quarta-feira, 11 de abril de 2012

Os donos da verdade

     Uma notícia esportiva oriunda de São Paulo que merece a reflexão de todos os que gostam de futebol. A Folha nos conta que um auxiliar de arbitragem (o tal de 'bandeirinha') foi suspenso do Campeonato Paulista por ter marcado impedimento em um gol totalmente legal do Santos, que acabou perdendo o jogo contra o São Caetano por 2 a 1.
     Será que a 'justiça' foi feita? No meu entendimento, não. Ele foi suspenso, e daí? Vai continuar levando sua vida normal, paralela ao futebol, até ser reintegrado. O Santos perdeu os pontos, registrados para o adversário. E se houve a punição, com a admissão formal da Federação de que aconteceu um erro, não seria o caso de anular o resultado, sob pena de prejuízo irreparável de uma das partes?
     "Mas as regras do futebol não permitem", alegam, sem deixar de ter razão legal, os defensores desse espírito contraditório, como se ele fosse benéfico ao esporte. "Os erros alimentam a paixão", argumentam outros, quase sempre quando as falhas beneficiam seus clubes.
     Não concordo absolutamente com isso. Poucos esportes são tão apaixonantes quanto o futebol americano e ele prevê, sim, o uso de recursos eletrônicos para contestar decisões da arbitragem. Assim como o tênis. Nada pode ser pior do que um erro decisivo, que frustre expectativas e investimentos milionários dos clubes e atletas.
     Os fatos registrados após a partida entre Vasco e Flamengo, sábado passado, reforçam minha tese. Todo o descontrole de jogadores e dirigentes do Vasco foi provocado por algumas falhas gritantes da arbitragem, que deixou de marcar um pênalti claro contra o Flamengo e ignorou faltas grotescas a favor do clube de São Januário, quando o jogo ainda estava empatado. Em uma delas, chegou ao cúmulo de dar cartão amarelo a um atleta, que foi derrubado por trás, alegando simulação.
     Um clube acha que foi pênalti, ou que houve impedimento em uma jogada de gol? Simples: interrupção da partida para que uma comissão de árbitros - isentos, é claro, e não torcedores, como alguns são - faça a análise. Isso, dentro de um limite razoável de contestações, como ocorre nos esportes que adotaram a tecnologia como parceira.
     Sabendo que haveria a chance de suas decisões serem revistas, os árbitros - que têm poderes discricionários absurdos, não conferidos a ninguém mais no mundo - talvez  exibissem um comportamento menos indigno em campo.

PS: Os jogadores do Santos também cercaram o auxiliar, contestando - com a delicadeza imaginável - sua decisão. Não foram sequer advertidos com cartão amarelo. Ainda bem. Seria uma injustiça dobrada.

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