sexta-feira, 27 de abril de 2012

Cinco dias de fantasia

     Já está decidido: será feriado no município do Rio de Janeiro nos dias 20, 21 e 22 de junho (de quarta a sexta), durante a Rio+20. Somando-se ao fim de semana, a cidade vai ficar parada exatos cinco dias. Faz quem pode; quem tem dinheiro sobrando e não precisa produzir. E quem não tem o menor pudor de usar artifícios medíocres para mascarar a tristíssima realidade das nossas ruas e avenidas, engarrafas e inseguras durante a maior parte dos dias.
     É a mais explícita confissão de incapacidade em gerir uma cidade que extrapolou seu limites de crescimento em determinadas áreas e que vem sendo remendada por seguidas e desastrosas administrações, sempre de olho nos votos, no eleitor que responde a benefícios imediatistas, e não a projetos de longo alcance.
     Com os feriados, o prefeito espera deixar os caminhos livres para a passagem das delegações internacionais, que viveriam um momento de fantasia, afastado da realidade que é imposta a todos os que são obrigados a se deslocar entre engarrafamentos já históricos e não resolvidos.
     Por quase uma semana, a Avenida Brasil deixará de ser o inferno diário que é; a Linha Amarela já não será o caminho mais rápido entre dois congestionamentos absurdos; a Lagoa não ficará parada a qualquer hora; a Avenida das Américas terá um fluxo normal. Talvez seja a oportunidade para nosso alcaide bater o martelo na derrubada da Perimetral. Basta fotografar a pista nesses dias e mostrá-la vazia. Seria a 'evidência' que ela, portanto, não vai fazer falta.
     Seria bom, no entanto, que a Prefeitura combinasse tudo com os cariocas, com antecedência. O feriadão pode geral um fluxo incontrolável de saídas da cidade, por terra e pelo ar. E se todo mundo resolver viajar na hora da chegada das delegações? Outra possibilidade que me surgiu agora: para evitar essas corridas comuns nesse tipo de folgão, o Rio poderia inovar e decretar um eterno feriado.
     Não haveria necessidade de todos saírem e voltarem no mesmo dia. A folgança ficaria diluída. E, melhor: acabaríamos, de vez, com as mazelas do trânsito. Fica a sugestão: fechar o Rio para balanço, deixando-o adormecido em berço esplêndido.

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