domingo, 30 de setembro de 2012

O desespero de Chávez e do PT

     O noticiário mais contundente gerado hoje, aqui, nessa nossa pobre e maltratada América do Sul, nos chega da Venezuela, país governado há 14 anos por Hugo Chávez, um dos mais medíocres, primários, violentos e ignorantes presidentes de toda a sua história. Dois partidários da candidatura do oposicionista Henrique Capriles foram mortos a tiros quando participavam de um comício.
     Segundo agências noticiosas, passageiros de um carro repleto de 'partidários' do atual mandatário dispararam contra as pessoas que participavam do ato, repetindo, na essência, a intimidação que virou regra nesse reta quase final para a eleição presidencial.
     Assassinatos, agressões e provocações têm sido a tônica dos grupos paramilitares que apoiam o misto de presidente e ditador venezuelano, com a evidente complacência do governo, efetivamente ameaçado de derrota. É assim que a 'democracia chavista', tão ao agrado da companheirada brasileira, funciona: na base da violência, do desrespeito aos direitos individuais, do ataque à liberdade de expressão, da perseguição a magistrados que ousam julgar com independência.
     É assim que regimes de exceção reagem ao contraditório. Embora em outro patamar - não posso cometer a injustiça de nivelar totalmente os governos brasieiro e venezuelano -, também vivemos, aqui, agressões diárias às instituições, à Lei.
     Nos últimos dias, repetem-se as manobras destinadas a desestabilizar o Supremo Tribunal Federal, todas partidas do núcleo governista. A virulência contra a imprensa livre, em geral, é outra características da Era Lula que nos oprime há nove anos e nove meses. Ainda não chegamos ao assassinato de adversários políticos, é verdade, mas ultrapassamos quase todas as barreiras da dignidade, com os chamados - por exemplo - à revolta popular a favor dos quadrilheiros petistas que assaltaram os cofres públicos, segundo a Procuradoria Geral da República.
     A semana que começou oficialmente hoje promete ser especialmente dura com os princípios da dignidade, a partir do início efetivo do julgamento do núcleo corruptor do Mensalão, integrado por próceres petistas. Eles - governo e comparsas - sabem que a condenação de uma era, de um modo corporativo e criminoso de fazer política está bem próxima.

Escrachos e ratazanas

     Eu insisto, vou insistir sempre. Mas admito que é difícil - muito difícil, mesmo! - manter as esperanças no Brasil ao avaliar algumas perspectivas reais que se apresentam com as próximas eleições municipais. Uma das mais chocantes, pelo menos para mim, é vitória praticamente certa do candidato Ratinho, filho do apresentador de televisão homônimo, na disputa pela prefeitura de Curitiba.
     Não estamos falando da prefeitura de Ponte Alta do Tocantins, portão de entrada para o Jalapão, a região que mais me encanta no país. Lá, há quatro anos, vivi a efervescência da disputa eleitoral e jamais esqueci a música de um dos candidados, Clayton Maia, não por acaso o vencedor, espalhada diariamente pela cidade, graças a uma frota insuportável de carros de som. Dizia a letra:

     "Do lado de lá, a coisa 'tá' feia;
     Do lado de cá, o povo leva peia".
     Os dois 'lados' explorados na 'composição' referem-se às duas partes da cidade, dividida pelo belo Rio Ponte Alta, límpido, apesar de cruzar uma área urbana. Mas eu estava em Ponte Alta e 'entendia' o padrão da disputa. Jamais poderia imaginar algo semelhante em Curitiba, uma cidade considerada padrão, um símbolo, usada pelas grande marcas para testar produtos que só depois são levados ao resto do país.
     Aqui no Rio - sem entrar em julgamentos políticos ou ideológicos - o nível das candidaturas e candidatos majoritários é superior, em muito, à maior parte das cidades. Assim como em São Paulo. Mas o padrão dos candidatos à Câmara Municipal carioca - a que mais me afeta diretamente - remete aos grotões.
     O horário eleitoral é um verdadeiro desfile de horror, destaque para uma dupla (pai e filho) seriíssima candidata a resultados estratosféricos (o pai é deputado estadual e quer perpetuar o poder familiar). O - digamos - 'bordão' da parelha é 'escracha', com um evidente ponto de exclamação. Nada poderia ser mais lamentável e sintomático de uma era que insiste em levar o país ao atraso.
     O Brasil, que se orgulha de ter retirado 40 milhões de pessoas da pobreza, aprofundou ainda mais a miséria cultural de seu povo. É um país que a cada ano fica mais escrachado e à mercê de ratinhos e ratazanas.

sábado, 29 de setembro de 2012

PT esconde seus mensaleiros

     O ex-presidente Lula continua arrotando que o Mensalão de seu Governo não existiu, que tudo não passa de uma manobra das forças conservadores para desestabilizar o PT. O presidente do partido, um tal de Rui Falcão, não cansa de desafiar a decência, dando apoio aos quadrilheiros que assaltaram os cofres públicos. A turma que vive do dinheiro público - e há muitos por aí, capazes de vender não apenas o teclado, mas a alma - também repudia o julgamento, lança acusações vagabundas sobre o ministro Joaquim Barbosa e absolve a companheirada.
     Mas, quando o assunto é para valer - como no caso da eleição para a Prefeitura de São Paulo -, o PT faz todo o possível para não se ver associado aos chefes dos mensaleiros. Hoje mesmo o Partido dos Trabalhadores conseguiu, na Justiça, segundo a Folha, a suspensão de uma propaganda de tevê que junta no mesmo saco o candidato Fernando Haddad, José Dirceu, José Genoíno 'et caterva'.
     Afinal, a companheirada é inocente, ou não? O Mensalão do Governo Lula - o maior assalto institucionalizado aos cofres e à dignidade da Nação - é uma invenção dos reacionários, ou não? Se não existiu e todos os acusados são inocentes e puros, por que o medo de associá-los ao candidato do PT?
     Trata-se de mais uma das muitas vigarices ideológicas, mais um exemplo de covardia explícita, de empulhação. Dirceu e o resto da tropa são a essência do PT, sim. O ex-ministro da Casa Civil, em especial, mantém - embora afastado oficialmente - o domínio do partido, sua influência em todas as decisões. Não há decisão eventual da justiça eleitoral que acoberte essa verdade.

Abuso do poder político

     Como diria um antigo personagem do humorista Chico Anísio, "eu quero que o PTN e o PMDB se explodam". Portanto, nada a contestar da decisão do procurador regional da República que, segundo Veja, denunciou o acordo em que o partido do prefeito Eduardo Paes promete R$ 1 milhão para conquistar o apoio do PTN.
     Segundo a revista, o procurador enquadrou o acerto como abuso de poder econômico e político: "Tudo aquilo que um candidato faz no sentido de tirar o equilíbrio da disputa". E, convenhamos, uma ajuda de um mihão pode ser considerada abusiva e desequilibrante.
     O que dizer, então, da participação acintosa da presidente da República na campanha de vários candidatos? Estaria configurado, também, o abuso do poder político? Não tenho a menor dúvida em afirmar que sim. Ao emprestar o prestígio da Presidência, que é de todos os brasileiros, a determinados nomes, a chefe da Nação interfere diretamente.
     Não estou discutindo o direito ao apoio, que é indiscutível, mas ao uso de todos os meios para ajudar a um ou outro. No caso de São Paulo, houve até mesmo uma barganha nebulosa, que culminou com a indicação da senadora Marta Suplicy para a pasta da Cultura, em troca da participação da campanha de Fernando Haddad à prefeitura paulista e com a confirmação de sua (da presidente) presença no comício de encerramento da campanha, segunda-feira..
     Se isso não configura abuso político, não há mais regra alguma que defenda a decência, preserve as instituições, zele pela magnitude do cargo. São elucubrações? Não. São avaliações de fatos, indícios. Como vem afirmando o Supremo Tribunal Federal, não é necessário o 'ato de ofício' para configurar o crime.

Minha frase da semana

      "De Maluf a Newtão; de José Sarney a Fernando Collor. Não há limites para o estelionato ideológico praticado pelo PT. O balaio batizado de 'base de apoio' aceita de bom grado qualquer gato. Mais do que aceita, estimula, atrai, compra - como está ficando transparente no julgamento do Mensalão".
      Extraída do texto 'A desmoralização do PT', do dia 27.

Do poste da Rosinha ao 'tailler' de Dilma

     A candidatura da prefeita de Campos, Rosinha Garotinho, à reeleição está mais uma vez ameaçada. Seus adversários e um procurador de Justiça implicaram com a cor dos postes da cidade, que remeteria - na visão deles - ao tom de sua campanha: rosa. Na verdade, olhando as fotos que foram publicadas essa semana, o tom está mais para lilás, mas é evidente que deve ter havido a intenção de usar bens públicos para alavancar sua campanha.
     Afinal, não se pode admitir que mandatários usem o poder para incrementar campanhas, suas ou de outros. É injusto, não tenho a menor dúvida, e merece a nossa mais profunda reprovação, desde que haja isonomia na condenação. Se Rosinha não pode explorar o tom rosa, nossa presidente, Dilma Rousseff, deveria ser menos ostensiva no uso do tom vermelho nas suas aparições públicas, pela evidente e proposital associação com o seu partido.
     Ou alguém acredita que seja apenas uma coincidência o fato de ela ter recebido o primeiro-ministro britânico usando um 'tailler' vermelho-PT? "Mas a Rosinha pintou os postes usando dinheiro da prefeitura", dirão alguns. É verdade. Nossa presidente deve ter comprado o uniforme partidário com seus próprios recursos, o que reduziria o aspecto imoral da propaganda 'subliminar', mas não eliminaria.
     Guardadas as proporções, Dilma repete a - no mínimo - falta de sensibilidade demonstrada pela ex-primeira dama, Marisa Letícia, ao ultrajar os jardins do Palácio do Planalto com a estrela do seu partido, como se ele não pertencesse a todos os brasileiros. Mas nem todos os casaquinhos vermelhos podem ser comparados à sua presença, às expensas da Nação, no comício do candidato petista à prefeitura de São Paulo, segunda-feira.
     Explorei esse tema ontem, mas, pela sua relevância, volto a ele. Um presidente da República não tem o direito de usar o cargo em campanhas partidárias. Ao viajar para o comício, Dilma Rousseff estará usando recursos da Nação, mesmo que alegue um eventual 'reembolso' do custo da passagem. A estrutura necessária à movimentação de um presidente não tem preço, já diria um anunciante de cartão de crédito.
     Envolve assessores, esquema de segurança, planejamento e toda a logística imaginável. E não se diga que ela vai 'aproveitar' a presença em algum ato oficial. Presidentes não se aproveitam de circunstâncias para atropelar o respeito que devem à população em geral.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Presidente vulgariza o cargo

     Leio, na Folha, que a presidente Dilma Rousseff, atendendo a um 'pedido' de seu antecessor (eu diria que foi uma ordem, mas ...), vai participar do comício do candidato petista à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. Lamentável. A presidente do País, em pleno exercício, desce do posto de representante de toda a Nação para agir como um vulgar cabo eleitoral, apequenando a dimensão do cargo que ocupa.
     Se não bastasse o fato de ser uma atitude imprópria para um supremo mandatário, Dilma esquece que seus deslocamentos são feitos às custas de toda a população e exigem um enorme investimento no aparato de segurança e na logística dispensados a alguém na sua posição.
     Para mim, sem a menor sombra de dúvida, esse ato constitui-se, no mínimo, em improbidade administrativa. Isso, sem levar em conta o aspecto moral. Mas é assim que nossa sofrida República vem funcionando nesses últimos nove anos e nove meses. O público vem sendo posto à disposição do privado (e da privada) constantemente, sem que essas atitudes gerem a indignação devida.
     A presidente mais uma vez reforça a tese de que é apenas uma das faces do verdadeiro patrão, a ' mulher do Lula', como ficou conhecida pela população menos esclarecida na época da eleição.
     Talvez ajude Haddad a ganhar mais alguns votos e a chegar ao segundo turno - uma hipótese muito viável, hoje. Mas certamente vai perder ainda mais credibilidade entre aqueles que conseguem raciocinar, discernir.

Lula, o mentiroso compulsivo

     Houve época em que eu, apesar das discordâncias programáticas, em especial, tinha um mínimo de respeito pelo ex-presidente Lula. Cheguei, até, a votar nele, no segundo turno da disputa com Fernando Collor. Hoje, certamente anularia o voto. Não vejo mais qualquer diferença entre os dois antigos adversários. São iguais em quase tudo. Collor foi punido; ele, não.
     Há algum tempo, o único sentimento que tenho pelo líder petista é o mais profundo desprezo. Desprezo por suas mentiras, pela tentativa de manipulação doentia dos fatos, pela sua mais absoluta mediocridade intelectual e pessoal.
     Conivente - no mínimo!!! - com todas as roubalheiras registradas nos seus governos (segundo seu ex-aliado Roberto Jefferson, e o publicitário Marcos Valério), principalmente no primeiro, não tem o menor constrangimento em afirmar - como fez ontem, em São Paulo - que sempre combateu os criminosos, quando fez e faz o que pode para ampará-los, desculpá-los. Mentiroso contumaz, ao ser surpreendido pela eclosão do escândalo do Mensalão, saiu-se com várias versões, entre elas a mais famosa: "Eu não sabia".
     Com o tempo, refeito do golpe que quase o atirou a pontapés pela janela do Palácio do Planalto, negou tudo o que dissera - inclusive que fora "traído" - e passou a defender abertamente que o assalto aos cofres públicos realizado por seus comparsas era uma invenção. Jamais tentou apurar uma denúncia sequer. Ao contrário. Fez o possível e o impossível para evitar que a canalhice de seus pares fosse julgada. Em extremo, chegou a tentar chantagear o ministro Gilmar Mendes, do STF.
     Lula, venho dizendo há algum tempo, revela, para mim, um dos sinais que caracterizam os psicopatas - a ausência de superego. Suas carências contribuíram para que não desenvolvesse essa 'barreira' que determina certas regras comportamentais e estabelece as noções de bem e mal. E estou me atendo, apenas, ao seu comportamente público.
     No plano pessoal, suas próprias confissões (atacava as 'viuvinhas' do Sindicato dos Metalúrgicos, quando iam em busca de apoio em virtude da morte de seus maridos) e depoimentos de pessoas que conviveram com ele - que eu me permito não repetir, por nauseantes - são absolutamente conclusivos da sua estreiteza moral.

Mais uma vigarice ideológica

     Nesse momento, em que ladrões do dinheiro público começam a ser condenados pelo Supremo Tribunal Federal, nada melhor do que esclarecer algumas inconsistência (para usar uma expressão amena) da companheirada que está no poder. Uma delas, que voltou ao noticiário, é a tentativa de proibir a distribuição de livros de Monteiro Lobato na rede de escolas públicas, sob a alegação de serem racistas, mais uma idiotice inominável.
     Em virtude da reação de quase todas as pessoas com um QI acima de 3 (dizem que é o das galinhas ...), o Ministério da Educação divulgou nota em que em se diz totalmente contrário à medida, embora deixe no ar uma leve restrição: os livros poderiam, sim, ser usados nas salas de aula, 'desde' que com a supervisão de um professor.
     Tudo bem. Oficialmente, para consumo público, o MEC é contra a proibição e, portanto, contra os autores das ideia. Só que a idiotice partiu do próprio governo, através de uma tal de Secretaria da Promoção da Igualdade Racial, que obteve o apoio do Conselho Nacional de Educação, em 2010. Um ministro (sim, esses secretários têm status de ministros) do Governo adota um comportamento de Governo (ele não pode falar por si mesmo, jamais) e o próprio Governo, de maneira melíflua, contesta.
     É muita vigarice. Mais um exemplo do que vem acontecendo diariamente desde a posse da presidente Dilma Rousseff. Sete ministros escolhidos por ela - ou, então, ela não manda em nada! - foram acusados de corrupção e obrigados a se demitir, mas jamais deixaram de ter seu apoio formal. Tanto que todos estão livres, leves, soltos e presgtigiaos. Isso não impediu, entretanto, que prevalecesse a tese de que a presidente é rigorosa com o ilícito. É um verdadeiro milagre da transformação da verdade.
     Aliás, nossa presidente vem conseguindo manter a enorme popularidade, independentemente do que eseja acontecendo no País. A última pesquisa mostrou que sua aprovação não para de crescer, com ou sem Mensalão; com ou sem escândalos; com a repetição de um crescimento pífio do PIB (mero 1,6%); com inflação em alta; coma falta absoluta de um norte na economia; com acordos ignóbeis no campo político.
     A Era Lula, ao estabelecer o mais alto grau de dissolução moral no País, conseguiu, entretanto, sobreviver a tudo e a todos, graças a uma estrondosda máquina de marketing e à distribuição de bolsas-tudo, a versão petista das dentaduras que os velhos coroneis atiravam às multidões de desdentados.

A desmoralização do PT

     A relação de condenados pelo assalto aos cofres públicos realizado no primeiro governo Lula e denunciado pela Procuradoria-Geral da República aumenta a cada dia. Se em algum momento houve alguma dúvida sobre a roubalheira comandada pelo PT, ela vai se desmanchando a cada explanação do ministro Joaquim Barbosa, recheada de fatos, documentos, constatações; a cada voto condenatório. A turma petista ligada intimamente ao ex-presidente vai sendo desmascarada diariamente, vai sangrando ao vivo e a cores, irreversivelmente.
     O PT pode - e certamente vai - ganhar novas eleições, manter o poder por algum tempo, mas está definitivamente desmoralizado. Não resiste sequer ao achincalhe de um ex-inimigo, apontado tantas vezes como corrupto. O ex-governador mineiro e atual deputado Newton Cardoso, do PMDB, atual aliadíssimo do PT (indicou vice na chapa de Patrus Ananias à prefeitura de Belo Horizonte), por exemplo, tripudia, hoje, em entrevista a O Globo.
     Entre outras alfinetadas, o 'trator Newtão', como era conhecido, afirma que está sendo difícil "carregar o PT" e que o partido e seu guru, Lula, "perderam o discurso". E não para por aí. Com uma elevada dose de 'maldade', lembrou que "Lula esteve por aqui e não ajudou em nada". Quase que dá para ver o sorriso de escárnio; sentir a enorme satisfação: "Estamos assistindo à ascensão e queda do PT. Tudo o que sobe demais cai com mais força", golpeou, sem perdoar o 'parceiro' que já está quase na lona.
     Newton Cardoso é uma das faces - digamos - menos 'extravagantes' do novo perfil de afinidades petistas. O maior símbolo do 'novo PT' (na verdade, o Partido dos Trabalhadores jamais mudou, a máscara apenas caiu), certamente, é o deputado federal e ex-governador paulista Paulo Maluf, a quem Lula foi beijar a mão e implorar apoio para seu candidato à prefeitura paulista. Nunca, jamais, em tempo algum, um partido que se propunha honesto e ideológico fez tantas composições espúrias quando o PT. Nunca.
     De Maluf a Newtão; de José Sarney a Fernando Collor. Não há limites para o estelionato ideológico praticado pelo PT. O balaio batizado de 'base de apoio' aceita de bom grado qualquer gato. Mais do que aceita, estimula, atrai, compra - como está ficando transparente no julgamento do Mensalão.
     Não há limites para a falta de escrúpulos, para a manipulação de fatos, para a imposição de mentiras, para a chantagem paternalista. O projeto de poder petista não encontra limites na decência.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Cadeia também para os corruptores

     Não há corruptos sem corruptores. Nem mesmo o ministro Ricardo Lewandowski, por mais que se esforce - e vem se esforçando bastante!!! - vai conseguir escapar dessa lógica, quando for obrigado a se manifestar sobre a companheirada apontada como líder da roubalheira. Será necessário um enorme contorcionismo para condenar a turma 'aliada' e deixar de fora parte da nata petista, como o ex-ministro da Casa Civil de Lula, José Dirceu, o ex-presidente do PT, José Genoíno, e o ex-tesoureiro Delúbio Soares, homem de toda a confiança do ex-presidente.
     E mesmo que exercite sua já demonstrada capacidade, o revisor dificilmente conseguirá sensibilizar a maior parte do plenário do Supremo Tribunal Federal, exceto - é claro - Dias Toffoli, que vem se mostrando - na minha avaliação - um mero defensor dos interesses do PT, seu ex-empregador. Os votos dos ministros Luiz Fux e Carmem Dias, hoje, e as intervenções do presidente, o vascaíno Ayres Brito, antecipam duras condenações.
     Luiz Fux, em especial, tem sido inflexível e acompanhado, na essência, os votos do relator Joaquim Barbosa. E tem ido além. Sempre que a ocasião permite, esmiuça situações, aprofunda entendimentos, busca exemplos. Sempre de modo gentil, com um estilo muito pessoal, repleto de gestos e inflexões, com seu soqtaque carioca, cheio de 'esses'.
     A ministra Carmem Lúcia, por sua vez, até mesmo em função da rigidez de seus votos condenando representantes de diversos partidos, usou exemplarmente a parte final de sua intervenção, destacando a importância da política na vida de uma nação democrática. Fez um elogio das virtudes, em contraposição à condenação dos malfeitos.
     O futuro está ficando cada vez mais nebuloso para a companheirada.

As mulheres de Jesus

     Eu me pergunto, já sabendo de antemão a resposta: não seria muito mais agradável, lógico e saudável que Jesus tivesse casado, formal ou informalmente? Ou, em uma hipótese mais abrangente e moderna, que tivesse 'ficado' com uma, duas ou dez mulheres?
     Particularmente, não tenho dúvidas quanto a uma das possibilidades, o que me faz sentir ainda mais respeito por Ele, pela Sua dedicação à humanidade, pelo Seu desprendimento. A humanidade de Jesus, rigorosamente, seria um predicado, um acréscimo à dimensão da missão a que se atribuiu na Terra.
     Respeito os dogmas da Igreja, acrescentando de imediato que não sou religioso, embora - como a maior parte da minha geração - tenha crescido indo às missas dominicais. Mas não posso deixar de registrar o mal-estar provocado por atitudes que remetem ao obscurantismo, que nada acrescentam à religião católica, ao contrário.
     Que mal teria o fato de Jesus ter tido uma ou duas mulheres ao longo dos seus 33 anos? Ele seria menos digno de admiração, de respeito, de devoção pelos católicos? Acho que não. A celeuma criada em torno da descoberto de um papiro que versa sobre a mulher de Cristo (Madra Madalena?) me parece tão fora de propósito - guardaqdas as proporções - quanto a indignação islâmica contra o tal filmete vagabundo sobre o profeta Maomé.
     Com um agravante: a reação islâmica é fruto de uma inquestionável ignorância de grande parte da população, explorada politicamente por lideranças manipuladoras. São, ambas, manifestações fora de época, atrasadas, corrompidas.
     O 'meu' Jesus seria ainda mais atraente à medida que mais se assemelhasse ao homem. Assim como o 'meu' Maomé certamente teria uma dimensão ainda maior caso fosse admirado por sua semelhança com seus semelhantes.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

No time de Joaquim Barbosa

     É evidente que eu estou incorporado de corpo e alma à legião dos admiradores do ministro Joaquim Barbosa. E é evidente, também, que essa admiração passa pelo fato de ele estar sendo implacável com os quadrilheiros que assaltaram os cofres públicos e desmoralizaram a República, no episódio que ficou conhecido como Mensalão do Governo Lula. Portanto, nada mais normal do que estar ao seu lado nos embates com o ministro revisor, Ricardo Lewandowski (confesso que, por ato falho, escrevi Lewianowski, mas corrigi o erro a tempo).
     Mas não 'apenas' por isso. Já não estou suportando acompanhar as infindáveis intervenções do ministro cuja indicação foi defendida pela ex-primeira-dama, Dona Marisa Lula da Silva, claramente protelatórias e determinadas a esvaziar a denúncia aceita e apresentada com brilho por Joaquim Barbosa. E, insisto num ponto que já abordei há algum tempo: Lewandowski não está preocupado com o futuro de Pizzolatos e afins. Sua meta é desacreditar as denúncias que serão despejadas, mais à frente, contra os quadrilheiros do Partido dos Trabalhadores, José Dirceu em especial.
     Em seus intermináveis e insuportáveis votos, o ministro revisor sempre encontra uma maneira de amenizar os delitos que - ele sabe disso - serão imputados à companheirada. Há sempre um 'suposto', um 'eventual', um 'possível' em suas referências. E não são gratuitos, pelo menos para mim. São as 'dúvidas' que ele planeja usar quando o julgamento for para valer, mesmo. Quando o esquema de poder montado pelo ex-presidente Lula estiver sendo acusado, de maneira praticamente direta. A condenação de Dirceu, Genoíno e Delúbio Soares atingiria (torço para que atinja!) Lula, o "Deus" da ministra da Cultura, Marta Suplicy, o aiatolá dos pobres de espírito.
     Além do mais, de um modo que me parece pensado, Lewandowski não perde a oportunidade de provocar Barbosa, explorando o lado inflamado e apaixonado do relator. Faz o possível para desestabilizá-lo, provocar reações, joga para a plateia. Não apenas a de 'estudantes de direito' que ele insistiu ontem em destacar, mas para o país que acompanha o julgamento pela tevê. Ontem, mais uma vez, e especificamente, sua 'tabelinha' com Dias Toffoli, o ex-empregado do PT, ficou patente. Em determinado momento, não resistiu e sinalizou para o vizinho de bancada. Lastimável.
     Acho - e nesse achismo vai muito do que eu gostaria que estivesse acontecendo - que a tática não vem dando certo. A emoção de Joaquim Barbosa sinaliza toda sua intransigência com os criminosos que vilipendiaram a Nação. Nesse embate, a dignidade de Joaquim Barbosa está ganhando fácil, de goleada.
     E antes que eu esqueça: Lewandowski condenou o presidente do PTB, Roberto Jefferson, o responsável pela deflagração do escãndalo, por corrupção passiva. Só não pode esquecer que, se houve corrupção, é necessário que tenha havido um corruptor. E não foi Marcos Valério.
 

Contradições e desafios

     Entre as muitas coisas que deploro, especialmente em períodos eleitorais, destaco a subserviência de tanta gente aos interesses pessoais. Há quem venda a alma e atropele qualquer resquício de escrúpulo. Não é uma característica específica de uma ou outra profissão, mas - infelizmente - revela-se forte no jornalismo. Ao desvio ideológico soma-se irremediavelmente a necessidade de sobreviver, muito forte em uma profissão que historicamente paga mal e que invariavelmente atrela seus membros aos governos.
     Não é um fenômeno recente. Nas redações antigas - e eu comecei minha vida profissional em uma 'bem' antiga -, era comum a divisão de tarefas: parte do dia no jornal; e a outra parte em uma sinecura oficial, não muito exigente em relação à assiduidade. Por óbvio, seria impossível exigir independência de quem dependia dos cofres públicos para sobreviver. Essa realidade teve seu apogeu na década de 1950
     Essa realidade mudou através dos anos. A profissão ganhou estofo, passou a exigir mais. Aqui no Rio, dois jornais foram fundamentais nessa mudança de perfil: O Globo e o Jornal do Brasil. A dependência de benesses oficiais caiu drasticamente. Já era possível ao jornalista comum, sim, viver com um mínimo de dignidade. E surgiram gerações de altíssimo padrão.
     A redemocratização gerou um novo profissional, mais participativo, atuante e público. Mas gerou, também, um ente engajado politicamente. E esse ente, a partir de um determinado momento (a eleição de Lula), reeditou uma prática antiga: a participação em governos, direta e/ou indiretamente, movido pela ideologia e/ou pela necessidade de sobrevivência financeira, em um período de crise no setor, amainada pela expansão das novas formas de mídia, através da internet.
     Atentos a esse fenômeno, os mentores do atual projeto de Poder atraíram uma enorme tropa de 'formadores de opinião', pagos com recursos públicos. É uma tropa sempre disposta a deturpar fatos, escamotear verdades, defender o indefensável, incluindo o tal 'controle social da mídia', a velha censura contra a qual gerações mais antigas lutaram.
     Sem qualquer resquício de dignidade, pregam o golpe nas instituições, ao se voltarem contra elas, como no caso dos ataques hidrófobos ao Supremo Tribunal Federal e à imprensa, Veja em especial. Para essa turma, os melhores exemplos de 'justiça' estão na Venezuela do limitado Hugo Chávez e na Argentina de Cristina Kirchner, paladinos do ataque à liberdade de expressão. Para nos limitarmos a essa sofrida América do Sul. Ou em Cuba, o paraíso da opressão, a mais antiga ditadura do mundo, tão medíocre e estúpida quanto a da Coréia do Norte.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Sobre as ofensas ao Islã

     Leio no Estadão que o Tribunal de Justiça de São Paulo proibiu o site YouTube de exibir o trailer do filme Inocência dos Muçulmanos, que tem provocado protestos em diversos países. A decisão contempla pedido da União Nacional Islâmica contra a Google Brasil, responsável pelo serviço de vídeos online.
     Particularmente, sou absolutamente contrário à proibição. A exibição desse filmete vagabundo serviria, no meu entendimento, para comprovar a infelicidade da ideia, sua mediocridade, seu espirito espúrio. E isso vale para decisões semelhantes, que envolvam criação.
     Em países minimamente livres, a censura não se justifica, exceto em casos previstos claramemte na legislação. Expor o 'conteúdo' de produções ignóbeis, como essa, serveria para execrá-la. De qualquer modo, louve-se o fato de a reação da comunidade islâmica brasileira ao que considera uma agressão ter-se dado através da Justiça, por meios legais, e não através de atos bárbaros, como os registrados recentemente.

Uma vitória da Justiça

     Uma boa notícia - ou interpretação de uma afirmação - para a democracia e a decência: o futuro ministro do STF, Teori Zavascki, ao ser sabatinado hoje no Senado, deixou claro que não pediria para 'ver o processo' do Mensalão, caso se sentisse habilitado a votar. Em outras palavras: caso se achasse apto, não necessitaria consultar os autos, o que jogaria o julgamento para um futuro incerto e não sabido e beneficiaria, direta e especialmente, o bloco petista da quadrilha que assaltou os cofres públicos no Governo Lula.
     Logo depois, outro bom sinal: o presidente do senado, José Sarney, antecipou que a sabatina, interompida no fim da tarde, só será retomada após as eleições municipais, marcadas para 7 de outubro. Até lá, o Mensalão continuará rendendo sérias dores de cabeça ao esquema de Poder vigente. É possível, até, que outro astro do PT seja condenado (o ainda deputado federal João Paulo Cunha já está contando o tempo que falta para ir preso em tempo integral ou, na melhor das hipóteses, ser obrigado a dormir na cadeia).
     Ao retirar do novo futuro ministro a responsabilidade de escolher entre participar, ou não, do julgamento - pelo menos imediatamente -, o Senado reduz a pressão que naturalmente o atingiria. Não havia meio termo. Algo como 'se correr, ...'. A suspeição, mesmo infundada - como leva a crer o histórico do novo ministro -, poderia comprometer a imagem do Supremo e da própria Justiça, que vem sendo resgatada graças, principalmente, à atuação corajosa e independente do ministro Joaquim Barbosa.
     Um país - especialmente tão desigual como o nosso - precisa acreditar na independência da sua Justiça.

Por um código amplo geral e irrestrito

     Cada vez que ouço ou leio alguma coisa sobre a necessidade de se recompor a mata ciliar não consigo deixar de me lembrar dos Rios Maracanã e Carioca, transformados em meros canais de esgoto. Ou do 'meu' Rio Piraquê, aqui na Pedra de Guaratiba, um canal fedorento que deságua na sofrida Baía de Sepetiba. Quanto a esses - e muitos outros, é evidente -, silêncio absoluto. Não há uma voz séria que se levante para exigir a remoção de todos os ocupantes ilegais de suas margens; para tamponar os canos que despejam imundícies diretamente nas suas águas. A preservação da natureza, como se coloca, só vale para fazendeiros ou, no caso das cidades, para condomínios de classe A.
     É o que eu poderia chamar de ecodemagogia, ou ecovigarice ideológica. As lagoas da Barra da Tijuca, por exemplo, recebem praticamente todo o cocô produzido na Cidade de Deus, mas esse é um tema proibido. E não pensem que eu estou culpando os moradores pelo desastre que provocam. O grande culpado é, sem dúvida, o Estado, que se omite, fecha os olhos, aceita e estimula, movido por interesses subalternos.
     A agricultura, com sua evidente e incontestável responsabilidade pela devastação de grande parte das nossas riquezas naturais, não é a única culpada, sequer a principal, pela morte dos nossos rios. Particularmente, não consigo encontrar lógica em um Código que olhe apenas para parte da natureza, quando os ecossistemas são claramente integrados.
     Eu quero as margens de rios recuperadas, como qualquer um que tenha o mínimo de consciência. Mas quero que todas as margens sejam recuperadas, não apenas as que rendem discursos em bares da Zona Sul e singelos 'protestos a favor', como os endereçados à presidente Dilma Rousseff ('Veta, Dilma!!!') e que me provocavam ânsias.
     Não é o caso de 'vetar', e sim de universalizar a exigência pelo respeito ao meio ambiente e cobrar resultados imediatos. A começar dos próprios órgãos governamentais, como a Petrobras.
     PS: Uma explicação: esse tema ressurge com a votação do novo texto do Código Florestal, iniciada hoje, no Senado.

A Justiça ameaçada

     Vivemos, hoje, uma deplorável e golpista campanha contra a Justiça e a liberdade de imprensa. Tudo o que há de pior e mais salafrário no cenário político brasileiro se une em uma tentativa canalha de criar um ambiente propício ao atropelo da Constituição, como se fôssemos uma Venezuela qualquer, ou uma Cuba, exemplos deletérios de governos arbitrários, autoritários e ditatoriais, por definição e prática.
     Corruptos históricos, vigaristas de ocasião e aproveitadores de todos os matizes correm para assinar manifestos contra a postura independente da maior parte do Supremo Tribunal Federal, que vem sinalizando para a condenação explícita dos quadrilheiros que assaltaram os cofres públicos durante o primeiro Governo Lula, o mais deletério (a julgar pela denúncia da Procuradoria-Geral da República) de toda a nossa história.
     A turma que vive agarrada às tetas sempre fartas dos financiamentos oficiais não perdeu a chance de se unir aos fascistas do PT em um movimento claramente golpista, destinado a chantagear ministros e atemorizar jornais e revistas, principalmente a Veja, incansável na determinação de apontar as pilantragens dessa infindável Era Lula. Os argumentos são os mais subalternos e visam objetivamente a livrar os chefes da quadrilha do Mensalão da cadeia que os espera, notadamente o ex-chefe da Casa Civil de Lula, José Dirceu.
     Tudo isso não passa de um prosseguimento esperado das reações hidrófobas do PT e da CUT, seu braço 'operário', há algum tempo. Ambos ameaçaram invadir as ruas com suas tropas de baderneiros, mas não assustaram sequer o guarda da esquina. Mais 'refinados', os integrantes da tropa 'intelectual' tentam ocupar as mentes menos esclarecidas com pedradas retóricas. Covardes, evitam apontar o dedo sujo diretamente para o ministro Joaquim Barbosa, temendo os efeitos contrários.
     Atacam, também, a independência de jornais e revistas. Não suportam ler, todos os dias, manchetes que destacam a podridão que assolou o Palácio do Planalto. Têm pesadelos com as capas das revistas semanais. Mas em nenhum momento se voltam contra os asseclas do PT. Repudiam o veículo que traduz denúncias, e não o denunciante. Ignoram o silêncio comprometedor do ex-presidente, sua inação. Não pedem rigor na apuração dos crimes, ao contrário, lutam pela leniência.
     São asquerosos.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A ética do Planalto

     A renúncia do presidente da Comissão de Ética da Presidência da República, Sepúlveda Pertence, dá margens a justificadas especulações, como a que me permito fazer. Embora polido, Pertence deixou evidente que não aceitou o fato de a presidente Dilma Rousseff ter vetado a recondução de dois membros indicados por ele e indicado outros dois, que tomaram posse hoje.
     Coincidentemente - e o fato é destacado por Veja - , os vetados pelo Palácio recomendaram a demissão do ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, no fim do ano passado. Lupi, aquele que duvidou da presidente, anunciou que tinha bala na agulha, declarou seu amor por ela e acabou no olho da rua, com toda a pompa que sempre é conferida a todos os integrantes do Governos que são flagrados em atos não muito 'republicanos'.
     Pelo que se vê agora, prevaleleu a insatisfação da presidente. Eventualmente, se não tivessem ousado desafiar o Poder, teriam sido reconduzidos. Ousaram, foram rifados. É exatamente o que o Governo gostaria de fazer com os ministros do Supremo Tribunal Federal indicados por Lula e Dilma e que têm votado pela condenação de membros da quadrilha que assaltou os cofres públicos, no episódio que ficou conhecido como Mensalão.
     O tal manifesto urdido por bajuladores do Governo, em defesa do ex-presidente e do PT, é uma peça do mal-estar que vem sendo provocado pela independência manifesta pelos magistrados, com as exceções que justificam a regra, especialmente a do ministro Dias Toffoli, que cumpre apenas uma tarefa partidária e se desmoraliza a cada voto desprovido de conteúdo.
     Embora dirigida diretamente à revista Veja - que insiste (absurdo!!!) em escancarar as pilantragens dessa Era Lula -, a reação do esquadrão petista nada mais é do uma tentativa de coagir e chantagear todos os que não se dobram à ditadura petista. Ditadura, sim, embora alicerçada no voto.
     Nossa vizinha e prostituída Argentina, por exemplo, está prestes a resolver esse problema, calando a voz do Clarín, mesmo atropelando a Lei, com o apoio de um Congresso lamentável. Na Venezuela do bufão Hugo Chávez, quem se atreve a denunciar ou se opor ao sistema é ameaçado, perseguido e atacado por brigadas de bandidos a serviço do Governo. Em Cuba. Não, em Cuba só há uma voz, a do Granma, um jornaleco vagabundo usado para fins higiênicos e que parece ser o ideal de 'mídia' da companheirada.
     E a ética? Passa longe de Brasília, com certeza.

As artes de Inhotim

Galeria Matthew Barney

     A origem do nome Inhotim ainda é um mistério. Em um dos livros sobre o lugar, consta que pode ter sido uma espécie de 'mineirização' do tratamento dado ao antigo dono das terras onde hoje se assenta essa grandíssima área dedicada - como prega seu guia básico - à arte contemporânea, à botânica, à cidadania, ao desenvolvimento e à educação, sem falar no lazer, na diversão e na gastronomia.
     A região - 1 milhão de metros quadrados - pertencia a um súdito da rainha, Mr. Tim. De 'senhor Tim' para 'inhô Tim' foram apenas alguns anos. Hoje, Inhotim é um espaço único no mundo, que reúne uma coleção incrível de obras de arte, galerias e espécies vegetais (incluindo mata nativa), em torno de três lagos. Tudo em absoluta comunhão e a alguns poucos quilômetros, por exemplo, de Belo Horizonte.


Comunhão de arte e natureza

     Mesmo para quem sai do Rio, de carro, como sempre prefiro, é uma viagem tranquila e razoavelmente confortável, pela BR-040, principalmente no trecho que vai de Petróplis a Juiz de Fora (estrada de primeiro mundo, o que justifica os R$ 24 de pedágio). O pior trecho fica por conta da subida da serra para Petrópolis, dividido com caminhões de todos os tamanhos e ônibus.
     Se houver coincidência, uma boa pedida para almoço é o restaurante Fartura no Fogão, às margens da rodovia, no lado direito mesmo, depois (para quem está indo) da Mercedes Benz. Comida mineira de razoável para boa qualidade. Foi lá que certa vez, há dez anos, quando íamos a caminho do Jalapão (paraíso ecológico no estado do Tocantins), que meu genro mais novo, Guilherme, ultrapassou a barreira de 1,2 quilo de costelinhas, linguiças caseiras e quetais, em um almoço - reconheço, a bem da verdade! - tardio.


 


Edgar de Souza

     Inhotim fica no município de Brumadinho, onde estão as opções de hospedagem. Por exclusão, escolhi uma pousada em Piedade do Paraopeba (Pousada das Brumas), uma das muitas sugeridas na página do lugar. A melhor maneira de alcançar Paraopeba pede paciência: seguir até o trevo para Ouro Preto e fazer o retorno (são apenas três quilômetros). É mais seguro do que aguardar no acostamento e tentar cruzar a rodovia, já que o acesso fica no lado esquerdo da pista.
     A pousada revelou-se uma ótima opção, pela oferta de contato com a natureza, com direito a dormir ao som de um riacho, voos de tucano e a banho de cachoeira. O preço? Na baixa estação, todas cobram algo em torno de R$ 160 para diárias de casal, com café da manhã. E quase todas ficam a razoáveis cerca de 25 quilômetros de Inhotim.

Galeria Adriana Varejão

     A chegada a Inhotim foi uma antecipação do estaria por vir. Já na estrada de acesso, os primeiros contados com belos jardins e atendimento no estacionamento, que é livre. Paga-se para entrar, sim, mas uma taxa quase simbólica, em função do oferece: R$ 20 (inteira). Já na recepção, pode-se optar pela aquisição do direito de usar a frota de carros elétricos que percorre os caminhos mais longos (R$ 15 por pessoa, por dia). Fica uma sugestão: usar os carros em um dia, para chegar aos pontos mais distante e ... altos; e andar livremente no outro, no circuito interno.

A Praça, de John Ahearn e Rigoberto Torres

     Há algumas opções para refeições (dois restaurantes, lanchonetes e café) e, em todas as atrações, jovens atenciosos, educados e bem-treinados para atender aos visitantes. De terça a quinta, bandos de estudantes exploram o lugar, que é , em si, uma atração imperdível. Dos jardins de Burle Marx à incrível galeria Doug Aitken, que nos remete aos sons emanados do interior da Terra, colhidos a 220 metros de profundidade e amplificados.

Doug Aitken - O som da Terra


     E aqui vai uma observação: as galerias são obras de arte, independentemente do que contêm no seu interior. As de Adriana Varejão, Mathew Barney, Miguel Rio Branco e a de Doug Aitken foram as que mais me tocaram, especialmente a de Adriana Varejão, com seu espelho d'água. As obras espalhadas nos jardins também emocionam, como, principalmente (para mim, é claro) as de Edgar de Souza, Chris Buden, John Ahearn e Rigoberto Torres (Galeria da Praça) e - meu passado de editor de Carro e Moto do Jornal do Brasil me condena - os Fuscas de Jarbas Lopes.


Cildo Meireles

     Inhotim é para ser degustado. Há imagens (Miguel Rio Branco), cores (Oiticica), luz (Lígia Pape) e sons (Galpão Cardiff e Miller) para todos os gostos. O tempero é despir-se de preconceitos. E eu sei bem o que estou dizendo.

Galeria Lígia Pape

     Na volta ao Rio, uma sugestão boa, bonita, rápida e barata: visitar Congonhas e conhecer parte da obra de Aleijadinho. Os Profetas ficam a apenas quatro quilômetros da rodovia.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A frase definitiva

     Sem firulas, sem tergiversar. E foi apenas o primeiro dia do começo do sepultamento moral do Partido dos Trabalhadores no lodo que escorreu do Palácio do Planalto no início dessa lamentável Era Lula:

     "Comprovou-se a realização de transferências milionárias de dinheiro – 55 milhões de reais – por réus ligados ao PT em proveito de vários parlamentares de partidos que, mediante a sua acusação, passaram a compor a chamada base aliada do governo na Câmara dos Deputados".

     Ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do Mensalão do Governo Lula.

Alvoroço no ninho de ratos

     A coluna de hoje do jornalista Ricardo Noblat - que virou manchete na edição de O Globo na internet - vem reforçar a reportagem de Veja, sobre a participação formal do ex-presidente Lula e de seus auxliares diretos no assalto aos cofres públicos que ficou conhecido como Mensalão. Tudo o que vem sento dito e comentado há algum tempo, inclusive aqui, no 'O Marco no Blog', tomou forma: a forma de um vídeo devastador gravado pelo publicitário Marcos Valério, que teria quatro cópias, três delas guardadas em locais seguros e enderaçadas aos principais jornais do país e outra, segundo o colunista afirma, entregue ao economista Paulo Okamoto, o faz-tudo de Lula, aquele que 'emprestou' dinheiro ao chefe para quitar dívidas.
     Nessas fitas, o operador do assalto explicitaria todo o esquema da quadrilha, os envolvimentos da cúpula petista e as variáveis, além de colocar tudo no gabinete de Lula, no Palácio do Planalto. Essa precaução teria sido tomada por Valério - segundo o texto - para evitar algum 'acidente'. Nunca é demais lembrar que o prefeito petista Celso Daniel foi assassinado quando decidiu relatar o esquema de extorsão de empresas de ônibus que financiava campanhas do Partido (entre elas, a de Lula para a Presidência) e enchia os bolsos da companheirada. Foi um aviso de Valério: se eu morrer, ou for condenado a passar o resto da vida na cadeia, os jornais saberão de tudo. Algo bem parecido com os enredos de filmes de gângsteres e absolutamente de acordo com o perfil dos envolvidos.
     Até agora, não li ou ouvi maiores reações a O Globo. Não há um desmentido formal, como não houve em relação à reportagem de Veja. Há, no máximo, revolta contra o que eles chamam de 'mídia direitista' (a imprensa 'marronzista' do corrupto coronel Odorico Paraguassu, personagem de Dias Gomes imortalizado por Paulo Gracindo), que insiste em denunciar as vagabundagens do PT e de seus asseclas. Providencialmente - e escrevi isso ontem -, Marcos Valério é preservado pela turma. Ninguém investe contra ele, o autor das denúncias, dos avisos, da - podemos chamar assim - chantagem. A companheirada sabe que o homem é um poço cheio de mágoas e pode transbordar a qualquer momento, espalhando lama por todos os cantos.
     "Mas tudo começou em MInas, no governo do Eduardo Azeredo", possivelmente balbuciariam o humorista Luís Fernando Veríssimo e outras víuvas da dignidade que o PT perdeu há muito tempo (se é que a teve algum dia, o que eu sempre duvidei). E eu responderia: vão roubar outro!!!

domingo, 16 de setembro de 2012

PT está à beira do cadafalso

     A semana que começou hoje, domingo, tem tudo para ser uma das piores da história do PT. A companheirada passou o dia desmentindo a revista Veja e acusando a Oposição (como se ela existisse, de fato) pela reportagem que exibe, sem subterfúgios, o que toda a Nação que raciocina além das quatro operações já sabe há muito tempo: a presença do ex-presidente Lula no Mensalão, o maior escândalo institucional dessa tão maltratada República.
     Amanhã, o Supremo Tribunal Federal retoma o julgamento da quadrilha que assaltou os cofres públicos, de acordo com a denúncia da Procuradoria-Geral da República, envolvendo, pela primeira vez,de forma direta, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, o segundo (ou terceiro, vá lá ...) maior destaque do Partido dos Trabalhadores. De contrapeso, o ex-tesoureiro do Partido, Delúbio Soares, homem de confiança do ex-presidente, o obreiro que assumiu toda a culpa, embora por um crimezinho de segunda classe, que imaginava prescrever.
     Não sei se todos notaram, mas o PT, em nenhum momento, se volta contra o publicitário Marcos Valério, responsável pela administração de parte da roubalheira registrada no Go9verno Lula. Em situações semelhantes - e em outras anteriores, muito parecidas -, o normal seria o 'acusado' reagir contra o acusador, prometer processá-lo por calúnia, difamação e tudo o mais que o Código Penal permitisse.
     Mas não é isso que acontece. O PT sabe que não pode engrossar as vozes que pedem a prisão do seu ex-parceiro de fé, 'avalista' de tantos 'empréstimos não-contabilizados' (é assim que essa gente chama o assalto praticado contra o País). Como jamais investiu contra o ex-deputado e atual presidente do PTB, Roberto Jefferson, que deflagrou todo esse processo, ao se sentir ameaçado .
     Jefferson, ao contrário, teve sempre a compreensão dos aliados. Lula chegou a dizer, certa vez, que assinaria um cheque em branco para ele. Marcos Valério também vem merecendo o mesmo tratamento diferenciado por parte do restante da quadrilha e de seus pares. Esse pessoal tem a exata noção do perigo a que estariam expostos, caso comprassem uma briga com seus parceiros no assalto aos cofres públicos.
     O ex-deputado da força-tarefa collorida e assíduo frerquentador do Palácio do Planalto no governo Lula já atirou a toalha há algum tempo. Sabe que não vai escapar da condenação, assim como não conseguiu evitar a cassação. Marcos Valério - pelo que se lê, vê e observa - ainda tem esperanças de não parar na cadeia. Sendo inevitável, joga no ar ameaças de ampliar as denúncias. E nem mesmo assim recebe uma reprimenda do PT, um 'pito'.
     É muito mais fácil e cômodo transferir a responsabilidade para a Veja e José Serra, por exemplo, acusá-los, repetir o jogo de cena que vendo sendo exibido há seis anos, as mesmas mentiras, a mesma tática debochada que tanto agrada à turma do "eles roubaram também", do "era só caixa 2".
     Mais do que nunca, o futuro do PT está nas mãos dos dois ministros escalados para defendê-lo no STF. A dúvida é saber até que ponto a 'revisão' do próximo voto do relator (pelo histórico, deve pedir a condenação da todos os envolvidos na compra e apoio político) vai influenciar a Corte. Espero que em nada, como vem acontecendo sistematicamente, desmoralizando sua presença no Tribunal.

sábado, 15 de setembro de 2012

A verdade sobre a Era Lula

     Quem tem a paciência de ler meus textos talvez lembre que venho destacando, há muito tempo, que torcia ardorosamente pela condenação rigorosa do publicitário Marcos Valério, um dos administradores do Mensalão. Por ele - que deve pagar pelos crimes cometidos -, e pela enorme possibilidade de, vendo-se condenado à cadeia, decidir contar tudo o que sabe sobre as canalhices ocorridas sob as asas do Palácio do Planalto. Pelo que Veja publica, isso está começando a acontecer.
     Ainda não é uma acusação direta. Ainda parece com algo semelhante a um aviso, um alerta, embora bem mais incisivo do que os recados anteriores do dono das empresas que serviam de fachada ao assalto realizado aos cofres públicos. Mas já aponta para uma roubalheira muito maior do que a que está em julgamento, chefiada, de fato, pelo ex-presidente Lula, e não apenas pelo seu fiel escudeiro e ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, secundado pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
     Desesperado - pelo que indica a reportagem, que recomendo a todos -, sabendo que dificilmente escapará da cadeia por um período que pode chegar facilmente a 20 anos, Marcos Valério usou (para o bem do país) a Veja para o que eu entendo como sua última jogada. De imediato, acusa, através de terceiros, o ex-presidente Lula de ser o verdadeiro chefe da quadrilha, de saber de tudo o que se passava.
     Particularmente - faço a ressalva que é uma opinião pessoal, mas formatada com base no acompanhamento de todos os incidentes -, jamais tive dúvidas da culpa do ex-presidente. Seria impossível, na minha ótica, que um esquema de tamanha dimensão ocorresse na sala ao lado da sua, no Palácio, sem que ele participasse. O episódio em que ele e seu pranteado vice estiveram na mesma casa (de um deputado petista) em que um dirigente do antigo PL recebeu uma fortuna (cerca de R$ 10 milhões) seria suficiente para tirar qualquer dúvida que eu tivesse.
     A versão posterior - Lula teria ficado na sala, enquanto a canalhice ocorria no quarto - só serviu para aumentar minha convicção, pelo ridículo, pelo desprezo à inteligência da nação, prática comum nessa era inciada há pouco mais de nove anos e nove meses. Já não bastassem as diversas reações quando o escândalo estourou, as mentiras asquerosas.
     Os números sugeridos por Valério assustam: a pilantragem oficial chegaria a, no mínimo,  R$ 350 milhões, e não apenas aos 'singelos' R$ 53 milhões descobertos até agora. Dinheiro desviado dos cofres públicos direta e indiretamente, envolvendo o esquema petista instalado no Poder e empresários ávidos pelas benesses oficiais.
     Como o ex-presidente gostava de dizer, nunca, jamais, em tempo algum houve uma quadrilha tão canalha como a que se instalou no Governo, decidida a fazer tudo o que fosse possível para se perpetuar no Poder. Infelizmente - não me canso de repetir -, Lula não está no banco dos réus, apesar de ser o evidente responsável por essa herança maldita e ignóbil que, de algum modo, pode interferir, sim, no governo atual.
     Como prega a doutrina jurídica americana aceita entre nós, tudo o que temos hoje é fruto da mesma árvore envenenada. A Era Lula nasceu, cresceu e floresceu no lodo da corrupção.

Meus personagens intoleráveis

     Nunca fui muito tolerante, tenho que admitir. Com o passar dos anos, essa minha intolerância aumentou. Se há alguns anos eu talvez não ligasse, ou relevasse, hoje não levo a sério nem aturo determinados personagens presentes no nosso dia a dia.
     Um deles é o cabra que usa óculos no alto da cabeça. Normalmente são óculos escuros, seja dia ou noite, chova ou faça sol. Nesses casos, o item é apenas e tão-somente um adorno, para compor o que o sujeito pensa que é uma identidade. Quando posso - e quase sempre posso - não dou sequer bom-dia. Passo direto, olhando para outro lado e procurando não ouvir as imbecilidades que o indivíduo certamente está dizendo.
     Também não tenho a menor paciência com cantores que fazem caras e bocas para acentuar alguma característica que acreditam ser marcante. Acho que posso garantir que jamais comprei um LP, CD ou DVD de alguém fazendo caretas durante uma música. Lembro sempre de Frank Sinatra.
     Pode parecer preconceito - e é, com certeza -, mas não escalaria no meu time qualquer jogador com corte de cabelo moicano, ou seja lá o que aquilo for. E se o cara é daqueles que pintam ou descolorem a crista, então, nem no banco ficaria.
     E já que estamos em campo, lembrei de outro personagem deplorável e que, por incrível que pareça, faz sucesso nas nossas emissoras de tevê: o narrador esportivo verde-e-amarelo que, além de tudo, se acha um eleito dos deuses, trata os que estão à sua volta com aquela 'simpatia' dedicada aos seres inferiores. Quando não há outro jeito, quando sou obrigado a sintonizar o canal de um desses, uso a tecla 'mute' sem pensar no amanhã.
     Esquerdista de botequim também me causa brotoejas, quando não provoca engulhos. Levanto da mesa na hora em que as citações de Marx e Lênin começam a ser enunciadas, ou até mesmo antes, na fase de 'aquecimento', quando a conversa começa a enveredar sobre 'imperialismo'. Esconjuro e vou em frente. Eu sei que o cara, na verdade, está querendo 'pegar' a mulher mais próxima, ou vice-versa.
     Analfabestas - expressão criada por meu falecido sogro para designar um cunhado que ele não tolerava, com toda a razão - também me dão coceira. Saio de perto ao primeiro "Veja bem ...", quase sempre seguido por um sorrisinho 'inteligente', ou um franzir de sobrancelhas. Já escrevi aqui que meu sogro foi a pessoa que mais bem definiu o ex-presidente Lula, em termos mais - digamos - 'cristãos'.
     Aliás, tenho que confessar que petistas em geral me causam náuseas irrefreáveis. Aquele ar iracundo, aquela expressão de severidade que usam para dizer as mais aterradoras idiotices ou justificar roubalheiras reviram meu estômago. Não resisto a 30 segundos de discurso da presidente Dilma por exemplo. Até por que não entendo direito o que ela diz, principamente quando improvisa.
     Teria outros exemplos - apresentador de programa de tevê que finge supresa em cenas que são claramente combinadas e âncoras de jornais que exploram o estilo informal também me fazem trocar alucinadamente de canal -, mas perdi a paciência de citar essa gente.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Agora será para valer

     O julgamento do Mensalão do Governo Lula começará, de fato e de direito, semana que vem, daqui a parcos três dias, com o início da 'degustação' da quarta fatia do processo. Como alguns jornais e revistas anteciparam hoje, pela primeira vez, formalmente, o nome do ex-ministro da casa Civil, José Dirceu, vai aparecer, ao lado de seu fiel escudeiro, Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do PT que fazia o meio de campo com o esquema de roubalheira do empresário Marcos Valério.
     O ministro-relator, Joaquim Barbosa, deve se mostrar inflexível com os quadrilheiros. Até agora - e não há motivo algum para se imaginar o contrário -, a maioria absolutísima dos juízes do Supremo Tribunal Federal vem acompanhando seus votos e ignorando as manipulações e argumentos vazios do revisor. O publicitário Marcos Valério, por exemplo, já acumula condenações suficientes para colocá-lo na cadeia por um bom tempo. O petista João Paulo Cunha também já conquistou o 'direito' de ficar atrás das grades. Os demais petistas e assemelhados ainda não foram avaliados, mas já estão apavorados.
     Será impossível - levando-se em conta os resultados até agora - à companheirada escapar da condenação. Joaquim Barbosa foi meticuloso na ordenação do processo e felicíssimo na sua divisão por 'setores' (sete 'fatias', no total). Cada fatia vem abrindo caminho para a seguinte. Já não resta discussão sobre a ocorrência de diversos crimes, tais como lavagem de dinheiro e corrupção, envolvendo praticamente os mesmos personagens que, progressivamente, vão se entrelaçando, assim como seus diversos delitos.
     Os ministros Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli serão obrigados a inimagináveis contorcionismos retóricos e jurídicos - o revisor, em especial - para influenciarem os votos de seus pares e conseguirem livrar a turma que vem por aí. Lewandowski vem se esforçando muito, ao longo dessa cruzada a que se propõs e que se evidenciou ignóbil. Toffoli apenas exercita a tarefa esperada pelo PT, seu ex-patrão (ex?), de maneira deprimente e que causa evidentes constrangimentos. Desmoralizou-se pelo restante das suas próximas duas décadas de atuação.
     Segundo algumas notícias que já estão estourando nesse vasto mundo da internet, a grande preocupação da companheirada, agora, é descobrir um meio de escapar da cadeia, já que a condenação seria inevitável. E manter os Valérios e Pizzolatos da vida calados, para evitar a antecipação da 'catástrofe'.

Os filhos da igorância

     Insisto: o grande mal que aflige o mundo moderno ainda é a ignorância, mãe de todos os ramos do radicalismo, especialmente o religioso. A reação do 'mundo islâmico' ao tal filme que satiriza o Profetá Maomé (um filme que ninguém viu, muito menos aqueles bandos que tomaram as ruas de cidades do Oriente Médio e Ásia) é proporcional à estupidez que leva multidões a interpretar, no caso, o Corão de forma literal e extremada.
     As reações a uma simples representação do Profeta beiram ao irracional. Não é necessário, sequer, que haja uma provocação vagabunda, como a do filme em questão. Produzir um prosaico desenho e/ou uma imagem podem levar seu autor à morte, já que o Islamismo - segundo interpretações absurdas - proíbe essa prática. Aceitar esse comportamento, como um componente cultural, é uma agressão à evolução, à humanidade.
     Por culpa de governos e clérigos radicais, muitas vezes meros terroristas (como o do Irã), as massas são reduzidas à ignorância, num processo que claramente atende à interesses políticos que passam pela conquista e manutenção do poder absoluto. Essa região do planeta, mal-saída de anos de opressão externa (foi ocupada por ingleses, franceses, italianos, belgas etc por séculos), mergulhou no mais absoluto obscurantismo, no fanatismo que a remete à Idade Média.
     Em nome de Maomé - um profeta do bem, do entendimento, da paz entre os homens, como todos os demais, das mais diversas religiões -, cometem-se os mais absurdos desatinos. A história está repleta de exemplos de intolerância, de perseguições, de abusos cometidos em defesa da fé. Lamentavelmente, os exemplos não são aproveitados pelas gerações atuais especialmente dessa região da Terra.
     O ódio aos Estados Unidos não reflete, apenas, a condenação às intervenções militares e ao apoio dado a Israel, na sua luta pelo direito inquestionável de existir. Ele atende à insanidade de lideranças que menosprezam seus povos, ao estimular sua mediocrização e explorar sua ignorância.
     Efeitos da Primavera Árabe? Poupem-me dessa vigarice retórica.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Mais uma do 'analista de Bagé'


     Confesso que deixei de ler qualquer coisa escrita pelo humorista Luis Fernando Veríssimo há muito tempo, desde que ele – o crítico vigoroso dos desmandos e pilantragens oficiais, ou não - entrou de ‘férias’ há nove anos e oito meses. Continuo sem ler, mas fiquei sabendo que o filho de Érico resolveu – finalmente - abordar o julgamento do Mensalão do Governo Lula.
     A princípio, com a informação ‘pela metade’, não acreditei. “Será que ele, finalmente, decidiu voltou ao mundo canalha em que vivemos?”, questionei-me. Não, comprovei. Ele, o outrora cronista vigoroso e incisivo, continua afastado da realidade, mergulhado no mundo do faz-de-conta, da ilusão, engajado. Uma espécie de ministro Dias Toffoli do jornalismo semanal, cumprindo uma tarefa partidária.
     O amigo da ‘Dorinha’ finalmente lembrou da existência de um tema que mobiliza o País,o roubo praticado pela quadrilha chefiada pelo ex-ministro José Dirceu (eu continuo convicto que ele era o subchefe), do gabinete ao lado do ex-presidente Lula, é verdade. Mas não foi para reagir indignado às armações ilimitadas do ministro revisor do processo, Ricardo Lewandowski, que ofende a inteligência da Nação com seus votos intermináveis, claramente protelatórios. Ou para exigir cadeia para todo os criminosos.
    Nada disso. Veríssimo culpou o PSDB pelo assalto, destacando que tudo teria começado no governo do ex-governador de Minas, Eduardo Azeredo. Seria uma espécie de herança maldita do neoliberalismo que teria envolvido os ingênuos petistas de plantão, puros como donzelas. Em seis anos, foi uma das raríssimas vezes em que o misto de colunista e humorista tratou do tema, seguindo a linha adotada pelo presidente do PT, Rui Falcão, e pela companheirada entrincheirada na CUT e semelhantes.
     Para esse tipo de diversionismo só há um tratamento: joelhaços no baixo ventre.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Revendo a defesa

     Está cada vez mais claro, para mim, que o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo de julgamento do Mensalão do Governo Lula, traçou uma estratégia bem definida. Ele não está verdadeiramente preocupado com o destino da secretária Geisa Dias, por exemplo, a quem dedicou intermináveis horas de seu interminável voto. Seu objetivo é tentar desmoralizar a acusação, para justificar a absolvição de quem realmente interessa a ele: os políticos do PT que fazem parte da quadrilha que assaltou os cofres públicos para financiar campanhas, comprar apoios e encher os bolsos.
     O ar 'professoral' que assumiu durante parte do seu voto irritou profundamente o relator Joaquim Barbosa, que reagiu indignado ao que intuiu como restrições à seriedade e profundidade do seu trabalho. De maneira até irônica, Lewandowski retrucou, negando, mas insistiu na constestação da qualidade da acusação, repetindo, à exaustão e literalmente, os argumentos da defesa, quando a expectativa seria pelo voto.
     De quando em vez, ao ser confrontado com as afirmações da defesa sobre o esquema de pagamentos ilícitos realizados pelo Banco Rural, por indicação do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, saía pela trangente. Nesses casos, tudo era 'suposto'. A defesa só era tachativa quando interessava a ele desmerecer a acusação, e não quando atribuía a pilantragem ao PT.
     O que se vê, por enquanto, é apenas um 'aquecimento' para o julgamento que realmente e principalmente interessa à Nação: o dos políticos que avançaram sobre os recursos públicos, em nome da 'causa': a perpetuação do esquema de poder instituído na primeira eleição do ex-presidente Lula. De pouco vai adiantar a quase certa condenação do publicitário Marcos Valério a um bom par de anos na cadeia, caso o ex-ministro José Dirceu seja absolvido.
     A condenação precisa ser ampla, geral e irrestrita, para purgar o país e compensar, em parte, a ausência de Lula no banco dos réus.

A estupidez 'religiosa'


     A discussão não passa pela religião, ou algo semelhante. Ela deve ser centrada na estupidez abismal que atinge a maioria absoluta da população do Oriente Médio, condenada há um par de séculos ao mais total obscurantismo. A reação de muçulmanos líbios ao filmete sobre o Profeta Maomé (uma obra vagabunda, de cunho panfletário e racista) expressa apenas o grau de indigência mental que prevalece na região ainda hoje e que é explorado criminosamente por lideranças religiosas.
     Somente a enorme ignorância explica esse tipo de reação a qualquer referência ao Profeta que, se vivo fosse, certamente condenaria o uso da violência, como todos os demais símbolos de todas as religiões o fizeram ao longo da história. Paralelamente à boçalidade que provocou a morte de quatro pessoas na Embaixada Americana na Líbia (entre elas, o embaixador Christopher  Steven, um liberal), há uma evidente exploração das massas pelos terroristas de sempre, assassinos sanguinários que usam o Islã na sua cruzada de intolerância.
     Os idiotas e fanáticos que produziram e divulgaram o tal filme são minoria no mundo ocidental, imperfeito, mas léguas à frente do império das trevas que prevalece no Oriente, fruto da exploração de antigos conquistadores e da inconsequência e ganância dos líderes atuais.
     A lamentar, como de hábito, a condescendência com a barbárie. Imaginemos um contraponto. Uma multidão de judeus invadindo a Embaixada do Brasil para trucidar nossos funcionários, pelo apoio ao Irã, por exemplo. A simples menção da possibilidade de invasão da Embaixada do Equador, em Londres, para prender o estuprador Julian Assange e enviá-lo à Suécia, para ser julgado, provocou reações histéricas.
     No caso da chacina líbia, há uma fila de pensadores prontos a colocar a culpa dos crimes no tal cineasta. Assim como ainda há aqueles que encontram justificativas para o ataque às Torres Gêmeas, há onze anos.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Um Ministério da fuzarca

     Marta Suplicy ("relaxa e goza") no Ministério da Cultura; Aloísio Mercadante (o chefe dos 'aloprados') na Educação; Fernando Pimentel (o ex-prefeito de Belo Horizonte que recebeu quase R$ 2 milhões por palestras que nunca fez) no Desenvolvimento. Pincei apenas três exemplos. Poderia incluir Dona Maria do Rosário (da Secretaria dos Direitos Humanos), aquela senhora que defende rasgar a Constituição, em nome da causa; Ideli Salvatti (Relações Institucionais, seja lá o que isso for), a que mergulhou fundo nas compras de lanchas jamais usadas para o Ministério da Pesca; Marco Aurélio Garcia, aquele que comemorou com palavrões e gargalhadas um detalhe técnico em pleno luto pela morte de 200 pessoas em São Paulo; e Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, o mesmo militante que foi acusado de transportar, em seu Fusca, o dinheiro extorquido de empresas de ônibus do interior paulista.
     São apenas alguns exemplos mais gritantes do perfil do Governo Dilma Rousseff, que é vendido à população como íntegro e inflexível. Não se pode falar, sequer, na herança canalha deixada, de fato, por Lula. Sete dos auxiliares iniciais foram obrigados a largar os cargos, acusados de corrupção, apenas no primeiro ano de governo. A turma que atualmente manda e dá o tom 'político-ideológico' em Brasília foi escolhida a dedo pela presidente. Se alguma influência ainda existe - e fica claro que ela existe -, é absolutamente tolerada e aceita de bom grado.
     O prêmio conferido à senadora Marta Suplicy, pelo seu engajamento na campanha de Fernando Haddad à prefeitura paulista, é eloquente, embora negado vigorosamente por todos os envolvidos. Faz parte das negociações comandadas pelo ex-presidente Lula, aquele mesmo - sempre é bom lembrar - que renegou o Mensalão e foi à casa do deputado Paulo Maluf negociar o apoio ao candidato petista, em um dos episódios mais vergonhosos do ano.
     Pois bem. Esse é o verdadeiro DNA do atual Governo, que - entre outras coisas - atua na CPI do Cachoeira (lembram dela?) para barrar as investigações sobre as bandalheiras do envolvimento de construtoras com políticos de vários matizes. Marta Suplicy está no lugar certo.

Presidente repete bobagens de seu antecessor

     Seguindo a linha de 'raciocínio' inaugurada por seu mentor e antecessor, a presidente Dilma Rousseff mergulhou de vez no grotesco, ao usar o discurso vazio e barato do 'nunca, jamais, em tempo algum'. Foi o que disse, hoje, ao anunciar a redução das tarifas de energia elétrica. Segundo ela, essas medidas - adotadas, de fato, para tentar ajudar nossa indústria a escapar do caos - são o ápice de um processo que "ela iniciou", quando assumiu o Ministério de Minas e Energia, no começo do governo Lula, em 2003.
     E não ficou apenas nessa bobajada. Aproveitou o clima eleitoral para dizer, entre outras coisas, que estava devolvendo ao povo parte do dinheiro que ele pagou, ao estruturar o sistema de energia. O que mais impressiona é que companheirada em geral não se envergonha de usar esse discurso mambembe e demagógico, pois sabe que ele é sempre bem recebido pelas grandes massas, desinformadas e acessíveis a vigarices retóricas semelhantes.
     Cada vez que ouço ou leio algo semelhantes, tenho engulhos. A proposta é tão medíocre e remete a práticas tão vagabundas (um paternalismo demagógico) que, em respeito ao povo, deveria ser abolida por políticos com um mínimo de seriedade e respeito pala população. Eu, particularmente, me sinto agredido a cada discurso vazio e a cada agressão à inteligência cometidos pelos que se propõem a nos representar.
     Passamos oito anos escutando essa ladainha, como se o Brasil tivesse nascido naquela momento. Nos seus primeiros meses de governo, a presidente Dilma Rousseff mostrou-se mais discreta, talvez por estar envolvida por tantos escândalos no seu ministério. O comportamento razoavelmente discreto, no entanto, vem sendo atropelado pela orgia eleitoreira. A cada discurso, fica mais parecida com Lula.
     Pensando bem, não poderia ser diferente. Quem sai aos seus não degenra, ouvia minha mãe recitar.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Barbosa continua inflexível

     O ministro Joaquim Barbosa não fez por menos: seguindo um projeto traçado desde o início do julgamento do Mensalão do Governo Lula, pediu a condenação de todos (menos um) os acusados no esquema de lavagem de dinheiro público ajustado entre o Banco Rural, as empresas do publicitário mineiro Marcos Valério e o Partido dos Trabalhadores, que definia quem e quanto a cada 'companheiro' (aí incluídos os partidos 'amigos') iria receber.
     Foi didático, enfático e determinado. Analisou todos os pontos da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República e detroçou os argumentos do advogados de defesa, um a um, com abundância de provas, complicando a 'tarefa' dos ministros Ricardo Lewandowski (revisor) e José Antônio Dias Toffoli, especialmente a desse último, que vem se mostrando parceiro dos quadrilheiros.
     Não satisfeito em continuar alinhavando a acusação, Barbosa insistiu na necessidade de reuniões extrordinárias do plenário do Supremo Tribunal Federal, especiais, para tratar do Mensalão. Ele quer abreviar o julgamento, impedindo que as manobras protelatórias favoreçam os criminosos.
     Na construção de sua verdadeira obra acusatória, Joaquim Barbosa mais uma vez consegiu colocar tudo em perspectiva, exibindo o entrelaçamento das vários segmentos do processo. Da maneira como vem conduzindo as questões, fica cada vez mais difícil que a quase totalidade dos réus escape da condenação. Não há corrupção sem corruptores e corrompidos. Não há, no caso, lavagem de dinheiro que atenda a apenas um dos lados.
     O 'maior assalto aos cofres públicos' da nossa história recente está ligado indissoluvelmente ao Governo Lula e ao PT. No caminho entre o erário e os bolsos da companheirada, muita gente lucrou, é evidente. Marcos Valério, por exemplo, não tinha maiores ligações com o PT. Tinha um esquema que desenvolveu lado a lado com a turma do Palácio.
     A presidente Dilma Rousseff, pelo que se vê até agora, para livrar os companheiros da cadeia, precisaria indicar urgentemente (não pode, felizmente) mais uns quatro ministros com o perfil do ex-empregado do PT, Dias Toffoli, também ex-assessor do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu.

Mensalão: fatias do mesmo bolo

     O resultado do julgamento dos acusados pelo esquema de lavagem de dinheiro montado no Banco Rural, no episódio do Mensalão do Governo Lula, que começa hoje, deverá ser determinante para a área política desse que foi o maior escândalo da nossa história. Se os agentes da corrupção forem condenados - como devem ser -, será impossível absolver os 'corrompidos', aqueles que receberam ou manipularam os recursos desviados dos cofres públicos.
     As primeiras decisões dos ministros do Supremo Tribunal Federal já apontam para esse final: a quadrilha praticamente inteira na cadeia, real ou metafórica. De Marcos Valério (figurinha fácil em todas as fatias do julgamento) ao ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, passando pelo publicitário Duda Mendonça, aquele que confessou, aos prantos, em depoimento na CPI do Mensalão, que havia recebido dinheiro em paraísos fiscais, de maneira ilegal, pelo trabalho na campanha do ex-presidente Lula, que 'não sabia de nada', é claro.
     O cerco está ficando mais apertado, pois todo o processo vai se cruzando, colocando os personagens deletérios desse assalto aos bens nacionais no mesmo pacote de vigarices. E talvez esteja aí, na forma como o processo vem sendo apresentado pelo ministro Joaquim Barbosa, o segredo para punir a cambada toda, ou quase toda.
     Barbosa fatiou brilhantemente as acusações mas, ao mesmo tempo, deixou evidente - de maneira didática - que os pedaços fazem parte do mesmo bolo, que os esquemas se complementam, se ajustam, acomodam. Essa compreensão que vai se firmando deixa claro que não seria possível que tudo isso acontecesse sem uma coordenação, uma chefia, sem o toque de alguém que tivesse ascendência sobre os demais. Sem a liderança de José Dirceu e a assessoria direta de José Genoíno (presidente do PT na época) e Delúbio Soares (tesoureiro do Partido), parece gritar o processo.
     Mas Lula não sabia de nada.

Momentos deploráveis

     A foto do presidente Barack Obama sendo abraçado e supenso no ar por um eufórico eleitor democrata (em um reduto teoricamente republicano) é daquelas que me provocam enjoos e que costumam ilustrar campanhas por todo o mundo, não apenas nos Estados Unidos, é evidente. Os meses que antecedem as eleições são repletos de momentos deploráveis como esse, pois todos os candidatos - sem exceção - se submetem a qualquer coisa na sua luta pelos votos.
     Aqui no Brasil fatos semelhantes acontecem a todo momento, envolvendo personalidades distintas, como, por exemplo, José Serra, candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, notadamente mal-humorado e antipático, mas que se transforma, nesses períodos, em emérito piadista (sem a menor graça) e consumidor de qualquer porcaria que lhe é oferecida em feiras-livres ou comunidade carente.
     Essa prática vale para praticamente todos. Políticos que passam os anos em seus gabinetes com ar-condicionado e uma tropa de assessores, ou em viagens pelo mundo, de repente descobrem que existem favelas, ruas sem calçamento, esgoto a céu aberto. Descobrem, também, as delícias gastronômicas recendendo a gordura saturada escondidas nas vitrines de biroscas. São cenas tão irreais e demagógicas que deveriam ser apresentadas em programas dos tribunais eleitorais destinados a aperfeiçoar o voto, como exemplos de comportamente inadequado.

domingo, 9 de setembro de 2012

Um Estado inchado e gastador

     Não é a principal causa do absurdo custo Brasil, mas certamente é um dos mais significativos: o enorme cabide de empregos em que se transformaram os três poderes, fato que vem se agravando nos últimos anos dessa inacreditável Era Lula. Nunca, jamais, em tempo algum, contratou-se tanta gente e um custo tão caro. O tão discutido enxugamento do Governo, um dos bons atalhos para a redução do peso do Estado na vida do cidadão que paga seus impostos, passa longe desse esquema de conquista do Poder. Ao contrário. Quando mais gente pendurada nas já não muito vistosas tetas governamentais, melhor.
     No lugar de uma saudável redução de gastos com pessoal - tendência dos países que se propõem a enfrentar a crise mundial -, nosso país caminha no sentido inverso e, como agora, anuncia a criação de novos 61 mil cargos, 'necessários' para sustentar a enorme estrutura que vem sendo ampliada ano a ano, sem benefícios diretos e objetivos para a Nação.
     O caminho para o enfrentamento das crises que atingem o mundo recorrentemente passa pela simplicação da estrutura. Não há justificativa para um deputado, por exemplo, ter à disposição a companhia de cerca de 100 assessores ou algo semelhante. Não há cabimento nessa insistência bananeira e vigarista na criação de secretarias especiais, diretorias, entes públicos, gerentes de projetos megalomaníacos.
    O Estado, como se conforma, consome suas própias energias e compromete o futuro.

sábado, 8 de setembro de 2012

Histórias de Júlia e Pedro (51)

     Educação aprimorada

     Sábado, em meio ao feriadão, com os moleques aqui na Pedra, é certeza de momentos engraçados, alegres. Vamos a um dos que nos fizeram rir muito.
     Pedro acabara de dar um 'sacode' em Júlia, que, apesar de quatro anos mais velha, de quando em vez leva a pior nessa saudável (eventualmente bélica) relação entre irmãos. E, como sempre, aproveitou a oportunidade para se queixar do moleque, fazendo um drama caseiro.
     De qualquer modo, os país não poderiam deixar o momento sem uma referência, uma admoestação. Dessa vez, coube ao pai, Fábio, dar a bronca devida (normalmente a tarefa é de Flávia):
     - Pedro, não pode bater na sua irmã. Você entendeu? Pomete que você não vai bater mais.
     O moleque, que estava comendo umas uvas na hora na briga, ficou calado, como se não tivesse escutado. O pai insistiu:
     - Pedro, promete que você não vai bater de novo!
     A resposta foi a mais criativa e sincera, na medida do possível;
     - Eu não posso falar de boca cheia!

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Ex-ministro desrespeita a Justiça

     Definitivamente, o ex-ministro da Justiça e atual advogado de porta de xadrez mais caro do Brasil, Márcio Thomaz Bastos, comprova, a cada dia, que não há limites para o comportamento dos personagens dessa lamentável era que já dura nove anos e oito meses. Suas últimas consideração sobre o resultado parcial do julgamento do Mensalão do Governo Lula - o maior escândalo da história política brasileira - resvalam no desprezível, no insultuoso, no absoluto desrespeito à mais alta Corte de Justiça nacional.
     Grotesco, como seu chefe direto na época do Mensalão, fez comentários depreciativos sobre os magistrados que condenaram seu cliente direto (um executivo do Banco Rural) e os demais quadrilheiros, incluído, nesse rol, o ex-presidente das Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), atual candidato a um bom par de anos na cadeia. Ele , assim como Lula, não se conforma com a isenção de ministros indicados nos dois últimos governos petistas. Estava contando - como destaca O Globo -  com a submissão dos magistrados, nivelados, em uma concepção deletéria, a Delúbio Soares, o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores que assumiu a roubalheira, em nome da causa.
     Márcio Thomaz Bastos notabilizou-se, nos últimos anos, pelo aconselhamento que deu ao ex-presidente Lula, quando este foi atingido pela torrente deflagrada pelas denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson (atual presidente do PTB!!!); pela defesa do contraventor Carlinhos Cachoeira (abandonada recentemente e pela qual teria cobrado R$ 15 milhões); e pela defesa de um dos acusados no processo do Mensalão. Sem dúvida, é um currículo invejável.
    Agora, refletindo o desespero dos quadrilheiros (ainda há muita gente para ser julgada, em especial os 'companheiros' José Dirceu - colega de Bastos no ministério -, José Genoíno e Delúcio Soares, entre outros menos votados), volta-se contra o STF, uma atitude, no mínimo, irresponsável e rancorosa, pois parte de alguém que já ocupou nada menos do que o Ministério da Justiça do Brasil.
     Se imaginou, por algum momento, que suas críticas vão intimidar o plenário do Supremo Tribunal Federal, creio que errou totalmente na dose. Os votos contundentes da quase totalidade dos ministros - exceção óbvia para o revisor do processo, Ricardo Lewandowski (cuja família é amiga da família de Dona Marisa Letícia Lula da Silva, que teria defendido sua indicação), e para o ex-empregado do PT, José Antônio Dias Toffoli - mostram que a vilania passou longe do Tribunal.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Pode invadir, desde que seja do PT

     Falta indignação no Rio de Janeiro. É assustador perceber que há um silêncio cúmplice em relação à ocupação ilegal de áreas públicas, especificamente no Jardim Botânico. Uma cumplicidade que atende, também, pelo nome de desvio ideológico, já que o motivo real da tolerância com o ilícito remete ao fato de um dos infratores ser o deputado petista Edson Santos. Tenho certeza - e não estou apenas fazendo uma mera provocação - que se o 'ocupante' fosse um deputado do DEM, a reação da 'sociedade civil' seria bem diferente.
     Haveria passeatas, manifestações, instalações, encenação de peças em que o 'capital' apareceria espoliando a Nação etc etc. Mas Edson Santos é do PT (o diretor do Jardim Botánico também, mas de uma 'ala' menos ativa, certamente), e a companheirada pode quase tudo.
     É o retrato em escala menor do que acontece no país há nove anos e oito meses. A turma se apropriou de todos os espaços, materiais ou não, sob os olhares condescendentes dos líderes dessa Era Lula. O ato de ocupar uma área pública não é nada, quando comparado aos assaltos aos cofres públicos, ao loteamento de cargos, à compra de consciências e teclados.
     A condenação dessa primeira leva de quadrilheiros que estão sendo julgados no STF, no entanto, nos dá um alento. A impunidade companheira talvez esteja chegando ao fim.

Dilma colocou a carapuça

     Alguns fatos passaram despercebidos na defesa intransigente da presidente Dilma Rousseff ao governo e à herança deixada por seu antecessor (ministros corruptos, esquema de assaltos aos cofres públicos em diversos órgãos, conivência com desmandos de ONGs vigaristas etc) criticados em artigo publicado por Fernando Henrique Cardoso.
     Embora não fosse o alvo direto do texto de FHC - ao contrário -, a presidente reagiu como a antiga 'mulher do Lula", como salientei ontem, aqui no Blog. Tomou aa dores do 'marido' e partiu para briga. As justificativas para seu desabafo ficam claras quando verificamos algumas das suas justificativas. Além da fidelidade ao seu mentor, Dima Rousseff sentiu-se atingida, pois participou diretamente dos dois períodos de governo anteriores, sempre em cargos de destaque, como o de ministra da Casa Civil.
     Aos meus olhos e ouvidos, essa confirmação da participação direta soa como confissão dos crimes que venho apontando há algum tempo. Não há como disvincular a atual presidente dos escândalos da primeira fase dessa Era Lula. Ela estava lá quando explodiu o Mensalão; quando os aloprados foram descobertos; quando surgiram no ar os dólares na cueca de um petista de renome; quando foram denunciados atos indignos na Casa Civil.
     É de uma ligeireza criminosa achar que a atual presidente passou ao largo de tantaos atos desabonadores, de tanta ignomínia praticada em nome da causa. Sua indicação para o cargo, por si só, é um exemplo inquestionável de compromisso com tudo o que vinha sendo feito e que continuou sendo feito, como os desvios de verbas em órgãos públicos, manipulação de concorrências. Não podemos esquecer que Dilma foi apresentada como a 'mãe do PAC', esse grande buraco negro por onde escoam alguns bilhões de reais.
     Essa imagem fantasiosa criada em torno da presidente - de boa gestora e instransigente com a corrupção - não se sustenta, jamais se sustentou. Foi inventada pelo marketing palaciano e rapidamente espalhada pela tropa de choque midiático do PT. O tal PAC vive de números forjados, manipulados. Suas obras patinam e são alvo de denúncias da mais deslavada corrupção (o escândalo da Delta é um exemplo da pilantragem). Também não houve punição para os acusados de ladroagem. Sete ministros e diversos dirigentes de estatais deixaram os cargos, "a pedido", e continuam levando a vida sem problemas.
     Até mesmo os quadrilheiros do Mensalão recebem tapinhas nas costas do atual Governo. João Paulo Cunha - candidato, hoje, apenas a um bom par de anos atrás das grades - foi acarinhado por diversos ministros do primeiríssimo escalão. José Dirceu mantém sua posição no altar petista. É claro que houve e há o aval da presidente, que também aprova - isso é óbvio!!! - as reações hidrófobas do seu partido ao andamento do julgamento da companheirada.
     Tudo isso explicaria a reação da presidente ao recente artigo de Fernando Henrique Cardoso. Embora não fosse o alvo, enfiou a carapuça. E ela coube direitinho.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Variações sobre o mesmo tema: direita e esquerda

     A repercussão do artigo do economista Rodrigo Constantino sobre esquerdas e esquerdistas, em O Globo, ontem, é um sintoma bem claro do nosso momento político e me remeteu a situações emblemáticas dessa dicotomia. Recentemente fui atirado na vala comum da direita por um amigo de longa data, em função das minhas críticas incisivas especialmente ao PT e a seus dirigentes mais destacados, como o ex-presidente Lula, seu ex-chefe da casa Civil, José Dirceu, e nossa atual mendatária, Dilma Rousseff.
     Apontar o dedo sobre as pilantragens petistas - a roubalheira escandalosa em si e o gritante estelionato ideológico praticado pelo partido -, há algum tempo é suficiente para o autor da crítica ser tachado de direitista, no que essa expressão teria de pior. E aqui vai uma observação que venho fazendo de maneira recorrente: essa divisão obtusa entre direitistas e esquerdistas é lamentável, insignificante. Há pessoas dignas e as não-dignas. Ponto final.
     A uso dessas expressões remonta à Revolução Francesa e à ocupação de espaços na Assembléia Nacional. Os liberais girondinos, que defendiam o fim dos privilégios da nobreza e a igualdade de todos perante às leis, sentavam-se à direita. Já os jacobinos ('esquerdistas'), defendiam exatamente as mesmas coisas, mas pregavam a prevalência de um regime centralizador. Não havia a conotação atual, que tende a ser enganosa.
     Aos chamados 'esquerdistas' brasileiros tudo é permitido, inclusive o assalto aos cofres públicos, pois seria feito em nome de uma causa maior. A estupidez avassaladora do ex-presidente Lula, suas articulações e os acordos deletérias com o que há de pior no mundo político são perdoados. Segundo Dilma Rousseff e enorme parcela dos nossos formadores de opinião, o mais medíocre dirigente supremo de toda a história brasileira, o homem que mentiu e voltou a mentir sobre o escândalo do Mensalão é um "estadista".
     Os quadrilheiros apontados pela Procuradoria Geral da República, por serem de esquerda (os líderes, pelo menos), merecem toda a simpatia de grande parte da nossa inteligência. Do apoio descarado à conivência entre quatro paredes. Excetuando um ou outro personagem, não li ou ouvi qualquer manifestação substancial das nossas elites esquerdistas contra os ladrões que desviavam dinheiro público para financiar suas campanhas e encher os bolsos.
     Quando não há um apoio explícito, esbarramos com o silêncio constrangedor de críticos ferrenhos do liberalismo, como, por exemplo, o outrora 'combativo' escritor Luís Fernando Veríssimo, que vem passando longe do julgamento do Mensalão, em seus artigos semanais, para meu desgosto e, acredito, de muita gente.
     Repito o que disse ao amigo que entreviu pendores direitistas nas minhas crônicas diárias: enquanto a esquerda brasileira for sinônimo de desvio de verbas e de conduta - como é, inegavelmente -, aceitarei com tranquilidade a 'pecha'.
     PS: Já não passou da hora de Chico Buarque de Holanda, uma quase unanimidade nacional, entoar seu Sanatório Geral?