sábado, 21 de abril de 2012

O sábado é de Marechal Hermes, outra vez

                                  





A tropa, saindo da igreja (ao fundo, ao centro) e passando pela Capitão Rubens, rua de terra, com sua carvoaria, a casa de instrumentos musicais Violão e Ouro e a padaria, do 'seu' Aníbal, com suas portas altas. Nossa 'aquelá' à frente.

     Sábado, já disse algumas vezes, rima com Marechal Hermes, subúrbio onde vivi dos dois aos 22 anos e para onde voltei alguns anos depois, para uma breve estada. Foi lá que Flávia nasceu (Fabiana é 'da Taquara'). Mexendo em fotos antigas, encontrei alguns flagrantes que resgatam um pouco das minhas memórias, especialmente da rua em que eu me criei, a Capitão Rubens. Marechal Hermes, o primeiro subúrbio planejado de fato, tem vária ruas e avenidas que homegeiam militares - não podemos esquecer que fica ao lado da Vila Militar e sofre a influência dos muitos quartéis da região e do Campo dos Afonsos.
     As fotos foram feitas por uma tia, Judith, irmã de meu pai, em uma das visitas que fez à nossa casa. Naquela época, máquina fotográfica não era exatamente um bem à disposição de todos. Essa minha tia era uma exceção. Devo a ela os poucos registros da minha infância.
    Estávamos em um domingo e ela se preparou para fotografar um desfile que acontecia sempre após a missa das 9 horas, acompanhada na Igreja de Nossa Senhora de Fátima (onde casei e minhas filhas foram batizadas, para atender a um rito familiar), obrigatória para toda a tropa de escoteiros que ocupava uma área cedida pelo antigo União Futebol Clube, da segunda divisão do futebol carioca nos anos 1950, atual centro de treinamentos do Botafogo (Estádio Mané Garrincha).
     Íamos e voltávamos da missa cruzando toda a Capitão Rubens, quando ela ainda era de terra batida e com valas junto ao meio-fio, desde a atual Xavier Curado (onde ficava nossa sede) até o encontro com as avenidas Marechal Oswaldo Cordeiro de Faria e General Savaget. Dali em diante, por mais um quarteirão, já havia asfalto. É onde se localiza até hoje a matriz de Nossa Senhora, que aparece em um das fotos que ilustram esse texto, ao lado do Teatro Armando Gonzaga, projetado por Oscar Niemeyer.

A caminho da sede, tendo, à direita, parte da lateral do Hospital Carlos Chagas. À esquerda, o mato que crescia junto ao meio-fio e que éramos obrigados a driblar nas peladas diárias. 
     Do lado direito da segunda foto, onde há muito anos existe um anexo do Hospital Carlos Chagas, um muro (vejam, à direita)) separava a rua do velho pátio onde ficavam as ambulâncias. Os ficus que enfeitavam nosso quarteirão (eles também aparecem nas fotos) e que eram escalados pela garotada foram sacrificados. A tropa de escoteiros também foi sacrificada pelos novos tempos. Dela, tenho, também, algumas boas lembranças, uma delas bem curiosa. Vamos a ela.
     Não sei bem os motivos, mas o nosso 'chefe' descobriu que eu tinha habilidade para dominar a linguagem semafórica (comunicação através de bandeiras, muito usada entre navios). Em pouco tempo eu já sabia o alfabeto de cor e enviava e decodificava mensagens curtas. Cheguei, até, a participar de um campeonato entre tropas.
     Nessa época, nossa 'aquelá' (a bandeirante que coordenava a garotada mais nova), filha do chefão, namorava um militar que servia em um quartel bem próximo ao antigo campo do União e também conhecia a comunicação por bandeiras. Nos domingos em que ele estava de serviço, eu era escalado por ela para intermediar as mensagens do casal. Ela se declarava e eu transformava suas frases em bandeiradas. Ele respondia e eu decifrava aquela combinação de sinais.
     Até hoje, com um pouco de esforço, sou capaz de produzir, acenando bandeiras, uma ou outra frase menos complicada.     
     Marechal Hermes, nos anos 1950, era assim.

2 comentários:

  1. Deliciosa a história das bandeiradas pro namoro da bandeirante...

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  2. CARA MUITO BOM VER AS HISTÓRIA ANTIGAS DE MARECHAL, ME DISSERAM QUE EMCIMA DA ESTAÇÃO DE TREM TINHA UM RELOJÃO DE QUATRO LADOS QUE HOJE ENCONTRA-SE EM U MUSEU EM MINAS GERAIS. ABRAÇOS EVERARDO.

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