quinta-feira, 19 de abril de 2012

A extorsão é amarela

     É mais forte do que a minha lógica manda. Quando passo, como hoje, pela Linha Amarela - obrigado, não por opção - não consigo resistir ao impulso de escrever, mais uma vez, que a cobrança de pedágio entre bairros de uma mesma cidade é um escárnio. Não há gastos com manutenção que justifiquem esse absurdo, essa sobretaxa que a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro nos empurra goela abaixo.
     A obra, em si, foi paga com o nosso dinheiro, o dinheiro que saiu dos nossos impostos. E não foi um presente, e sim uma imposição do crescimento da cidade, desordenado e caótico por culpa exclusiva dos péssimos gestores que se sucederam nas últimas décadas, mais preocupados com o voto fruto da demagogia do que com a dignidade. Chegou tarde, foi mal-dimensionada e já está saturada.
     Pagar quase R$ 10 por dia para ter o direito de ir e vir ao trabalho, à escola ou tratar de assuntos na região atingida pela Linha Amarela é um assalto legalizado. Principalmente quando sabemos que o que deveria ser uma via expressa nada mais é - há muito tempo - do que o caminho mais rápido entre dois engarrafamentos degradantes, poluentes e caros.
     Por trás dessa vergonha urbana, um acordo sombrio com a empresa que opera a via. O governo - como se falasse em nosso nome, e não fala, nesse caso - cobra sua parte de um movimento estimado (sempre por baixo, muito por baixo, mesmo) e a empresa fica com essa loteria acumulada diariamente. Em dinheiro vivo, como no jogo do bicho. Um dinheiro que ninguém sabe o montante exato.
     E o que é pior: seremos extorquidos em novas vias que estão sendo construídas, como a TransOeste e a TransOlímpica.

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