sexta-feira, 31 de outubro de 2014

É a hora da Justiça

     Ninguém jamais vai me ouvir ou ler defendendo golpes contra governos eleitos democraticamente, como o atual e, infelizmente, próximo. A grande arma para derrubar, em especial, presidentes incompetentes e medíocres é o voto, a cada quatro anos. Estendo essa posição até mesmo em relação a governantes que usam os meios mais deploráveis e canalhas para manipular a população, principalmente os menos assistidos, como ocorreu na última eleição. Cabe aos que se opõem a essas táticas lastimáveis conscientizar o eleitor, mostrar que está sendo manipulado por pessoas sem escrúpulos, capazes dos atos mais indignos.
     Não resta dúvida que a população menos esclarecida e mais necessitada vem sendo manipulada de maneira torpe. Instrumentos de redução da miséria, que não pertencem a qualquer partido político, mas a governos, foram e continuam sendo usados por chantagistas, por pessoas desclassificadas. O discurso vagabundo do “eles vão acabar com isso e aquilo” é o único ‘argumento’ de campanhas sórdidas.
    Há algum tempo, estabeleci um paralelo entre o uso ‘político’ de programas assistenciais e a distribuição de dentaduras no sertão dos velhos coronéis apontados como referências do populismo mais vergonhoso, da manipulação de almas, da exploração dos necessitados. Pragmaticamente, entretanto, reconheço que essas armas fazem parte do arsenal ‘ideológico’ de grupos como o que está no poder. Cabe a nós, sociedade decente, exibir o reducionismo dessa prática nebulosa. E temos mais quatro anos pela frente.
     Tudo isso não invalida, entretanto, minha esperança de que os que vêm empolgando o poder há doze anos e que foram reeleitos para mais quatro devem, sim, ser expostos, cobrados, denunciados sem tréguas. O esquema de assalto à Petrobras e outras empresas públicas deve ser investigado profundamente, até que não restem entranhas escondidas.
     No Mensalão do Governo Lula, até então o mais volumoso achaque já realizado no país, alguns nomes foram poupados, em benefício da estabilidade nacional. Essa postura mostrou-se perdulária. A impunidade do principal responsável por todo o esquema ilícito gerou a confiança empregada nessa nova empreitada de malfeitos. Uma empreitada teoricamente mais sofisticada, com profissionais do ramo da canalhice.
     Ninguém contava, entretanto, com a coragem e independência de um juiz do Paraná. Dessa vez, não haverá desculpas ou subterfúgios. Pelo que ficamos sabendo, graças à independência de nossos jornais e revistas, toda a desfaçatez pública está documentada e registrada. Valores pagos, números de contas bancárias no exterior, extratos, recibos. 
     Escaldados pelo exemplo do publicitário mineiro Marcos Valério, o único a ser condenado, de fato, à cadeia (mais de 40 anos de prisão), dois dos operadores da roubalheira companheira decidiram contar tudo, em troca de benefícios legais. Outros ainda podem seguir o mesmo caminho.

     Não é hora de golpes, jamais foi. Em uma democracia como que a que almejamos ser, a grande arma para expulsar criminosos do poder, excetuando o voto, é a Justiça. 

terça-feira, 28 de outubro de 2014

A primeira vítima do doleiro

     Uma boa notícia para o País e assustadora para o Governo, publicada, entre vários jornais, pela Folha de São Paulo: o Conselho de Ética da Câmara decidiu pela cassação do ainda deputado Luiz Argôlo (SDD-BA), pelo seu envolvimento com o doleiro Alberto Yussef, esse mesmo que afirmou, em depoimento oficial, que o ex-presidente Lula e a atual e reeleita presidente Dilma Rousseff sabiam de todas as tenebrosas transações envolvendo o assalto aos cofres da Petrobras e o repasse de propina para o PT e partidos ‘aliados’.
     Além de Lula e Dilma, há uma penca de governadores, senadores, deputados e outros menos votados (ou sem voto algum) relacionados por Yussef e pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, como beneficiários do maior esquema de assalto aos cofres e dignidade públicos já registrado em todos os tempos. E não há como imputar as denúncias a um ‘golpe eleitoral’, a uma postura antidemocrática, a um apelo ao arbítrio. Todas as acusações partiram e estão partindo, como em todas as ocasiões passadas, de gente de dentro do Governo.
     O público em geral – como diriam os mais antigos – ‘não sabe da missa a metade’. Por força legal, as acusações formais contra pessoas que têm foro privilegiado estão sendo mantidas em sigilo. Há dezenas de personagens do primeiro escalão da nossa vida pública prestes a mergulhar na ‘privada’ retórica. Os fatos necessariamente serão divulgados, como o foram no Mensalão do Governo Lula, até então o maior roubo institucional já registrado em terras brasileiras.
     Por mais que o Supremo Tribunal Federal esteja formado por uma maioria de ministros escolhidos a dedo pelos dois últimos governantes petistas, há um limite ético que dificilmente será ultrapassado pelo colegiado, mesmo sob a presidência do notório Ricardo Lewandowski, o, à época, relator do processo do Mensalão que se transformou no mais vibrante defensor dos quadrilheiros petistas e assemelhados.
     O Supremo e a sociedade, pelos termos do acordo de delação premiada já aceito no caso de Paulo Roberto Costa, serão confrontados por provas das barbaridades cometidas ao longo dos últimos anos. O doleiro Alberto Yussef por exemplo, afirma que tem comprovantes de depósitos, recibos de transferências e documentos variados.
     Por muito menos – menos, mesmo! -, cassamos o primeiro presidente eleito após a redemocratização, o atual senador alagoano Fernando Collor de Melo. As maiores acusações – pelo menos as que mais repercutiam na sociedade - davam conta da compra de um sedã da Fiat (um Prêmio, se a memória não me trai) e da manutenção da Casa da Dinda, residência particular da família Collor em Brasília. 
     Comparados ao estratosférico esquema de corrupção montado na Petrobras e outras empresas governamentais, esses ‘malfeitos’ não passam de meros roubos de galinha, realizados por trombadinhas.
     

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Há um escândalo no caminho

     Em 1960, eu ainda era um moleque que corria atrás de pipas e jogava 'peladas' e bola de gude na rua de terra batida e sem rede de esgotos onde morava, em Marechal Hermes. É claro que ainda não votava. Se votasse, teria perdido: o 'nosso' candidato era o marechal Henrique Teixeira Lott, derrotado pelo desequilibrado Jânio Quadros, o homem da 'vassoura', que renunciaria pouco depois de ter superado a 'espada', símbolo da campanha de Lott.
     A partir da redemocratização, foram sete eleições, das quais perdi cinco, incluindo essa última. Só venci com Fernando Henrique Cardoso, em quem votei duas vezes e votaria quantas vezes fosse necessário. Em todas, mesmo 'derrotado', consegui abrir coração e mente, pensando no país, como um todo. Pelo menos no início das administrações. 
     Não vou mudar, agora. Não consigo torcer contra, embora tenha a absoluta certeza de que as perspectivas são as piores possíveis, especialmente em função do tsunami que vem por aí, com a ampliação das investigações sobre os escândalos na Petrobras, Correios etc.
     O volume de denúncias contra os principais nomes do governo que acaba de se reeleger tende, segundo a maioria dos observadores, a paralisar o país nos próximos meses. Se o Mensalão do governo Lula provocou a crise institucional que quase derrubou o ex-presidente e jogou na cadeia seu primeiríssimo escalão, as denúncias do ex-diretor da Petrobras e do doleiro oficial do PT devem devastar a base da atual e próxima dirigente.
     Com um agravante: se o cliente do Bolsa Família, segundo Lula, pensa que dossiê é um "doce de batata doce" (vejam como ele é preconceituoso e reducionista), os cinquenta milhões de eleitores que optaram pelo candidato da oposição sabem exatamente o que significa o esquema de corrupção sobre o qual se assenta o projeto de poder que vige há doze anos.
     PS: Para ser exato. Eu já estava por aqui nas duas eleições anteriores à que consagrou Jânio, um sujeito que espalhava caspas  falsas no paletó e puxava sanduíches de mortadela do bolso, para se parecer com o 'povo' (qualquer semelhança com o maior demagogo da nossa história não é, como estamos vendo, coincidência). E, embora não soubesse, 'venci' ambas: em 1950, com a volta de Getúlio Vargas; em 1955, com Juscelino. Mas a primeira eleição que me marcou foi a de 1960. Lembro, até, que ganhei uma espadinha para pendurar na camisa.
     PS2: Para quem não lembra, ou não tem paciência para ir ao Google, Lott, 'embora' marechal (o posto foi suprimido da carreira militar, que acaba em general de exército), foi o candidato de uma coligação liderada pelo PTB de Jango, Brizola etc. Jânio era da UDN de Lacerda, Magalhães Pinto e outros. Ex-ministro do Exército, era um legalista e assegurou a continuidade do governo de Juscelino, ameaçado por duas insurreições (a mais grave foi a de Aragarças, envolvendo alguns oficiais da Aeronáutica). Naquela época, votava-se separadamente para presidente e para vice. Jânio ganhou, mas foi obrigado a carregar o vice do PTB, João Belchior Marques Goulart, que acabou assumindo o poder com renúncia do presidente, mas não resistiu ao golpe de 1964. Histórias ...

domingo, 26 de outubro de 2014

O prazer de votar

     Ao encerrar esse saudável exercício de exposição de ideias estimulado pelo período eleitoral, fica evidente, para mim, como é gostoso votar, especialmente para eleger o presidente do nosso País, assim, com pê maiúsculo.
     Minha geração sofreu os desmandos de um período que nos reduziu como cidadãos, ao tutelar o direito mais significativo de uma Nação democrática. Até alcançar novamente a atribuição de escolher, diretamente, o ocupante do posto mais alto da República, passaram-se anos de resistência, de luta.
     Ainda lembro com emoção o comício das ‘Diretas Já’, do qual participei entusiasticamente. Elas, as ‘diretas’, não vieram naquele momento, mas se tornaram irreversíveis. Lastimavelmente, escolhemos o homem errado. Mas a democracia é construída assim mesmo, com erros e acertos, debates, troca de experiências.
     Independentemente do resultado de hoje, é fundamental que todos nós não nos esqueçamos que o Brasil continua aí, amanhã. E que o próximo governante, queiramos, ou não, será de todos nós. Com uma enorme vantagem sobre aqueles que tivemos ao longo de duas décadas: será eleito pelo povo.
     O que não impedirá - de forma alguma - o ainda mas fundamental exercício da crítica, que continuará a ser feita, também independentemente do eleito.

Definições

     Meu voto em Aécio Neves não é 'apenas' no candidato mais bem preparado, com as melhores propostas e cercado diretamente por pessoas decentes, como Marina Silva, Eduardo Jorge, Roberto Freire, Fernando Gabeira, Ferreira Gullar, Nélida Piñon e centenas de outros do mesmo porte.
     É um voto, também, de desprezo pela política mais canalha de todos os tempos; pela roubalheira mais devastadora de toda a história; pela exploração eleitoreira mais cínica e sem precedentes da miséria e dos desassistidos.
     Desprezo pela utilização de discursos reducionistas, miseráveis na essência, que exibem o olhar cínico sobre os mais necessitados. Desprezo por atitudes fascistas de brigadas petistas e assemelhadas.
     Asco pela falta de caráter dos que defendem a censura.

sábado, 25 de outubro de 2014

Dignidade e devassidão

     Vários fatores nessa campanha eleitoral me abalaram e, de certa maneira, parte das minhas convicções em relação ao conceito de dignidade de um contingente de pessoas teoricamente informadas e responsáveis. A cegueira absoluta em relação à degradação moral dessa lastimável Era Lula, que chega aos 12 anos, é, talvez, o principal.
     O Mensalão, denunciado pelo ex-deputado Roberto Jefferson, um parceiro do então presidente Lula, com quem almoçava constantemente e a quem brindava com apresentações de música clássica, no Palácio do Planalto, é apontado como uma manobra oposicionista, algo menor, e não como o que foi: um assalto não apenas aos cofres públicos, mas à nossa institucionalidade.
     Ao roubar para si, para suas campanhas, para pagar contas de políticos da legenda, o PT cometeu um crime capital, é verdade. Mas foi ao subornar partidos e políticos periféricos que ousou conspurcar a Nação, interferindo diretamente em um dos três poderes, na base do regime democrático, no País como órgão vivo.
     Ao produzir, mais tarde, dossiês falsos para atingir adversários, o esquema de poder apenas revelou uma das suas faces mais marcantes: a canalhice, o uso de todas as armas, sejam quais forem, para destruir reputações e, assim, consolidar sua hegemonia. E esse episódio lastimável de nossa história recente também é convenientemente esquecido.
     O mais recente escândalo – espero que seja o último – petista escancarou definitivamente o caráter deletério dos nossos governantes atuais. O esquema de desvio de dinheiro – bilhões de reais!!! – é algo sem similares na vida nacional. A devastação da nossa maior empresa, a Petrobras, não teve precedentes. Logo a Petrobras, que essa gente anuncia defender e que, de fato, privatizou. Seus novos donos - dela, Petrobras - são os desqualificados que deveriam dirigir esse país e que foram flagrados estuprando seus cofres.
     A dimensão desse lamaçal exposto pelos administradores da roubalheira, embora imaginada, não foi estabelecida, de fato. Há indícios claros de que o PT e seus aliados mais próximos serão dizimados. As tais tenebrosas transações já alinhavadas antecipam a chegada, aí sim, de um tsunami sem igual, que pode – mesmo!!! – desembocar na condenação à prisão de um ex-presidente e da atual mandatária.
     Não há aparelhamento do Supremo Tribunal Federal que resista a uma torrente de fatos, recibos, comprovantes de depósitos, planilhas de pagamento e dados bancários de contas no exterior que serão apresentados à Nação durante o inexorável julgamento dessa que é a maior quadrilha de bandoleiros de todos os tempos.
     Não são conjecturas, suposições ou reles disputa entre partidos e partidários políticos. A devastação do país é algo que transcende uma ou outra eleição. Ela terá reflexos nas próximas gerações, na necessária reconstrução do país sob uma direção digna. Já a partir de 2015, ou daqui a um, dois, três ou quatro anos.

     Para encerrar: vagabundos e desordeiros atacaram ontem à noite a sede da Editora Abril, em São Paulo, inconformados com a divulgação, pela revista Veja, da denúncia sobre o envolvimento direto do ex-presidente Lula e da atual presidente Dilma nas pilantragens ocorridas na Petrobras, Correios e várias outras empresas. 
     Essa atitude, fascista, é outra das heranças malditas que essa lastimável era de devassidão vai deixar para as próximas gerações.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Os defensores do crime

     Imaginemos o seguinte cenário: um repórter da isenta revista Carta Capital, por exemplo, consegue ter acesso ao depoimento oficial de um quadrilheiro sobre eventuais malfeitos de, digamos, Aécio Neves. As acusações, por força de um acordo de delação premiada, são necessariamente verdadeiras. O delator chega a detalhes, indica mais de cinquenta nomes, cita cifrões, tenebrosas transações através de bancos no exterior. Tudo documentado, com recibos.
     A matéria chega à redação e um dos editores, em nome de um código qualquer, resolve engavetá-la, para não prejudicar a campanha do candidato. É evidente que isso jamais ocorreria. Se tivesse esse material, a revista seria obrigada, por óbvio, a publicá-la. Se não o fizesse, seria, com justiça, acusada de favorecimento.
     Jornais e revistas não têm compromissos com partidos ou políticos. Seus únicos compromissos devem ser com o leitor, com o direito que a população tem de ser informada sobre fatos que podem ter significado na sua vida, como a possibilidade real de um ex-presidente e a atual presidente estarem envolvidos em falcatruas.
     Se um político não quer ser exposto, que mantenha a dignidade, que não crie uma rede de assaltantes dos cofres públicos, que não se associe a criminosos, que não se locuplete com o dinheiro público.
     Veja cumpriu com sua obrigação ao publicar, hoje, uma edição especial reproduzindo parte das canalhices do atual governo, segundo um de seus parceiros. Foi uma decisão tão coerente e digna que até mesmo o TSE, presidido pelo ministro Dias Toffoli, aquele mesmo que era empregado do PT, rejeitou o pedido petista de impedir a publicação, algo típico de gente que sonha com o ‘controle social da mídia’.
     Mais uma vez a revolta de alguns setores e pessoas – alguns ‘jornalistas’, lastimavelmente – não é com o roubo, com o assalto, com a devastação de empresas, com a degradação moral. Essas pessoas e entidades clamam contra a revista que publica a vagabundagem.

     Lamentavelmente, não há uma palavra sequer de repúdio ao loteamento da nação, ao aviltamento das instituições em nome de um asqueroso projeto de poder. 
     Condenam a divulgação. Defendem o crime. 

sábado, 18 de outubro de 2014

Um dia na vida de um ser deplorável

         O dia (mais um!!!) do ex-presidente mais medíocre que o Brasil já teve foi dedicado a caluniar, do modo mais baixo, como é de seu feitio, o candidato do PSDB à presidência. Não focou seu discurso em críticas à administração de Aécio Neves em Minas Gerais, ao seu programa de governo, às mazelas do partido, que existem e são passíveis de repúdio.
         Esse personagem político, sem dúvida, o mais deplorável, asqueroso e degradante de toda a nossa história, se achou no direito de xingar, levantar suspeitas sobre comportamento moral, como se tivesse um mínimo de dignidade. 
         Logo ele, acusado - por um ex-companheiro de PT, o militante Cid Benjamin, e não por um inimigo!!! - de tentar estuprar um jovem estudante - o 'menino do MEP' - quando esteve preso por fazer greve. Benjamin tomou a iniciativa de tocar nesse tema, há alguns anos, enojado com a postura de Lula. Contou o que ouviu do próprio ex-presidente, ao vivo e a cores. Contou e confirmou, em virtude da repercussão do fato. 
         Lula nada fez, além de escalar um ou outro interlocutor para dizer que tudo não passara de uma "brincadeira". Essa passagem pútrida está nos arquivos do jornal Folha de São Paulo, para quem quiser ver, especialmente historiadores e estudantes de história, que trabalham com 'fontes'.
         Logo ele, que foi acusado - e ficou calado!!! - de ser um informante do DOPS, uma espécie de 'cabo Anselmo do ABC' (para quem não sabe, esse cabo era um agente da ditadura infiltrado no movimento dos marinheiros, assim como Lula, a serviço do delegado Romeu Tuma). 
         A acusação partiu do ex-diretor Nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, nomeado pelo próprio Lula para o cargo. Não, não foi lançada por de um desses 'direitistas' do PSDB e similares.
         Logo ele, que se aproveitava do cargo de diretor social do Sindicato dos Metalúrgicos para 'pegar' as "viuvinhas" que procuravam apoio. Essa história, que deveria causar repúdio em toda a sociedade, especialmente nas mulheres, tratadas como objeto, foi contada por ele mesmo, em entrevista à revista Playboy. Está lá, nos arquivos, para quem tem olhos de ver. Não foi contada por um tucano ou demista. 
         Logo ele, que sustentava a amante (Rosemary Nóvoa, lembram?) com dinheiro e cargos públicos. Que a levava nas viagens oficiais, sem que seu nome (dela, Rosemary) constasse da relação oficial de passageiros. Evitava, assim, que a mulher, Dona Marisa, soubesse de suas estripulias pagas com dinheiro do Nação.
    Logo ele, que se encharcava de uísque importado nas reuniões com os patrões do ABC, nos dias convulsionados das lutas sindicais, nos anos 1970, e saía fingindo que estava dando uma 'dura' nas elites. As testemunhas dessas performances etílicas estão por aí, vivas e com a memória firme. 
         Logo ele ...

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

A UDN de tamancos

         O ex-governador Leonel de Moura Brizola, com a capacidade incrível que tinha para criar imagens definitivas, depois de conviver de perto com o partido que assaltou o poder há doze anos, sentenciou: "O PT é a UDN de tamancos". 
         Para quem não lembra o que foi a UDN, ou para os que não têm um referencial histórico da vida partidária nos anos 1950 e 1960, a União Democrática Nacional, que teve no ex-governador Carlos Frederico Werneck de Lacerda um de seus maiores expoentes, representava, no imaginário trabalhista, o que hoje poderia ser classificado de extrema direita. Um partido da elite branca, de classe média alta para cima e cristã, no que essas qualificações têm de menos agradável.
         Para Brizola, o PT, nos seus momentos de início de afirmação, não passava de um aglomerado de reacionários, golpistas que se anunciavam como progressistas. A única diferença seria, apenas, a fantasia que usavam para se passar por homens comuns, trabalhadores.
         Se ainda estivesse aqui entre nós, agredido, como a maioria decente desse país, pelo esquema de assalto aos cofres públicos perpetrado nessa lastimável Era Lula, certamente reagiria com rigor, apelando, talvez, para uma alusão 'cinematográfica'. Como, com o passar do tempo, os tamancos foram deixados de lado, os companheiros de hoje seriam 'Ladrões de casaca'.

domingo, 12 de outubro de 2014

Histórias de crianças

     Duas histórias de crianças que eu relembro com prazer.

Flávia
     Flávia tinha dois anos, no máximo, e falava tudo. Aprendeu muito cedo a dizer seu nome. E eu exibia essa facilidade, com um toque pessoal.
     - Flávia, diz seu nome para esses tios.
     Ela não titubeava:  - Flávia Viana Ribeiro.”
     Era a deixa que eu precisava:
     - O nome todo, completo.
     E ela, compenetrada, respondia:
     - Flávia Viana Ribeiro Gostosinha do Papai.
     Até hoje, passados tantos anos, eu sorrio quando lembro desses momentos.

Fabiana
     Fabiana, quatro anos mais nova, passou a ser o xodó de todos, incluindo Flávia. Quando tinha seus dez, onze anos, exibia o pai para as amigas. Por essa época, eu ainda circulava nas quadras de futebol de salão com alguma desenvoltura. Em dias de jogos contra equipes de outros condomínios, ela sempre aparecia e pedia um gol especial para ela.
     Na quadra, com esse estímulo, eu não sossegava enquanto não marcava o ‘seu’ gol, normalmente de calcanhar, ou de letra (desculpem a imodéstia). Olhava para ela, que, cercada pelas amigas, sorria e mandava um beijo.

     Fabiana era assim.

Uma união lógica

     A opção lógica e esperada de Marina Silva pelo projeto de Aécio Neves é 'apenas' o exemplo mais recente dessa conjugação de ideias e ideais que passam pelo expurgo do PT e seus semelhantes do poder central. São raríssimos os casos de personagens dignos e relevantes nacionalmente ao lado da ainda presidente Dilma Rousseff. Ao contrário, os aliados petistas representam o que há de mais nefasto, reprovável. Estão ao lado - e não apenas manifestaram apoio!!! - do projeto petista de poder personagens como Fernando Collor, Paulo Maluf, José Sarney e Renan Calheiros.
     Independentemente de qualquer juízo de valor moral, que procuro evitar, sempre que possível, esses representantes de uma política velha e repudiada pelas novas gerações são alguns dos sustentáculos do esquema que manteve e ainda mantém o projeto inaugurado pelo ex-presidente Lula. Um esquema sórdido, de compra e venda de dignidades às custas do dinheiro público, das investidas nos cofres das estatais.
     Os desatinos do grupo dominante, que ultrapassou todas as barreiras imagináveis de devassidão, uniram protagonistas das mais variadas tendências, inconformados com a dimensão das agressões à probidade. Seria impossível, para a parcela digna das nossas lideranças - e ela existe -, apoiar tantos e repetido atos espúrios, alinhar-se a um governo que devastou nossa economia e alinhou o país ao que há de mais atrasado, pernicioso e deletério no mundo.
   

sábado, 11 de outubro de 2014

Uma reação à roubalheira

     Não vejo programas eleitorais. É uma opção, um jeito particular de expressar minha rejeição a essa imposição e ao formato desse tipo de programa. Como ainda não vivo isolado em algum lugar incerto e não sabido de uma das nossas cidades serranas, acabo sabendo de alguns detalhes, do disse-me-disse. Especialmente em um momento como o que vivemos, de ânimos exaltados, de explosões emocionais.
     Foi o que aconteceu hoje. Uma jovem amiga não resistiu ao programa eleitoral da ainda presidente Dilma Rousseff e desabafou: "Não consigo ver isso. Dá vontade de vomitar".
     Essa sensação, pelo que nos revelou a pesquisa eleitoral realizada pelo Instituto Sensus, em parceria com a revista IstoÉ, está se alastrando de maneira avassaladora. Segundo a pesquisa, realizada entre quarta-feira e ontem, o candidato Aécio Neves está 17 pontos percentuais acima de sua oponente. Em números absolutos, 58% e 41%. Com um agravante, para petistas e assemelhados: o índice de rejeição de Dilma Rousseff chegou a estratosféricos 46,6%. Com essa rejeição, de acordo com a o responsável pela pesquisa, não há a menor chance de Dilma de se reeleger.
     É evidente - e a revista destaca esse fato - que esses números retratam um momento muito especial, pelo impacto provocado pela divulgação da roubalheira na Petrobras, em especial. A situação pode mudar, como mudou no primeiro turno em relação a Marina Silva. Ou ficar ainda mais consistente, à medida que novos fatos sejam divulgados, como tudo leva a crer que acontecerá.
     Se o escândalo do Mensalão do Governo Lula não foi suficiente para abater o ex-presidente - apesar de sua gravidade! -, esse novo assalto aos cofres e à dignidade nacionais parece estar sensibilizando, de fato, a população.
     O volume da roubalheira, a consistência das denúncias e a - digamos - 'credibilidade' dos acusadores estão mostrando que são capazes de destruir o projeto de poder implantado no país há praticamente doze anos.
     Não há programa eleitoral que supere, em impacto, as imagens e áudios exibidos em todas as emissoras de televisão, a Globo em especial. A população, de acordo com as últimas pesquisas, acredita muito mais no que está vendo e ouvindo no Jornal Nacional do que nos marqueteiros a serviço do Planalto.
     É por isso que essa gente tem tanto ódio de jornais e revistas independentes.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Os verdadeiros golpistas

     A ainda presidente Dilma Rousseff, nosso segundo mais medíocre governante de todos os tempos (só perde, é claro!, para seu mentor), está se esmerando em declarações estúpidas, certamente estimulada pelos marqueteiros de plantão. É verdade que ela não precisa de estímulo para dizer bobagens, mas até mesmo sua propensão a bazófias é limitada.
     A mais recente, manchete de O Globo, refere-se à divulgação dos depoimentos do seu ex-companheiro de Petrobras, Paulo Roberto Costa, aquele mesmo que foi colocado no cargo pelo ex-presidente Lula, mantido e elogiado por ela, quando de seu afastamento, a pedido. Insisto: a pedido. Ele não foi demitido, como o governo tentou inventar e foi desmentido pela divulgação da ata oficial que registrou a saída do atual delator das roubalheiras companheiras.
     Para a responsável pelo desastre econômico em que se encontra o País, a divulgação de depoimentos oficiais, obrigatoriamente verdadeiros (em função do acordo de delação premiada), é um "golpe" contra seu governo. É evidente que nossa ainda presidente e seus 'próximos' gostariam que o esquema de assalto à Petrobras perpetrado pelo PT e asseclas ficasse oculto do povo brasileiro. 
     A vigarice do 'raciocínio' presidencial só tem precedentes em situações similares no governo de seu criador. Essa gente odeia a liberdade de informação, o direito que nós, cidadãos, temos de ser informados sobre o que acontece nas entranhas de qualquer governo.
     Felizmente - contra a vontade de muitos astros dessa lastimável era de devassidão que assola o país -, vivemos em uma democracia, e não em ditaduras vagabundas, como a cubana, tão apreciada nas altas rodas de Brasília. 
     Nossa imprensa séria - da qual eu tenho orgulho de ter participado ao longo de 40 anos nas principais redações cariocas -, ao contrário do que pregam os ideólogos do 'controle social da mídia', tem tem tido um comportamento equilibrado, divulgando, apenas, escândalos formais, oficiais, públicos. 
     Se há algum grupo, nesse país, especializado em arruinar reputações, em produzir dossiês falsos, ele está incrustado no Governo, e não nas redações.
     Golpe, senhora ainda presidente, é o que vem sendo praticado contra a Nação, com a sua, no mínimo!, complacência.

Uma declaração leviana

     Nossa ainda presidente - em mais uma de suas desastradas tentativas de articular algo que tenha um mínimo de coerência - afirma que a divulgação dos depoimentos que incriminam o PT e seus asseclas é "leviana". Vejam bem: a divulgação é leviana, e não a roubalheira de seus companheiros, amigos, irmãos, camaradas. 
     Assim como seu mentor, mas sem sua capacidade de mentir com naturalidade, Dilma Rousseff 'nega o que não há para negar', como dizia um samba antigo. É uma tática envelhecida, rastaquera. Impossibilitada de escapar da nova onda de lama que está afogando seu governo, a ainda presidente, industriada por sua equipe de marqueteiros, tenta manter a cabeça no limite de sobrevivência.
     Na sua luta desesperada para manter o poder, Dilma e seus pares vão exercitar, ao extremo, algumas de suas maiores qualidades: a calúnia, a mentira, a vigarice retórica. Nada que ela, a ainda presidente, não tenha antecipado há quase dois anos, ao se referir à futura campanha eleitoral: "Em eleição vale tudo", anunciou, sem se ruborizar.
    Os fatos, no entanto, estão se antepondo à canalhice anunciada. A essa altura, a turma que está prestes a se hospedar na Papuda deve estar se lamentando profundamente por não estarmos em Cuba, por exemplo, onde há um jornal oficial do 'partido'. Um jornal ao gosto de ditadores e aprendizes, que jamais publicaria algo que atingisse o rei ou a rainha.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Um governo enlameado

     A imundície começa a vazar aos borbotões dos depoimentos (a tal ‘delação premiada’) do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e do doleiro oficial da quadrilha que está no poder há praticamente doze anos. As manchetes dos principais jornais e revistas não poderiam ser mais objetivas e contundentes: o PT ficava com dois terços da propina paga por empresas envolvidas com nossa maior empresa. E quem acertava tudo era o tesoureiro do partido, o Delúbio Soares de plantão. Simples assim.
     E, mais uma vez, o lamaçal é revelado por alguém de dentro, de um participante do esquema. Como em todas as ocasiões anteriores – Mensalão do Governo Lula, compra de dossiês falsos, desvio de dinheiro destinado a programas sociais etc etc -, as denúncias partiram dos intestinos do governo, uma espécie de ‘fogo amigo’. Em todos os escândalos dessa lastimável era de devassidão, não houve uma denúncia sequer que tivesse partido de alguém da – digamos – oposição.
     São bandidos denunciando bandidos. Criminosos tentado salvar a pele apontando os verdadeiros chefões, os ‘capos’ dessa máfia cabocla. A cada depoimento, novas acusações, mais sujeira. O esgoto, dessa vez, não apenas 'salpicou' no presidente, como no Mensalão. A turma que intermediava os roubos do PT afirma que a campanha da atual presidente, em 2010, foi irrigada com dinheiro sujo. Se irrigou a anterior, certamente temperou a atual.

     Contra esses fatos - não podemos esquecer que os delatores são obrigados a contar a verdade, e provar as acusações -, não há retórica possível, não há desculpas. O atual escândalo envolvendo a Petrobras já é o maior de todos os tempos, pelo volume de dinheiro roubado e pela agressão à própria democracia. 
     Se no Mensalão partidos e políticos foram comprados, no ‘Petrolão’ houve uma distribuição entre asseclas, uma grande e asquerosa ação entre amigos.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Um texto impecável


     Transcrevo, abaixo, um texto que gostaria que fosse meu. É do jornalista Augusto Nunes, na Veja, e retrata, fielmente, o que penso sobre esse momento.

     "Além do Getúlio Vargas de picadeiro e da protetora de bandidos que finge combater, os 34% obtidos por Aécio derrotaram os blogueiros canalhas, os parteiros de boatos infamantes, os assassinos da honra alheia, os comerciantes da base alugada, os colunistas sabujos, os analistas de araque, os milicianos da esgotosfera e os fabricantes de profecias encomendadas. Ao longo desse duelo com a tribo dos sem-vergonha, o senador mineiro também ministrou uma aula de tenacidade, coragem e altivez aos aliados pusilânimes e eleitores que se vergam a malandragens tramadas por qualquer Maquiavel de chanchada".

domingo, 5 de outubro de 2014

Eles não têm 'medida'

     Nossa presidente acaba de "COMPRIMENTAR", duas vezes, seus seguidores. Se fosse apenas incapaz de pronunciar duas frases que façam sentido, ainda poderia ser 'desculpada'. Mas sua desastrosa governança vai muito além de meras agressões ao vernáculo. 
     Ao longo dos últimos anos, foram registrados escândalos para todos os gostos, algo que "nunca jamais, em tempo algum" acontecera por aqui, como diria o mais medíocre presidente que esse país já teve.
     E tudo indica que teremos muito mais pela frente, prevalecendo as 'delações premiadas' dos ex-administradores da roubalheira companheira. O país aguarda fervorosamente as revelações do ex-diretor do coração do Governo na Petrobras e do doleiro e ex-lavador de dinheiro para o PT e seus aliados.

O meu voto

     Votar, no Rio de Janeiro, tem exigido de mim, nos últimos anos, um enorme exercício de racionalização. Não tem sido fácil evitar o voto nulo ou em branco, especialmente para cargos executivos estadual e municipal. Hoje não será diferente. Votarei, com absoluta consciência, em Aécio para presidente, em Otávio Leite (4555) para deputado federal e em Luis Paulo (45678) para deputado estadual. Por exclusão, para tentar evitar o pior, vou ficar com Pezão para governador e com César Maia para senador.
     Em momentos como esse, de eleição, sinto uma saudável inveja de paulistas e paranaenses, em especial, que têm opções bem melhores para governo e senatoria.
     Só para deixar bem claro: não, não há a menor chance de eu optar por determinados desvairados.

sábado, 4 de outubro de 2014

Dignidade não tem preço

     Ao iniciar esse blog, há um par de anos, estimulado por amigos, deixei bem claro que o espaço não era apenas meu, mas aberto às discussões, à troca de ideias, ao saudável exercício do contraditório. Jamais censurei algum comentário, desde que feito com educação e respeito.
     Com o passar do tempo, tive a felicidade de ver que o número de acessos aumentava progressivamente, por afinidade ou curiosidade. Sendo, como é, um espaço aberto ao público, é evidente que poderia gerar reações contrárias, especialmente porque não me omito em relação a temas polêmicos.
     Tenho as minhas convicções e as exponho, de forma independente. Depois de 40 anos de jornalismo diário, nos principais veículos de informação do Rio de Janeiro, nos quais ocupei, sempre, posições de comando, conquistei o direito de, se necessário - e de acordo com minha consciência - confrontar os poderosos de plantão.
     Nada devo a nenhum deles. Jamais tive um emprego público, assessoria ou 'boquinha', assim como nunca fui filiado a qualquer partido político. Digo o que penso, com todos os adjetivos possíveis. E vou continuar assim. É minha maneira de servir ao país. Ao país das minhas filhas e netos.
     Não desculpo ladrões, sejam eles 'ideológicos' ou mero oportunistas. Se dependesse apenas de mim, todos estariam presos. Lamento, profundamente, a cegueira que atinge parte da nossa população, incapaz de reagir à grilagem das riquezas nacionais, ao uso das instituições como adereços de projetos espúrios de poder.
     Lugar de quadrilheiros é na cadeia, independentemente do matiz. Hoje, não resta a menor dúvida, nas pessoas minimamente decentes, de que o grupo de está no poder subverteu todas as regras de decoro, de dignidade. Jamais tivemos um Governo (e entendo esse governo como algo que já dura doze anos) tão viciado, tão degradado.
     Os próximos dias ou semanas serão, certamente, ricos em informações sobre o tamanho do assalto aos cofres públicos perpetrado por agentes do poder. As 'delações premiadas' do ex-diretor da Petrobras e do doleiro oficial da bandidagem irão expor um grau de depravação inédito, estratosférico, capaz - com já escrevi aqui mesmo - de transformar os gestores do Mensalão do Governo Lula em meros ladrões de galinheiro.
     Há quem se omita ou desculpe essa gente, com argumentos tão vagabundos quanto o comportamento dos quadrilheiros. Que chafurde com eles.


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Uma era de desatinos e devassidão

     As manchetes não poderiam ser piores. A ‘política econômica’ do Governo Dilma está empurrando o país para uma praticamente irreversível recessão, com consequências funestas para todos nós. O resultado da balança comercial em setembro, por exemplo, foi o pior dos últimos 16 anos. O dólar disparou, o índice Bovespa entrou em parafuso e a inflação exibe sinais de resistência e a previsão do PIB está em torno de 0,5%.
     Nada disso, no entanto, parece abalar o apoio que uma parte majoritária da população promete conferir à presidente Dilma Rousseff. É como se o país fosse aquele exibido na propaganda oficial, e não o que emerge dos números e das avaliações independentes.
     Eu até entendo esse apartamento da população. Os efeitos danosos de uma administração ruinosa como a atual não aparecem de imediato, especialmente quando os gravíssimos problemas vão sendo jogados para o ano que vem, passada a eleição, como vem sendo feito de maneira criminosa. Esse contexto é difícil de ser absorvido.
     O que me assusta, de fato, é outro tipo de alheamento: o referente à devassidão moral que assola essa administração. Em qualquer lugar de um mundo razoavelmente crítico, governantes como os que temos na esfera federal - principalmente, mas não exclusivamente! – estariam sentados no banco dos réus, afastados da vida pública. Aqui, não, lamentavelmente.
     A sequência infindável de escândalos parece não ter provocado abalos. O envolvimento de praticamente toda a cúpula petista e assemelhada em assaltos aos cofres públicos, corrupção, negociatas e desvio de dinheiro para campanhas é ignorada até mesmo pela parcela da opinião pública que, por mais esclarecida, teria a obrigação de se sentir atingida.

     A mentira, os engodos e a safadeza mais nauseante são encenados quase todos os dias por representantes das diversas camadas governamentais. O exemplo mais recente vem de Minas Gerais, onde um deputado petista nega o que ele mesmo disse – e que foi gravado! – sobre o uso vagabundo de mais uma empresa oficial, Correios, em vigarices eleitoreiras. 
     O Brasil e as próximas gerações, insisto, vão pagar um preço incalculável por essa era de desatinos.