segunda-feira, 2 de abril de 2012

Ao som do tango

     "Todos merecem ter o nome em uma lápide, todas as mãe tem o direito inalienável de enterrar seus mortos, colocar uma placa e chorar em frente dela".
     A frase, transcrita pela Folha, é da presidente argentina Cristina Kirchner, a uma plateia formada por membros do governo e veteranos da guerra pela tomada das ilhas Falklands (que argentinos - entende-se - e brasileiros - incompreensivelmente - insistem em chamar de Malvinas), hoje, na cidade de Ushuaia, extremo sul do continente.
     A presidente esqueceu de dizer que os culpados pelas mortes foram os responsáveis pela ditadura que ensanguentou o país nos anos 1970 e começo de 1980. Foram os generais - Cristina convenientemente esquece de citá-los, quando é do seu interesse demagógico - que jogaram a Argentina numa aventura mal-sucedida, na qual foi vergonhosamente derrotada pela Inglaterra, e que ajudou a soterrar o regime, deposto no ano seguinte, em 1983.
     Uma aventura semelhante à que a atual presidente está fingindo trilhar, inconsequentemente, em busca de um inimigo comum para reagrupar a população, que já começa a dar sinais de que a paciência está se esgotando, face aos caos administrativo e econômico da nação.
     A presidente argentina sabe que não tem a menor chance de tomar as ilhas - tomar, sim, pois elas jamais foram argentinas, de fato. Apenas explora da maneira mais vulgar o que há de pior no sentimento 'nacionalista'. Hitler fez isso - elegeu um inimigo comum, no caso, os judeus - na Alemanha nazista. Acabou dando um tiro na cabeça.
     A cena - patética, divulgada em todos os jornais - do lançamento de flores ao mar é de uma canastrice digna do roteiro que foi traçado. Ao fundo, militares em continência.
     Pobre América Latina.

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