quarta-feira, 18 de abril de 2012

Os desafios do ainda senador

     A desfaçatez com que o ainda senador goiano Demóstenes Torres vem agindo - esteve hoje, mais uma vez, no Senado e reiterou a decisão de se defender e "provar sua inocência" - é sintomática. No lugar daquele político 'abalado', cabisbaixo que vimos quando o escândalo estourou, surgiu alguém confiante no futuro, arrogante, até, no enfrentamento do seus pares e do país.
     Ou ele é completamente psicopata - o que não parece o caso -, ou teve a confiança renovada graças ao - digamos - 'desenrolar dos fatos'. De único e maior acusado pelo relacionamento bandido com o contraventor Carlinhos Cachoeira, passou a ser, apenas - se é que isso é possível -, mais um entre os inúmeros grampeados pela Polícia Federal, destaque, até agora, para os ainda governadores Marconi Perillo, do PSDB de Goiás, e Agnelo Queiroz, do PT do Distrito Federal, para o impoluto deputado federal Stepan Nercessian (PCdoB-RJ) e para a construtora Delta, a queridinha do Planalto e do Palácio Guanabara.
     Sua - do ainda senador - estreita relação com o contraventor permite algumas elocubrações. Imaginemos, por exemplo, que ele tenha tido acesso a informações ainda não divulgadas e que comprometeriam representantes de todas as esferas dessa infeliz República. Talvez - e só talvez - isso explique a relutância de companheiros da Casa em participar das investigações sobre seu comportamente vergonhoso e, ao mesmo tempo, dê ao senador trunfos inimaginados e segurança para se sentir inatingível, apesar de todas as evidências irrefutáveis.
     A CPMI que deve ser aberta semana que vem também promete desdobramentos bem interessantes, se o PT e o PMDB deixarem, é claro. Os dois partidos, pelo que lemos e ouvimos, andam tramando para dominar a Comissão e levar as investigações a contento ... do Governo.

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