sábado, 28 de abril de 2012

A alegria do palhaço

     A normalmente bem-informada Mônica Bérgamo, da Folha , é a responsável por uma notícia que, grosso modo, exibe o pouco respeito que o Congresso provoca na sociedade, até mesmo nos seus párias. Segundo ela, um dos interlocutores do contraventor Carlinhos Cachoeira (que é tratado no texto apenas como 'empresário', não entendi bem o motivo) disse que ele, Carlinhos, "caiu na gargalhada" ao saber quem participaria da CPI aberta para investigá-lo.
     Bons motivos deve ter para se dar a esse tipo de desfrute. A CPI, sabemos todos, é composta por uma esmagadora maioria apavorada de governistas e uma minoria oposicionista afogada pelos delitos de seus representantes, em especial o ainda ministro Demóstenes Torres (ele é do DEM, sim) e o governador Marconi Perillo, do PSDB.
     Se, por um lado, PSDB, DEM e PPS tentam mostrar que não admitem os malfeitos de seus pares (não há outro meio de escapar ao atropelamento); por outro, petistas e assemelhados perdem o sono só em imaginar o que pode vir por aí, quando as investigações avançarem - e têm que avançar - nas relações da construtora Delta com os governos Federal e estadual do Rio de Janeiro, em especial.
     Tudo aponta para um escândalo proporcional ao Mensalão, menos canalha, mas ainda assim nojento. Não há, hoje, uma obra sequer do PAC - essa fantasia arquitetada pelos marqueteiros do Planalto - que não esteja sob suspeição. A roubalheira que se adivinha é absurda, ampla, total, irrestrita. E roubalheira em obras públicas é sinônimo de financiamento de campanhas políticas.
     Cachoeira tem bons motivos para dar gargalhadas. Ele parece saber que ninguém quer que o circo pegue fogo.

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