segunda-feira, 2 de abril de 2012

Continuamos 'bananeiros'

     Em um extremo, o governo da argentina Cristina Kirchner, ameaçando estatizar empresa de petróleo que foi privatizada, perseguindo jornais e jornalistas, maquiando números da economia e revivendo o conflito com a Inglaterra, pela posse das ilhas Falklands. Do outro, não necessariamente do ponto de vista geográfico, o eterno bufão venezuelano Hugo Chávez acena com a estatização de todas as empresas que, a seu critério (se é que esse personagem de anedotas sem a menor graça tem algum), estiverem apoiando seu adversário nas próximas eleições presidenciais.
     No meio, o Brasil varonil, apoiando - expressamente ou por conveniente omissão - esses dois exemplos bem acabados de vigarice ideológica, alinhando-se com eles, nivelando-se por baixo, num evidente retrocesso da nossa política externa, que chegou a dar alguns sinais de amadurecimento, depois de oito anos da mais absoluta mediocridade.
     No caso argentino, pode-se, até, argumentar com a necessidade que nosso país tem de manter boas relações. Afinal, nosso vizinho é um dos bons parceiros econômicos. Se fosse possível comparar, o Brasil está para a Argentina, assim como a China está para o Brasil, guardadas as necessárias e devidas proporções, como foi destacado , também, pelos participantes dos debates do último Painel, programa da Globo News comandado pelo jornalista William Waack.
     Mesmo sabendo desse diferencial, custo a engolir nosso alinhamento na questão das Falklands, que os argentinos e brasileiros insistem em chamar de Malvinas, num evidente desrespeito à soberania do lugar e de seus habitantes. Não há razão histórica alguma que justifique a pretensão argentina - as ilhas, que pertenciam à Espanha (lembram de um 'tal' de Tratado de Tordesilhas?), foram ocupadas pela Inglaterra há quase 200 anos, quando espanhóis e franceses (que haviam comprado parte do território) abriram mão de tudo. A Argentina, recém-independente, nunca por lá esteve, de fato.
     Se formos levar em conta a vontade dos seus habitantes - princípio basilar reconhecido pela ONU -, então, veríamos que não há a menor sustentação para esse 'revival' da aventura argentina. Seus habitantes - a contragosto da maioria dos repórteres 'canarinhos' que por lá estiveram nesses dias, em função dos 30 anos da guerra provocada pelos ditadores argentinos da época - são unânimes em defender a autonomia, sob as bênçãos da Grã-Bretanha.
     Mais bem faria o Brasil se abandonasse essa postura de subserviência a uma compulsão 'anti-imperialista' soterrada pelos fatos e pelo tempo e exercesse sua liderança natural no continente para clarear mentes e oxigenar o perfil político dos dirigentes vizinhos.

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