segunda-feira, 16 de abril de 2012

Estupidez à francesa

     Sabem qual foi a definição que a candidata comunista ao governo da França deu à eleição, que é uma das grandes conquistas da humanidade? "É um epifenômeno". Está lá, no O Globo, que dedicou três quartos de página ao quase nada, à não-notícia. Nathalie Arthaud, a tal comunista (ainda existem, no mundo de hoje) tem pífios 2% das intenções de voto - perderia para qualquer macaco Tião ou hipopótamo Cacareco -, além de encerrar seu comício cantando a Internacional Socialista, fez uma enorme profissão de fé no atraso, na estupidez, no desrespeito à vontade da maioria.
     Epifenômeno - basta recorrer a qualquer dicionário - é algo que se acrescenta a um fenômeno, mas sem que tenha a menor importância sobre ele. É isso que essa luminar da esquerda mundial, comparável, em tudo, à mediocridade dos Le Pen (extrema-direita), pensa de uma eleição. "É um acidente da vida política", disse. Ela é raivosamente contra o que classifica de "a falsa democracia do sufrágio universal comandada pelos capitalistas". Justamente a democracia que garante a pessoas como ela a liberdade de tentarem destruir a própria liberdade.
     Eu fico me perguntando - já sabendo a resposta -  se esse tipo de gente se difere dos defensores dos crimes de ditaduras militares ou afins? A resposta é não. São absolutamente iguais em canalhice ideológica. Mas prestem atenção no 'tratamento' que recebem, inclusive de representantes da 'imprensa burguesa' brasileira, que parece atrelada a um processo de eterna expiação pelo apoio que deu aos governos militares.
     No final da sua epifânia, a reportagem de O Globo reproduz - como apoteótica - uma cena que deveria ser tratada como expressão de insanidade. A autografar um exemplar da História de Revolução Russa, de Leon Trotski (aquele sujeito assassinado pelos 'ex-companheiros' de lutas, no México), apresentado por uma 'militante' que levava uma criança de três anos ao colo, a candidata entoa a seguinte frase, olhando para o quase bebê:
     - Tão pequena e já é uma revolucionária.
     Seria claramente cômico, algo para provocar gargalhadas, se não fosse tão trágico e deprimente.

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