terça-feira, 3 de abril de 2012

Um rio de lama cachoeira abaixo

      O ainda senador Demóstenes Torres evitou a expulsão e pediu desfiliação do DEM. Agora sem partido (a vergonha ele perdeu há muito tempo), vamos ver por quanto tempo vai resistir à torrente de acusações que desabou sobre ele, em virtude de seu envolvimento criminoso com o contraventor Carlinhos Cachoeira, uma espécie de donatário de Goiás.
     O processo de cassação por falta de decoro poderia ser o caminho mais óbvio, mas depende de uma série de variáveis e componentes teoricamente legais. A principal: se o grampo que revelou a pilantragem tem validade legal. Uma firula jurídica que não se sustenta moralmente. Demóstenes, se tivesse alguma dignidade - mostrou que não tem - deveria ter renunciado imediatamente e enfrentado a Justiça, que ele dizia defender e solapou.
     Talvez esteja esperando um milagre semelhante ao que salvou o mandato da deputada Jaqueline Roriz, do Distrito Federal, absolvida por seus pares em uma das votações mais calhordas já ocorridas na Câmara. Ele certamente sabe, como nós vamos ficando sabendo, aos poucos, que há mais podridão na vala de corrupção alimentada por Cachoeira. E conta com isso.
     Hoje, por exemplo, a Folha revela que o contraventor pagou propina, também, a servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), para registrar uma fazenda comprada a preço de banana, nos arredores de Gama, e revendê-la a custo chácara no Lago. O Incra, não podemos esquecer, faz parte do latifúndio do Ministério do desenvolvimento Agrário, comandado pelo PT.
    Aliás - coincidentemente -, o ministério passou por mudança recentemente. Saiu um deputado do PT (Afonso Florense) para a entrada de outro, Pepe Vargas, também gaúcho. A 'propinagem' (mistura de propina com pilantragem) só foi revelada agora, mas ocorreu ano passado, sob a batuta do superintendente do órgão no DF, Marco Aurélio Bezerra da Rocha, e, por tabela, do ex-ministro Florense.
    Caros, muito esgoto ainda vai rolar cachoeira abaixo.

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