segunda-feira, 23 de abril de 2012

Radiografia do Brasil

     A cada nova rodada de pesquisas sobre as preferências políticas do distinto público, mais eu perco as esperanças de ver, a médio prazo, o Brasil se livrar da mediocridade ideológica e comportamental em que se meteu há onze anos. Os escândalos e roubalheiras do dinheiro público soterram (ou afogam, o que estaria mais de acordo com os tempos modernos) qualquer resquício de dignidade administrativa, mas deixam de fora - de maneira incompreensível - as cabeças do ex-presidente Lula e de sua sucessora no Poder.
     Lula - o maior beneficiário do Mensalão e de outras atividades ilícitas ao longo de oito anos de mandato - mantém-se impávido colosso no imaginário de quem vota no PT. A presidente Dilma, apesar de sete ministros demitidos por corrupção dois na marca do pênalti e todo o Governo prestes a ser atingido pelas investigações da CPMI do Cachoeira, a cada dia é mais bem avaliada, sem que tenha feito qualquer coisa de aproveitável.
     Seu primeiro ano de governo praticamente não existiu, imerso em escândalos seguidos. O segundo tem todos os ingredientes para repetir o anterior. Sem falar na mais absoluta falta de norte administrativo. Não houve avanço em um projeto de reforma sequer. O Governo tropeça, mês a mês, em medidas homeopáticas, tentando tratar uma inflamação ou outra, sem jamais atacar as causas.
     Confrontado pela maior crise na indústria dos últimos tempos, reduz os juros aqui, desvaloriza o real ali e vai tocando, ao sabor do ritmo de crescimento chinês, nossa tábua de salvação. E para não perder o hábito, compra umas briguinhas retóricas com algumas potências, como Estados Unidos e Alemanha, posando de independente. Se fosse espremido, como uma laranja, o governo Dilma resultaria num fiapo de suco passado.
     Seria difícil, mesmo, conseguir administrar com um mínimo de eficiência tendo os auxiliares diretos que escolheu (alguns) ou foram impingidos pelo seu mentor (grande parte) e a tal base aliada. Um governo que coloca suas 'relações institucionais' (seja lá o que isso for, e não me parece ser coisa boa) nas mãos da ex-senadora Ideli Salvatti; seu 'desenvolvimento' a cargo de Fernando Pimentel (homem que inventou a palestra telepática); e sua educação sob a tutela de Aloísio Mercadante não pode ser levado a sério. Os dois primeiros estão envolvidos até à medula em denúncias de vigarices recentes. O último, era o chefe do chefe dos 'aloprados'.
     E há mais, muito mais. Há citados em casos criminais, como o Gilberto Carvalho, apontado no processo que apura o assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, como o homem que carregava, no seu Fusca, propina de empresas de ônibus para o PT; a militante Maria do Rosário, dos 'Direitos Humanos', responsável direta pela mais forte crise institucional dos últimos tempos, ao defender o atropelo da Lei da Anistia; e a turma da cota dos 'aliados ideológicos', como PMDB, PRB, PTB, PP, PDT e semelhantes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário