segunda-feira, 23 de abril de 2012

A mudez dos governadores

     Acho que li - ou ouvi, não sei bem - essa observação há alguns dias. Leio, escuto e vejo tantos jornais e revistas que às vezes as informações se cruzam e a autoria se dilui. De qualquer modo, é um tema que não teve, ainda, a repercussão que merece e que deverá ganhar a partir do início das investigações sobre a promiscuidade entre o contraventor Carlinhos Cachoeira, políticos dos mais variados partidos e matizes e a construtora Delta, a queridinha do PAC.
     Estou me referindo ao eloquente silêncio dos governadores dos estados atingidos pela rede de corrupção montada em torno das obras públicas e que tem, como ponto referência, a Delta. Já nem falo dos governadores de Goiás e Tocantins, respectivamente Marcoli Perillo e Siqueira Campos, ambos do PSDB, e o petista Agnelo Queiroz, do Distrito Federal, citados em gravações realizadas pela Polícia Federal. Esses, por razões óbvias, preferem distância dos holofotes. Se pudessem, certamente enfiariam a cabeça num buraco e só levantariam no improvável dia em que tudo estivesse esquecido.
     Os demais, da área mais atingida pelo esquema do contraventos (Regiões Centro-Oeste, Sudestes, Sul e parte do Nordeste), destaque para Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, ignoram o noticiário. No Rio, a Delta, que pertence a um amigo dileto e fraterno do governador, registrou um crescimento digno de um 'PACdoEAP' - Programa de Aceleração do Crescimento das Empresas Amigas dos Poderosos.
     Cabral, assim como em todas as ocasiões em que o noticiário não lhe era favorável, sumiu, seguindo uma estratégia desenvolvida ao extremo pelo ex-presidente Lula, o eterno ausente das crises. A prevalecer, no entanto, a determinação dos partidos de Oposição (seja lá o que isso ainda for), a Delta estará no centro das atenções, lado a lado com Demóstenes Torres e companhia. Em algum momento os emudecidos governadores serão obrigados a vir a público.

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