terça-feira, 24 de abril de 2012

A retórica do Poder

     Tento não deixar passar sem registro uma prática usada ao extremo pela turma do Poder: o diversionismo retórico - algo muito semelhante a vigarice -, alimentado pelo império da adulteração de fatos instituído pelo ex-ministro da Comunicação do Governo Lula, Franklin Martins, um especialista em manipular notícias, criar manchetes que se mostrariam mentirosas, desviar a atenção.
     A técnica, grosso modo, consiste em transformar um fato teoricamente negativo em uma favorável, através do retrabalho da noticia. Os exemplos mais recentes e marcantes do sucesso dessa prática puderam ser vistos nos lamentáveis episódios que terminaram com a demissão, no ano passado, de sete ministros por envolvimento em denúncias de corrupção.
     A notícia que ficou marcada no inconsciente da população, entretanto, não foi a repetição de fatos criminosos no Governo, mas uma suposta intransigência da presidente Dilma com os tais 'malfeitos', como se ela nada tivesse a ver com eles. De chefe de um bando de acusados por corrupção, a presidente virou símbolo da luta contra a corrupção. Puro Goebbels (*).
     Tivemos, hoje, mais um exemplo dessa tática diversionista. Segundo O Globo, o ministro da Aviação Civil, Wagner Bittencourt (o conhecido 'quem?'), garantiu que todos os aeroportos brasileiros, nos próximos dois anos, estarão "dentro do processo de modernização do setor". Isso quer dizer o seguinte: a privatização será acelerada, para evitar um vexame muito grande durante o Mundial de 2014.
     Mas estamos em ano eleitoral e o verbo 'privatizar' não pode ser usado. Afinal, o PT passou os últimos anos execrando as privatizações, anunciadas ao público como atos de entrega do patrimônio público. O jeito, então, é dizer sem dizer, sair pela tangente, como manda o manual da falta de caráter ideológica.

     (*) Joseph Goebbels foi o ministro da Propaganda do regime nazista.

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