quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Não há motivos para festejar

     Não há o que comemorar hoje, exceto o fim de um dos piores anos da nossa história recente. Um ano marcado pela mentira, pela devassidão e pelo assalto aos cofres públicos perpetrados por um governo que tem tudo para ser ainda mais deplorável, a partir de amanhã, quando Dilma Rousseff tomará posse, para mais um mandato à frente do País.
     Não foi proposital, pensado, mas omiti, sem sentir, de imediato, algumas palavras que completariam naturalmente a frase anterior: ‘quatro anos’. Afinal, os mandatos presidenciais têm essa duração aqui entre nós. No caso de Dilma Rousseff, seria prematuro e até certo ponto irresponsável aceitar que cumpra integralmente a atribuição para a qual foi eleita democraticamente, embora sob o peso de infâmias.
     O escândalo apenas vislumbrado na Petrobras tem um potencial tão grande que ameaça, sim, o segundo mandato da nossa atual presidente. O grau de devastação das delações premiadas que envolvem a quadrilha política é incomensurável e pode atingir de frente o atual esquema de poder.
     Dessa vez, não haverá espaço para as vigarices retóricas usadas quando do episódio do Mensalão do Governo Lula e que acabaram por salvar o então presidente da cassação que se desenhava. O “eu não sabia” perdeu o prazo de validade, pois todos sabiam de tudo. Não se trata de um ‘simples’ roubo de galinheiro, mas de uma complexa estrutura de assalto aos cofres públicos destinado a financiar o PT e seus asseclas.
     O dinheiro roubado da Petrobras era despejado nas contas de políticos e partidos, sob a forma de ‘doações legais’. Uma obra custava 100, o país pagava 150 e o ‘excedente’ era repassado pelas empresas à organização canalha que vem dilapidando nossos patrimônio e dignidade há doze anos.
     E isso ainda não é tudo. Pelo conteúdo de alguns ‘vazamentos’, a maior parte da bandalheira ainda está submersa e refere-se a financiamentos do BNDES, que seguiriam o mesmo ‘padrão’ petista de fazer negócios, de governar: uma empresa precisava de 100, o governo liberava 200 e a diferença migrava para bolsas e contas companheiras.

     Um ano termina marcado pelo estelionato. Começaremos um novo ano sob o peso da indignidade e administrados por um grupo que, em sua imensa maioria, não tem a menor credibilidade para as funções que vai exercer. 

domingo, 21 de dezembro de 2014

Minha frase da semana

  "Caros, os bandidos estão no poder, de alguma forma, direta ou indiretamente". No  texto 'A retórica da empulhação', sexta-feira, 19 de dezembro.

Um projeto bandido

     Não há um analista sério, sequer, que encontre justificativas ou desculpas para a grilagem petista dos cofres públicos. A sucessão de escândalos eliminou qualquer chance de condescendência até mesmo entre os que, de algum modo, ainda nutriam relativo respeito por uma história que se mostrou, muito rapidamente, fantasiosa e inconsistente e que o tempo se incumbiu de desmoralizar.
     É evidente que não estou me referindo aos teclados comprados com verbas públicas, sustentados pelo dinheiro sujo que, em muitos casos, tem a mesma origem da propina paga aos políticos e partidos da base governista. Esses sabujos sempre irão repercutir declarações desclassificadas, como a da presidente Dilma Rousseff, ao afirmar que vai aprofundar a luta contra a corrupção.
     Mas há casos, reconheço, em que o desvario não é movido a propina: é pura e simplesmente desvio de personalidade, uma doença que impede a interpretação dos fatos, enubla a visão, transforma realidades. Só assim poderíamos explicar que pessoas relativamente dignas e conscientes, informadas, ignorem e/ou justifiquem esse degradante processo de espoliação que vem sendo articulado pelos governos petistas, na sua ânsia de se manter no poder a qualquer custo. Um custo que vem sendo pago pela Nação, ao longo dos últimos anos.
     O mais recente e vergonhoso assalto às nossas riquezas é, apenas, a sequência natural de ataques à aos cofres e dignidade públicos. O projeto corrupto e corruptor começou – ficamos sabendo após a morte do prefeito petista Celso Daniel – no início dos anos 2000, quando o PT paulista, de acordo com a Justiça e parentes do político assassinado, começou a achacar empresas de ônibus de municípios governados pelo partido.
     Enquanto o dinheiro enchia apenas os cofres partidários, segundo irmãos de Celso Daniel, o prefeito não ponderava. A partir do momento em que também irrigava bolsos particulares, ele teria reagido, acabando por ser morto. No centro da questão, ainda de acordo com o processo, já surgiam nomes emblemáticos do PT: o ex-ministro e atual presidiário José Dirceu e o quase ex-ministro Gilberto Carvalho, acusado de ser o transportador do dinheiro.
     A esse escândalo, ainda mal-solucionado, seguiram-se outros, proporcionalmente mais ou menos ‘sofisticados’, embora tão ou mais canalhas, como o Mensalão do Governo Lula; o caso do ‘aloprados’ (compra de dossiês falsos contra adversários); dólares na cueca; os episódios de compra e venda de cargos e prestígio no governo, chefiados pela secretária da Presidência em São Paulo, Rosemary Nóvoa, e pela ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra; e finalmente, mas não afinal (ainda seremos ‘brindados’ com outros fatos desabonadores, não tenho dúvida), o assalto à Petrobras, que vem perpassando as últimas administrações petistas.

     Basta um olhar minimamente distanciado para provocar a repulsa das parcelas decentes da população, independentemente de vieses político-partidários. Um olhar ausente entre os vendidos e os cegos pela irracionalidade, pelo ranço ideológico, pelas deformações provocadas por uma análise que a realidade soterrou.

Maluf e Lula, tudo a ver

     Não vejo, sinceramente, motivos para surpresas com a aprovação do mandato do deputado federal Paulo Maluf, do PP paulista. Aqueles que, demagogicamente, expõe sua revolta com a pusilanimidade da Justiça, quase sempre são os mesmos que defendem, ardorosamente, os assaltantes que infestam o governo há doze anos. Para essa gente, eu me permito perguntar: qual a diferença entre Maluf e Lula, por exemplo?
     Ambos são acusados de crimes hediondos, formal ou informalmente (no caso do ex-presidente, as ‘acusações’ ficam por conta do desprezo que provoca entre pessoas que, como eu, deploram seu comportamento político vagabundo). Os dois são amigos fraternos, como provam as fotos que marcam as últimas eleições. São parceiros políticos, unidos umbilicalmente desde sempre.
     Lula teve a sorte de escapar da cassação, quando da eclosão do escândalo do Mensalão. Ao contrário de Maluf, passou incólume por acusações variadas, entre as quais algumas que seriam suficientes para decretar a morte política em qualquer país menos desinformado. Há, até, afinidades do ‘campo financeiro’: os dois são apontados como donos de contas milionárias (em dólares) no exterior.
     Maluf conseguiu se reeleger, mas baixou enormemente o nível de voo: hoje, contenta-se com a deputança federal, algo inimaginável para quem postulou e esteve muito perto da presidência do país, nos tempos de eleição indireta. Lula, ao contrário, ao que indicam notícias de várias fontes, já começou a caminhada para disputar a eleição em 2018, com amplas condições de ser bem sucedido.

     Surpresa eu teria se, afinal, fosse rompida a blindagem que vem protegendo Lula ao longo de toda a sua - digamos ... – vida política. Rompimento que possibilitasse a exposição das suas mazelas, mentiras, contradições, manipulações. E que não o diferenciam do parceiro de todas as ocasiões.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A retórica da empulhação

     Eu tentei dar um descanso ao meu fígado, deixando de lado, por algum tempo, as pilantragens formais e retóricas dessa turma que está no poder há doze anos. Mas não consegui ignorar a frase da presidente Dilma Rousseff, na sua diplomação para mais um mandato, manchete da edição do Globo.
     Segundo o jornal, nossa principal mandatária promete “apurar com rigor” as bandalheiras na Petrobras.  Essa ‘promessa’ nada mais é do que um processo de vigarice retórica que já deveria ter sido banido da vida pública. Em primeiro lugar presidentes não mandam na Polícia Federal nem na determinação de um juiz digno, com o paranaense Sérgio Moro.
     Se, por infelicidade geral da Nação, a Justiça estivesse sob o domínio direto do atual governo, nenhum crime protagonizado por essa turma teria sido sequer alvo de uma leve curiosidade. É mentira – exatamente isso: mentira! – que haja qualquer intenção da presidente em aprofundar investigações, pelo simples fato de a bandalheira ter sido realizada por seus pares, companheiros de partido, de governo, de almoços fraternos, de festas de casamento.
     Caros, os bandidos estão no poder, de alguma forma, direta ou indiretamente. Quando um diretor da Petrobras confessa que os preços pagos a empreiteiras eram superlativados, quer dizer – como disse, textualmente – que a diferença, roubada do país, era transferida para o PT e seus parceiros de crime. Não há como escapar dessa realidade.
    A desfaçatez foi tão grande que gerou uma inesperada e duríssima reação do procurador-geral da República, que vinha se mantendo relativamente neutro até ser impactado pelo teor das delações premiadas. Que ninguém tenha dúvida: a abrangência do assalto à Petrobras e o destino do dinheiro sujo podem, sim, provocar uma devastação geral na cúpula política brasileira, comprometendo, inclusive, o mandato da reeleita Dilma Rousseff.
     Os nomes de políticos envolvidos na gatunagem são a maior evidência de que não interessa ao governo, sob qualquer perspectiva, estimular as investigações. O mais provável que esteja acontecendo, pelos rumores que são ouvidos há algum tempo, é exatamente o contrário: uma forte pressão para esvaziar as investigações, na qual – assim como nas eleições – ‘vale tudo’, incluindo tentativas de difamar o juiz Sérgio Moro.
     Essa mesma prática foi desenvolvida ao longo do julgamento do Mensalão do Governo Lula, até então o maior roubo institucional já registrado no país. O então ministro Joaquim Barbosa foi vítima de quadrilhas especializadas em difamar, além de sofrer ataques racistas. O ainda ministro Gilmar Mendes sofreu uma ameaça de chantagem, partida do ex-presidente Lula, segundo ele mesmo relatou, na época.
     A sujeira de agora, ao contrário do que houve no Mensalão, está muito bem documentada, pelos autores das denúncias, subordinados à quadrilha política liderada por nomes de ‘prestígio’ no PT, de acordo com os depoimentos que começam a ser esmiuçados. A permanência de Graça Foster à frente da Petrobras é outro indicativo da leniência oficial. Uma leniência que, ao que indicam as notícias, é provocada pela impossibilidade de dissociar o Governo das pilantragens.

     Não, a presidente Dilma Rousseff não pretende auxiliar na investigação. Afinal, essa investigação é a grande ameaça que paira sobre o futuro imediato do projeto de poder do qual ela faz parte.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

A 'ameaça da Graça'

    A permanência de Graça Foster à frente da Petrobras por mais um, dois, dez ou duzentos dias não é uma questão de “confiança” da presidente Dilma Rousseff, como disse hoje a dirigente da nossa ainda maior estatal. Tudo depende – e não tenho a menor dúvida quanto a isso – da garantia de que ela, Graça, não trocará a cadeira de maior mandatária da empresa pelo banco dos réus em um processo irreversível e, em seguida, pelo catre de uma cadeia.
     Se for atirada às feras, desamparada pelo esquema que treme de pavor com a possibilidade de uma crise que termine no impeachment da presidente Dilma, é bem provável que Graça Foster não resista às pressões. Por isso, o enorme cuidado do Governo, a presteza com que o ministro da Justiça e de recados da presidência, José Eduardo Cardozo, defende, sempre que pode, a retidão da presidente da Petrobras.
     É evidente que está em curso um jogo que mexe com interesses gigantescos. Se Graça Foster fosse um ministro borra-botas, como aqueles sete que foram defenestrados logo no começo do mandato, por 'malfeitos', tenho absoluta convicção de que a presidente Dilma já teria se livrado dela. Ou se fosse alguém desprovido de coluna dorsal, como o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, aquele que assumiu toda a culpa pela roubalheira do Mensalão do Governo Lula.

     Não é o que parece. Graça Foster, embora claramente engolfada na e pela bandalheira petista que vitimou a Petrobras, não demonstra ter o perfil de quem aceitaria passar um par de anos na Papuda, em nome do projeto de poder petista. Sem falar na possibilidade real de ser obrigada a indenizar a empresa pelos prejuízos causados pela sua administração. 

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A tragédia mal começou

    É evidente que a presidente Dilma Rousseff não pode simplesmente demitir a sua amiga Graça Foster do comando da Petrobras, em virtude da roubalheira abjeta que vem sendo exposta ao mundo. Só um completo idiota ou um vigarista ideológico poderiam (o plural, nesse caso, está correto) supor que a bandalheira surpreendeu os integrantes do poder central dessa devastada República.
     Não foram atos isolados de dirigentes vigaristas, decididos a encher os bolsos com dinheiro roubado do país. Houve – e isso está cada vez mais claro – um complexo esquema de desvio de recursos para contas bancárias do PT e de seus asseclas, incluindo, nesse rol, outros partidos da tal base que dá sustentação à pilantragem institucionalizada; políticos amigos e outros vagabundos em geral.
     Não é, ‘apenas’, uma questão de má-gestão. O escândalo que devasta a Petrobras apenas retrata o projeto criminoso desenvolvido nas principais esferas do poder, uma versão ‘sofisticada’ do que houve no Mensalão do Governo Lula, roubo desmascarado com relativa facilidade.
     Na bandalheira atual, o desafio era transformar dinheiro roubado em doações legais, através de um esquema relativamente simples: uma obra qualquer custa X; o governo paga X mais 30%; e a empresa repassa o ‘excedente’ na forma das tais ‘doações’ permitidas. Temos que admitir que a ideia era boa: um assalto dentro da lei. Nada do desacreditado caixa 2, versão que não ‘colou’ no Mensalão.
    Essa gente canalha não imaginava, entretanto, que um juiz inflexível e decente – o paranaense Sérgio Moro - resolvesse encarar o desafio que surgiu quase por acaso, durante uma investigação da Polícia Federal, a já famosa ‘Operação Lava-Jato’. Muito menos, que dois dos seus asseclas, o diretor petroleiro e o doleiro petistas, decidissem contar tudo o que sabiam, para escapar da cadeia, escaldados pelo exemplo do publicitário mineiro Marcos Valério, condenado a 40 anos de prisão.
     No Mensalão, Marcos Valério acreditou nas promessas oficiais de proteção e acabou ficando com a grande culpa. De todos os envolvidos, foi o mais castigado. Seus superiores na hierarquia do assalto à dignidade da Nação já estão por aí, livres, leves e soltos. Um deles sequer foi processado. Os ‘marcos valérios’ do escândalo da Petrobras, no entanto, preferiram contar tudo. E, aí, tudo desmoronou, ou está desmoronando.
     Os roubos começaram ainda em 2004 e se estenderam ao longo dos últimos dez anos. Durante todo esse tempo, a atual presidente esteve, de maneira direta ou diretíssima, ligada à Petrobras, aos projetos, investimentos, decisões políticas, opções, tudo. E, no mínimo, coonestou toda a pilantragem. Não teria, como não tem, condições morais de demitir sumariamente a presidente que colocou à frente da empresa.
     É um processo que exige muitas conversas, ajustes, garantias. Graça Foster não é um ‘joão-ninguém’, como o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que assumiu toda a culpa pelas pilantragens do Mensalão, para salvar a pele dos chefões (conseguiu livrar um deles, pelo menos). Isso ficou muito claro.

    E ainda não foram divulgados, oficialmente, os nomes dos políticos que recebiam sua parte da roubalheira em dinheiro vivo, na comodidade das suas casas. A tragédia está apenas no primeiro ato.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Carta aberta a uma jovem amiga

     Carta aberta a uma jovem amiga que ponderou, delicadamente, como sempre, se eu não deveria ter analisado os antecedentes, antes de ter condenado vigorosamente a conduta do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) em recente e deplorável incidente. Como o questionamento foi apenas parcialmente público, vou me reservar o direito de chamá-la apenas de B.
     “Cara B. Eu conhecia o episódio protagonizado pela ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, há alguns anos. Já assistira à agressão verbal que endereçou ao deputado Bolsonaro, chamando-o de “estuprador”, quando ele exercia o direito constitucional de defender os governos militares, em uma entrevista. Uma agressão que merece todo repúdio.
     É evidente que ela extrapolou. Não me espantei na época. Não me espantaria agora. Maria do Rosário é uma espécie de ‘Sininho com imunidade parlamentar’, uma desajustada política, radical e estúpida como a maioria absoluta dos seus (dela, é claro!) parceiros de partido, o PT. Se tivesse vivido nos terríveis anos 1960 e 1970, certamente estaria entre os assaltantes de banco que causaram a morte de dezenas de pessoas inocentes, argumentando que estaria defendendo a democracia, algo que jamais esteve em consideração, nos dois lados em conflito.
     Ao longo de sua presença no Governo, essa militante petista criou sérios embaraços à institucionalidade, ao estimular revanchismos que o tempo e a concertação nacional já deveriam ter sepultado. Infelizmente, como vimos recentemente, na divulgação do relatório da Comissão Nacional da Verdade, ela não é a exceção nesse projeto de retaliação fora do tempo e em desacordo com a vontade majoritária da nação.
     No entanto – quase sempre há uma ressalva, quando o assunto é tão polêmico -, mantenho minhas críticas, minha repulsa. Ao dizer que Maria do Rosário não “merecia” ser estuprada, Bolsonaro admitiu, implicitamente, que poderia merecer, caso fosse mais ... digamos ... ‘agradável ao olhar’. Ao exacerbar a falta de encantos da oponente, Bolsonaro não foi apenas grosseiro e vil. Ninguém, sob qualquer circunstância, merece ser vítima de uma agressão dessa magnitude. O estupro é uma das mais graves violências que podem ser cometidas contra um ser humano. É inconcebível, mesmo retoricamente.
     Ao usar esse argumento, para provocar sua antiga desafeta, Bolsonaro cruzou uma fronteira inadmissível. Necessariamente teria que pedir perdão pela excrescência cometida. Se não diretamente a Maria do Rosário, a todas as pessoas de bem desse país. Mesmo que não tenha tido a intenção de dizer exatamente o que disse. Apenas argumentar com impropérios passados, ou com explicações para o que de fato queria dizer, não é suficiente.  
     A atitude de Bolsonaro, nesse e em episódios passados, para mim, é tão imprópria quanto os atos de devassidão protagonizados pela quadrilha que vem assaltando os cofres e a dignidade do país há doze anos.
     Espero que tenha explicado minha posição. Com o carinho que você merece.” 

domingo, 14 de dezembro de 2014

Minha frase da semana

Retomo hoje uma publicação que sustara há alguns meses. Acredito que a frase que escolhi para essa retomada sintetiza a encruzilhada surgida após a divulgação do relatório da Comissão Nacional da Verdade:  "A meia verdade – não tenho a menor dúvida - é uma grande mentira". 

Entrega em domicílio

     A grande prova de que os tempos ‘mudam o comportamento das pessoas’ foi oferecida pelo entregador de dinheiro roubado da Nação, o homem da mala, responsável pela circulação da propina paga a políticos, em casa, em dinheiro vivo, notas que ele carregava coladas ao corpo. No Mensalão do Governo Lula, até então a maior bandalheira já vista no País, o então presidente da Câmara, o atual presidiário João Paulo Cunha, ex-deputado petista, apesar de sua projeção e importância na roubalheira institucionalizada, não contava com esse serviço personalizado.
     Tanto que precisou mandar a mulher – é isso mesmo, a ‘mãe de seus filhos’! – apanhar sua parte no roubo, diretamente no caixa de uma agência bancária que funcionava em Brasília. Ao saber que a mulher fora flagrada com a mão no cofre, João Paulo tentou o impossível: inventou que a esposa fora ao banco pagar a conta da televisão por assinatura. Teria sido a conta mais ‘barata’ do mundo, pois ela, além de não gastar um centavo, saiu com a bolsa recheada com R$ 50 mil.
     De sua cela no presídio da Papuda (ele ainda não conseguiu sair da cadeia, como seus comparsas petistas), imagino que João Paulo esteja excomungando os antigos operadores das vigarices governamentais. Se fosse nos tempos atuais, de petrocorrupção, poderia ter se livrado, ao menos, da vergonha de ter enviado a mulher para receber seu quinhão. O dinheiro chegaria em domicílio, como teria chegado – de acordo com as revelações do tal entregador – nas residências de altíssimos cardeais da nossa lastimável República, petistas e aliados de primeira hora, como o ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Melo e a ex-governadora Roseana Sarney.
     Esse episódio do entregador de propina – revelado por Veja – evidencia o nível de canalhice que envergonha o país. E ainda não sabemos, oficialmente, os nomes dos políticos corruptos, beneficiários do assalto aos cofres da Petrobras. A partir da divulgação do conteúdo das delações premiadas que envolvem a quadrilha política, teremos a exata noção do tamanho da desfaçatez.
     E, pelo que vem surgindo, não haverá hipótese de cabeças coroadíssimas argumentarem com o desacreditado “eu não sabia”.


sábado, 13 de dezembro de 2014

Uma lista desprezível

     Vou antecipar, hoje, minha lista anual dos políticos mais desprezíveis do país. Uma lista que chega à sua quarta edição, cada vez mais asquerosa, repleta do que há de pior por essas bandas. Confesso que chegar a apenas dez nomes, se já era uma tarefa um muito difícil, tornou-se um desafio quase inalcançável, especialmente em um ano eleitoral e alimentado pelo até hoje maior escândalo de toda a nossa história: o assalto à Petrobras, em nome de um projeto de poder vagabundo.
     Quando o assunto é roubalheira, desvio de conduta e assalto aos cofres públicos nos últimos doze anos de devassidão, faço sempre essa ressalva: o maior ‘até agora’.  A descoberta do atual esquema de gatunagem é um exemplo formal da necessidade do meu cuidado quando trato de bandalheiras petistas e assemelhadas. Há um ano, poucos acreditariam que os atuais detentores do poder seriam flagrados em uma roubalheira infinitamente superior à registrada no Mensalão do Governo Lula. Os fatos, no entanto, mostram que tudo é possível, quando o assunto é roubar em nome da causa petista.
     Feito esse preâmbulo, vou tentar ir indiretamente à minha relação de desprezíveis políticos, destacando, entretanto, que a ausência do ex-presidente Lula é um agravante: ele conquistou um posto tão elevado nesse tema, está tão acima dos demais, que passou para uma esfera especial, semelhante à dos antigos concorrentes dos desfiles de fantasia de carnaval: é ‘hors concours’ absoluto. Ninguém, na minha modesta interpretação, é tão nefasto ao país quanto ele.
     Em virtude da recorrência da canalhice política, alguns personagens de listas anteriores aparecerão também na de hoje. É inevitável. Como deixar de fora José Eduardo Cardozo, o mais medíocre ministro da Justiça de todos os tempos?
     Terminadas as ressalvas e observações, aí vai minha relação dos dez mais desprezíveis de 2015;
1 – José Eduardo Cardozo: por sua atuação subserviente; pelo papel degradante que assume sempre que recebe uma chicotada presidencial; pela dimensão do cargo que ele conspurca diariamente, conquistou meu desprezo absoluto e a liderança na lista;
2 – Gilberto Carvalho: prestes a sair do ministério, o fiel seguidor da ‘seita lulista dos piores tempos’, esmerou-se em atos e declarações abjetos, esquecido, convenientemente, das acusações que pesam sobre ele, com relação ao assassinato do prefeito petista Celso Daniel, em 2002;
3 – Maria do Rosário: uma fonte constante de ódio à frente de um ministério que deveria zelar pelos direitos humanos. É a responsável direta pelos maiores problemas políticos desse lastimável governo;
4 – Jair Bolsonaro: é a contrapartida de dona Maria. Desequilibrado, representou um enorme desgaste para a oposição séria, que argumenta e discorda, mas dentro de parâmetros aceitáveis de conduta;
5 – Edinho Silva: o deputado petista praticamente desconhecido do grande público foi o que apresentou desempenho mais fulgurante, por ser o responsável pela arrecadação de dinheiro para a campanha da presidente Dilma Rousseff. Está sendo apontado como o gênio que possibilitou transformar dinheiro roubado em doação legalizada;
6 – Marco Maia: o medíocre deputado petista gaúcho conquistou, já na prorrogação, o direito de estrelar minha lista de desprezíveis, ao assinar um relatório desmoralizante sobre a roubalheira na Petrobras, contra todas as evidências.  Ele é um exemplo de que sempre há tempo para agir de modo degradante, basta querer;
7 – André Vargas: o petista que afrontou a dignidade nacional, ao ofender o então ministro Joaquim Barbosa, do STF, não poderia ficar de fora de uma lista que trata de personagens políticos desprezíveis.  Sua cassação foi um prêmio à sua convivência com o ilícito;
8 – Rui Falcão: como presidente do PT, jamais poderia ser excluído de uma lista de desprezíveis. Tem credenciais imbatíveis;
9 – Renan Calheiros: o alagoano que preside o Senado chegou ao ápice de sua carreira, ao expulsar da Casa cidadãos que protestavam contra a aprovação da vigarice fiscal que permitiu à presidente Dilma burlar a lei de Responsabilidade Fiscal; e
10 – Aloísio Mercadante: não é necessário justificar essa indicação. Impõe-se pelo currículo.
     Eu sei que alguns vão cobrar a presença da presidente Dilma, autora do célebre “vale tudo em eleições”; do ex-governador Sérgio Cabral; dos irmãos Viana e Gomes; da ex-governadora Roseane Sarney e de seu pai; do senador Fernando Collor; do deputado Paulo Maluf; do ainda deputado Devanir Ribeiro e de tantos outros que mereceriam a nomeação. Mas a lista representa meus sentimentos pessoais de ojeriza, em um determinado momento. A presidente da Petrobras, Graça Foster, por exemplo, não atende ao perfil político fundamental.

     Isso não quer dizer que eles não merecessem a indicação. É evidente que sim. Assim como dezenas de outros. Mas eleição é assim mesmo: agrada a alguns e desagrada a outros. De qualquer maneira, o espaço fica aberto às indicações de cada um. Não faltam desprezíveis nesse mundo político.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Sobre verdades

     Tenho uma natural repulsa por assassinos e torturadores, sentimento que se amplia exponencialmente quando são agentes de um estado. Um estado, por definição, não pode agir como um vulgar bandoleiro. Seria desonroso, imoral, indecente, repugnante. Quanto a esse ponto, em particular, não tenho reparos a fazer ao trabalho desenvolvido pela Comissão Nacional da Verdade. Colocar baratas na vagina de uma prisioneira é algo incompatível com qualquer padrão de humanidade, de respeito à dignidade do outro.
     Acredito que o Brasil precisava saber, sim, que fatos como esse aconteceram ao longo de vinte anos, protagonizados por agentes que se escudavam no poder vigente para praticar atos de extremo sadismo e ódio. A História de uma Nação, como a entendo, não pode ser construída sobre mentiras, jogos de palavras, malabarismos retóricos, negaças que não se sustentam quando confrontadas com a realidade.
     Não resta dúvida que, sob esse aspecto, a Comissão prestou um enorme serviço ao País, deu um passo que poderia significar, afinal, a superação de um dilema mal resolvido para muitos. Infelizmente, por uma inaceitável opção político-ideológica, essa mesma Comissão incorreu em erros que, na minha ótica, comprometem os resultados alcançados após tanto tempo e sob tantas expectativas.
     O maior deles, certamente, foi a opção por ignorar que os desatinos não foram cometidos apenas e tão-somente pelos agentes oficiais. Como é possível passar ao largo de atos ignominiosos como os assassinatos de simples motoristas de táxi, bancários e camponeses, para ficarmos apenas nas vítimas civis de atos tão terroristas quanto a colocação de bombas no Riocentro e na OAB?
     Como é possível repudiar – como repudio, veementemente!!! – a execução de prisioneiros em dependências policiais e silenciar quanto à morte, a coronhadas, de um jovem oficial da PM paulista que se oferecera como refém, para possibilitar o atendimento de feridos, de ambos os lados, em um choque entre policiais e um grupo comandado pelo ex-capitão Lamarca? Ou esquecer que um jovem soldado, cumprindo o serviço militar obrigatório, foi destroçado pela explosão de um carro recheado de dinamite?
     Errou, também, a Comissão, e de maneira até certo ponto irresponsável, ao jogar na mesma vala comum e podre alguns personagens da nossa história recente que, por seus atos e currículo, mereciam um olhar mais detalhado, reflexivo. A inclusão do ex-presidente Humberto de Alencar Castelo Branco e do brigadeiro Eduardo Gomes, por exemplo, em uma na lista de criminosos beirou a “leviandade”, como justamente ponderam alguns oficiais.
     Ao escolher apenas um caminho, a Comissão pecou, por escalavrar ainda mais a ferida que a geração responsável pela redemocratização do país e que forjou a Anistia tentou fechar. A meia verdade – escrevi há uns dois dias – acaba se transformando em uma grande mentira.  


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Um inimigo da decência

     A estupidez do deputado federal Jair Bolsonaro não tem limites. É o inimigo que todos no mundo adorariam ter, pela mais absoluta falta de discernimento, de controle, de decência. Nada melhor do que uma boçalidade canalha para desviar a atenção da canalhice boçal que vem acuando o governo e seus asseclas.
     De um momento para o outro, o foco deixou de ser a roubalheira acintosa promovida pelo PT e assemelhados. Uma – mais uma!!! – declaração asquerosa de um político destemperado se transforma na boia à qual os ladrões e vagabundos se agarram para escapar do vagalhão de lama que atinge a quadrilha que vem assaltando o país há doze anos.
     Bolsonaro representa a antítese da maioria absoluta dos críticos desse desgoverno. É vulgar, desrespeitoso. Não há desculpas, circunstâncias ou coisa que o valha que atenuem suas palavras e argumentos chulos. Pode-se, até, ‘entender’ que ele defenda o regime militar responsável por duas dezenas de anos lastimáveis para a liberdade. Afinal, em uma democracia, todos devem ter o direito de expor suas ideias, defender convicções.
     É inconcebível, no entanto, que extrapole e resvale para a baixaria, para imagens torpes. Ao agir assim, desmerece as críticas pragmáticas e objetivas que são feitas ao evidentemente tendencioso tom assumido pela Comissão da Verdade, que ignorou inteiramente as barbaridades cometidas, também, pelos que combatiam a ditadura.
     Se é inaceitável que o estado atue como torturador e assassino – e nosso estado torturou e matou, covardemente, pessoas sob sua custódia -, também não há a menor dúvida de que houve crimes – assassinatos e tortura, inclusive de simples camponeses, que ajudaram as forças da repressão - do outro lado.
     A admissão dos desvios de conduta de ambos os lados seria mais produtiva para nossa democracia, que jamais esteve em disputa nos anos de chumbo. Ao contrário. Solapada por uns, seria destroçada por outros.

     A meia verdade – não tenho a menor dúvida - é uma grande mentira. 

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Gilberto, o medroso

         O ministro Gilberto Carvalho, o ex-seminarista que trocou Deus por Lula, por quem "daria a vida", fez uma das coisas que mais sabe fazer na vida: usar seu cargo para verbalizar o pensamento indigno que vem marcando o poder há doze anos. Em entrevista coletiva, disse que "estava com medo da vitória do playboyzinho", numa alusão ao senador Aécio Neves, seguida por risinhos canalhas da plateia amestrada.
         Eu também teria medo, se fosse ele. Talvez o "playboyzinho' estimulasse a investigação sobre o assassinato do ex-prefeito petista Celso Daniel, que decidiu interromper o achaque que seu partido fazia nas empresas de ônibus do interior paulista. Talvez fosse além, e procurasse confirmar as acusações dos irmãos do prefeito assassinado, de que ele, Gilberto Carvalho, era a 'mula' que transportava o dinheiro achacado para a sede do PT, em São Paulo, chefiada pelo atualmente condenado José Dirceu, seu parceiro de fé, empresário de sucesso absoluto. 
         Os irmãos do prefeito petista assassinado por discordar da roubalheira (segundo processo em curso) chegam a detalhes, lembrando que o atual ministro usava seu Fusca amarelo nesse serviço sujo. Isso, sem falar em outras acusações que continuam pendentes, entre elas a de que Gilberto Carvalho participou de um esquema de pagamento de propina para que um dos envolvidos no assassinato não relacionasse o ex-presidente Lula com o crime. O silêncio teria custado a bagatela de R$ 5 milhões.
         Eu, se fosse ele, também teria muito medo ...

domingo, 7 de dezembro de 2014

O desespero dos canalhas

     A defesa mais vagabunda possível começa a ser remodelada e atualizada pela quadrilha que vem assaltando os cofres públicos e a dignidade da Nação há doze anos. A mesma cantilena usada no julgamento do Mensalão do Governo Lula, até então o maior escândalo da nossa história: o tal do caixa 2, crimezinho menor, se comparado ao roubo descarado executado pelos ‘guerreiros’ petistas.
Isso, na pior das hipóteses. A bandidagem oficial, respaldada na essência do plano que imaginava perfeito, está investindo, mesmo, é na tese de que todos os depósitos nas contas petistas e assemelhadas foram feitos dentro da lei.
     Essa teoria até poderia ser aceita se – e sempre existe um ‘se’ quando o assunto é a bandalheira oficial – um dos empresários presos não tivesse explicitado o que todos nós sabemos: o dinheiro até pode ter sido doado ‘dentro da lei’, mas foi obtido através de um esquema criminoso, pois provinha da propina exigida de todas as empreiteiras envolvidas – até agora!!! – com a Petrobras
     A quadrilha principal e seus asseclas não previram, quando definiram o novo ‘modus operandi’ da ladroagem, que a sujeira viesse à tona em algum momento, justamente através de dois de seus comparsas, fogo ‘amicíssimo’, que se transformou em uma saraivada de tiros nos pés de barro de gente inescrupulosa, desprovida de caráter e dignidade.
     Não houve uma acusação, sequer, que tivesse partido da oposição. Todas surgiram do grupo que vem se locupletando em nome de um asqueroso projeto de poder, capaz de tudo. Encurralados, os artífices da gatunagem oficial, com o apoio de parcelas de desprezíveis formadores de opinião, tentam encontrar uma saída, de qualquer maneira.
     No Mensalão, o alvo maior foi o ex-ministro Joaquim Barbosa, atacado da forma mais covarde e canalha por setores petistas. Agora, nesse nauseabundo processo do Petrolão, alguns desqualificados tentam encontrar meios de atacar o juiz federal responsável pelo inquérito, o paranaense Sérgio Moro. E, nisso, em caluniar, mentir, desvirtuar, essa gente também é especialista.
     Em outra frente, meninos de recado do Planalto, incluindo nesse grupelho ministros e jornalistas corrompidos, procuram desviar o foco da Nação, acusando a Oposição de estar tentando um golpe. Eles roubam, compram consciências e teclados e os outros – os que repercutem necessariamente a canalhice - é que são os culpados.

     E ainda há quem defenda essa corja. 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A omissão dos asseclas

     Vários amigos, decentes, têm questionado o eloquente silêncio dos chamados ‘movimentos sociais’ e das entidades ‘representativas da sociedade’, como OAB, ABI e assemelhadas, em relação aos desatinos protagonizados pela quadrilha que vem assaltando os cofres e a dignidade nacionais há doze anos. Infelizmente, é semelhante à covardia dos defensores desses meliantes, que guardaram sua ‘indignação’ e brados retumbantes no fundo das gavetas, muitas delas entulhadas com parte do dinheiro sujo roubado do país.
    A desfaçatez dessa gente que se omite ou procura derivativos para sua canalhice interior é assustadora. Não têm, sequer, coragem de atacar o que classificam de ‘imprensa golpista’, pelo ridículo. Estão, quase todos, acuados, quietos, envolvidos no esquema que aposta no tempo, na desinformação da maior parte da população e na devassidão da classe política como determinantes para aplacarem a ira da parcela digna da Nação.
     É assustador que protagonistas de parte razoável da sociedade, com responsabilidade em relação ao país, assumam um comportamento tão deletério. Alguns assistem ao maior espetáculo de pilantragem de toda a nossa história e fingem que tudo não passa de ‘coisas da oposição’, ecos das eleições, choro de perdedores. São tão nefastos quanto os que militam na linha de frente da roubalheira.

     Cínicos, há os que acenam com supostos passados de luta, esquerdismos de botequim, para justificar a conivência com um esquema de poder comprovadamente corrupto e corruptor. Outros não se envergonham de acenar com graçolas destinadas ao riso fácil dos canalhas, como se tudo não passasse de uma marola, de alguma coisa que sempre houve nesse país. 
     É inaceitável que alguém, com mediana decência, se omita face aos descalabros do esquema palaciano destinado à manutenção do poder. 

Para 'Robertão'

         O jornalista Roberto Porto, o Robertão, morreu. Soube há poucos minutos, através de outro amigo comum, Luiz Carlos Mello, botafoguense histórico, como ele. Tive o prazer de trabalhar ao seu lado, na velha editoria de Esportes do JB, nos anos 1980. Foi lá que aprendi a respeitar e a gostar desse apaixonado pelo esporte, pela história do futebol, em especial. 
         Ainda guardo algumas colunas que ele escrevia, mais tarde, no Jornal dos Sports, e nas quais me citava e/ou desafiava, quando o assunto (quase sempre uma foto antiga) era o Vasco, minha paixão. Uma grande perda, mesmo. Quem teve a oportunidade de conviver com ele sabe o quanto era gentil e amigo.
         Robertão era uma pessoa especial. Doçura em dois metros de altura e vastos bigodes

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A fórmula da roubalheira

         A 'obra' custava dez. O governo do PT entregava 15 e a empresa repassava o 'excedente' para o partido. Simples assim. Nós, o Brasil, pagávamos a canalhice companheira. "Mas era em nome de uma boa causa", argumentam alguns defensores da bandalheira. Ou insistem no tal do "sempre houve corrupção, desde os tempos de Cabral". 
         Não, não houve nada semelhante. Nada se equipara ao banditismo institucionalizado no país pelo partido que está no poder há doze anos. Não estamos lidando com casos isolados, agentes corruptos, um ou outro bandido. Há um processo formal e organizado de assalto aos cofres públicos, destinado a garantir o poder, a qualquer custo. Desde, é claro, que nós, a Nação, paguemos por ele.
         E não adianta a bandidagem amiga insistir na tese de que há corruptores, apenas, Há dois lados nessa moeda podre. E  a face mais degradante, na minha concepção, é a formada por representantes das instituições nacionais, destaque, é evidente, para a quadrilha política. 
         Outra vigarice que esta sendo defendida por gente do naipe dos dirigentes petistas, remete para a alegação de que as doações feitas pelas empresas envolvidas na roubalheira petroleira era legais, pois declaradas. Nada mais cafajeste. O dinheiro legal, na verdade, é o mesmo roubado do país, no tal esquema de sobrepreço, como afirmou, formalmente, um dos empresários presos. Essa foi a fórmula mágica encontrada pelos partidos da base do governo, segundo as delações premiadas do doleiro e do ex-diretor petroleiro petistas.
         Para essa gente, deve prevalecer aquele antigo ditado popular: vergonha é roubar e não poder carregar.
         E ainda há quem defenda essa corja.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Uma noite 'nojenta'

     Senti muita vergonha, hoje à noite, assistindo às cenas lamentáveis reproduzidas pelo Jornal Nacional. Cenas repugnantes, que só atestaram o quanto nosso país está envolvido em um lamaçal infindável. Depondo na CPI mista que apura as bandalheiras ocorridas na Petrobras, o ex-diretor da nossa maior empresa, Paulo Roberto Costa, o ‘Paulinho’, como era chamado por sua amiga, a presidente Dilma, afirmou que alertara o Governo sobre o que estava acontecendo, por estar “enojado”.
     Vejam bem. O amigo da presidente, que o convidou para o casamento da filha, estava com nojo da roubalheira da qual participava e tentou, segundo alegou, dar um fim ao assalto aos cofres da empresa. Pelo que estamos começando a saber, não obteve muito sucesso. Só ele, um criminoso confesso de nível médio, amealhou inacreditáveis R$ 250 milhões. Uma parcela ínfima do que o PT e seus asseclas arrecadaram para financiar campanhas – entre elas a da presidente Dilma Rousseff - e bolsos companheiros, de acordo com as denúncias aceitas pela Justiça Federal.
     Em dado momento, instado por um deputado da oposição, ‘Paulinho’ confirmou um número que anda apavorando os círculos governamentais: em torno de três dezenas de deputados federais receberam dinheiro roubado. Todos da tal ‘base aliada’, destaque para PT, PP e PMDB. Isso, sem falar nos senadores e governadores da mesma quadrilha.
     Ainda não refeito desse espetáculo devastador, assisti à luta de PT e PMDB, em especial, para espoliar a dignidade nacional, impondo alterações na Lei para possibilitar ao Governo mascarar a pilantragem praticada com o dinheiro público ao longo do ano, não por acaso um ano eleitoral. Unidos, petista e assemelhados exibiram outra coesão, ao expulsarem manifestantes das galerias do Senado, sob a batuta de Renan Calheiros, o homem de Dilma no Senado.

     Assalto, corrupção, desvio de dinheiro, compra de consciências e teclados. É inacreditável que ainda existam pessoas razoavelmente dignas que defendem essa corja.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Só dá PT ...

     A cunhada do tesoureiro do PT, que já trabalhou no PT e hoje em dia dá plantão em uma central sindical ligada ao ... PT, garante que não recebeu o dinheiro que o doleiro do PT mandou entregar na casa dela, para ajudar a turma do PT a manter o PT no poder. Já o PT afirma que a cunhada do tesoureiro do PT e ex-empregada do PT não trabalha mais no PT.  Além do depoimento formal do doleiro do PT, várias gravações realizadas pela Polícia Federal confirmam que dinheiro foi entregue, sim. Na época em que trabalhava no PT (durante o Mensalão do Governo Lula), a cunhada do tesoureiro do PT foi apontada como a intermediária de uma propina de R$ 1 milhão que o PT pagou ao então vice-presidente da República, para que seu partido apoiasse o PT. E aí, em quem você acredita?
     É evidente que as pessoas decentes desse país sabem que o PT está envolvido até a medula no esquema de assalto institucional aos cofres da Petrobras. Mais do que envolvido, o PT estabeleceu uma rotina de assaltos aos cofres e à dignidade da Nação, como parte do processo destinado à perpetuação do partido no poder. E isso está ficando cada vez mais evidente, a cada dia de investigação, de delações premiadas. Não há mais fuga possível: o PT e seus asseclas serão dizimados, pelo que indicam as informações extraídas da investigação coordenada pelo juiz federal Sérgio Moro, do Paraná.
     De nada vai adiantar a investida deletéria que vem sendo realizada para tentar desclassificar as acusações. Dessa vez está tudo devidamente documentado. Talvez escaldados pelos resultados do julgamento do Mensalão do Governo Lula, os operadores da atual bandalheira petista armaram-se de provas incontestáveis, para usarem em caso de necessidade. Provas que incluem uma relação substancial das contas bancárias no exterior, alimentadas pelo dinheiro roubado da Petrobras, principalmente.
     Se no Mensalão o assalto aos cofres públicos rondava pouco mais de uma centena de milhões de reais, no Petrolão esses números chegaram a cifras estratosféricas. Só um mero diretor vai devolver ao país mais de R$ 250 milhões. Imaginemos – e esses números nos autorizam a isso – quanto chegou aos escalões mais altos do cenário petista; quantos petistas e aliados estão mergulhados nesse lodo.