência necessária à consolidação do já citado projeto de poder. Cardozo
tem o perfil ideal para essa função. Jamais atuaria com a dignidade e a independência
que Joaquim Barbosa demonstrou ao longo dos anos e que solidificou na presidência
da Casa, contra as expectativas oficiais, que apostavam na sua ‘eterna gratidão’
pela indicação feita pelo ‘senhorzinho’ e ex-presidente Lula.
O Executivo há algum tempo deixou de ser um
poder voltado para a totalidade da população, consistente, formado por
personalidades de qualificação inquestionável. Antes, é um enorme balcão de
negócios, que se expandiu até alcançar o inacreditável número de 39 ministérios.
Afinal, havia a necessidade de encaixar todas as correntes, siglas de aluguel e
adesistas de toda a hora. E o que é melhor (para essa gente, é claro): às
nossas expensas.
O Legislativo ... O Mensalão do governo Lula e
a citada multiplicação de cargos de primeiro escalão exibiram com clareza o que
os atuais detentores do poder pensam sobre nosso Congresso. No Brasil dessa
lastimável era, há um abominável balcão de compra e venda de apoios, uma troca
exorbitante de interesses. Algo jamais visto em toda a nossa história
republicana.
O Supremo surge, nesse quadro, como a
esperança que resta à dignidade nacional. Sua transformação em algo semelhante
à Corte venezuelana, por exemplo, cortaria qualquer resquício de um destino de nação digna
de respeito e credibilidade.