domingo, 15 de abril de 2012

A indústria da pseudoantropologia

     Não há menor dúvida que as minorias têm direito a proteção. E os índios brasileiros estão entre os que não podem ser esquecidos pelo Poder Público. Mas daí a mascarar a enorme indústria da ocupação de terras por todo o país vai - ou deveria haver - uma distância razoável. A mais recente investida ainda está acontecendo, no Sul da Bahia, onde supostos descendentes da etnia 'pataxó hã hã hã' invadiram fazendas, queimaram casas e assassinaram uma mulher, a tiros. Depois, posaram para as câmeras das tevês encenando danças 'tribais'. Um pastelão deplorável.
     Há poucos dias, foram divulgadas fotos do 'cacique' de outro grupo, esse da Região Norte, ao lado de duas picapes que ganhara por negociar a exploração de 'suas terras' com grande empresas internacionais. Em ambos os casos - e em quase todos os demais que surgem recorrentemente -, os denominados índios mostram que estão absolutamente aculturados. Nada daquela fantasia do pobre defensor da terra e dos bichos, simples e simplório.
     Os 'caciques' em especial (mostrando que estão adaptados à 'cultura' do branco) exibem seus relógios e roupas de marca, camisas de times de futebol, carrões e, em muitos casos, aviões). Há, é claro, grupos miseráveis. Mas eles existem em toda a parte e podem ser vistos nas favelas das grandes cidades principalmente. Não é um 'privilégio' de índios ou de quilombolas. É um mal do país, que ainda distribui mal a renda e não enfrenta com coragem os desafios do crescimento desordenado das cidades.
     O direito à dignidade deve ser distribuído com igualdade, sem essa vigarice pseudoantropológica. E eu fico bem á vontade para abordar esse tema. Já contei, em algum momento, que minha bisavó materna nasceu em uma senzala, nem por isso me dou ao direito de sair por aí querendo minha parte em qualquer latifúndio. Minha mulher é bisneta de índios do Espírito Santo.
     Juntando a história dos nossos ascendentes, poderíamos estar pleiteando uns bons hectares à beira-mar. Mas certamente não seríamos bem recebidos pela ministra dos Direitos Humanos.

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